sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O GUIA INVISIVEL

O  GUIA  INVISÍVEL

 
       Nesse ínterim, elevei fervorosamente a minha prece a Deus, ouvindo, em resposta, a voz de um ser que me elucidava:

        Maria, minha filha, estás ingressando na existência real. Esquece tudo quanto se relaciona com os teus dias na Terra e busca atenuar a saudade que te calcina, porque as portas do teu lar terreno fecharam-se com os teus olhos.

       Por enquanto, não me podes ver, porém, fui aquele que te orientou em meio dos labirintos do planeta que abandonaste. Eu era a voz que falava à tua consciência nos instantes difíceis e fui o Cirineu que te amparou nos amargos transes da morte! Acompanhei os teus passos quando te afastaste das trevas do sepulcro, e a minha mão estava unida à tua quando erravas na obscuridade da incompreensão.

       Desde o momento bendito que entendeste em verdade a tua situação, tenho espargido claridades sobre a tua razão e sobre a tua fé. Fazes bem em te voltares para Deus nas tuas dolorosas conjeturas. Os pensamentos da criatura, concentrados nele, em seu poder misericordioso, organizam as faculdades espirituais, convergindo as suas possibilidades para maior potência do raciocínio e do sentimento, atributos sublimes da existência das almas. O teu corpo, cuja organização te infunde a mais profunda estranheza, é o envoltório de matéria quinta-essenciada, que constitui o invólucro sutilíssimo do espírito.

       Impressiona-te o fato de haveres abandonado a forma corporal, conservando outra idêntica; é que não foste bem esclarecida sobre o problema do organismo espiritual, que, tomando as células vivas no imenso laboratório das forças universais, compila o conjunto de elementos preciosos à tua tangibilidade no orbe terráqueo. O teu corpo material constituía somente uma veste que se estragou na voragem do tempo. Considera essa verdade para que te escudes no necessário desapego das coisas mundanas.

(De Cartas de uma morta, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Maria João de Deus)  

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