sábado, 21 de novembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_21_Conversaçao edificante

“Enquanto regressávamos ao nosso círculo de trabalho e de estudo, para articular novas providências de auxílio, em favor dos protagonistas da história que a vida estava escrevendo, concluí que não me cabia perder a oportunidade de mais amplo entendimento com o nosso orientador, com alusão aos esclarecimentos que nos  fornecera,  acerca  do perispírito.

“- Inegavelmente, será difícil alcançar o grande equilíbrio que nos outorgará o trânsito definitivo para as eminências do Espírito Puro.

- Ah! sim - concordou o Ministro,  com  grave  entoou -,  para  que tivéssemos  na  Crosta  Planetária  um  vaso  tão aprimorado e tão belo, quanto o corpo humano,  a  Sabedora  Divina  despendeu milênios  de  séculos,  usando  os multiformes recursos da Natureza, no campo imensurável das formas...  Para que  venhamos  a  possuir  o  sublime instrumento da mente em planos mais elevados, não podemos esquecer que o Supremo Pai se vale do tempo infinito para aperfeiçoar e sublimar a beleza e a precisão do corpo espiritual que nos conferirá  os  valores  imprescindíveis à nossa adaptação à Vida Superior.

- Compete-nos, então - observou Hilário, atencioso -, atribuir importante  papel  às  enfermidades  na  esfera  humana.

Quase todas estarão no mundo, desempenhando expressivo papel na regeneração das almas.

- Exatamente.

- Cada "centro de força" - ponderei - exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio...

- Sim - confirmou Clarêncio -, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo eletromagnético de nossa organização, compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais nos imantamos.

"Hilário... perguntou:

-...  Um homem puramente selvagem, a situar-se em plena ignorância dos Desígnios Superiores, que se confia a delitos indiscriminados... Terá nos tecidos sutis da alma as lesões cabíveis a um europeu supercivilizado, que se entrega à indústria do crime?

Clarêncio sorriu, compreensivo, e acentuou:

-...  Assim como o aperfeiçoado veículo do homem nasceu das formas primárias da Natureza, o corpo espiritual foi iniciado também nos princípios rudimentares da inteligência. ... O instrumento  perispirítico  do  selvagem  deve  ser classificado como protoforma humana, extremamente condensado pela sua integração  com  a  matéria  mais  densa.

Está para o organismo aprimorado dos Espíritos algo enobrecidos, com um macaco antropomorfo está para o homem bem-posto das cidades modernas. Em criaturas dessa espécie, a vida moral está começando a aparecer e o perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso. Por esse motivo, permanecerão muito tempo na escola da experiência, como o bloco de pedra rude sob marteladas, antes de oferecer de si mesmo a obra-prima... O instinto e a inteligência pouco a pouco se transformam em conhecimento e responsabilidade e semelhante renovação outorga ao ser mais avançados equipamentos de manifestação...

O prodigioso corpo do homem na Crosta Terrestre foi erigido pacientemente, no curso dos séculos, e o delicado veículo do Espírito,  nos  planos  mais  elevados,  vem  sendo construído, célula a célula, na esteira dos milênios incessantes...  Até que nos transfiramos  de  residência,  aptos  a deixar, em definitivo, o caminho  das  formas,  colocando-nos  na  direção  das  esferas  do  Espírito  Puro,  onde  nos aguardam os inconcebíveis, os inimagináveis recursos da suprema sublimação.

“...  aduzi:

- Decerto a Medicina escreveria gloriosos capítulos na Terra, sondando com mais segurança os problemas e as angústias da alma...

-...  Um dia o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo.

Sorridente, acrescentou:

- Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão.

"No objetivo de aprender, observei:

- É por isso que temos os vales purgatoriais, depois do túmulo.. a morte não é redenção...

- Nunca foi - esclareceu o Ministro, bandos. - O pássaro doente não se retira da condição de enfermo, tão só porque se lhe arrebente a gaiola. O inferno é uma criação de almas desequilibradas que se ajuntam assim como o charco é uma coleção de núcleos lodacentos, que se congregam uns aos outros. Quando de consciência inclinada para o bem ou para o mal perpetramos esse ou aquele delito no mundo, realmente podemos ferir ou prejudicar a alguém, mas, antes de tudo, ferimos e prejudicamos a nós mesmos. ...  Quando ofendemos a essa ou àquela criatura, lesamos primeiramente a nossa própria alma, de vez que rebaixamos a nossa dignidade de espíritos eternos, retardando em nós sagradas oportunidades de crescimento.

“- A enfermidade, como desarmonia espiritual - atalhou o instrutor -sobrevive no perispírito... A dor é o grande e abençoado remédio.

Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peças de nossa instrumentação e polindo os fulcros anímicos de que se vale a nossa inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida eterna. Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo  de  nossos  pensamentos,  compelindo-nos  a  indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja  execução  não  poderemos  fugir  sem  graves prejuízos para nós mesmos."

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.-  A que se refere Clarêncio quando afirma que " ... a  Sabedora Divina despendeu milênios de séculos,  usando  os multiformes recursos da Natureza, no campo imensurável das formas..."?

2.-  De que maneira os nossos deslizes morais atrasam a evolução do nosso organismo físico?

3.-  De acordo com a explicação do Instrutor, são iguais as responsabilidades e as conseqüências  do  ato  delituoso praticado pelo homem selvagem e pelo homem civilizado?

4.-  Como se dá o processo de auto-cura a que se refere Clarêncio?

5.- Qual o destino do espírito após a morte do corpo físico, segundo a visão espírita, explicada por Clarêncio a André Luiz?

6.-  Qual a nova visão acerca da dor, trazida pelo Espiritismo?

Conclusão:

Neste capítulo, André Luiz continua a palestra iniciada no anterior  a  respeito  do  perispírito,  suas  funções,  seus
mecanismos e sua influência na evolução do nosso corpo físico.

                             
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1.-  A que se refere Clarêncio quando afirma que " ... a  Sabedora Divina despendeu milênios de séculos,  usando  os multiformes recursos da Natureza, no campo imensurável das formas..."?

Para que possamos vivenciar a vida  superior  dos  espíritos  puros, a  que  estamos  destinados  pelo  Criador,  é indispensável que aperfeiçoemos o nosso corpo espiritual, tornando-o mais sutil e adquirindo valores  sublimes.  Para tanto, muitos milênios serão consumidos, pois a evolução é lenta. Para chegarmos ao estágio em que atualmente nos encontramos, um tempo que não podemos precisar, mas que sabemos ter sido longo, foi despendido pela Providência. Passamos pelos reinos inferiores, como princípios inteligentes em  elaboração  para  nos  tornarmos  espíritos;  fomos
ascendendo degrau por degrau, até chegarmos ao ponto em que estamos. Clarêncio faz menção às nossas passagens por esses estágios, habitando as múltiplas formas de seres existentes  na  Natureza,  nos  reinos  mineral,  vegetal  e animal.

2.-  De que maneira os nossos deslizes morais atrasam a evolução do nosso organismo físico?

Como vimos no capítulo anterior, a nossa mente é a responsável pela regência dos centros de força que governam o nosso organismo perispiritual. Sendo o corpo físico uma organização material plasmada pelo perispírito, nele são refletidas todas as reações impostas pelo nosso influxo mental ao veículo perispiritual. Quando nos damos à viciação do pensamento, adotando práticas que atentam contra as Leis Morais instituídas pelo Criador, desarmonizamos os centros de força que regem o perispírito, condensando-o e gerando uma reação negativa no  corpo  físico.  A condensação e o obscurecimento do perispírito retardam a evolução do corpo físico.

3.-  De acordo com a explicação do Instrutor, são iguais as responsabilidades e as conseqüências  do  ato  delituoso praticado pelo homem selvagem e pelo homem civilizado?

Conforme explicou Clarêncio, o homem selvagem é um espírito que está no começo de sua evolução no reino hominal.

Nele, a vida moral apenas se inicia. Seus atos e pensamentos ainda são fruto predominantemente do instinto trazido do reino animal, o qual recém saiu. Seu perispírito ainda é bastante grosseiro, muito mais denso do que o que hoje possuímos. Para depurá-lo, muitos séculos se passarão e somente aos poucos é que a inteligência irá ocupando o espaço do instinto animal. Suas possibilidades de manifestação e, conseqüentemente, a responsabilidade pelos atos praticados irão aumentando na mesma proporção do progresso alcançado.  Sendo a Justiça Divina absolutamente perfeita, cada um terá a sua responsabilidade em grau compatível o momento evolutivo em que se encontre.

4.-  Como se dá o processo de auto-cura a que se refere Clarêncio?

Conforme as instruções de Clarêncio, a cura de todos os males reside em nós próprios, pois a quase totalidade  das enfermidades que nos atingem têm a sua origem no nosso psiquismo. Os sentimentos negativos, como o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a crueldade, são desajustes da mente, que repercutem, através do perispírito, no nosso corpo de carne. De acordo com o Instrutor, a nossa cura depende de nós próprios, mediante  o  abandono  da  prática  de  atos dessa natureza e da prática do bem, conforme Jesus ensinou, através daquela que é considerada a regra áurea de sua Doutrina:

"Tudo o que quiseres que os homens vos façam, fazei também a eles; porque esta é a lei e os profetas."

5.- Qual o destino do espírito após a morte do corpo físico, segundo a visão espírita, explicada por Clarêncio a André Luiz?

O Espiritismo nos ensina que, ao desencarnar, o espírito continua exatamente na mesma condição moral e intelectual em que se situava anteriormente à morte do corpo físico. Como explicou o Ministro Clarêncio, "o pássaro doente não se retira da condição de enfermo, tão só porque se lhe arrebente a gaiola". O fenômeno conhecido como morte nada mais é que uma mudança de dimensão por que passa o espírito.  O espírito continua vivo, com todas as conquistas morais e intelectuais e com todas as viciações que acumulou nas inúmeras  reencarnações  anteriores.  Assim, cada um procurará, por força de uma sintonia vibratória irresistível, os locais e as companhias espirituais que lhe sejam afins.

Como disse André Luiz, "a morte não é redenção". Não redime nem agrava a situação de ninguém.

6.-  Qual a nova visão acerca da dor, trazida pelo Espiritismo?

A dor, ao contrário do que muitos pensam, não é um fruto do acaso nem um castigo divino. Também não é uma penitência por erros cometidos, como entendem outros. O Espiritismo nos ensina, conforme salienta o capítulo em estudo, que a dor é um instrumento pedagógico para nos impulsionar ao progresso.


É um remédio amargo, porém, necessário para o nosso despertamento, para a nossa reeducação. Torna o espírito mais sensível à necessidade de modificar seus pensamentos, reajustando-os às Leis Divinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário