Estudos sobre Mediunidade 14
CAPÍTULO 11
INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM E DO MEIO
Só existe uma forma de dissolver os fluidos ruins: antepondo-lhes fluidos bons. Os fluidos bons têm uma ação desagregadora das moléculas dos fluidos negativos.
Portanto, quanto mais sadia do ponto de vista moral, for a vida do médium, melhores serão os seus fluidos que, mais rapidamente, irão neutralizar as vibrações pestilentas dos comunicantes, devolvendo ao medianeiro a sensação de bem estar e de tranquilidade íntima.
e) Na Doação de Fluidos Salutares: quando uma entidade sofre¬dora é levada a uma reunião de labores mediúnicos, deseja-se, obviamente, que ela seja orientada e esclarecida pelos doutrinadores. No entanto, deseja-se também que esta entidade venha a receber energias boas, fluidos salutares do grupo mediúnico, mas, principalmente, do médium. Denomina-se este encontro Espírito sofredor + fluidos do médium de choque anímico.
Essas energias sadias absorvidas pela entidade durante a comunicação, terão um papel fundamental em sua recuperação espiritual "limpando" os seus centros de força e revigorando suas forças combalidas pelos pensamentos deprimentes.
Todavia, para que o medianeiro passa doar fluidos bons, é pre¬ciso que tenha fluidos bons, e, só tem fluidos bons, quem vive bem.
f) Na Obsessão: A obsessão é um problema que o médium vai se defrontar durante toda a sua vida.
Médiuns notáveis, portadores de faculdade mediúnicas extraordinárias e que vieram a cair drasticamente por influenciação obsessiva.
Só existe uma forma de precatar-se de um processo obsessivo: vivendo de tal forma que os Espíritos da sombra não possam atuar em nossos campos mentais.
A atitude mental superior, a prática constante do bem, o combate às viciações estarão elevando as nossas vibrações espirituais e nos colocando fora da faixa de influência dos Espíritos obsessivos.
Divaldo Franco assim se manifesta:
"Nosso caráter é a nossa defesa."
O MEIO
Existem três fatores básicos na comunicação mediúnica: o Espírito, o médium e o meio. Vamos analisar o meio em seus dois aspectos: material e espiritual.
a) Meio Material: local em que se desenrola o trabalho mediúnico. Fatores a serem observados:
- Área física;
- Componentes encarnados: dirigente, doutrinadores e médiuns.
b) Meio Espiritual: conjunto de fatores predisponentes que facili¬tam e orientam o trabalho mediúnico:
- Espíritos orientadores;
- Espíritos em tratamento;
- Fluidos resultantes das emanações dos dois planos (espiritual e material);
- Intenções dos participantes.
Segundo Manoel Philomeno de Miranda [Nos Bastidores da Obsessão], os fatores citados acima são requisitos para uma reunião séria, desde a área física, até as intenções e vibrações dos componentes.
Em [LM-it 231,qst 1] Allan Kardec pergunta:
"O meio, no qual se acha o médium, exerce uma influência nas manifestações?
R. Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam tanto no bem como no mal."
Em [Temas da Vida e da Morte] Manoel Philomeno de Miranda diz:
"Que o meio ambiente exerce efeitos e predisposições nos seres vivos. Embora o meio sócio-cultural seja conseqüência da ação do homem, torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no comportamento, o que tem levado muitas pessoas a concluir que - o homem é o produto do meio - salvo as inevitáveis exceções."
É compreensível, portanto, que a influência do meio moral e emocional seja prevalente nos fenômenos mediúnicos.
Além da inevitável influência do médium, em decorrência dos seus componentes íntimos, o psiquismo do grupo responde por grande número de resultados nos cometimentos da mediunidade.
Do ponto de vista moral, os membros que constituem o núcleo, atraem, por afinidade, os Espíritos que lhe são semelhantes, em razão da convivência mental já existente entre eles. Onde quer que se apresentam os indivíduos, aí também estarão seus consórcios espirituais.
Assim, fica fácil entender o poder da associação de pensamento dos assistentes. Se o Espírito for, de qualquer maneira, atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma intenção terão, necessariamente, mais força que uma só. Mas, para que todos os pensamentos concorram para o mesmo fim, é necessário que vibrem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um só, o que não poderá acontecer sem concentração.
Para bem compreender o que se passa nestas circunstâncias, é importante se conhecer a influência do meio.
É necessário representar cada indivíduo como que cercado por um certo número de companheiros invisíveis que identificam com o seu caráter, os seus gostos e as suas tendências. Allan Kardec [LM-it 331] diz:
"Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a soma de todas as dos seus membros, formando uma espécie de feixe; ora este feixe terá tanto mais força quanto mais homogêneo for."
Todos os componentes da reunião são acompanhados de Espíritos que lhe são simpáticos. Segundo o seu número e a sua natureza, esses companheiros podem exercer sobre a reunião ou sobre as comunicações um influência boa ou má. Uma reunião perfeita seria aquela em que todos os seus membros, animados do mesmo amor pelo bem, só levassem consigo Espíritos bons. Na falta da perfeição, a melhor reunião será aquela em que o bem supera o mal.
Por outro lado, o Espírito chegando a um meio que lhe é inteiramente simpático sente-se mais à vontade.
Contudo, se os pensamentos forem divergentes, provocam um entrechoque e idéias desagradáveis para o Espírito e, portanto, prejudicial à comunicação.
Sendo os Espíritos desencarnados muito impressionáveis, sofrem acentuadamente a influência do meio.
Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior homogeneidade possível.
O êxito das sessões espíritas se encontra na dependência dos fatores objetivos que as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido nos dois planos (material e espiritual):
a) As Intenções:
"As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do amor e da caridade, do estudo e da aprendizagem, são as que realmente atraem os Espíritos superiores, sem cuja contribuição valiosa, os resultados decaem para a frivolidade, a monotonia e não raro para a obsessão." (Manoel Philomeno de Miranda)
b) O ambiente ou Meio Espiritual:
"Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve ser elaborado e mantido por meio de leitura edificante e da oração, debatendo-se os princípios morais capazes de criar uma atmosfera pacificadora, otimista e refazente." (Manoel Philomeno de Miranda)
c) Os Membros Componentes:
Os médiuns, segundo Emmanuel,
"em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso."
Assim, todo médium deve resguardar-se na humildade, na modéstia, convicto de que é uma alma em processo de redenção e aperfeiçoamento, pelo trabalho e o estudo.
A seriedade de uma reunião, entretanto, não é sempre suficiente para haver comunicações elevadas. É indispensável a harmonização dos sentimentos e o amor para atrair os bons Espíritos. Por isso os componentes da reunião devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos, instruindo-se e elevando-se moralmente.
Os médiuns deverão manter disciplina interior, equilibrando suas emoções, seus pensamentos, palavras e atos para se tornarem maleáveis às instruções dos Espíritos superiores. A faculdade mediúnica não os isenta das responsabilidades morais imprescindíveis à própria renovação e esclarecimento, o que irá facilitar a sintonia com os mentores da reunião e melhores condições de exercerem a enfermagem liber-tadora aos Espíritos trazidos para tratamento.
O Dirigente deverá possuir os requisitos mínimos para liderar o grupo mediúnico que são: amor, boa vontade, estudo e atitudes corretas. Segundo André Luiz [Nos Domínios da Mediunidade], o dirigente deverá ter:
"devoção à fraternidade, correção no cumprimento dos deveres, fé ardorosa, compreensão, boa vontade, equilíbrio, prudência e muito amor no coração."
Os Doutrinadores devem, igualmente, evangelizar-se estudando a Doutrina e capacitando-se para entender e elaborar nos diversos misteres do serviço de esclarecimento e tratamento Espiritual.
Na mesma linha de deveres dos médiuns, não poderão descurar do problema psíquico da sintonia, a fim de estabelecerem contato com o dirigente do plano espiritual que supervisiona os empreendimentos de tal natureza.
O doutrinador exerce a posição de elemento-terra, o mediador consciente da Espiritualidade, que deverá analisar os problemas e as idéias de modo equilibrado e inteiramente lúcido, revestindo-as com as luzes do Evangelho de Jesus e em coerência com os ensinamentos codificados por Allan Kardec.
Não poderemos deixar de analisar a influência dos Espíritos que são trazidos em tratamento às reuniões mediúnicas.
Invariavelmente, aqueles que sabem perseverar, sem adiarem o trabalho de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados nas sementeira da esperança e da felicidade na Terra - programa sublime presidido por Jesus, das altas esferas.
Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos deveres estabelecidos em prol da ordem geral e da harmonia, para que a infiltração dos Espíritos infelizes não as transfor¬mem em celeiros de balbúrdia, de desordem e perturbação.
"Para que uma sessão espírita possa interessar aos instrutores espirituais, não poderá abstrair do elevado padrão moral de que se devem revestir todos os participantes, (... principalmente o médium onde a exteriorização dos seus fluidos, isto é, a vibração do seu próprio Espírito, que é resultante dos atos morais praticados, o distingue das diversas criaturas, oferecendo material específico aos instrutores espirituais para as múltiplas operações que se realizam nos abençoados núcleos espiritistas sérios, que têm em vista o santificante programa de desobsessão espiritual." (Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIX).
"A influência do meio decorre dos Espíritos e da maneira porque agem sobre os seres vivos. Dessa influência cada qual pode deduzir por si mesmo as condições mais favoráveis para uma sociedade que aspire atrair a simpatia dos Espíritos bons, obtendo boas comunicações e afastando as más."
Essas condições dependem inteiramente das disposições morais dos assistentes.
Podemos resumi-las nos seguintes pontos:
- perfeita comunhão de idéias e sentimentos;
- benevolência recíproca entre todos os membros;
- renúncia de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
- desejo uníssono de se instruir e de melhorar-se pelo ensinamento dos Espíritos bons e aproveitando os seus conselhos;
- exclusão de tudo o que, nas comunicações solicitadas aos Espíritos, só tenha por objetivo a curiosidade;
- concentração e silêncio respeitosos durante as conversações com os Espíritos;
- concurso de todos os médiuns com renúncia a qualquer sentimento de orgulho, de amor próprio e de supremacia, com o desejo único de se tornarem úteis.
Se cumpríssemos estes itens teríamos a "reunião ideal", dentro do que preceitua a codificação espírita.
"As condições do meio serão tanto melhores, quanto maior homogeneidade houver para o bem, com mais sentimentos puros elevados, mais sincero desejo de ajudar e aprender, sem segundas intenções." (Livro dos Médiuns, Cap. XXI, item 233).
A lógica, o discernimento nos aconselham prudência, disciplina e equilíbrio para que sejamos bem orientados espiritualmente, já que a influência do meio, isto é, "a conseqüência da natureza dos Espíritos e de seu modo de ação sobre os seres vivos" nos fará deduzir em quais condições obteremos resultados mais favoráveis, em nossa reuniões mediúnicas.
Vamos seguir as diretrizes traçadas por Allan Kardec e termos reuniões mais produtivas, mais disciplinadas e harmônicas.
"Tendo por objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la." (Allan Kardec, Revista Espírita, 1861, pág. 394, item 11).
"Estudem antes de praticar porque é a única forma de não adquirirem experiência através do próprio sofrimento." Allan Kardec.
A mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação que proporciona aventuras inimagináveis, quando a afeição e o amor a abraçam em favor da humanidade. Assim considerada e vivida, serão superados os fatores do meio que, ao invés de influenciar sempre, passam a sofrer-lhe a influenciação, estabelecendo-se psicosfera benéfica quão salutar para todos aqueles que constituem o grupo no qual ela se desdobra.
Cabe ao médium sincero sobrepor-se às influências do meio onde opera as suas conquistas pessoais, gerando, em sua volta, uma psicosfera positiva quão otimista sob todos os aspectos propícios à execução do compromisso a que se dedica.
"Não se descarte, pois, a influência do meio, que deve ser superior, nem a do médium, que se deve apresentar equipado dos recursos próprios, de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações, ampliando-se o campo de percepção do mundo espiritual, causal e pulsante, no qual se encontra mergulhado em escala menor, o físico, por onde se movimentam homens, no processo de crescimento e evolução." (Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco, Temas da Vida e da Morte).
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
3) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
4) Tramas do Destino - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
5) Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda
IDE-JF/CVDEE
IDE-JF Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG
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