sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Nl04 08 Inesperada Intercessão

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das Obras do Espírito André Luiz

Livro: Libertação
Capítulo: VIII
Tema: Inesperada Intercessão

Resumo do Capítulo

"A sala em que fomos recebidos pelo sacerdote Gregório assemelhava-se a estranho santuário, cuja luz interior se alimentava de tochas ardentes.
(...)
Quem seria Gregório naquele recinto? Um chefe tirânico ou um ídolo vivo, saturado de misterioso poder?
(...)
Compreendi que cogitaríamos de grave assunto e fitei nosso orientador para copiar-lhe os movimentos.
Gúbio, seguido por Elói e por mim, a reduzida distância, acercou-se do anfitrião que o contemplava de fisionomia rude, passando de minha parte a espreitar o esforço de nosso Instrutor para contornar os obstáculos do momento, de modo a não classificar-se por mentiroso, à face da própria consciência.
Cumprimentou-o Gregório, exibindo fingida complacência, e falou:
_ Lembra-te de que sou juiz, mandatário do governo forte aqui estabelecido. Não deves pois, faltar à verdade.
Decorrida pequena pausa, acrescentou:
_Em nosso primeiro encontro, enunciaste um nome...
_Sim - respondeu Gúbio, sereno - o de uma benfeitora.
_Repete-o! - ordenou o sacerdote, imperativo.
_Matilde.
(...)
_Que tem de comum comigo semelhante criatura?
Nosso orientador redarguiu, sem afetação:
_Asseverou-nos querer-te com desvelado amor materno.
_Evidente engano! - aduziu Gregório, ferino - minha mãe separou-se de mim, há alguns séculos. Ao demais, ainda que me interessasse tal reencontro, estamos fundamentalmente divorciados um do outro. Ela serve ao Cordeiro, eu sirvo aos Dragões (1).
Aquela particularidade da palestra bastava para que minha curiosidade explodisse, indômita. Quem seriam os Dragões a quem se reportava? gênios satânicos da lenda de todos os tempos? Espíritos caídos no caminho evolucionário, de inteligência voltada contra os princípios salutares e redentores do Cristo, que todos veneramos na condição do Cordeiro de Deus? Sem dúvida, não me equivocava; no entanto, Gúbio lançou-me significativo olhar, certamente depois de sondar-me em silêncio, a perquirição íntima, convidando-me, sem palavras, a selar os lábios entreabertos de assombro.
Indiscutivelmente, aquele instante não comportava a conversação dum aprendiz e devia destinar-se ãs manifestações conscientes e seguras de um mestre.
_Respeitável sacerdote - obtemperou nosso orientador, com grande surpresa para mim - , não te posso discutir os motivos pessoais. Sei que há uma ordem absoluta na Criação e não ignoro que cada Espírito é um mundo diferente  que cada consciência tem a sua rota.
_Criticas, porventura, os Dragões, que se incumbem da Justiça? - perguntou Gregório duramente.
_Quem sou eu para julgar? - comentou Gúbio, com simplicidade - não passo dum servidor na escola da vida.
_Sem eles - prosseguiu o hierofanta, algo colérico -, que seria da conservação da Terra? como poderia operar o amor que salva, sem a justiça que corrige? Os Grandes Juízes são temidos e condenados; entretanto, suportam os resíduos humanos, convivem com as nojentas chagas do planeta, lidam com os crimes do mundo, convertem-se em carcereiros dos perversos e dos vis.
E à maneira de pessoa culpada, que estima longas justificações, continuou, irritadiço:
_Os filhos do Cordeiro poderão ajudar e resgatar a muitos. No entanto, milhões de criaturas (2), como sucede a mim mesmo, não pedem auxílio nem liberação. Afirma-se que não passamos de transviados morais. Seja. Seremos, então, criminosos, vigiando-nos uns aos outros. A Terra pertence-nos, porque, dentro dela, a animalidade domina, oferecendo-nos clima ideal. Não tenho, por minha vez, qualquer noção de Céu. Acredito seja uma corte de eleitos, mas o mundo visível para nós constitui extenso reino de condenados. No corpo físico, caímos na rede de circunstâncias fatais; contudo, a teia que os planos inferiores nos preparam servirá à milhões. Se o nosso destino é joeirar o trigo do mundo, nossa peneira não se fará complacente. Experimentados que somos na queda, provaremos todos os que nos surgirem no caminho. Ordenam os Grandes Juízes que guardemos as portas. Temos, por isso, servidores em todas as direções. Subordinam-se-nos todos os homens e mulheres afastados da evolução regular, e é forçoso reconhecer que semelhantes individualidades se contam por milhões. Além disso, os tribunais terrestres são insuficientes para a identificação de todos os delitos que se processam entre as criaturas. Nós, sim, é que somos os olhos da sombra, pra os quais os menores dramas ocultos não passam despercebidos.
Ante o intervalo que se fizera, contemplei o rosto de Gúbio, que não apresentava qualquer alteração.
Fitando Gregório, com humildade, considerou:
_Grande sacerdote, eu sei que o Senhor Supremo nos aproveita em sua obra divina, segundo as nossas tendências e possibilidades de satisfazer-lhe os desígnios. (...) Respeito, assim, o teu poder, porque se a Sabedoria Celeste conhece a existência das folhas tenras das árvores, sabe também a razão de teu extenso domínio; entretanto, não concordas em que a nossa interferência prevalece sobre a fatalidade, círculo fechado de circunstâncias que nós mesmos criamos? (...) Todavia, respeitável Gregório, não admites que o amor, instalado nos corações, redimiria todos os pecados? (...) Se gastássemos nos cometimentos divinos do Cordeiro as mesmas energias que se despendem a serviço dos Dragões, não alcançaríamos, mais apressadamente, os objetivos do supremo triunfo?
O sacerdote ouviu, contrariado, e clamou com desagradável inflexão de voz:
_ Como pude escutar-te, calado, tanto tempo? somos aqui julgadores na morte de todos aqueles que malbarataram os tesouros da vida. Como inocular amor em corações enregelados? (...)
Gúbio, porém, não se perturbou.
Com simplicidade, tornou a considerar:
_Ouso lembrar, todavia, que, se nos lançássemos todos a socorrer os miseráveis, a miséria se extinguiria; se educássemos os ignorantes, a treva não teria razão de ser; se amparássemos os delinquentes, oferecendo-lhes estímulos à luta regenerativa, o crime seria varrido da face da Terra.
(...)
_Não desconheces que Matilde possui na tua companheira de outras ers uma pupila muito amada do coração. As preces dessa torturada filha espiritual atingem-lhe a alma abnegada e luminosa. (...) Nossa alma, por mais impassível, modifica-se com as horas. O tempo tudo devasta e nos subtrai todos os patrimônios da inferioridade para que a obra de aperfeiçoamento permaneça.(...)
_Quem lavra sentenças, despreza a renúncia. Entre os que defendem a ordem, o perdão é desconhecido. (...)
Demonstrando expressão de surpresa, em face da imprevista solicitação de adiamento, quando nós mesmos, esperávamos que o orientador se impusesse, reclamando revogação definitiva, Gregório considerou, menos contundente:
_Tenho necessidade do alimento psíquico que só a mente de Margarida me pode proporcionar.
(...)
(1) Espíritos caídos no mal, desde eras primitivas da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando líderes de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são, todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos séculos, qual acontece aos próprios homens. - NAE
(2) Não devemos esquecer que a argumentação procede de um Espírito poderoso nos raciocínios e que ainda não aceitou a iluminação do Cristo, idêntico, pois, a muitos homens representativos do mundo, obcecados pelos desvarios da inteligência. NAE.

Questões para estudo  

1 - Uma das principais características que ressaltam, nesse capítulo, da personalidade de Gregório, é uma profunda convicção de ser correto tudo o que está fazendo, inclusive justificando como sendo impossível o trabalho do amor frutificar sem a colaboração das vinganças arquitetadas por ele e seus companheiros. Igualmente à Gregório, muitos outros espíritos, encarnados ou desencarnados, pensam e agem de igual maneira. André Luiz os classifica como espíritos que ainda não aceitaram a iluminação do Cristo, ou seja, ainda não aprenderam a ser bons. Gúbio nos exemplifica o tempo todo uma postura de não julgamento.
Dentro disso, perguntamos: que lições podemos tirar para nós, principalmente nos dias atuais, em virtude dos acontecimentos das últimas semanas, tanto com relação à maneira de encararmos os fatos, quanto com as posturas que devemos tomar, como espíritas?
2 - Gregório justifica sua necessidade de se alimentar da matéria mental (alimento psíquico) fornecido por Margarida. O que seria esse alimento psíquico, e qual a nossa responsabilidade, tanto ao criá-lo, quanto ao alimentar inteligências ainda voltadas para a inferioridade, em seus propósitos?
3 - Gúbio fala da necessidade de se direcionar a energia que produzimos toda para propósitos amorosos, a fim de auxiliarmos e evoluirmos com mais eficácia. Então, perguntamos:
a) O que teríamos que fazer, para direcionarmos nossa energia dessa maneira?
b) Essa energia amorosa, na forma de vibrações, orações, que efeito teria numa situação como a que enfrenta o planeta Terra nesse momento em que atravessamos?

Bem, vamos deixar apenas essas questões, pois acreditamos que aí temos muito que pensar.

CONCLUSÃO DO ESTUDO

André Luiz, Gúbio e Elói vão, finalmente, ser recebidos pelo sacerdote Gregório, o todo poderoso daquela estranha localidade. A intenção dos benfeitores é obter dele a permissão para integrarem a equipe de espíritos obsessores que vêm causando mal a Margarida, quem desejam socorrer.  Os três benfeitores pretendem aproveitar-se do fato de estarem no seio das ações obsessivas para operarem no sentido  de reverter todo o processo, com a doutrinação da própria vítima e de seus algozes. Resistente, inicialmente,
Gregório, afinal, cede aos argumentos de Gúbio e concorda em permitir a intervenção dos benfeitores no caso.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1.-  Uma das principais características que ressaltam, nesse capítulo, da personalidade de Gregório, é uma profunda convicção de ser correto tudo o que está fazendo, inclusive justificando como sendo impossível  o trabalho do amor frutificar sem a colaboração das vinganças arquitetadas por ele  e  seus  companheiros.
Igualmente a Gregório, muitos outros espíritos, encarnados ou desencarnados, pensam e agem de igual maneira. André Luiz os classifica como espíritos que ainda não aceitaram a iluminação do Cristo, ou seja, ainda não aprenderam a ser bons. Gúbio nos exemplifica o tempo todo uma postura de não julgamento.
Dentro disso, perguntamos: que lições podemos tirar para nós, principalmente nos dias atuais, em virtude dos acontecimentos das últimas semanas, tanto com relação à maneira de encararmos os fatos, quanto com as posturas que devemos tomar, como espíritas?
A postura de Gregório deixa evidente um orgulho acentuado e desmedido.  Ao considerar sempre corretas suas convicções, demonstra uma personalidade doentia, completamente dominada pelo orgulho, que não admite ser contestado em suas opiniões nem contrariado nas decisões, por se considerar sempre o portador da verdade. Como bem ressaltou André Luiz, é uma postura de quem não assimilou, ainda, o ensinamento do Cristo, que sempre condenou o orgulho e ensinou a humildade.
Dessa situação, devemos extrair a lição de que é preciso ter a humildade de não se considerar o "dono da verdade", principalmente aqueles que se encontram detentores do poder de mando. Não devemos fazer julgamentos precipitados nem nos arvorar em executores da justiça divina. Moisés ensinou o ”olho por olho, dente por dente", mas o Cristo foi mais sábio e nos orientou a amarmos os nossos inimigos. Como espíritas, havemos de reconhecer que nada acontece por acaso e que a lei de ação e reação que rege o Universo é inexorável e, independentemente da nossa vontade, fará reinar o equilíbrio. Não devemos julgar, embora não devamos, também, nos alienar.      

2.-  Gregório justifica sua necessidade de se alimentar da matéria mental (alimento psíquico) fornecido por Margarida. O que seria esse alimento psíquico, e qual a nossa responsabilidade, tanto ao criá-lo, quanto ao alimentar inteligências ainda voltadas para a inferioridade, em seus propósitos?
Esse alimento psíquico são os miasmas que criamos com nossos pensamentos negativos, contrários às leis naturais.  Esses miasmas criados caem no imenso mar de fluidos em que estamos mergulhados e como que se materializam, criando a matéria que irá alimentar esses espíritos ainda  pertinentes  no  mal.
A nossa responsabilidade está em que, com nossos pensamentos, criamos esse alimento que sustentará aquelas entidades, alimentando-as da matéria que necessitam para se manterem em sua prática maldosa.
Mal que recairá também sobre nós mesmos, pois esses espíritos se imantarão a nós e nos trará dor e sofrimento, como fez Gregório com Margarida.

3.- Gúbio fala da necessidade de se direcionar a energia que produzimos toda para propósitos amorosos, a fim de auxiliarmos e evoluirmos com mais eficácia. Então, perguntamos:

a) O que teríamos que fazer, para direcionarmos nossa energia dessa maneira?
Podemos resumir numa só palavra: CARIDADE. Esse é o combustível que nos faz marchar rumo à evolução.
Praticando a caridade, em todo o sentido amplo da palavra, como se encontra definido na questão 886 do Livro  os Espíritos - benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas - estaremos direcionando para propósitos amorosos a energia que produzimos, como aconselhou o benfeitor Gúbio e, com isso, evoluindo com mais eficácia.
   
b)  Essa energia amorosa, na forma de vibrações, orações, que efeito teria numa situação como a que enfrenta o planeta Terra nesse momento em que atravessamos?
A energia amorosa que emitimos, em forma de vibrações e orações, assim como o pensamento, também é conduzida pelo fluido cósmico universal e ganha o espaço. Nosso perispírito, que é o transmissor das sensações para o espírito, é extraído desse fluido e, por essa razão, absorve essas vibrações,  transmitindo-as  ao  espírito.
Dessa maneira, essas energias amorosas chegarão aos que têm a responsabilidade das decisões, influenciando-os positivamente.

Amanhã,  
Capítulo IX - Perseguidores invisíveis

Muita paz a todos.

Equipe Nosso Lar

CVDEE

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