Estudos sobre Mediunidade 20
Capítulo 18
Obsessão: Conceito e Causas
Definição
Allan Kardec define obsessão como sendo a "ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo." [ESE-cap XXVIII].
Esta definição apresentada pelo Codificador dá margem a vários comentários:
- A obsessão é sempre um processo mantido, contínuo, persistente onde as forças em litígio estão se enfrentado num processo bem estabelecido. Não se reconhece como obsessão aquelas condições fortuitas, ocasionais, onde assimilamos pensamentos infelizes de forma breve e sem grandes conseqüências.
- A qualificação de Espírito mau, apresentada por Kardec, deve ser bem entendida. O obsessor, na realidade, não é um Espírito mau, como se entende este adjetivo, mas sim, uma entidade em sofrimento, com defeitos e virtudes, capaz de grandes atitudes afetivas para com outras pessoas. É, sobretudo, alguém que foi ferido, magoado, humilhado no passado e que por sofrer tanto, quer fazer os outros sofrerem também.
- Em muitas oportunidades a obsessão não estará sendo organizada por um único Espírito, mas sim, por uma falange de Espíritos.
- A obsessão pode atingir não apenas um indivíduo, mas toda uma coletividade, uma família, uma cidade.
- A definição apresentada restringe a obsessão a apenas uma de suas formas, quando um Espírito estará desenvolvendo o processo obsessivo em direção a um encarnado. Pode ocorrer o inverso, quando um encarnado passa a subjugar o Espírito.
Pode-se observar também obsessão entre encarnados e entre desencarnados.
Patologias
Como se desenvolve a "ação" a que se referia Allan Kardec?
- O Espírito infeliz estará atuando sobre o encarnado em dois níveis:
* Mente a mente: constrição mental;
* Perispírito a perispírito: envolvimento fluídico.
a) Constrição Mental: o obsessor instala a sua onda mental na mente da pessoa visada. Forma-se uma ponte magnética, através da qual, o perseguidor vai enviando os seus pensamentos e suas idéias, promovendo uma verdadeira hipnose:
"Você é infeliz..."
"Sua vida não presta..."
"Mate-se..."
A princípio o indivíduo pode reagir fugindo da faixa de atuação do obsessor. No entanto, se ele se entrega àquelas idéias ou se compraz com este conúbio mental, o processo pode agravar-se, chegando ao grau máximo de obsessão, que é a subjugação moral, onde o obsediado perde completamente o seu livre-arbítrio.
Depois que o cerco se completa, pode tornar-se necessária presença do obsessor ao lado do encarnado, pois ele pode continuar exercendo o domínio psíquico a distância.
É o que André Luiz denomina de "loucura por telepatia alucinatória."
Algumas vezes, coadjuvando o processo de constrição mental, os Espíritos obsessores poderão se utilizar de certos "aparelhos especiais" para manter o processo. Manoel Philomeno de Miranda fez referência a um pequeno aparelho, semelhante à um "micro-gravador" que os Espíritos introduziram no cérebro do encarnado e que objetivava reforçar o processo de hipnose mental.
b) Envolvimento Fluídico: ao envolver o indivíduo, o perseguidor identifica os seus fluidos com os dele, há uma aproximação das auras, os perispíritos se assimilam. Este convívio perispiritual vai permitir ao Espírito sugar energias vitais do encarnado, o que vai contribuir para o emagrecimento, o cansaço e as infecções que acompanham com freqüência as vítimas da obsessão. O envolvimento fluídico vai permitir também que o Espírito transmita para o encarnado fluidos deletérios fabricados por ele.
Causas
Sinteticamente, podemos reconhecer quatro causas fundamentais, envolvendo as obsessões:
a) Ódio ou Vingança: na maioria das vezes a obsessão é uma vingança exercida por um Espírito que foi prejudicado e que sofreu muito nas mãos do atual obsediado. Este Espírito pode ter sido prejudicado numa outra encarnação onde eles estiveram juntos, ou nessa mesma existência.
O aborto criminoso é um acontecimento que muitas vezes responde por obsessões graves cuja causa está na mesma encarnação;
b) Carência Afetiva: é uma causa de obsessão, muitas vezes inconsciente, denominada comumente de "encosto". São Espíritos que desencarnam sem uma preparação espiritual adequada e que, ao despertarem no mundo dos Espíritos, se vêem desorientados, perdidos, angustiados. Ao identificarem um indivíduo que se afinize com eles, podem aproximar-se dele e iniciar uma obsessão, muitas vezes, inconsciente.
Geralmente, são processos de fácil tratamento, pois não há vínculo de ódio entre os seres envolvidos;
c) Vampirismo: o vampirismo é uma causa de obsessão relacionada á satisfação de vícios e paixões.
Vampiro, na definição de André Luiz: "é toda entidade ociosa que se vale indevidamente das possibilidade alheias".
O vampirismo vai caracterizar aqueles Espíritos viciosos, apegados a certas emoções materializadas, que se aproximam dos encarnados, portadores dos mesmos vícios, para absorverem as suas emanações fluídicas.
Existem vampiros do fumo, do álcool, da gula, dos tóxicos, do sexo, etc.;
d) Orgulho do Falso Saber: esta expressão é utilizada por Allan Kardec para caracterizar certos Espíritos vaidosos, orgulhosos, falsos-sábios que desenvolvem uma obsessão do tipo fascinação.
Iludem determinados médiuns para que, por seu intermédio, possam disseminar idéias falsas, sistemáticas e em contradição com os princípios espíritas.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) A Gênese - Allan Kardec
3) Dramas da Obsessão - Bezerra de Menezes/Yvonne A. Pereira
4) Obsessão - Desobsessão - Suely Caldas Schubert
5) Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
IDE-JF/CVDEE
IDE-JF Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG
CVDEE Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
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