11/10/2014
“Naquele dia, saindo Jesus de casa,
assentou-se à borda do mar. E vieram muitas pessoas, de tal sorte que, entrando
em uma barca, se assentou; e toda a gente estava em pé na ribeira. E lhes falou
muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis aí que saiu o que semeia a semear. E
quando semeava, uma parte das sementes caiu junto da estrada, e vieram as aves
do céu e comeram-na. Outra, porém, caiu em pedregulho, onde não havia muita
terra, e logo nasceu, porque não tinha altura de terra. Mas saindo o sol a
queimou, e porque não tinha raiz, secou. Outra, igualmente, caiu sobre os
espinhos, que cresceram e a afogaram. Outra, enfim, caiu em boa terra, e dava
fruto, havendo grãos que rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a
trinta. O que tem ouvidos de ouvir, ouça.” ( Mateus, XIII: 1 a 9 )
“Ouvi, pois, vós outros, a parábola do
semeador. Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem o mal e
arrebata o que se semeou no seu coração; este é o que recebeu a semente junto
da estrada. Mas o que recebeu a semente no pedregulho, este é o que ouve a
palavra, e logo a recebe com gosto; porém, ele não tem em si raiz, antes é de
pouca duração, e quando lhe sobrevêm tribulação e perseguição por amor da
palavra, logo se escandaliza. E o que recebeu a semente entre espinhos, este é
o que ouve a palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas
sufocam a palavra, e fica infrutuosa. E o que recebeu a semente em boa terra,
este é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto, e assim um dá cento, e outro
sessenta, e outro trinta por um.” (Mateus, XIII: 18-23)
Jesus, na sua missão de revelar as
leis divinas à humanidade, a fim de auxiliá-la, no seu progresso material e
espiritual, sendo O PROFESSOR POR EXCELÊNCIA, usou muito do recurso didático da
parábola, que é a “narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por
meio de comparação ou analogia” (1), por dois motivos importantes. O primeiro,
para melhor esclarecer seus ensinos e o segundo a fim de que as pessoas que não
tinham ainda a maturidade espiritual para compreendê-los, guardando as pequenas
histórias em suas mentes, pudessem, mais tarde, não importa quando, refletir
sobre elas.
“A parábola do semeador é a parábola
das parábolas: sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas...” (2),
facilitando aos cristãos o conhecer-se a si próprios, colocando-se no item
adequado à sua condição espiritual, na classificação feita por Jesus.
Pela explicação do Mestre, pode-se
saber se, após conhecer a sua mensagem, continua o homem à beira do caminho,
rejeitando a semente divina; ou se permanece nas pedras da sua imperfeição, que
impedem o acionamento da boa vontade; ou se permanece nos espinhos do orgulho,
do egoísmo, da vaidade e da ambição, abafando a semente divina; ou se abre sua
mente e seu coração, dilatando a boa vontade em permanecer no caminho da Boa
Nova, que já não é tão nova, compreendendo, finalmente, porque Jesus disse: “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai ao Pai senão por mim”, ou seja,
pela vivência dos seus ensinos, pelos frutos produzidos por quem os
compreendem, os aceitam, e esforçam-se por viver de acordo com eles.
Allan Kardec, no seu comentário, faz
uma comparação entre essa parábola e os espíritas, nas suas diferentes
categorias, que vimos no estudo anterior.
A semente caída na beira da estrada é
o símbolo dos espíritas que se apegam aos fenômenos materiais, apenas como
objetos de curiosidade, sem lhes perceber as consequências intelectuais e
morais.
A caída nos pedregulhos simboliza os
espíritas que se entusiasmam com as comunicações, satisfazendo sua imaginação,
mas, após ouvi-las, continuam indiferentes como antes.
A caída nos espinhos representa os
espíritas que acham os conselhos via mediunidade, os ensinos espíritas, muito
bons para aplicá-los aos outros. “Meu
marido deveria estar aqui, ouvindo esses conselhos.”, não os julgando
necessários para si próprios.
A semente lançada em terra boa
simboliza os espíritas que, ao conhecerem a doutrina, seja por qual meio for,
percebem a sua importância na revivescência do verdadeiro cristianismo, e se
empenham no seu estudo perseverante ao mesmo tempo que se interessam por
praticá-la, em si, no seu lar, no seu trabalho, na casa espírita, em qualquer
lugar em que estejam.
Esses poderão produzir, no decorrer de sua
existência, com a semente recebida, trinta ou mais por cento, como disse Jesus.
Bibliografia:
1 - Dicionário Houaiss
2 - Schutel, Cairbar - Parábolas e
Ensinos de Jesus, ed. O Clarim 10 ed. 1976, pag. 1
Leda de Almeida Rezende Ebner
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