O
Evangelho Segundo o Espiritismo
8/11/2014
No vigésimo parágrafo do texto, Kardec
escreve que a relação das dezenove qualidades necessárias para que um homem seja
considerado um homem de bem, segundo a doutrina espírita, não está completa,
“mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às
demais.”
O verdadeiro homem de bem é aquele que
se preocupa em agir sempre, em qualquer ou circunstância, em qualquer lugar,
com qualquer pessoa, obedecendo à lei de justiça, de amor e caridade. Vigia-se
para não causar prejuízos, mágoas, ofensas a quem quer que seja, vendo e
sentindo em cada um, um irmão em desenvolvimento, como ele próprio, para fazer todo o bem que pode, sem
omitir-se, mas também sem impor condições.
Coloca-se sempre, em pensamento, no
lugar do outro, procurando sentir o que ele sente, suas necessidades materiais
e espirituais, fazendo por ele, o que gostaria que lhe fizessem, se estivesse
na mesma situação do outro. Pode enganar-se, por vez, mas, não será
considerado, por ele e pelo outro, injusto, maldoso, sem caridade, porque fez,
exatamente, o que queria que lhe fizessem, agindo segundo o ensinamento de
Jesus.
Confia em Deus, na sua bondade, na sua
justiça, na sua sabedoria. Sabe que nada acontece fora das suas leis, e,
submete-se a elas com a certeza de que o Pai sabe o que faz e quer o melhor
para seus filhos. Assim, não se revolta, não se desespera, mantém sua fé n’Ele,
em qualquer situação, submetendo-se sempre à sua vontade, que é sempre a
vontade do bem.
Tem fé no futuro, colocando os bens
espirituais acima dos bens materiais, porque sabe que esse futuro depende do
presente, que por sua vez, é consequência de um passado. Aceitando o futuro
espiritual, sabe que leva consigo, somente, os bens do Espírito,
preocupando-se, pois, em desenvolvê-los em si, usando os elementos materiais,
que lhe são emprestados e provisórios, em benefício do Ser Essencial, que é
eterno e perfectível. Não se prendendo a esses bens, sente-se mais livre para
entregar-se aos valores espirituais, que assim, se desenvolvem com segurança,
equilíbrio, até em presença da dor e do sofrimento.
Sabe que para Espíritos imperfeitos,
todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todos os sofrimentos e
frustrações, são expiações ou provas; reconhece que as merece e as sente como
oportunidades de ressarcimento de dívidas, de crescimento espiritual, de
desenvolvimento de qualificações nobres do Espírito e de eliminação dos vícios
e enfermidades da alma, que foram causas das faltas cometidas, das quais sofre,
no presente, os efeitos.
A fé na justiça misericordiosa e no
amor de Deus o sustenta nessas expiações e provas, naturais em um processo de
desenvolvimento espiritual.
Faz o bem pelo amor ao bem, que já
desenvolveu em si, não mais querendo fazer o mal, e não mais se omitindo no bem
que pode fazer. Toma a defesa do fraco
contra o forte, porque age com justiça, sacrificando sempre o seu interesse a
ela. Não sente medo das reações alheias, de ser prejudicado em seus interesses
pessoais, porque coloca o amor ao próximo e a paz de consciência acima dos
interesses e valores materiais.
Sente prazer em ser bom, em auxiliar o
próximo, sem qualquer interesse pessoal, a não ser o de sentir-se feliz em
assim fazendo, porque esse sentimento de felicidade é a consequência natural de
quem desenvolveu o amor a Deus e o amor ao próximo. “Encontra sua satisfação
nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que
promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos.”
Pensa primeiro nos outros, nos seus interesses, antes de pensar em si e nos
seus interesses, de forma natural, sentindo-se feliz, sem analisar lucros e
perdas, apenas usufruindo da felicidade de fazer os outros felizes.
É bom, humano e benevolente para com
todos, sem preconceitos de raças, de crenças, porque considera todos seus
irmãos, filhos de um mesmo Pai, em um processo evolutivo, com dificuldades
naturais do processo, mas todos ansiando pela felicidade, tanto quanto ele
sente.
Sente compaixão dos que buscam essa
felicidade nos valores e prazeres materiais, comprometendo a caminhada, mas
sabe que todos serão, um dia, perfeitos e felizes. Faz sempre o que pode em
favor dos seus irmãos.
Respeita toda convicção sincera nos
outros, não censura ninguém, porque sabe que todas as experiências, até as
negativas, ensinam e educam, através dos efeitos que provocam, surgindo sempre
oportunidades de reajuste e crescimento espiritual. E esse desenvolvimento se
faz sempre no uso do livre-arbítrio de cada um, que deve ser respeitado, como o
é por Deus, que o deu a seus filhos, para que eles fossem os conquistadores da
sua perfeição e felicidade.
“Em todas as circunstâncias, a
caridade é o seu guia.” Assim, não tem a possibilidade de errar ou de
enganar-se, porque a caridade manda fazer somente o que pode beneficiar, ou
seja, o bem. Então, o homem de bem não prejudica ninguém com palavras maldosas,
não fere as suscetibilidades alheias, porque não despreza ninguém, não se
colocando acima dos outros, recuando, sempre que pode evitar, a causar qualquer
contrariedade ou sofrimento a alguém.
Leda de Almeida Rezende Ebner
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