9 = A ALMA É IMORTAL
Obra de Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.
9a Reunião
Objeto do estudo: Capítulo IV da 3a Parte.
Questões para debate
A. Como distinguir o desdobramento do duplo do médium com a aparição de um Espírito? (Págs. 255 a 260 do livro; itens 241 a 244 do texto de consulta. Veja também o item 256 do mesmo texto.)
B. É certo dizer que é possível à alma materializar-se temporariamente, quer transformando o duplo do médium, quer tomando matéria e energia ao médium para materializar sua própria forma fluídica? (Págs. 261 a 265 do livro; itens 245 a 248 do texto de consulta.)
C. Que tipo de verificação comprovou que Katie King e Florence Cook eram duas personalidades distintas? (Págs. 265 a 268 do livro; itens 249 a 251 do texto de consulta.)
D. Como é possível à alma reproduzir a forma de um corpo físico já extinto? (Págs. 270 a 274 do livro; itens 252 a 257 do texto de consulta.)
E. Resumindo suas conclusões a respeito das aparições tangíveis, Delanne as sintetiza em cinco pontos. Quais são eles? (Págs. 274 a 276 do livro; itens 258 a 260 do texto de consulta.)
F. Que argumentos Delanne opõe à tese de Aksakof de que é muito difícil, se não impossível, estar certo da identidade de um Espírito, ainda quando ele revela fatos referentes à sua existência terrestre? (Págs. 276 a 278 do livro; itens 261 a 264 do texto de consulta.)
G. Em que consiste, segundo Delanne, o inconsciente? (Págs. 279 e 280 do livro; itens 265 a 267 do texto de consulta.)
H. Em que circunstância uma aparição tangível constitui prova absoluta da imortalidade do ser que ali se apresenta? (Págs. 280 a 282 do livro; itens 268 a 270 do texto de consulta.)
Texto para consulta
240. Após relatar algumas das providências tomadas pelos mais célebres investigadores, Delanne fala dos moldes de membros corporais obtidos nas sessões e acrescenta as razões pelas quais é impossível aí a fraude. (Pág. 255)
241. Seria a aparição um desdobramento do médium? Em muitos casos, sim, é isso que se dá; contudo é muito simples distinguir-se uma bilocação do médium de uma materialização de Espírito. Se o fantasma se parecer com o médium, tudo indica que se trata da exteriorização do seu perispírito. (Pág. 255)
242. O Sr. Brackett diz ter visto centenas de formas materializadas e, em muitos casos, o duplo fluídico do médium se lhe assemelhava tanto, que parecia ser o próprio médium, então em sono profundo. (Pág. 256)
243. Nos fenômenos de transfiguração, em que a aparição modifica o seu aspecto, Delanne entende que o fato provém da ação do Espírito cujos traços são reproduzidos, uma vez que o médium desconhece, na maioria dos casos, o desencarnado que assim se manifesta. (Págs. 257 e 258)
244. Ora, se é o duplo do médium que tenta fazer que o tomem por um defunto, impossível lhe será falar na língua que em vida o morto usava, desde que não conheça tal idioma. Em apoio a essa explicação, Delanne relata vários casos ilustrativos, extraídos do livro Animismo e Espiritismo, do Sr. Aksakof. (Págs. 259 e 260)
245. Delanne acrescenta ainda à sua tese o fato, observado mais de uma vez, de que há casos em que não se mostra na sessão apenas um Espírito materializado, mas vários ao mesmo tempo e, às vezes, de sexos diferentes, provando que cada um é um ser real e dotado de um organismo que lhe permite mover-se e conversar. (Pág. 261)
246. Seguem-se alguns desses casos, tirados também da obra do Sr. Aksakof, já referida linhas acima. (Págs. 261 a 263)
247. Resumindo a discussão em torno da qualidade das provas já obtidas, Delanne afirma que, conquanto tenha havido fraudes operadas por pessoas que queriam passar por médiuns, é incontestável que, quando as experiências foram feitas por sábios, as precauções adotadas bastaram para afastar, de forma absoluta, essa causa de erro. (Pág. 263)
248. Esses relatos, de origens tão diversas e conformativos uns dos outros, constituem provas de que os fatos foram bem observados e que são verídicos. E a única teoria que pode explicá-los a todos, sem exceção de um só, é a do Espiritismo, que nos ensina que, inseparável do seu envoltório perispirítico, a alma pode materializar-se temporariamente, quer transformando o duplo do médium, ou, mais exatamente, mascarando-o com a sua própria aparência, quer tomando matéria e energia ao médium, para as acumular na sua forma fluídica, que então aparece qual era outrora na Terra. (Págs. 264 e 265)
249. Na seqüência, Delanne examina a questão da identidade dos Espíritos que se comunicam e refuta uma afirmação do Sr. Aksakof que, embora convicto da imortalidade da alma, entendia que a prova absoluta da identidade do indivíduo é impossível. (Págs. 265 e 266)
250. É que Aksakof admitia como demonstrado que um Espírito pode mostrar-se sob qualquer forma, a fim de representar uma personagem diversa, que afinal é ele mesmo. À primeira vista, parece que o fenômeno da transfiguração lhe dá razão. Delanne, porém, discorda e mostra que nesse fenômeno o médium sofre uma influência estranha, que substitui pela sua aparência a do médium. Não se pode, portanto, pretender que o Espírito do médium seja capaz de se transformar, porquanto em nenhum caso foi isso demonstrado. (Págs. 266 a 268)
251. Evocando o exemplo de Katie King, Delanne observa que, indubitavelmente, ela não era um desdobramento de Florence Cook, porquanto esta, perfeitamente acordada, conversa com Katie e o Sr. Crookes, que vê a ambas. Não só as idéias que elas revelavam, mas as diferenças de talhe, de tez, de cabelo, de pulsações e de batimentos mostravam que se tratava, no caso, de duas personalidades bem distintas. (Pág. 268)
252. Não é difícil entender que o perispírito seja capaz de reproduzir a forma do corpo físico já extinto. Desde que nada se perde no envoltório fluídico, as formas do ser se fixam nele e podem reaparecer sob o influxo da vontade. Segundo Erny, em seu livro O psiquismo experimental, o Sr. Brackett viu numa sessão um mancebo muito alto dizer-se irmão de uma senhora presente, que lhe replicou: Como poderia reconhecê-lo, se não o vejo desde criança? De imediato a figura diminuiu de talhe pouco a pouco, até chegar à do menino que ela conhecera. (Pág. 270)
253. O fato citado - que tem sido observado muitas vezes - conduz-nos à lei geral, ensinada por Kardec, de que um Espírito suficientemente adiantado pode assumir, à vontade, qualquer dos tipos pelos quais tenha evolvido no curso de suas existências sucessivas. Não se deve concluir disso que um Espírito farsista não possa disfarçar-se, de maneira a simular uma personagem histórica, mais ou menos fielmente. Ele pode, sim, mas, evidentemente, pouco avançado na hierarquia espiritual, os seus conhecimentos, ainda muito limitados, acabarão por desmascará-lo. (Pág. 270 e 271)
254. Outra observação importante decorrente do estudo das materializações indica que não é o Espírito quem cria a forma sob a qual é ele visto, pois os moldes são verdadeiros modelos anatômicos. É um verdadeiro organismo que se imprime em substâncias plásticas e não apenas uma imagem. Que organismo é esse? (Pág. 271)
255. É um organismo que já existe durante a vida e que dá moldagens idênticas no curso dos desdobramentos: o perispírito, que a morte não destrói e que persiste com todas as suas virtualidades, pronto a manifestá-las, desde que seja favorável a ocasião. (Pág. 271)
256. Nos desdobramentos materializados de médiuns, os moldes obtidos reproduzem sempre o organismo material do médium, do seu pé, por exemplo, como se deu com Eglinton, ou de sua mão, como ocorreu com Eusápia. Esse é o critério que nos permite distinguir o desdobramento do médium de uma materialização de Espírito. Se a aparição é sósia do médium, segue-se que é sua alma que se manifesta fora do organismo carnal. No caso contrário, se a aparição difere anatomicamente do médium, quem está presente é outra individualidade. (Pág. 272)
257. Delanne relata, a seguir, diversas experiências que dão embasamento à explicação dada. (Págs. 272 a 274)
258. Reportando-se à natureza das aparições tangíveis, Alfred Russel Wallace disse em carta dirigida ao Sr. Erny que, em certas circunstâncias, a forma tem todos os característicos de um corpo vivo e real, podendo mover-se, falar, mesmo escrever e revelando calor ao tato. Tem, sobretudo, individualidade e qualidades físicas e mentais totalmente diversas das do médium. (Pág. 274)
259. Numa carta enviada ao Sr. Aksakof, o Dr. Hitchman, autor de várias obras sobre Medicina, disse-lhe ter adquirido a mais científica certeza de que cada uma dessas formas que apareceram era uma individualidade distinta do envoltório material do médium, porquanto, tendo-as examinado com o auxílio de diversos instrumentos, comprovei nelas a existência da respiração e da circulação; medi-lhes o talhe, a circunferência do corpo, tomei-lhes o peso, etc. (Pág. 275)
260. Encerrando o assunto, Delanne afirma que, com base no conjunto dos fatos observados, podem-se extrair as seguintes conclusões: 1a - Que os Espíritos possuem um organismo fluídico;
2a - Que, quando esse corpo fluídico se materializa, reproduz fielmente um corpo físico que o Espírito revestiu durante sua vida terrestre; 3a - Que nenhuma experiência demonstrou que o grau de variação dessa forma possa ir ao ponto de reproduzir outra forma inteiramente distinta. Se alguma variação se opera, não passa de uma diferença para mais ou para menos do mesmo tipo;
4a - Que, estabelecido por inúmeras provas que aquele organismo existe nos vivos, pode-se afirmar a sua existência depois da morte, uma vez que ela - a existência - se nos impõe pelos mesmos fatos que a positivam com relação aos vivos; 5a - Logo, até prova em contrário, a aparição de um Espírito que fala e se desloca, que se pode reconhecer como sendo uma pessoa que viveu na Terra, é prova excelente de sua identidade. (Pág. 276)
261. Fiel ao seu método, o Sr. Aksakof não acredita também que se possa estar certo da identidade de um Espírito, ainda quando ele revela fatos referentes à sua existência terrestre, porque outro Espírito pode conhecê-los. (Pág. 276)
262. Delanne diz que essa proposição reclama estudo mais acurado porque, entende ele, no espaço muitos Espíritos são absolutamente incapazes de apreender os pensamentos dos demais Espíritos. A faculdade da clarividência está relacionada com a elevação moral e intelectual do Espírito. Além disso, a morte não confere à alma conhecimentos que ela não adquiriu pelo seu trabalho. Se, uma ou outra vez, o Espírito se revela superior ao que parecia ser neste mundo, é que manifesta aquisições anteriores, obnubiladas temporariamente na sua última existência. (Págs. 277 e 278)
263. Admitamos, contudo, que um Espírito conheça os fatos da vida terrestre de um outro Espírito. Bastará isso para lhe dar o caráter do segundo e a maneira pela qual este se exprime? Se o observador tiver conhecido suficientemente a pessoa que o Espírito tenta imitar, ele será facilmente desmascarado, porque - se o estilo é o homem - é quase impossível que alguém simule o modo pelo qual se exprime um indivíduo. (Pág. 278)
264. Evidentemente, torna-se difícil estabelecer a identidade das personagens históricas, mas o mesmo não sucede quando se trata de um amigo que conhecemos bem, ou de um parente de nossas relações. (Pág. 278)
265. Pretendeu-se algures que a consciência sonambúlica do médium pudesse ler no inconsciente do evocador, de modo a fornecer as particularidades que parecem provar a identidade e que, por isso, há sempre possibilidade de ilusão. Mas, semelhante fato nunca foi demonstrado rigorosamente. (Pág. 279)
266. Os trabalhos dos hipnotizadores modernos não demonstram - diz Delanne - que haja no homem duas individualidades que se ignoram mutuamente. O inconsciente não é mais do que o resíduo do Espírito, isto é, vestígios físicos das sensações, dos pensamentos, das volições fixadas sob a forma de movimentos no invólucro perispirítico e cuja intensidade vibratória não basta para fazê-los aparecer no campo da consciência. (Pág. 279)
267. Se, entretanto, pela ação da vontade se intensifica o movimento vibratório desses resíduos, o eu torna a percebê-los sob a forma de lembranças. O sonambulismo, ao desprender a alma e dar ao perispírito um novo tônus vibratório, cria condições diferentes para o registro dos pensamentos e das sensações e facilita o exercício das faculdades superiores do Espírito: telepatia, clarividência, etc., que habitualmente não se exercem durante o estado de vigília. (Págs. 279 e 280)
268. Resumindo a questão da identidade, conclui Delanne: uma materialização que apresenta, com uma pessoa anteriormente morta, semelhança completa de forma corpórea e identidade de inteligência, constitui prova absoluta da imortalidade. (Pág. 280)
269. A propriedade da lembrança, observada nos Espíritos que se manifestam, implica a existência de um órgão compatível com o meio em que vive a alma. Na Terra, mundo ponderável, o cérebro é a condição orgânica. No espaço, meio imponderável, o perispírito desempenha a mesma função. E como ele, o perispírito, já existe em nosso mundo, é ele o conservador da vida integral, que compreende duas fases: de encarnação e de vida supraterrena. (Pág. 281)
270. Para fazer-se visível e tangível, sabemos que a substância da aparição é tomada ao médium e aos assistentes. O Espírito materializado haure do médium a energia de que se utiliza. (Pág. 282)
Londrina, janeiro de 2004
Astolfo O. de Oliveira Filho
A alma é imortal
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