UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA
ÁREA DE ORIENTAÇÃO MEDIÚNICA
Dirigente Reunião Mediúnica
2 REUNIÕES MEDIÚNICAS
Uma reunião "é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe.4 No livro Nos Bastidores da Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda, em conformidade com o pensamento de Allan Kardec, afirma que:
As reuniões espíritas são compromissos graves assumidos perante a consciência de cada um, regulamentadas pelo esforço, pontualidade, sacrifício e perseverança dos seus membros.
Somente aqueles que sabem perseverar, sem postergarem o trabalho de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados na sementeira da esperança e da felicidade na Terra.5
Nesse sentido, é imprescindível reconhecer que as reuniões mediúnicas são atividades em que se verifica a prática da mediunidade, devendo tal prática, de acordo com Emmanuel, pugnar pelo Espiritismo com Jesus, a fim de converterem para nós o intercâmbio em fator de espiritualidade santificante, pois, não falta quem veja no Espiritismo mero campo de experimentação fenomênica, sem qualquer significação de ordem moral para as criaturas.6
O Centro Espírita é um hospital que recebe todos os irmãos necessitados, oferecendo-lhes oportunidade de refazimento espiritual e físico. Neste contexto, as reuniões mediúnicas funcionam como um pronto socorro, beneficiando os espíritos, encarnados e desencarnados, de acordo com as características e as finalidades a que se propõem. E, como num pronto-atendimento hospitalar, que se realiza em local e ocasião específicos, é feito o atendimento dos espíritos desencarnados nesse ambiente devidamente preparado pela Espiritualidade Maior, que conta com a colaboração e as vibrações de amor dos encarnados.
André Luiz, ao perguntar sobre o porquê da doutrinação de espíritos desencarnados, em ambiente dos encarnados, obtém do instrutor Alexandre a seguinte resposta:
(...) valemo-nos do concurso de médiuns e doutrinadores humanos, não só para facilitar a solução desejada, senão também para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lhes o coração para a espiritualidade.
(...)
Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão a si mesmos; doutrinando, acabarão, igualmente doutrinados.7
O instrutor Alexandre esclarece, assim sendo, que a colaboração dos encarnados torna-se recurso de influência mais intensa e útil, a fim de facilitar a solução necessária. Por acréscimo da misericórdia, o Pai nos permite sejamos favorecidos pelos ensinamentos, ao mesmo tempo em que, levando socorro aos companheiros em sofrimento, sejamos também socorridos. O recurso é válido não somente para o médium que serve de instrumento para o Espírito comunicante, como também para odoutrinador que, ao levar palavras carreadas de amor ao próximo, é também beneficiado.
4 KARDEC. O Livro dos Médiuns, cap., item 331.
5 MIRANDA. Nos Bastidores da Obsessão, p. 45.
6 EMMANUEL. Pão Nosso, p. 11.
7 ANDRÉ LUIZ. Missionários da Luz, p. 280.
Podemos verificar, então, que o intercâmbio espiritual nos permite:
* adquirir informações sobre a vida espiritual;
* fortalecer a fé;
* esclarecer encarnados e desencarnados;
* receber o amparo dos benfeitores espirituais;
* consolidar amizades entre encarnados e desencarnados através da cooperação mútua;
* manter contato com os seres queridos, já desencarnados;
* cooperar no preparo para a reencarnação e a desencarnação e
* obter ensinamentos que auxiliam a renovação das criaturas.
Nesse sentido, podemos depreender que a finalidade das reuniões mediúnicas vai ao encontro do sentido da palavra ajuntar, empregada por Paulo em sua epístola aos Coríntios. No capítulo 14, versículo 26, da epístola citada, o apóstolo nos recomenda que, ao nos ajuntarmos, que façamos tudo, tendo em vista a idéia de edificação; lembrando-nos que cada um (...) tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Ao nos ajuntarmos, ou seja, ao nos reunirmos, que façamos tudo para edificação. Imbuídos, então, desse propósito de edificar, sejamos nós instrumentos do auxílio para as entidades em desequilíbrio, ajudando a nós mesmos; e, doutrinando, sendo, igualmente, doutrinados.
2.2 Formação do grupo mediúnico
A respeito da formação do grupo mediúnico, Suely C. Schubert analisa que a ligação de uma pessoa a um trabalho dessa natureza, não é decorrente de obra do acaso e sim expressa um compromisso assumido no Plano Espiritual. Esse compromisso representa para nós encarnados, se desempenhado com toda abnegação, perseverança e amor, o ressarcimento de dívidas pesadas e, simultaneamente, a sementeira de bênçãos que prepararemos para o amanhã que não tarda.8
No livro Diálogo com as Sombras9, ao falar sobre a formação do grupo, Hemínio C. Miranda relata a importância de se fazer uma seleção das pessoas antes de se decidir que tipo de trabalho será executado.
Antes recusar, logo de princípio, um participante sobre o qual tenhamos algumas dúvidas mais sérias, para não sermos constrangidos, depois, a dizer-lhe que, infelizmente, será necessário que ele deixe o grupo por não ter conseguido adaptar-se às condições exigidas pelo trabalho.
Além disso, não é aconselhável encaminhar, para as reuniões mediúnicas, médiuns com problemas obsessivos, distúrbios emocionais e psíquicos graves e criaturas fisicamente debilitadas em função de enfermidades. Esse aspecto foi examinado pela médium Yvonne A. Pereira, quando nos adverte:
É sabido, pois, que nem sempre convém ao médium e ao próprio critério da Doutrina Espírita desenvolver uma faculdade mediúnica que aflora pelos canais da obsessão sem um tratamento prévio do médium, tratamento que será moral, mental e físico, a par da preparação pelo estudo e pela meditação.10
8 SCHUBERT. Obsessão / Desobsessão, p. 135.
9 MIRANDA. Diálogo com as Sombras, p.27.
Outro aspecto mencionado por Hermínio Miranda é a seleção do coordenador, líder ou dirigente, que deve ser alguém que, além de possuir autoridade moral, saiba conduzir o grupo de forma harmônica. Portanto, não basta juntar alguns amigos e familiares, apagar a luz e aguardar as manifestações. (...) Esta tarefa é extremamente delicada e crítica, pois dela vai depender, em grande parte, o êxito ou o fracasso do grupo.11
É importante que seja formado um grupo mediúnico sério, cuja organização esteja embasada em padrões kardequianos, de modo que haja, assim, a sustentação adequada para a realização do trabalho de desobsessão. É valida, nesse caso, a recomendação de Suely C. Schubert, ao afirmar o seguinte:
Uma pessoa, sem vínculo algum com uma instituição espírita e que não participe de trabalhos organizados, metódicos, sob diretriz Kardequiana, correrá sérios riscos se se dispuser a trabalhar por conta própria. Por maior que seja a proteção espiritual que mereça, por melhor boa-vontade que demonstre, não estará, é evidente, suficientemente embasada, estruturada para enfrentar aquelas outras equipes: as dos obsessores, que as formam também no intuito de se fortalecer e que usam de mil artifícios e sutilezas para desanimar, enganar e afugentar os que vêm em socorro às suas vítimas quando não lançam mão de outras providências mais graves e danosas.12
Nesse sentido, esclarece-nos Suely C. Schubert que, havendo harmonia no grupo de encarnados, ocorre um crescimento de produtividade da reunião; pois o trabalho realizado pelas duas equipes está em consonância com os padrões kardequianos, sendo a programação (...) executada de comum acordo, sabendo o Plano Espiritual que os companheiros encarnados irão corresponder às expectativas e que se afinizarão de pronto com o labor previamente estipulado. 13
2.3 Requisitos essenciais dos componentes
Tendo consciência das responsabilidades assumidas na formação de um grupo mediúnico, é preciso considerar certas qualidades desejáveis dos participantes da equipe, adquiridas por meio do estudo e da vivência evangélico-doutrinária, para que não haja dissensões e desarmonia; e, conseqüentemente, não ocorra o acesso, neste meio, do plano inferior. Caso exista qualquer dissonância entre os componentes encarnados, não só pode ser prejudicado o bom andamento do trabalho, como também pode ficar comprometida a assistência aos desencarnados.
É importante lembrar que os nossos irmãos desencarnados menos felizes aproveitam o contexto de dissensões para desestruturar o ambiente e mesmo o grupo. Nesse sentido:
É melhor que um grupo com dissensões internas encerre suas atividades, pelo menos por algum tempo, até que se afastem os elementos dissonantes. Não se admite, num grupo responsável e empenhado em trabalho sério, qualquer desarmonia interna, com disputa pelos diversos postos: dirigente, médium principal e outras infantilidades. (...) Por ora, basta dizer, e nunca o diremos com ênfase bastante que deve predominar entre os encarnados um clima de liberdade consciente, franqueza sem agressividade, lealdade sem submissão, autoridade sem prepotência, afeição sem preferências, perfeita unidade de propósitos.14
10 PEREIRA. Recordações da Mediunidade, p. 192.
11 MIRANDA. Diálogo com as Sombras, p. 28.
12 SCHUBERT, Obsessão / Desobsessão, p. 134.
13 Ibidem, p. 136 e 137.
Diante de tais situações, cada grupo encontrará a maneira mais adequada de administrar as dissensões internas e os problemas entre os integrantes da equipe. Temos percebido que, para esses casos, a suspensão temporária da prática mediúnica e o investimento no estudo evangélico-doutrinário possibilitam a restauração do equilíbrio e da harmonia da equipe, que encontrará o momento adequado de retomar a prática mediúnica.
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