quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_39_Ponderações

“Decorrido um mês sobre os esponsais de Silva, certa noite, por solicitação de Odila, fomos em busca de Zulmira e Antonina para uma reunião íntima, no Lar da Bênção.
(...)
Clara afagou-a, de leve, e explicou, maternalmente:
_ Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados a distância. Com a humildade e a fé, com o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro.
(...)
_ Agora, que a oportunidade favorece a renovação, é preciso saber reconstruir o destino. Não olvidemos. A vida reduz-se a triste montão de trevas, quando não se faz plena de trabalho. Fujamos à velha feira da lamentação onde a inércia vende os seus frutos amargosos! Para levantar, porém, a escada de nossa ascensão, é imprescindível banhar o espírito, cada dia, na fonte viva do amor, do amor que recompensa a si mesmo com a alegria de dar! O Pai Celeste é onipresente, através do amor de que satura o Universo. O sentimento divino é a corrente invisível em que se equilibram os mundos e os seres. Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo – Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para que a vida se engrandeça. Irmãs sejamos fiéis ao mandato recebido. Em muitas ocasiões, quando nos prendemos à lama do egoísmo ou ao visco do ódio, poluímos o líquido sagrado, transformando-o em veneno destruidor. Guardemos cautela. O preço da verdadeira paz reside no sacrifício de nossas existências. Não há sublimação sem renúncia no castelo da alma, como não há purificação no cadinho, sem o concurso do fogo que acrisola os metais!...
(...)
_ Filha, nossa Zulmira compreende hoje, sem necessidade de maior incursão no passado, o santo dever de asilar o pequeno Júlio no santuário materno...
Percebemos que a instrutora, registrando o imperativo do descanso mental para a segunda esposa do ferroviário, que vinha de terminar longas refregas na preservação da própria saúde, buscava poupar-lhe exercícios mnemônicos.
(...)
_ Nossa amiga  (...) está consciente de que a maternidade a espera de novo, em tempo breve... e você?
(...)
_ Recorda-se das experiências antigas e permanece atenta às razões que lhe inspiraram o segundo matrimônio?
Ante a surpresa que se estampou no semblante da interpelada, a orientadora, num gesto que nos era conhecido, nas operações amagnéticas de Clarêncio, acariciou-lhe a fronte de leve, e repetiu:
_ Lembre-se! Lembre-se! ...
Bafejada pelo poder de Irmã Clara, em determinados centros de memória, Antonina fêz-se pálida e exclamou controlando a própria emoção:
_ Sim, sou eu a cantora! (...)
(...)
_ Não precisa dilatar reminiscências (...) Não nos achamos num gabinete de experimentos e sim numa reunião fraternal.
(...)
_ Basta que você se recorde.
Em seguida, repartindo a atenção entre as duas, prosseguiu:
_ Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço, no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo terrestre. NO santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo, os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de detenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos! Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira. O parente necessitado de tolerância e carinho representa o ponto difícil que nos cabe vencer, valendo-se dele para melhorar-nos em humildade e compreensão. Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou u, filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício! ... Especialmente , no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!.. Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepara-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar...
(...)
_ Abnegada benfeitora, como agir para solucionar os problemas com segurança?
_ Vocês superaram dias alarmantes de crise espiritual (...) e conquistaram o ensejo de reestruturação do próprio destino. Agora, repitamos, é tempo de semear. Valorizemos a oportunidade de reaproximação. São vocês dois núcleos de força, suscetíveis de operar valiosas transformações  nos grupos domésticos a que se ajustam. Façamos da amizade o entendimento fraterno que tudo compreende e tolera. A vizinhança e a convivência, no fundo, são dons que o Senhor nos concede a benefício de nosso próprio reajuste.
(...)
_ Não temam. A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em todas as dúvidas, prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar a solução dos problemas.
(...)
_ Não nos esqueçamos do privilégio de servir.
(...)

QUESTÕES INICIAIS PARA O ESTUDO:
O Capítulo de hoje é uma continuação do que conversamos semana passada, né?J) naquele a gente falava de casamentos felizes , neste continuando, vêm nos fazendo refletir na família, maternidade, filhos, nosso próprio trabalho em direção ao nosso aperfeiçoamento perante aqueles que conosco convivem... Daí vamos aprofundar um cadinho sobre essas questões?

01) Irmã Clara comenta” Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo – Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido.” . Como podemos entender a assertiva feita?

02)  o que é exercícios mnemônicos?

03)  Comentar as seguintes assertivas:
a) Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados a distância. Com a humildade e a fé, com o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro.

b) Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço , no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo terrestre. NO santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo, os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de detenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos!

c) Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira.

d) Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou u, filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício! ...

e) Especialmente, no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!.. Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepará-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar...

f) A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em todas as dúvidas , prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar a solução dos problemas.

04) O que é e como vivenciar a família à luz do ensinamento espírita?

Conclusão:

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Irmã Clara comenta:  ”Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo-Sábio deita a água milagrosa do amor com   mais   intensidade,   para que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido.”  Como podemos entender a assertiva feita?
Ao abordar a "Lei de Igualdade", no capítulo IX, da parte 3ª, do Livro dos Espíritos, Kardec explica que  Deus  apropriou a organização física do homem e da mulher às funções que lhes cumpre desempenhar. "Ao homem, por ser mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor", respondem os Espíritos na questão 819. Em sua sabedoria infinita, portanto,  a  Natureza se encarregou de definir a participação de cada um na obra do Criador, dotando o espírito de um corpo físico adequado às tarefas que lhe cabe naquela experiência física.
Mais adiante, no capítulo que trata da Lei de Amor, os Espíritos ensinam que a Natureza "deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles" (questão 890). Temos aí estabelecida uma das atribuições mais importantes delegada por Deus à mulher: o exercício da maternidade. É para essa atribuição, que se constitui numa verdadeira missão, ainda segundo os Espíritos, que Irmã Clara chama a atenção de Zulmira e Antonina. Foram elas  levadas  ao encontro da benfeitora com o objetivo de serem  conscientizadas da tarefa de trazer  à  vida  física,  como  mães,  dois espíritos com quem se enlaçaram no passado e que precisavam retomar o caminho evolutivo no mundo material.
A benfeitora espiritual qualifica a missão materna como um mandato recebido, ressaltando a importância de se exercê-lo com fidelidade.

2)  O que são exercícios mnemônicos?
São exercícios visando estimular a memória para a lembrança, não apenas de fatos da vida física presente, mas, também, e, no caso, principalmente, das ocorrências de  vivências  passadas,  que  ensejaram  os  acontecimentos relatados por André Luiz na presente obra. Como relata o Autor, a benfeitora operou  magneticamente  na  fronte  de Antonina, a ela levada em espírito, durante o desmembramento pelo sono físico, fazendo com que surgissem em sua mente os quadros reveladores do passado.

3)  Comentar as seguintes assertivas:

a) "Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na  missão  da  mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados à distância. Com a humildade e a  fé,  com  o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse,  resplendente  de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro."
Tanto Zulmira como Antonina vivenciaram na existência física atual as conseqüências  de  suas  vidas  pretéritas, quando se envolveram nos episódios narrados em estudos anteriores, contraindo, ambas, débitos  perante  as  Leis Naturais.  Em decorrência desses erros, tiveram que suportar duras expiações, como  enfermidades  físicas, abandono conjugal, perda de filhos, etc. Tudo num processo de reajuste para com a Lei violentada. Foram as fases de sementeira e de colheita, a que se refere Irmã Clara.
Vencidas estas etapas com humildade, fé, bom ânimo e valor moral, como disse  a  benfeitora,  libertaram-se  das algemas a que se aprisionaram no passado, fazendo  com  que  um  novo  horizonte  surgisse  em  suas  vidas.  A esperança voltou a se fazer presente. Era, de novo, tempo de semear. E para que, desta feita, a  semeadura  fosse boa, proporcionando-lhes, futuramente, um colheita melhor que a havida nessa existência, Irmã Clara ministrou-lhes essa lição, que receberão em forma de intuição ao despertarem em seus organismos físicos.

b) "Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço, no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso  Júlio  na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do  corpo terrestre. No santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos  demandar  o  futuro, ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo.
Os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de detenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos!"
Ninguém evolui deixando para trás os amargos compromissos assumidos ao violar a Lei Maior. O que  se  danifica
na carne, na carne se deve reparar, ensinou-nos Clarêncio em capítulo anterior. Zulmira e Antonia causaram dor e sofrimento a Júlio e Leonardo Pires em passagens pretéritas. Eram deles devedoras e, portanto, ao oferecer-lhes a maternidade, estariam reparando o erro do passado. A expiação é uma etapa dos resgates impostas pela lei de causa e efeito. Mas somente através da reparação ao prejudicado podemos nos liberar desse compromisso e nos reequilibrar com a Lei.

c) "Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira."
A família terrena, além de nos propiciar o resgate perante aqueles a quem prejudicamos, serve também como um educandário que nos ensinará a conviver com a grande família universal, esta, sim, a verdadeira família.  Funciona como um laboratório, onde vamos ajustar nossos  sentimentos  e  aprender  a  amar,  para  que  possamos  amar também a todos que constituem a família universal, isto é, toda a humanidade.
Jesus nos legou esse ensinamento, como relata a passagem evangélica narrada por Mateus:
"Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe." (Mt 12.46-50)

d) "Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício!...."
São as experiências necessárias à convivência com a grande família universal que a família terrena nos lega. Como dissemos, a família consangüínea funciona como uma escola onde vamos exercitar o amor sem o qual não poderemos ingressar no reino de felicidade para o qual fomos criados. Os exemplos citados fazem parte do nosso cotidiano familiar. Enquanto não tivermos conquistado os atributos mencionados pela benfeitora - paciência, doçura devotamento até o sacrifício - convivendo com os que  nos  são  objeto  do  amor  paterno,  conjugal  ou  filial,  não  estaremos em condições de praticá-los para com o próximo.
Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante são os mestres que necessitamos para nos ensinarem a prática da paciência, da doçura e do devotamento até o sacrifício.

e) "Especialmente , no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida,  acima  de  tudo!
 Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepará-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a  nossa  afetividade  seja  uma  bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar..."
Nessa questão, a benfeitora toca num dos pontos mais sensíveis da humanidade e no qual encontramos as maiores dificuldades para dele nos desembaraçarmos: é a questão do desapego. No nível de evolução em que nos situamos, o apego não só às coisas materiais mas, igualmente, aos entes que nos são caros, ainda se faz fortemente presente em nossas personalidades. Ainda oferecemos resistência para nos desapegarmos dos bens terrenos e das pessoas a quem amamos.
Na passagem acima, a benfeitora preleciona a Zulmira e a Antonina sobre a necessidade do desapego. Falando especificamente sobre o apego aos filhos, que todos ainda trazemos fortemente em nosso íntimo, mostra o grave equívoco que ele se constitui e o mal que pode causar a quem assim procede e ao objeto desse sentimento. Nossos filhos não SÃO nossos filhos: ESTÃO nossos filhos. Como vimos acima, Irmã Clara ensinou que a maternidade é um mandato, cujo mandante é DEUS. Somos todos seus mandatários.
Devemos, portanto, a nossos filhos, a dedicação e o carinho com que todo mandatário deve se desincumbir de sua missão, dando a nossa contribuição para transformá-los em homens de bem. Mas sem escravizá-los por meio desses sentimentos. É preciso aprendermos a ver em nossos filhos um irmão que tem um psiquismo próprio, que já está caminhando há muito tempo, certamente ao nosso lado.  Já erramos  e  acertamos  juntos,  muitas  vezes.  E estamos novamente reunidos pelas bênçãos da reencarnação para progredirmos, lado a lado, com um relacionamento embasado no amor. Porém, sem sentimento de posse, sem apego.

f) "A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em todas as dúvidas , prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar a solução dos problemas."
A prece é um dos modos de nos comunicarmos com o plano espiritual superior, para pedir, agradecer e  louvar:  O Espiritismo demonstra que a prece não é uma crença, uma superstição. Demonstra-nos, cientificamente, os seus efeitos. Não derroga nenhuma das leis divinas. Mas pode acioná-­las em nosso favor. Ao orar, o nosso pensamento ganha o fluido cósmico universal em que vivemos mergulhados e, através dele, chega à Espiritualidade Superior.
Quando obtemos resultado favorável, é porque pedimos algo possível e que merecemos. A nossa prece acionou as leis e as forças que impulsionaram o atendimento.
É, pois, um remédio poderoso que Deus coloca à nossa disposição, mas que é preciso  estarmos  receptivos para que seus efeitos se produzam. Por isso, Irmã Clara a situou vinculada à responsabilidade. Para que estejamos receptivos ao atendimento daquilo que precisamos, é indispensável estamos em consonância com a Lei Maior. Na dúvida, recomenda a benfeitora, prefiramos a renunciação construtiva. Ou seja, que saibamos renunciar em favor do nosso próximo.

4) O que é e como vivenciar a família à luz do ensinamento espírita?
"O lar é o sagrado vórtice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável." (André Luiz, in "Nosso Lar")
A formação da família começa a ser projetada, sob a supervisão dos dirigentes espirituais a quem compete essa tarefa, quando os espíritos que  a  comporão  ainda  se  encontram  no  plano  espiritual,  preparando-se  para  a reencarnação, .
Assim, são reunidos no mesmo ambiente familiar devedores em resgate de antigos compromissos, desafetos do passado, companheiros de erros praticados em experiências pretéritas, espíritos ligados por laços afetivos, enfim, alguma vinculação sempre há que motive a formação do grupo familiar  para  o  trabalho  de  socorro  mútuo.  No decorrer da jornada terrena, esses espíritos vão vivenciar situações que motivaram o planejamento levado a efeito, destinadas à harmonização e resgate entre eles. São as provas e as expiações para as quais a vida nos é dada.
.Todas essas experiências são oportunidades de honrar os compromissos assumidos junto àqueles com quem, por um ou outro motivo, temos afinidade. Como são necessários  para  o  nosso  crescimento  espiritual,  essas situações vão nos fazer defrontar com alegrias,  lutas,  dores,  desavenças,  ingratidão,  amizade  e  amor.  São circunstâncias todas necessárias ao nosso aprimoramento.
O lar é o lugar onde se dá esse reencontro de espíritos simpáticos ou antipáticos, que estão reiniciando  a  luta, unidos pelos laços da afeição ou da necessidade de reparação. É dever dos pais acolher bem  os  espíritos  que estão retornando ao  seu  convívio,  auxiliando-os  a  vencerem  suas  provas  e a  superarem  seus  problemas, contribuindo para superar diferenças e modificar suas tendências negativas.
A reencarnação, portanto, é o mecanismo divino  para  propiciar  esse  reencontro  de  almas  no  seio  de  uma mesma família. Espíritos com problemas afetivos, desafetos do passado, reencontram-se como cônjuges, filhos, pais ou irmãos. A reencarnação propicia a oportunidade da transformação moral desses espíritos, permitindo-lhes se libertarem das algemas do ódio e do ressentimento, aprendendo a perdoar e a amar.

Dessa forma, a família é o instrumento de que Deus se utiliza como o principal mecanismo  de  educação  para todos nós, espíritos imortais ainda carregando inúmeros vícios  e  imperfeições,  presos  uns  aos  outros  pelas malhas de um passado em que nos comprometemos mutuamente.

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