(Espiritismo) - Nl08 11 Existência Da Alma
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz
Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Primeira parte - Capítulo XI - Existência da alma (parte 1)
Comentários: Eurípides Kühl
EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA E MORAL
A evolução morfológica prosseguiu, emparelhando-se com a evolução moral.
O crânio avançou, com vagar, no rumo de aprimoramento maior, os braços refinavam-se, as mãos adquiriam excelência táctil não sonhada, e os sentidos, todos eles, progrediam em acrisolamento e percepção.
Todavia, com o advento da responsabilidade que o separara da orientação direta dos Benfeitores da Vida Maior, entregou-se o homem a múltiplos tentames de progresso no campo do espírito.
No regime interior de livre indagação, conferia asas audaciosas ao pensamento, e, com isso, mais se lhe acentuava o poder de imaginar, facilitando-se-lhe a mentalização e o desprendimento do corpo espiritual, cujas células em conexão com as células do corpo físico se automatizavam, assim, na emancipação parcial, através do sono, para acesso da alma a ensinamentos de estrutura superior.
Guarda a criatura humana, então, consigo, na tessitura dos próprios órgãos, a herança dos milhões de estágios diferentes, nos reinos inferiores, e, no fundo, sente-se inclinada a viver no plano dos outros mamíferos que lhe respiram a vizinhança, com o instinto absoluto dominando sem restrições; no entanto, com a evolução irreversível, o amor agigantou-se-lhe no ser, sugerindo-lhe novas disposições à própria existência.
Comentários
Pelos ensinos dos bons Espíritos o progresso dos seres vivos é contínuo, da sua criação aos séculos dos séculos. Isso, por decisão Divina.
A evolução, porém, ocorre em duas vertentes: nas formas e na moral.
- na primeira, o aprimoramento craniano foi lento, os braços iam se adequando ao porvir, as mãos _ maravilha das maravilhas, incomparável ferramenta universal _ foram dotadas de sensibilidade táctil e os sentidos, cada vez mais se aprimoraram em percepção.
- já na segunda vertente, sem os Benfeitores tutelando-o integralmente, o homem iniciou tentativas de progresso do espírito; formulou perguntas audaciosas, deixou a imaginação vagar a bordo da mentalização. Nesse patamar, no desprendimento natural pelo sono, facilitou a equiparação das células físicas com as perispirituais.
Os milhões (!) de estágios diferentes nos reinos inferiores são para o P.I., agora já em considerável estágio evolutivo, patrimônio inviolável e útil. Usando muito o instinto, depois de demorados tempos de progresso incessante, nele brota o amor!
NOÇÃO DO DIREITO
Em razão do apego aos rebentos da própria carne, institui a propriedade da faixa de solo em que se lhe encrava a moradia e, atendendo a essa mesma raiz de afetividade, traça a si próprio determinadas regras de conduta, para que não imponha aos semelhantes ofensas e prejuízos que não deseja receber.
Acontece, assim, o inesperado.
O homem selvático que não pretende abandonar os apetites e prazeres da experiência animal fabrica para si mesmo os freios que lhe controlarão a liberdade, a fim de que se lhe enobreça o caráter iniciante.
Estabelecendo a posse tirânica em tudo o que julga seu, desiste de aproveitar o que pertence ao vizinho, sob pena de expor-se a penalidades cruéis.
Nasce desse modo, para ele a noção do direito sobre o alicerce das obrigações respeitadas.
Comentários
Nessa fase surgem os primórdios da abençoada instituição Divina da família, fazendo emergir na face da Terra a noção da reciprocidade: respeitar para ser respeitado, nada fazer daquilo que não gostaria que lhe fosse feito... a noção de posse deixa de ser selvagem, isto é, sem predação ou usurpação, na base do meu território é onde vivo com minha família e não será lícito que tome nada do meu vizinho, para que igualmente nada me seja tomado.
CONSCIÊNCIA DESPERTA
É assim que ele transformado interpreta, sob novo prisma, a importância de sua presença na Terra.
Não mais lhe seduzem a despreocupação e o nomadismo, assim como para o homem adulto é já passado o ciclo da infância.
Sabe agora que o berço carnal se reveste de significação mais profunda.
Compreende, a pouco e pouco, que a vida lhe registra as contas pessoais, porquanto aprende que pode negar o braço ao companheiro necessitado de apoio, sabendo, porém, que o companheiro poderá recusar-lhe o seu, no momento em que o desequilíbrio lhe bata à porta.
Reconhece que dispõe de liberdade para matar o desafeto, mas não ignora que o desafeto, a seu turno, pode igualmente exterminar-lhe o corpo ou amargar-lhe o caminho.
Percebe que os seus gestos e atitudes, para com os outros, criam nos outros atitudes e gestos semelhantes para com ele.
Com esse novo cabedal de observação, revela-se-lhe a vida mental mais surpreendente e mais rica e, por essa mais intensa vida íntima, retraía com relativa segurança as idéias dos Espíritos Abnegados que lhe custodiam a rota.
Desde então, não guarda a existência circunscrita à romagem berço-túmulo, por alongá-la, do ponto de vista de causa e efeito, para além do sepulcro em que se lhe guarda o invólucro anulado ou imprestável.
Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra desperta e, pela consciência desperta, os princípios de ação e reação funcionam, exatos, dentro do próprio ser, assegurando-lhe a liberdade de escolha e impondo-lhe, mecanicamente, os resultados respectivos, tanto na esfera física quanto no Mundo Espiritual.
Comentários
O homem se capacita de que sua existência na vida terrena tem objetivos ainda não de todo catalogados em sua mente. A lei de ação e reação desponta com força irresistível: o que eu fizer receberei..., o que eu negar me será negado... Segue monologando: tanto posso matar quanto posso ser morto..., da forma como trato os outros eles também me tratam.... Essa noção de choque de retorno confere-lhe mais sintonia com as Inteligências Siderais, das quais capta mais e mais instruções evolutivas. Mais do que nunca o livre-arbítrio se lhe apresenta como opção de agir, no bem ou no mal... Mas é também por Lei Divina que automaticamente receberá o que der.
A LARVA E A CRIANÇA
Nesse sentido, importa lembrar aqui, com as diferenças justas, o símile que a vida assinala entre as alterações da existência para a alma humana e para os insetos de metamorfose integral.
A larva que se afasta do ovo ingressa em novo período de desenvolvimento, que pode perdurar por muito tempo, como ocorre entre os efemerídeos, mostrando, no começo, a membrana do corpo ainda amolecida e conservando no tubo digestivo os remanescentes de gema da fase embrionária, para iniciar, depois da excreção, os processos de alimentação e digestão.
A criança recém-nata retira-se do útero e entra em nova fase de evolução, que se firma através de alguns anos. A princípio, tenra e frágil, retém na própria organização os recursos sanguíneos que lhe foram doados, por manutenção endosmótica, no organismo materno, para, somente depois, eliminar, quanto lhe seja possível, esses mesmos recursos, gerando os que lhe são próprios.
Avançando na execução dos programas traçados para a sua existência, a larva cresce e recorre a matérias nutritivas que lhe garantam o aumento do corpo e, conforme a espécie, promove por si mesma a mudança de pele, indispensável ao condicionamento de seu próprio volume.
Satisfazendo aos imperativos da própria vida, a criança se desenvolve, tomando o alimento preciso à expansão de sua máquina orgânica, passando a realizar por si, isto é, ao comando da mente, a renovação celular dos tecidos e órgãos que lhe constituem o campo somático, de maneira a que se lhe ajuste a forma física aos moldes do corpo espiritual.
Comentários
Por comparação e em sentido figurado a criança que deixa o útero assemelha-se aos insetos de vida curta. A larva que cresce e se nutre e troca de pele é igual à criança que se desenvolve ao longo dos anos, a partir dos quais e sob o comando da mente promove ajustes celulares, adequando tecidos e órgãos físicos ao corpo espiritual (o perispírito).
METAMORFOSE DO INSETO
A larva dos insetos de transformação completa experimenta vários períodos de renovação para atingir a condição de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porquanto apenas depois da derradeira mudança de pele é que se torna pupa.
Em semelhante estágio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que não mais suporte a alimentação.
Esvaziam-se-lhe os intestinos e paralisam-se-Ihe os movimentos.
A larva protege-se, então, no solo ou na planta, preparando a própria liberação.
Permanece, assim, imóvel, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico, encrisalidando-se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria constituídos com a secreção das glândulas salivares, agregados a pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o casulo em que repousa, durante certo tempo, fixado em alguns dias e até meses.
Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua própria organização psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação que, no fundo, equivale a verdadeiro aniquilamento ou histólise, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno da histogênese, valendo-se dos tecidos que perduraram.
A histólise, que se efetua por ação dos fermentos, verifica-se notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi, com reduzida atuação no sistema nervoso e circulatório.
Pela histogênese, os remanescentes dos músculos estriados desfazem-se das características que lhes são próprias, perdendo, gradativamente, a sua estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo involutivo, em células embrionárias fusiformes, com um núcleo exclusivo, ou mioblastos, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos estriados para a configuração dos órgãos típicos.
Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando-se por falena leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam, convertendo-se numa trompa, enquanto que o lábio superior e as mandíbulas se atrofiam.
Entretanto, embora magnificentemente modificada, a borboleta alada e multicor é o mesmo indivíduo, somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência de larva-ninfa-inseto adulto.
Comentários
Tratando-se dos insetos, o Autor espiritual, num ousado esforço de síntese, reduz a metamorfose deles em três fases distintas, até atingir o estágio de pleno desenvolvimento: larva, ninfa, inseto adulto.
Com efeito, a larva se encasula, depois permanece como ninfa (fase intermediária entre larva e inseto adulto) por dias ou meses e finalmente se transforma nas borboletas noturnas (falenas).
Essas fases, de transformação contínua, envolvem maravilhas da natureza, com processos automáticos de mudança de formas, ora aniquilando matéria já utilizada, ora criando novos equipamentos físicos (tecidos orgânicos).
HISTOGÊNESE ESPIRITUAL
Assim também, a criatura humana, depois do período infantil, atravessa expressivas etapas de renovação interior, até alcançar a madureza corpórea, não obstante apresentar-se com a mesma forma exterior, porquanto somente após o esgotamento da força vital no curso da vida, através da senectude ou da caquexia por intervenção da enfermidade, é que se habilita à transformação mais profunda. Nesse período característico da caducidade celular ou da moléstia irreversível, demonstra gradativa diminuição de atividade, não mais tolerando a alimentação.
Pouco a pouco, declinam as suas atividades fisiológicas e a inércia substitui-lhe os movimentos.
Protege-se, desde então, no repouso horizontal em decúbito, quase sempre no leito, preparando o trabalho liberatório.
Chega, assim, o momento em que se imobiliza na cadaverização, mumificando-se à feição da crisálida, mas envolvendo-se no imo do ser com os fios dos próprios pensamentos, conservando-se nesse casulo de forças mentais, tecido com as suas próprias idéias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente, durante um período que pode variar entre minutos, horas, dias, meses ou decênios.
No ciclo de cadaverização da forma somática, sob o governo dinâmico de seu corpo espiritual, padece extremas alterações que, na essência, correspondem à histólise das células físicas, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno que podemos nomear, por falta de termo equivalente, como sendo histogênese espiritual, aproveitando os elementos vivos, desagregados do tecido citoplasmático, e que se mantinham, até então, ligados à colméia fisiológica entregue ao desequilíbrio ou à decomposição.
A histólise ou processo destrutivo na desencarnação resulta da ação dos catalisadores químicos e de outros recursos do mundo orgânico que, alentados em níveis de degenerescência, operam a mortificação dos tecidos e, do ponto de vista do corpo espiritual, afetam principalmente a morfologia dos músculos e os aparelhos da nutrição, com escassa influência sobre os sistemas nervoso e circulatório.
Pela histogênese espiritual, os tecidos citoplasmáticos se desvencilham em definitivo de alguns dos característicos que lhes são próprios, voltando temporariamente, qual se atendessem a processo involutivo, à condição de células embrionárias multiformes que se dividem, através da cariocinese, plasmando, em novas condições, a forma do corpo espiritual, segundo o tipo imposto pela mente.
Comentários
(Histogênese = formação e desenvolvimento dos tecidos orgânicos)
Agora, tratando-se do homem, da infância à velhice ele mantém a mesma forma, mas ao rarearem as forças vitais (pela idade ou por doenças terminais) mal se alimenta, contempla a inércia física, busca repouso, quase sempre deitado.
Então, ao ocorrer a morte física, a decomposição dos tecidos (histólise) induz à histogênese espiritual, onde a mente e o patrimônio moral do desencarnante plasmam novas condições do corpo espiritual. Iniciado o ciclo da cadaverização o Espírito se enovela, pelos próprios pensamentos, num casulo de forças mentais, reflexo de sua mentalização. Assim poderá permanecer por horas, dias, meses ou até anos.
OBS: Se na reencarnação o perispírito passa por restringimento (miniaturização), na desencarnação, sob o comando da mente ele aproveita o energético desprendido no ciclo de desagregação celular para se desvencilhar. Quase que num processo de involução as células astrais embrionárias promovem profundas alterações perispirituais, com a elaboração de órgãos novos afetando algumas partes do perispírito. Visto do panorama espiritual isso me parece guardar algumas semelhanças com as perspectivas da Medicina quanto a ação das chamadas células-tronco, embrionárias ou não.
DESENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO
Apenas aí, quando os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a que se jungia; contudo, muitas vezes intimamente aprisionada ao casulo dos seus pensamentos dominantes, quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo a densidade da vida mental em que se gradua, dispondo de novos elementos com que atender à própria alimentação, equivalentes às trompas fluídico-magnéticas de sucção, embora sem perder de modo algum o aparelho bucal que nos é característico, salientando-se, aliás, que semelhantes trompas ou antenas de matéria sutil estão patentes nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum, como radículas alongadas de essência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações específicas, trompas ou antenas essas pelas quais assimilamos ou repelimos as emanações das coisas e dos seres que nos cercam, tanto quanto as irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.
Comentários
A criatura desencarnada só abandona o corpo físico quando está renovada em si mesma... Já morta, aquela criatura, que não se preparou, passa a ter nova densidade e atende sua alimentação por meio de trompas (órgãos ocos e alongados) de sucção.
Quanto a essas trompas, citadas como sendo fluídico-magnéticas, diz-nos o Autor espiritual tratar-se de pequenas raízes na aura até dos encarnados, agora (nos desencarnados) funcionando como antenas de matéria sutil que repelem ou assimilam emanações das coisas e dos seres que nos cercam e a nossa própria irradiação.
OBS: Deixam-me perplexo informações quais essa, mostrando-me o quanto esta sublime obra tem para nos informar e ensinar sobre Deus e a Criação.
CONTINUAÇÃO DA EXISTÊNCIA
Metamorfoseada, pois, não obstante o fenômeno da desencarnação, a personalidade humana continua, além-túmulo, o estágio educativo que iniciou no berço, sem perder a própria identidade, somando consigo as experiências da vida carnal, da desencarnação e da metamorfose no plano extrafísico. Perceberemos, desse modo, que a existência da criatura, na reencarnação, substancializa-se não apenas na Terra, onde atende à plantação dos sentimentos, palavras, atitudes e ações com que se caracteriza, mas também no Mundo Espiritual, onde incorpora a si mesma a colheita da sementeira praticada no campo físico, pelo desdobramento do aprendizado com que entesoura as experiências necessárias à sublime ascensão a que se destina.
Uberaba, 5/3/58.
Comentários
Desencarnado, o homem mantém a personalidade, agora após a metamorfose espiritual e assim, mantida sua identidade, prossegue se educando. Dessa forma, a chegada no Mundo Espiritual é assim semelhante à reencarnação, com a criatura espelhando e colhendo o resultado do que plantou na existência terrena, vivenciando e acumulando experiências na rota de elevação que um dia o levará à angelitude.
Ribeirão Preto/SP _ Verão/2006
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) O que marca o progresso do espírito, na fase evolutiva a que se refere o presente capítulo?
2) O que leva o homem a adquirir a noção do que é certo e do que é errado?
3) E a adquirir as primeiras idéias acerca da lei de causa e efeito?
4) Como André Luiz sintetiza o processo de evolução do corpo físico do homem, a partir da fase infantil até atingir a forma adulta?
5) E o processo de morte do corpo, com as repercussões no corpo espiritual?
6) Como o Autor explica o mecanismo do processo de desencarnação?
7) Quais as conseqüências para o espírito?
C O N C L U S Ã O
1) O que marca o progresso do espírito, na fase evolutiva a que se refere o presente capítulo?
R - Na fase evolutiva a que se refere este capítulo, o progresso do espírito foi marcado por duas transformações que em muito vieram contribuir para alavancar a sua evolução. Uma de natureza física, outra de natureza moral. Assim é que o seu organismo físico sofreu acentuada evolução em suas formas, acompanhando o progresso moral até então conquistado. O crânio foi aprimorado, permitindo-lhe melhor utilização de sua capacidade intelectual; os braços adequaram-se a fim de permitir o aperfeiçoamento das mãos; estas foram dotadas de sensibilidade táctil e os sentidos aprimoraram a percepção.
No aspecto moral, já de posse de maior responsabilidade, que o liberara da tutela direta dos Benfeitores Espirituais, o homem passou a cuidar, com mais empenho, das tentativas de impulsionar seu progresso no campo espiritual. Passou a formular, internamente, pensamentos mais arrojados, com indagações ousadas, que permitiam à mente uma maior capacidade de imaginação. Com isso, o desprendimento natural pelo sono passou a se dar mais facilmente, automatizando a conexão entre as células do corpo físico e do corpo espiritual e propiciando o acesso do espírito a ensinamentos dos Instrutores do Mundo Maior.
Por sua vez, as milhões de vezes por que passou pelos reinos inferiores transformam-se em valioso patrimônio para o espírito, que, após utilizar-se do instinto como instrumento principal de evolução, vê surgir o amor, sentimento que passa a lhe sugerir novas valores à sua existência.
Desse modo, podemos dizer que duas conquistas marcaram o progresso do espírito nesta fase: a evolução em suas formas, que alcançou partes importantes do seu corpo físico, como o crânio, os braços e as mãos e o despertar do amor em seu interior.
2) O que leva o homem a adquirir a noção do que é certo e do que é errado?
R - Com o despertar do amor, o apego à cria fez surgir as primeiras idéias de família e, com ela, a necessidade de guardar uma faixa de terra que viesse lhe garantir a moradia. O sentimento de afetividade em relação à família faz com que perceba a importância de observar determinadas regras de conduta que o salvaguardem de sofrer ofensas aos seus afetos e aos bens materiais indispensáveis à sobrevivência familiar. Sente que a maneira de obter esta salvaguarda é reconhecer ao próximo idêntico direito. Assim, a posse deixa de ter um caráter selvagem, abandonando o homem o uso de meios violentos para adquirir as coisas e poupando-se de sofrer a mesma violência. Cria, para si mesmo, um freio que irá limitar sua liberdade, respeitando o seu próximo para poder se fazer respeitado. Adquire, então, a noção do certo e do errado, conscientizando-se de que o seu direito estará garantido pelo respeito às obrigações para com os semelhantes.
3) E a adquirir as primeiras idéias acerca da lei de causa e efeito?
R - As transformações morfológicas e morais acima comentadas levaram o homem a melhor compreender a importância de sua presença na Terra. Conscientiza-se de que a vida tem uma significação mais profunda do que a simples contemplação com o passar do tempo e vagar sem rumo pelo mundo. Compreende, então, que o que fizer ao seu próximo poderá lhe ser feito mais tarde. Que, se negar ajuda ao companheiro, não a terá num momento de dificuldade; que, se pode matar um desafeto, este igualmente pode lhe subtrair a vida; que suas ações contra o semelhante gera uma reação de natureza idêntica contra ele. Ao refletir sobre essas questões, percebe a sintonia com o mundo espiritual, do qual recebe novas instruções objetivando o seu progresso. Entende que sua existência não está limitada à vida terrena e que os efeitos de suas atitudes perduram após o sepulcro do corpo. Surgem na consciência as primeiras noções da lei de causa e efeito e o livre-arbítrio se apresenta como instrumento de opção entre o bem e o mal, fazendo funcionar, mecanicamente, no próprio ser, as conseqüências do que fizer no mundo físico e no mundo espiritual.
4) Como André Luiz sintetiza o processo de evolução do corpo físico do homem, a partir da fase infantil até atingir a forma adulta?
R - André Luiz utiliza-se de uma comparação figurada entre a formação do organismo humano, desde a fase infantil até a adulta, com o processo de metamorfose através do qual a natureza promove a formação dos insetos de vida curta. Assim, compara o autor espiritual, na formação dos insetos, a larva se afasta do ovo para se desenvolver, formando, no inicio, uma membrana de consistência mole e conservando, no aparelho digestivo, resíduos da gema do ovo onde se deu a fase embrionária. Em seguida, estes resíduos são expelidos e inicia-se uma nova fase, com o surgimento do processo de alimentação e digestão. De modo semelhante, a criança recém saída do útero retém, em sua organização física, recursos sanguíneos doados pela mãe, para, depois, eliminá-los, passando a gerar os próprios recursos.
Prosseguindo o processo de desenvolvimento de seu organismo físico, André Luiz explica que a larva cresce e passa a se utilizar de matérias nutritivas necessárias ao seu crescimento, mudando de pele, de modo a poder condicionar o volume do corpo. Comparando, mostra que a criança também absorve o alimento necessário ao seu crescimento, passando a realizar, sob o comando do espírito, a renovação dos tecidos e órgãos que constituirão o corpo físico, sempre atendendo aos moldes perispirituais.
5) E o processo de morte do corpo, com as repercussões no corpo espiritual?
R - André Luiz divide o processo de metamorfose dos insetos de transformação completa em três etapas: larva, ninfa e inseto adulto. No estado de larva, encasula-se até transformar-se em ninfa, que é uma fase intermediária, anterior à fase adulta. Assim permanece durante certo período de tempo, após o qual sofre uma metamorfose que faz surgir o inseto adulto, inteiramente renovado, abandonando o casulo e se revelando na forma de borboleta. Destaca o autor espiritual que, apesar das profundas transformações por que passa, a individualidade é a mesma, resultado do somatório de experimentos acumulados nas três fases experienciadas.
Comparando, André Luiz lembra que o corpo humano também atravessa expressivas etapas de renovação, até alcançar a madureza corpórea. Após esgotada a força vital, devido à senectude ou a algum tipo de enfermidade irreversível, o organismo físico passa por uma transformação mais profunda. Declinam as atividades fisiológicas, os órgãos que o movimentavam tornam--se inertes. Salvo nos casos de morte subitamente ocorrida, à semelhança do inseto que estagia um período no casulo até atingir o momento da liberação, o ente humano também passa por um período preparatório para a liberação do espírito, que se dá após a falência completa da organização física.,
6) Como o Autor explica o mecanismo do processo de desencarnação?
R - Chegado o momento em que se consuma a definitiva desorganização física, à semelhança da crisálida, que se libera em forma de inseto, o ser espiritual, impulsionado pela força da mente e pelas aquisições morais cultivadas durante a permanência no corpo material, tem o seu corpo espiritual com que se apresentará doravante plasmado de acordo com a nova condição alcançada. Pelo pensamento, enreda-se no que o autor espiritual chamou de "casulo de forças mentais", refletindo o seu estado psíquico. O mecanismo da desencarnação dá-se, dentre outros recursos orgânicos, pela ação de substâncias que desencadeiam a decomposição dos tecidos do corpo físico e imprimem nova forma ao perispírito, elaborando novos órgãos perispirituais. A esse processo André Luiz denominou "histogênese espiritual".
7) Quais as conseqüências para o espírito?
R - O abandono completo do corpo físico somente se dá quando o espírito se renova internamente. Quando se mantém preso a pensamentos dominados por questões relativas à vida física, explica André Luiz que o espírito passa a ter nova densidade, alimentando-se por intermédio de órgãos de sucção de natureza fluídico-magnéticas, assimilando ou repelindo as emanações dos objetos e dos seres encarnados de que se cerca. É através deste mecanismo que se operam o processo conhecidos como "vampirização", comum aos espíritos que se mantêm apegados aos gozos terrenos, mesmo após a desencarnação, sugando energias emanadas dos encarnados.
Embora desvencilhado do corpo físico, o espírito mantém a sua individualidade no além-túmulo. Não perde a sua identidade nem o somatório das experiências colhidas na vida carnal. Ressalta o autor que a chegada ao mundo espiritual assemelha-se à reencarnação, com o espírito colhendo o que semeou durante a existência terrena e dando prosseguimento ao curso de sua evolução rumo à perfeição possível.
Muita paz a todos
Com a colaboração de Sonia, Marcio, Sheila, Joseane Rafael, Sheila e Andréia
Equipe CVDEE
Sala André Luiz
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