sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_16_Novas Experiências.doc

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das obras de André Luiz

Livro: Entre a Terra e o Céu
Capítulo XVI Novas Experiências

TRECHOS DO CAPÍTULO:

"(...)

Mário Silva, estirado nos lençóis, debalde procurava dormir.

O sonho da véspera castigava-lhe o pensamento.

Ruminando as impressões da manhã, refletia de si para consigo: _ "Seria realmente Amaro , o rival, quem lhe surgira na forma de um criminoso? E aquela mulher , Zulmira, a companheira de infância, que ainda lhe feria as recordações? Onde o motivo de semelhante reencontro? Teimava em afastar para longe as reminiscências da mocidade... por isso não acreditava estivesse nele próprio a causa de estranho pesadelo... Permanecia convicto de que alguém o chamara, nitidamente, pronunciando palavras que o constrangiam a atender... (...) A chaga do brio retalhado ainda lhe sangrava no coração.

Não seria justo acudi-la nem mesmo a pretexto de socorrer. Conhecia-lhe o esposo de relance, mas o suficiente para detestá-lo, com todas as reservas de ódio de  que se sentia capaz.(...)

(...)

Se as almas podiam efetivamente reencontrar-se, fora do corpo – prosseguia divagando -, decerto conseguiria rever o adversário e revidar... Se fora invocado em sonho, era lícito invocar quem quisesse... Chamaria o renegado esposo de Zulmira a explicar-se. Concentraria nele o poder do pensamento.

Buscá-lo-ia onde estivesse."

O Ministro contemplava-o, compadecido.

Valendo-se dos minutos para ensinar-nos algo proveitoso, observou:

_ A paixão cega sempre. Nossa vida mental é a nossa vida verdadeira e, por isso, quando a paixão ocupa a fortaleza íntima nada vemos e nada registramos senão a própria perturbação.

(...)

_ Qual acontece ao nosso amigo Leonardo, o novo companheiro padece angustioso complexo de fixação. Embora tenha o seu caso particular, algo suavizado pelas lutas da carne, que, por vezes, constituem abençoado entretenimento, não consegue diluir a obcecante recordação do inimigo. A mágoa é-lhe inquietante ferida mental. Enquanto se distrai nas tarefas comuns, alheia-se, de alguma sorte, ao tormento oculto que transporta consigo, mas, em se vendo espiritualmente a sós, dá curso ao ódio coagulado, desde muito, no coração. Observemo-lo!

(...)

Silva caminhava semi-ébrio, sem direção, contudo, arremessava as palavras no ar, com veemência e segurança.

Havíamos dobrado esquinas diversas e eis que, quando menos esperávamos, surge alguém ao encontro dele, em plena via pública.
Copiando o impulso do ferro atraído pelo ímã, o esposo de Zulmira, em seu corpo sutil, correspondia ao chamado estranho do inimigo, desligado parcialmente da carne.

(...)

_ Se ainda consagras amor à criatura que desposei, ajuda-nos com a tua compreensão!... Se te fiz algum mal, inconscientemente, perdoa-me! Perdoa-me pelas angústias da minha existência de condenado a horríveis provas morais!...

Mário Silva, com espanto nosso, retribuiu com escandalosa gargalhada.

_ Desculpar? Nunca! - exclamou jactancioso. _ Pelo tom da conversa, concluo que a justiça começou a expressar-se, devidamente, mas abreviá-la-ei com as minhas próprias mãos... Meu desforço é certo, meu ódio inexorável!...

Amaro não mais respondeu.

Vimo-lo curvar a cabeça em oração fervorosa (...)

_ Porque silencias covarde? Fala, fala! Explica-te!... Reage! Dominaste Zulmira, mas não me dobrarás um milímetro!... Criminosos de tua laia não merecem compaixão!...

Nessa altura do diálogo Clarêncio convocou-nos, paternal:

_ Respondamos à prece de Amaro, com o auxílio fraterno.

Arrastados pela simpatia e pela emoção acompanhamos o nosso orientador, sem hesitar."

QUESTÕES INICIAIS PARA O ESTUDO:

Observamos neste capítulo que o pensamento, o campo mental levou Mário Silva, durante o sono físico, a procurar seu inimigo. Vamos conversar um pouco sobre:

1. Pensamento. O que é? Tem ele força? Qual?

2. Campo mental é o mesmo que pensamento? Falar sobre campo mental.

3. Mente. O que é? Qual sua importância? Por quê?

4. O que é e qual a conseqüência da fixação mental?

5. Como entender a seguinte colocação: "Copiando o impulso do ferro atraído pela ímã, o esposo de Zulmira, em seu corpo sutil, correspondia ao chamado estranho do inimigo, desligado parcialmente da carne"?

6. Quais as conseqüências dos sentimentos de: brio, ódio, rancor, mágoa, desculpa, perdão?

Conclusão:

Na noite seguinte, retornando ao lar de Mário Silva, o Esteves do drama originário, os benfeitores Gúbio, André Luiz e Hilário encontraram-no em busca do sono físico, que somente alcançou após o Ministro aplicar-lhe passes balsamizantes. Desmembrado do corpo físico, Mário Silva saiu à rua no intento de encontrar Amaro, que considerava seu desafeto. Os benfeitores acompanharam-no com o propósito de prestar-lhe o auxílio espiritual de que tanto necessitava, propiciando-nos o episódio a oportunidade de estudarmos alguns fatores importantes  que fazem parte da nossa existência.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO


1. - Pensamento. O que é? Tem ele força? Qual?

O pensamento é uma manifestação do espírito, que, para tanto, utiliza-se de seu livre-arbítrio. Quando o emitimos, ele se materializa e ganha o espaço, por intermédio do fluido cósmico em que estamos mergulhados. Uma vez exteriorizado por esse fluido, pode ser recepcionado por outro espírito, encarnado ou  desencarnado.  Porém, os desencarnados têm maior facilidade de captá-lo, devido ao fato de sua capacidade perceptiva não se encontrar embaraçada pela matéria densa. Alguns, contudo, tem essa faculdade desenvolvida o bastante para lhes permitir que, embora encarnados, tenham a percepção do pensamento de outrem.

2. - Campo mental é o mesmo que pensamento? Falar sobre campo mental.

O campo mental ou corpo mental, como preferem alguns autores, tem a sua sede no espírito.  Segundo André Luiz, em outra de suas obras, o livro "Evolução em Dois Mundos", é "o envoltório sutil da mente", ainda não suscetível de ser definido. Por ora, limitando-nos ao quanto nosso estágio evolutivo permite depreender, podemos dizer que é a parte do espírito que envolve a mente, mais sutil ainda do que o perispírito. Segundo alguns autores, seria um quarto elemento de que se compõe o homem, ao lado dos três outros que os Espíritos informaram a Allan Kardec (espírito, perispírito e corpo físico).

3. - Mente. O que é? Qual sua importância? Por quê?

Em poucas palavras, podemos definir a mente como sendo a parte do espírito que o dirige.

É o elemento de maior importância para ele, chegando, mesmo, alguns, a confundi-la com o próprio espírito. É a responsável pela produção do pensamento e pela formação do corpo espiritual (perispírito), que a espelha e que, por sua vez, vai servir de molde à formação do corpo físico. Por tudo isso, podemos dizer que somos o resultado da nossa mente ou, até, que somos a mente.

 4. - O que é e qual a conseqüência da fixação mental?

Podemos entender como fixação mental o pensamento permanente do espírito em determinado sentido, no caso, um ato do passado. Em geral, ocorre quando o espírito se fixa num ato que praticou contrário às leis naturais e em detrimento de outrem. Quando o espírito se deixa levar por esse estado, abstrai-se de tudo o mais que acontece em sua existência, mantendo seu psiquismo fixado unicamente em torno desse fato. É o resultado do julgamento realizado pelo verdadeiro e único juiz das nossas ações: a nossa consciência.

Quando se encontra nessa situação, a presença da vítima é constante no pensamento do espírito, com o ato recriminado aparecendo com freqüência em sua tela mental. É inevitável a visita da dor reparadora.

5. - Como entender a seguinte colocação: "Copiando o impulso do ferro atraído pelo ímã, o esposo de Zulmira, em seu corpo sutil, correspondia ao chamado estranho do inimigo, desligado parcialmente da carne"?

Trata-se de imagem figurada criada por André Luiz para demonstrar a força da sintonia espiritual. Tal como o ferro que é atraído pelo imã, como se expressou o Autor, Amaro, o esposo de Zulmira, foi atraído ao encontro de Mário Silva pela força do pensamento deste. Como se encontrava extremamente fragilizado, espiritualmente, como ele próprio afirmou, devido aos problemas enfrentados no lar conjugal, não se encontrava em condições de enfrentar a força do pensamento do desafeto, deixando-se atrair ao seu encontro. É uma lição que nos ensina que não devemos nos deixar abater pelas circunstâncias desfavoráveis da vida, pois isso nos enfraquece espiritualmente, abrindo-as para a sintonia com espíritos de baixa faixa vibratória, o que só nos prejudica.

6. - Quais as conseqüências dos sentimentos de: brio, ódio, rancor, mágoa, desculpa, perdão?

São sentimentos inteiramente diferentes. O brio, a desculpa e o perdão são sentimentos nobres, que nos elevam.

O brio sustenta o espírito no enfrentamento das provas, dando-lhe bom ânimo; a desculpa e o perdão o liberam do vínculo de ressentimento para com alguém que tenhamos eventualmente prejudicado. Já o ódio, o rancor e a mágoa são sentimentos característicos de espírito ainda muito atrasado em seu processo evolutivo. Intoxicam o perispírito e, em conseqüência, além de atrasarem a evolução, somatizam para o corpo físico os efeitos deletérios que produzem.

Muita paz a todos.

Sala Nosso Lar

CVDEE

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