Estudos sobre Mediunidade 13
CAPÍTULO 11
INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM E DO MEIO
INTRODUÇÃO
Allan Kardec [LM-it 226] propõe aos benfeitores espirituais a seguinte indagação:
"- O desenvolvimento da mediunidade está em relação como o desenvolvimento moral do médium?
R. Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, não depende da moral, mas o mesmo acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mal, dependendo dos valores morais do medianeiro."
A assertiva dos benfeitores coloca a mediunidade como uma função neutra, como um sentido (o sexto sentido, na expressão de Charles Richet); por si só, a faculdade mediúnica não depende da moral, da inteligência e da cultura, e isto ocorre, porque ela é orgânica, radicada no organismo físico do intermediário. No entanto, o que se pode conseguir com a mediunidade, os efeitos dela decorrentes, irão sofrer uma influência decisiva dos valores éticos do medianeiro. Quando perguntaram ao benfeitor Emmanuel qual era a maior necessidade do médium, ele disse:
"A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo." e "vence nos labores mediúnicos o médium que detiver a maior carga de sentimento."
AFINIDADE FLUÍDICA E SINTONIA VIBRATÓRIA
Os benfeitores espirituais nos fazem ver que os fenômenos mediúnicos também são regidos por leis severas , inflexíveis, qual ocorre com as demais e que se não submetem as nossas vontades.
Allan Kardec orienta que "Para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium." Esta identificação não se pode verificar, se não houver entre um e outro, simpatia, e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração ou de repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles.
Esta afinidade ou simpatia apresenta duas condições distintas:
- afinidade fluídica;
- sintonia vibratória (afinidade moral).
a) Afinidade Fluídica: é de natureza estrutural, uma disposição inata do organismo, não dependendo dos valores morais, gostos, tendências do Espírito e médium.
A facilidade das comunicações depende da categoria de semelhança existente entre os dois fluidos, que também vai estabelecer a intensidade da assimilação fluídica e a maior ou menor impressão causada ao médium. Assim, determinado médium pode ser um bom instrumento para um Espírito e mau para outro. Disso resulta que de dois médiuns igualmente bem dotados e postos um do lado do outro, um Espírito que se dispõe à comunicação mediúnica se manifestará por meio de um, e não do outro médium, aonde não encontra a aptidão orgânica necessária. Mas, à proporção que o médium exercita-se no trabalho mediúnico, desenvolve e adquire qualidades necessárias para a realização dos fenômenos e entre em relação com um número maior de Espíritos comunicantes. Com muita frequência, o contato entre Espírito e médium se faz gradativamente, com o tempo; raramente se estabelece desde o primeiro momento. E o contato antecipado, que ocorre antes mesmo da sessão mediúnica, tem o propósito de provocar e ativar a assimilação fluídica, fase esta que o Espírito Manoel Philomeno de Miranda denomina de "fase de pré-imantação fluídica", e que vem atenuar as dificuldades existentes.
b) Sintonia Vibratória (Afinidade Moral): pessoas de moral idêntica se atraem e de moral contrária se repelem.
Fundamenta-se esta lei no princípio de que para um Espírito assimilar os pensamentos de outro, necessita estar emitindo ondas mentais na mesma freqüência vibratória. A afinidade moral depende inteiramente das condições éticas, que se referem à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal.
Através da afinidade moral, o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais.
O MÉDIUM NA REUNIÃO MEDIÚNICA
Procuremos examinar de que forma os esforços que o medianeiro empreende em seu crescimento íntimo - os seus dotes morais - estarão influenciando nos labores mediúnicos.
a) Na Autenticidade da Comunicação: a autenticidade de uma comunicação é um dos maiores escolhos à prática mediúnica. Não a autenticidade no sentido de se saber quem é o Espírito comunicante, mas no sentido de saber o que é o Espírito. Se é um Espírito sério ou zombeteiro, leviano ou interessado em aprender, bondoso ou irresponsável. E só existe uma forma de se reconhecer a natureza de um Espírito: através da impressão que os seus fluidos causam no medianeiro. Isto porque os Espíritos podem falsear a sua aparência, a sua voz, o seu estilo, mas jamais poderão falsificar os seus fluidos. Os Espíritos bons fabricam bons fluidos que causam no médium uma impressão agradável, prazerosa, de bem estar. Os Espíritos inferiores, por sua vez, produzem fluidos pesados, densos que vão proporcionar ao médium uma impressão desagradável. No entanto, para registrarmos as características de um fluido espiritual é necessário que nós comparemos esses fluidos com os nossos próprios fluidos.
É necessário que haja um "choque de impressões" para que possamos registrar qualquer acontecimento exterior.
Assim sendo, um médium excessivamente ligado à usura, ao apego às coisas materiais, que venha a receber a comunicação de um Espírito avarento, nada de penoso sentirá com a aproximação desse Espírito, pois, os seus fluidos se equivalem.
Podemos então deduzir que quanto mais elevado moralmente for o médium, mais facilmente identificará os fluidos dos Espíritos desequilibrados, caracterizando a sua natureza.
Verificamos, portanto, que o grave problema das mistificações espirituais está diretamente vinculado às condições morais dos médiuns.
b) Na Comunicação de Espíritos Superiores: para que um Espírito se comunique em uma reunião mediúnica, precisa encontrar um médium que se ache em sintonia com as suas vibrações mentais. Do contrário, o intermediário não conseguirá assimilar suas idéias e seus pensamentos. Os Espíritos superiores vibram em uma freqüência mental muito alta, daí a necessidade de médiuns bem equilibrados, sadios eticamente para que possam permitir a sintonia vibratória e a comunicação torne-se uma realidade.
Muitas vezes os bondosos mentores de nossos grupos mediúnicos desejam dar uma mensagem de incentivo, de estímulo, mas não conseguem encontrar um médium em condições morais que permita a comunicação.
Algumas vezes, quando estas mensagens são muito importantes, o Espírito superior pode atuar a distância, tendo como intermediário um outro Espírito em condições vibratórias menos elevadas.
Denomina-se este processo de Telemediunidade:
Espírito Superior joga a idéia
Espírito do médium capta a idéia e reduz a frequência das ondas mentais
Médium encarnado consegue assimilar a mensagem
c) Na Qualidade da Comunicação: O Espírito Erasto no item 230 do Livro dos Médiuns, compara a mediunidade com uma máquina de transmissão telegráfica, afirmando que, da mesma forma que as influências atmosféricas atuam negativamente nas transmissões telegráficas, os recursos morais do médium poderão perturbar a transmissão das mensagens de além-túmulo.
Vamos então verificar que a moralidade do médium, seus recursos intelectuais, sua cultura, são elementos que terão uma participação efetiva nas comunicações espirituais. Sabemos que os Espíritos se utilizam dos valores do médium na elaboração de sua mensagem. Assim sendo, quanto mais aproximados forem esses recursos, mais facilidade vai encontrar o Espírito.
Se foi possível a concretização das obras notáveis de André Luiz, Emmanuel e outros, isto se deve à condição moral de Chico Xavier que deu condições espirituais para que os livros fossem ditados.
d) No Estado Geral do Médium: o estado físico-psíquico do médium durante a comunicação mediúnica e, principalmente, ao término da comunicação, depende, também, intimamente dos esforços empreendidos por ele em seu progresso espiritual. A sensação de mal estar, de medo, de angústia, as emoções desagradáveis que acompanham a comunicação, surgem em função da absorção de fluidos deletérios emitidos pela entidade em sofrimento.
segue
IDE-JF/CVDEE
IDE-JF Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG
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