domingo, 13 de dezembro de 2015

BRILHA UMA LUZ NO LUZ NOS HORIZONTES DA VIDA

BRILHA UMA LUZ NOS HORIZONTES DA VIDA

              Em todas as manifestações da inteligência há sempre uma obra, ou um elenco de obras que se afirmam, que se consagram, que se perpetuam, em definitivo, no espírito e na memória dos homens, convertendo-se em patrimônio da humanidade. São realizações  do intelecto ou do coração. Nunca perdem o brilho, não se confinam entre fronteiras. Anulam marcos divisórios. Tais obras inserem-se no contexto da pintura, da escultura, da poesia, da música, da literatura.
          Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios do mundo, imortalizou-nos com Mona Lisa; Michelângelo, com Pietá; Davi, com a Capela Sistina; Rudyard Kipling, com o humaníssimo Se..., de conteúdo filosófico, fixou seu nome na galeria dos mais notáveis poetas; Castro Alves, com Navio Negreiro, esbanjando amor pela raça negra; Wagner, Beethoven, Listz, Chopin e outros deixaram o sinete de sua genialidade em obras imperecíveis. Em nossos dias, Gabriel Garcia Marques supera-se com Cem Anos de Solidão; Dante, com a A Divina Comédia, livro incontestavelmente mediúnico, com numerosos detalhes que se assemelham às obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier; Euclides da Cunha, com Os Sertões; o mineiro Camilo Rodrigues Chaves, com Caiapônia  romance da terra e do homem do Brasil Central, lídima expressão da literatura geopsicológica.
          Em parágrafo especial, a Bíblia, livro universal. Fascinante no Velho Testamento, com a saga do valoroso e nobre povo hebreu; divinamente bela, com o Novo Testamento, mensagem de amor legada por Jesus Cristo.
          Um livro há, no entanto, não escrito por um homem, que pudesse ser apontado como seu exclusivo autor. Apareceu em Paris, no terceiro quartel do século XIX, mais exatamente no dia 18 de abril de 1857. Surgiu no cenário da inquieta e requintada intelectualidade da época, sob a chancela de eminente sábio, respeitado nas rodas francesas por sua abrangente cultura: Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec. Seus autores: seres espirituais, de elevada hierarquia. O nome dessa obra: O Livro dos Espíritos. Título singelo, despretensioso, guardando, porém, em seu bojo, transcendente filosofia. Para elaborá-lo e entregá-lo ao público, naquele memorável 18 de abril, selecionou ideias e conceitos, definições e argumentos filosóficos, acendendo uma luz no difícil e glorioso romance da evolução do homem.
          Subscrevem-lhe a soberba introdução: Agostinho, Bispo de Hipona, o gênio africano, que Humberto Rohden vigorosamente biografou; Vicente de Paulo, o apóstolo da caridade; João Evangelista, o discípulo que reclinava a cabeça no peito de Jesus, que o amava; Sócrates e Platão, luminares do pensamento helênico; Emmanuel Swedenborg, notável sensitivo sueco; São Luiz e outros.
          O Livro dos Espíritos é um marco de luz na história da humanidade. Obra de profunda significação para a comunidade espírita, que nele reverencia a estrutura filosófica da Doutrina e o excelso missionário que a codificou. Suas 1.019 questões alargam os horizontes humanos, clarificando os problemas do ser, do destino, da dor, da evolução, enfim. Obra opulenta, dá adequada resposta à milenária indagação do homem, desde que despertou para o raciocínio, emergindo das brumas do instinto  de onde vim, o que estou fazendo na Terra, para onde irei depois da morte.
          Divide-se em quatro partes: na primeira, estuda as causas primárias, disserta sobre Deus, os elementos gerais do Universo, a Criação. Na segunda, contém judiciosas revelações sobre o nascimento, a morte, a pluralidade das existências, a emancipação da alma, a intervenção dos espíritos no mundo corporal, as ocupações e missões dos espíritos. Na terceira, aborda as leis morais e, em doze capítulos, trata das leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor, caridade e perfeição moral. Na quarta, enfoca com lógica e bom senso a problemática das penas e gozos terrenos, e das penas e gozos futuros.
          O Livro dos Espíritos, em 127 anos, é o mais velho de seus quatro irmãos, que formam, com ele, o Pentateuco-Luz da codificação espírita: O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese. Contém os princípios básicos da filosofia espírita. Encerra uma explicação lógica, racional, da vida e dos homens. Desperta responsabilidades. Sugere deveres conscienciais. Induz à prática da caridade. Suscita respeito ao próximo. Exalta a disciplina. Da assimilação e vivência de seus preceitos, decorre a felicidade do homem.
          Allan Kardec foi um sábio, no pleno sentido da palavra. Pode ser considerado co-autor da obra monumental. Professor de Química e Matemática, de Astronomia, de Física, de Fisiologia, de Francês, de Retórica e Anatomia, era, também, bacharel em Ciências e Letras. Linguista culto e estudioso, conhecia a fundo, além do idioma pátrio, o Alemão, o Inglês e o Holandês, exprimindo-se com facilidade nessas Línguas. Possuía sólidos conhecimentos do Latim, do Grego, do Gaulês, bem como de Línguas neolatinas, entre elas a italiana e a espanhola.

Adolescente, estudou com Pestalozzi, de quem se tornou discípulo, que o escolhia sempre para seu substituto, em suas viagens. Além das obras codificadoras, cuja vitalidade e beleza aumentam, dia a dia, publicou, entre outros livros didáticos, a Gramática Francesa Clássica.
       Camille Flammarion, ao discursar diante de seus despojos corporais, sintetiza-lhe a personalidade: Ele foi o bom senso encarnado!             E nós ousamos acrescentar, ao término dessas considerações: com os mensageiros do Alto e com Kardec, O Livro dos Espíritos é, em verdade, um sol que refulge nos horizontes da vida, iluminando a mente e o coração dos homens.
Jornal: Estado de Minas 18 de abril de 1984

Livro:  Evangelho Puro, Puro Evangelho  Na Direção do Infinito
Martins Peralva, organização de Basílio Peralva
Vinha de Luz Serviço Editorial

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