(Espiritismo) - Nl08 16 Mecanismos Da Mente
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz
Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Comentários: Eurípides Kühl
Mecanismos da mente (I)
ALMA E CORPO
Aclarando os problemas complexos da alienação mental na maioria dos Espíritos desencarnados, pelo menos durante algum tempo além da morte, vale comentar, ainda que superficialmente, alguns dos experimentos efetuados pela ciência terrestre nos mecanismos nervosos, para que possamos ajuizar da importância da harmonia entre a mente e o seu veículo fisiopsicossomático, no plano físico ou extrafísico.
Assemelhando-se no conjunto ao musicista e seu instrumento, alma e corpo hão de conjugar-se profundamente um com o outro para a execução do trabalho que a vida lhes reserva.
E, sabendo-se que a alma é direção e o corpo obediência, é da Lei Divina que o homem receba em si mesmo o fruto da plantação que realizou, visto que, nos órgãos de sua manifestação, recolhe as maiores concessões, do Criador para que efetive o seu aperfeiçoamento na Criação.
Assim sendo, de seu próprio comportamento retira, nos vastos setores em que se lhe processa a evolução, o bem ou o mal que, lançando ao caminho, estará impondo a si mesmo.
Comentários:
Alma e corpo são aqui equiparados ao musicista e seu instrumento: aqueles, para os progressos da vida, nos planos físico e espiritual, e estes, na execução de uma página musical.
Dessa forma, as desarmonias mentais na maioria dos Espíritos são conseqüência do que tenham feito no seu roteiro existencial.
A alma dirige. O corpo obedece. Daí que, do comportamento do indivíduo, nos diversos setores da existência, ele extrairá benesses ou angústias, as quais estarão sensibilizando, de retorno, seus órgãos de manifestação. Essa equação é da Lei Divina de Justiça.
SECÇÃO DA MEDULA
Através de experimentação positiva, conhece a Ciência de hoje a inalienável correlação entre o cérebro e todas as províncias celulares do mundo corpóreo.
Tomando, pois, em nossas anotações, o sistema cerebral por gabinete administrativo da mente, reconheceremos sempre que a conduta do corpo físico está invariavelmente condicionada à conduta do corpo espiritual, como a orientação do corpo espiritual está submetida ao governo da nossa vontade.
Sabemos, assim, que depois de seccionada a medula de um paciente se observa, de imediato, a insensibilidade completa, o relaxamento muscular, a paralisia e a eliminação dos reflexos somáticos e viscerais, em todas as partes que recebem os nervos nascidos abaixo do ponto em que se verificou o prejuízo.
A insensibilidade e a paralisia são decisivas, porquanto procedem da secção dos feixes ascendentes e do feixe piramidal, ou seja, do desligamento das regiões do corpo espiritual correspondentes nos tecidos orgânicos e no cérebro, qual se desse a retirada da força elétrica de determinado setor num campo extenso de ação.
Semelhante desligamento, porém, não se verifica de todo, o que acarretaria, quando em níveis altos, irreversivelmente, o processo liberatório da alma com a desencarnação. Junções fluídicas sutis permanecem, ativas, entre as células dos implementos físicos e espirituais, como recursos fisiopsicossomáticos, em ajustes possíveis de emergência. Em razão disso, não obstante a insensibilidade a que nos reportamos, comparável ao silêncio orgânico, deixado pela execução de uma neurotomia, muitos pacientes se queixam de dor em zonas localizadas para baixo do nível em que se expressou o corte, fenômeno esse perfeitamente atribuível ao contacto das células do corpo espiritual com as fibras aferentes que vibram na cadeia simpática, penetrando a medula, acima do ponto molestado.
Comentários:
A Ciência humana já descobriu que o cérebro tem correlação com todo o organismo. O comando cerebral de qualquer atividade física promana do Espírito, via perispírito. Porém, uma eventual secção da medula, abaixo do corte medular, produzirá insensibilidade total, relaxamento muscular, paralisia e ausência de reflexos isso em todas as áreas também abaixo dos nervos que têm nascente junto à injúria (o corte).
OBS: Aqui encontramos a informação de que naquelas regiões físicas há desligamento das correspondentes regiões-matrizes do perispírito. Por extensão, inferimos que o mesmo acontece, ou deve acontecer, nos casos da aplicação da anestesia, esta com duração previamente estipulada e com ação na área física determinada.
Não obstante, junções fluídicas sutis permanecem ativas, mantendo contato com as duas partes: acima e abaixo do corte, já que, do contrário, ocorreria a morte física.
OBS: Imagino que seja por esse mesmo efeito ação das células astrais na área orgânica afetada que pessoas que tiveram membros amputados noticiam ainda senti-los...
RECUPERAÇÃO DOS REFLEXOS
Devido, ainda, a esse reajustamento organizado instintivamente entre a alma e o corpo, os reflexos são gradativamente recuperados.
Em condições muito especiais de equilíbrio fisiopsicossomático do enfermo, os reflexos superficiais ressurgem quase sempre em vinte e quatro horas, depois do insulto sofrido, embora os reflexos anal e cremasteriano jamais se percam, insulto esse em que o sinal de Babinski ou extensão dos pedartículos, principalmente do primeiro, não raro acompanhada por determinado grau de contração dos músculos do joelho, denuncia a violação do feixe piramidal, equivalente à ruptura de ligação das células do corpo espiritual nos implementos nervosos da veste física, assemelhando-se ao curto-circuito da energia elétrica nos condutores ininterruptos que lhe atendem à necessária circulação.
Na generalidade dos casos, porém, os reflexos em pacientes dessa espécie apenas reaparecem com mais vagar, no curso de semanas, tempo indispensável para que as células do corpo espiritual, vencendo as resistências do corpo físico, a ele se reimponham, quanto possível.
Comentários:
Em função do equilíbrio do paciente, os reflexos superficiais interrompidos retornam. O retorno pode demandar um, ou vários dias, expondo o esforço realizado pelas células perispirituais para vencer a resistência natural do corpo físico.
Há reflexos que jamais cessam: anais, músculos dos testículos e sinais no dedo grande do pé, estes, denominados Sinais de Babinski.
(continua)
QUESTÕES PARA ESTUDO
1 - De que modo a correlação alma-corpo pode influir em nossa existência?
2 - No caso de secção da medula, como se explica a insensibilidade provocada na partes do corpo ligadas a nervos situados abaixo do ponto de corte?
3 - Como André Luiz explica a manutenção da sensibilidade nas zonas do corpo situadas abaixo do corte, como, por exemplo, no caso de retirada de membros?
4 - Como se dá a recuperação dos reflexos prejudicados com a interrupção do circuito nervoso?
Mecanismos da mente (II)
IMPORTÂNCIA DA ENCEFALIZAÇÂO
Sabemos, igualmente, que a depressão em estudo é tanto mais perdurável quanto mais complexa a encefalização do animal.
Nos batráquios, os reflexos desaparecem apenas por alguns minutos. No gato, a diminuição da atividade vital é maior; no cão, ainda mais; no chimpanzé, o refazimento pede vários dias, e, na criatura humana, a restauração dos reflexos referidos exige mais tempo, como, por exemplo, o reflexo de extensão cruzada, cuja recuperação reclama seis semanas, aproximadamente, após o trauma espinhal.
Nos estudos de Schiff e Sherrington, avaliamos, com maior nitidez, a extensão da ocorrência entre os setores do corpo espiritual e do corpo físico, mediante a secção completa da medula espinhal, realizada ao nível dos segmentos lombares, pela qual vemos o cão experimentado, com a medula dorsal seccionada, acusando paraplegia e alterações sensitivas conseqüentes, abaixo da região prejudicada, assim como uma extensão espástica dos membros anteriores devida à ausência da inibição oriunda dos membros posteriores, inibição que normalmente neutralizaria os impulsos do sistema labiríntico-cerebelar.
É que o corpo espiritual preside no campo físico a todas as atividades nervosas, resultantes da entrosagem de sinergias funcionais diversas.
Disso temos estrita conta nos reflexos, cuja complexidade cresce invariavelmente na medida em que solicitam o concurso de maior campo dos neurônios internunciais para que se efetuem, qual pianista, requisitando maior número de escalas de tons e semitons para elevar-se da simplicidade à suntuosidade na expansão da melodia.
Comentários
Os tempos para a perda e o posterior retorno dos reflexos (tema do subitem anterior) variam, sempre em razão da complexidade do encéfalo de cada espécie de seres vivos:
- sapos: a perda permanece por pouco tempo (alguns minutos);
- gatos: é maior a diminuição da atividade vital;
- cães: maior ainda;
- chimpanzés: refazimento pede vários dias;
- homens: recuperação ainda mais lenta (às vezes, até seis semanas).
Cães com a medula dorsal seccionada ficam paraplégicos e apresentam alterações sensitivas, em face da rigidez dos seus órgãos anteriores, em razão da inibição de ação dos posteriores.
Nesses casos, pode-se imaginar o esforço dos respectivos corpos perispirituais para se manterem ligados ao físico, para o que se valem do entrosamento existente entre as diversas funções de cada órgão ou atividade física.
DESCORTICAÇÃO ANIMAL
Desse modo, compreendendo-se que a integração mente-corpo é cada vez mais importante, à medida em que se dilatam os valores da encefalização, reconheceremos que a integração cortical é sempre mais expressiva quão mais amplo se faz o desenvolvimento do sistema nervoso.
Na pauta de semelhante realidade, a descorticação em batráquios e peixes não interfere nos reflexos e na motilidade, e, nas aves, modificações emergem, inequívocas, porquanto apenas conseguem vôos fragmentários na luz, permanecendo em prostração, quando na obscuridade.
O cão que sofre a ablação do córtex, segundo já demonstrou Goltz, no século XIX, pode viver além de um ano com motilidade reflexa normal aparente, efetuando os movimentos próprios com relativa correção; todavia, jaz inerte quando lhe falte incentivo à ação e, se esse incentivo aparece, coloca-se em movimento exagerado; ignora como se defender até que se veja positivamente atacado; não se decide a buscar alimento, recebendo a ração que se lhe administre e, embora as funções viscerais prossigam sem maiores alterações, não reconhece as pessoas, baldo de memória, revelando a disjunção dos recursos fisiopsicossomáticos que lhe são peculiares, fenômeno pelo qual evidencia compreensível e aparente regressão a estágio evolutivo inferior.
Os chimpanzés, entretanto, com encefalização mais complexa, não sobrevivem, largo tempo, após a extirpação total do córtex, e, quando sofrem a destruição parcial desse ou daquele elemento cortical, apresentam, como acontece na criatura humana, modificações extensas e profundas.
Os chimpanzés, entretanto, com encefalização mais complexa, não sobrevivem, largo tempo, após a extirpação total do córtex, e, quando sofrem a destruição parcial desse ou daquele elemento cortical, apresentam, como acontece na criatura humana, modificações extensas e profundas.
Cabe mencionar, ainda aqui, a continuidade das indiscutíveis impressões em pessoas mutiladas, que prosseguem sentindo, integrados ao próprio corpo, esse ou aquele membro que, fisicamente, não mais existe.
Comentários
- (Descorticação = corte ou remoção do córtex).
Aqui são registradas experiências médicas com cobaias (batráquios, peixes, cães, chimpanzés). Todas injuriosas, traumáticas, isto é, cruéis, posto que na maioria abreviam a morte do animal.
- em batráquios e peixes: não há interferência nos reflexos e na motilidade;
- nas aves: surgem modificações inequívocas, tais como vôos fragmentários na luz e prostração, na escuridão;
- nos cães: podem (podem...) sobreviver até por mais de um ano sem o córtex, mas seus movimentos, de normalidade aparente, logo se mostram entorpecidos, já que se não houver incentivo à ação jazem inertes; têm dificuldades para se defender, desprezam a busca de alimentos, desconhecem as pessoas, perdem a memória...
- nos chimpanzés: sem o córtex sobrevivem por pouco tempo. Assim como nos homens, qualquer dano em seus elementos corticais resulta em alterações profundas.
SINCRONIA DE ESTÍMULOS
Entenderemos, assim, facilmente, que o córtex encefálico, com as suas delicadas divisões e subdivisões, governando os núcleos reguladores dos sentidos, dos movimentos, dos reflexos e de todas as manifestações nervosas da individualidade encarnada, corresponde à sede do centro cerebral do psicossoma (ou corpo espiritual) no corpo físico, unida à sede do centro coronário, localizada no diencéfalo, entrosando-se ambos em perfeita sincronia de estímulos, pelos quais se manifesta o Espírito em sua constituição mental, harmônica, difícil ou desequilibrada, segundo a posição em que ele mesmo valoriza, conserva, prejudica ou desordena os recursos que a Lei Divina lhe faculta à própria exteriorização no Plano Físico e no Plano Espiritual.
E assim como dispomos, no córtex, de ligações energéticas da consciência para os serviços do tato, da audição, da visão, do olfato, do gosto, da memória, da fala, da escrita e de automatismos diversos, possuímos no diencéfalo (tálamo e hipotálamo), a se irradiarem para o mesencéfalo, ligações energéticas semelhantes da consciência para os serviços da mesma natureza, com acréscimos de atributos para enriquecimento e sublimação do campo sensorial, como sejam a reflexão, a atenção, a análise, o estudo, a meditação, o discernimento, a memória críptica, a compreensão, as virtudes morais e todas as fixações emotivas que nos sejam particulares.
Emitindo a onda de indagação e trabalho que nos diga respeito, através do centro coronário, conjugado ao centro cerebral, recebemo-la de volta, em circuito de raios substanciais da nossa própria força mental, com impactos aferentes e eferentes, para que a nossa consciência, por si, ajuíze, pela essência dos resultados ou reflexos de nossas próprias ações, quanto ao acerto ou desacerto de nossa escolha, nessa ou naquela circunstância da vida. Não podemos esquecer que cada núcleo das ligações a que nos reportamos se subdivide em peculiaridades diversas, entendendo-se, pois, que os fenômenos de obliteração suscetíveis de ocorrer em alguns dos setores corticais do corpo físico podem surgir igualmente no corpo espiritual, quando a turvação da mente é capaz de obstruir temporariamente esse ou aquele fulcro energético da região diencefálica, no centro coronário da entidade desencarnada.
Comentários
O córtex encefálico (camada do sistema nervoso central situada na cavidade do crânio) governa todas as ações físicas do ser, sendo intimamente unido ao centro cerebral do perispírito. Dessa união, que no físico se manifesta no centro coronário, resultam nossos sentidos, reflexos, defeitos comportamentais ou virtudes e as nossas emoções. Como se vê, tudo em razão do nosso estágio moral e de como utilizamos os recursos que a Lei Divina nos oferta.
O córtex dispõe de ligações energéticas com a consciência, governando os sentidos, os automatismos, as expressões sensoriais (reflexão, atenção, análise, estudo, meditação, discernimento, memória e principalmente compreensão das virtudes).
Assim, em razão do que somos, pensamos, decidimos e agimos, teremos a consciência definindo os resultados: as falhas físicas decorrentes da mente turvada farão surgir idênticos bloqueios no perispírito.
(continua)
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Segundo André Luiz, como o encéfalo influi nos processos de perda e recuperação dos reflexos? Essa influência é igual em todos os seres?
2) Quais as conseqüências da remoção do córtex encefálico?
3) Como podemos resumir as funções do córtex encefálico?
Mecanismos da mente (III)
MECANISMO DO MONOIDEÍSMO
Em vista disso, se a criatura encarnada pode cair em amnésia ou afasia pela oclusão dos núcleos da memória ou da fala, sem desequilíbrio integral da inteligência, a criatura desencarnada pode arrojar-se a frustrações semelhantes, sem perturbação total do pensamento, enquanto se lhe mantenha a distonia.
Segundo critério idêntico, se a habilidade de um homem para manobrar determinado idioma pode cessar numa das subdivisões do núcleo da fala, no córtex, persistindo a habilidade para lidar com idiomas outros, assim também o núcleo da visão profunda, no centro coronário, pode sofrer disfunção específica pela qual um Espírito desencarnado contemplará tão somente, por tempo equivalente à conturbação em que se encontre, os quadros terríficos que lhe digam respeito às culpas contraídas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escutará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunhem os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto quanto poderá recordar apenas acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido de fatos outros, até mesmo daqueles que se relacionem com a sua personalidade, motivo pelo qual se fazem tão raros os processos de perfeita identificação individual, na generalidade das comunicações mediúnicas, com entidades dementadas ou sofredoras, comumente estacionárias no monoideísmo que as isola em tipos exclusivos de recordação ou emoção, de vez que, nessas condições, o pensamento contínuo que lhes flui da mente, em circuito viciado sobre si mesmo, age coagulando ou materializando pesadelos fantásticos, em conexão com as lembranças que albergam.
E esses pesadelos não são realmente meras criações abstratas, porquanto, em fluxo constante, as imagens repetidas, formadas pelas partículas vivas de matéria mental, se articulam em quadros que obedecem também à vitalidade mais ou menos longa do pensamento, justapondo-se às criaturas desencarnadas que lhes dão a forma e que, congregando criações do mesmo teor, de outros Espíritos afins, estabelecem, por associações espontâneas, os painéis apavorantes em que a consciência culpada expia, por tempo justo, as conseqüências dos crimes a que se empenhou, prejudicando a harmonia das Leis Divinas e conturbando, concomitantemente, a si mesma.
Comentários
Amnésia ou perda da fala, nos encarnados, sem perda da inteligência, pode ocorrer da mesma forma com os desencarnados.
Facilidade ou dificuldade, para esse ou apenas aquele idioma assemelham-se à limitação da visão e da audição no desencarnado, que longamente só vê quadros horríveis, ou ouve vozes acusadoras, quadros e vozes tais, referentes aos seus maus atos.
Espíritos nessas tristes condições, em sendo trazidos às reuniões mediúnicas para serem socorridos, tão dementados se encontram que dificilmente conseguirão relembrar fatos outros, que não sejam do seu padecimento atual. As lembranças negativas coagulam-se na memória deles e chegam a formar quadros vivos, pois a matéria mental ejetada neles leva a isso.
Esse tormento, acrescido da associação por sintonia com outros sofredores, demandará tempo para ser interrompido, tempo esse necessário para a justa expiação.
ZONAS PURGATÓRIAS
Obliterados os núcleos energéticos da alma, capazes de conduzi-la às sensações de euforia e elevação, entendimento e beleza, precipita-se a mente, pelo excesso da taxa de remorso nos fulcros da memória, na dor do arrependimento a que se encarcera por automatismo, conforme os princípios de responsabilidade a se lhe delinearem no ser, plasmando com os seus próprios pensamentos as telas temporárias, mas por vezes de longuíssima duração, em que contempla, incessantemente, por reflexão mecânica, o fruto amargo de suas próprias obras, até que esgote os resíduos das culpas esposadas ou receba caridosa intervenção dos agentes do amor divino, que, habitualmente, lhe oferecem o preparo adequado para a reencarnação necessária, pela qual retornará ao aprendizado prático das lições em que faliu.
É dessa forma que os suicidas, com agravantes à frente do Plano Espiritual, como também os delinqüentes de variada categoria, padecem por largo tempo a influência constante das aflitivas criações mentais deles mesmos, a elas aprisionados, pela fixação monoidéica de certos núcleos do corpo espiritual, em detrimento de outros que se mantêm malbaratados e oclusos.
E porque o pensamento é força criativa e aglutinante na criatura consciente em plena Criação, as imagens plasmadas pelo mal, à custa da energia inestancável que lhe constitui atributo inalienável e imanente, servem para a formação das paisagens regenerativas em que a alma alucinada pelos próprios remorsos é detida em sua marcha, ilhando-se nas conseqüências dos próprios delitos, em lugares que, retendo a associação de centenas e milhares de transviados, se transformam em verdadeiros continentes de angústia, filtros de aflição e de dor, em que a loucura ou a crueldade, juguladas pelo sofrimento que geram para si mesmas, se rendem lentamente ao raciocínio equilibrado, para a readmissão indispensável ao trabalho remissor.
Pedro Leopoldo, 23/3/58.
Comentários
Os equívocos morais, cedo ou tarde inauguram para seus agentes a dor do arrependimento e isso, por vezes, só termina quando se esgotam os resíduos da culpa. As telas mentais tão negativas que plasmaram em seu pensamento podem demorar largo tempo para se apagarem.
Mas também pode o Espírito falido retornar à reencarnação para aprendizado prático e conseqüente reconstrução do que tenha derrocado. Nesses infelizes casos estão os suicidas e vários outros Espíritos recalcitrantes no Bem, formando multidões de desencarnados fixados em cruel situação, por autoculpa.
Lentamente retornarão ao raciocínio equilibrado e à evolução moral para a qual todos os seres foram criados por Deus! Não há duvidar!
Ribeirão Preto/SP _ Outono/2006
- Eurípedes Kühl
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Como André Luiz descreve o processo de instauração do monodeísmo nos espíritos desencarnados?
2) Quais as suas conseqüências na vida do espírito desencarnado?
3) O que são as zonas purgatórias?
4) O que determina a permanência do espírito nas zonas purgatórias?
5) O que é necessário para que o espírito delas se liberte?
Conclusão:
Mecanismos da mente (I) Conclusão
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1 - De que modo a correlação alma-corpo pode influir em nossa existência?
R - Para que o espírito possa cumprir a programação que lhe está reservada no mundo físico e que vai impulsionar a sua evolução é necessário que a correlação alma-corpo se dê em harmonia. O espírito é o dirigente e o corpo o instrumento que obedece a sua direção. André Luiz compara esta relação à de um músico com o seu instrumento musical. Do comportamento que adotará nos diversos campos da existência terrena colherá o espírito os frutos compatíveis, representados pelas venturas ou desventuras por que passará na romagem terrena, aí incluídas as repercussões no seu organismo físico. Assim é a Lei.
2 - No caso de secção da medula, como se explica a insensibilidade provocada na partes do corpo ligadas a nervos situados abaixo do ponto de corte?
R - A correlação existente entre o cérebro e o restante do organismo físico é hoje reconhecida pela Ciência. O sistema cerebral funciona como órgão centralizador e executor do comando mental que parte do espírito. Desse modo, a conduta do corpo físico sofre os reflexos da conduta do corpo espiritual (perispírito), que, por sua vez, obedece ao comando que parte, consciente ou inconscientemente, do espírito. Estes reflexos se operam por intermédio de feixes de nervos, que funcionam como transmissores das ordens emanadas do espírito ao corpo espiritual e deste ao corpo físico. A insensibilidade das partes do corpo ligadas aos nervos situados abaixo da linha do ponto de secção da medula deve-se à interrupção dessa transmissão, que provoca o desligamento das junções fluídicas entre as regiões do perispírito e as partes do corpo atingidas e o cérebro. O Autor compara este processo à retirada da força elétrica que movimenta determinado setor de ação.
3 - Como André Luiz explica a manutenção da sensibilidade nas zonas do corpo situadas abaixo do corte, como, por exemplo, no caso de retirada de membros?
R - O desligamento das ligações fluídicas acima referidas não se verifica de modo absoluto, pois, se assim acontecesse, provocaria a desencarnação do espírito. André Luiz informa que ligações fluídicas sutis entre o perispírito e o corpo físico permanecem ativas acima e abaixo do corte, o que mantém latente a sensibilidade abaixo da linha de corte do nervo. A manutenção da sensibilidade explica-se pelo contacto das células perispirituais com fibras nervosas que conduzem o impulso dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central, mantendo o estado vibratório e penetrando a medula acima do ponto em que se deu o corte. No caso de retirada de membros, a hipótese mais provável é que a sensibilidade resulte da ação das células perispirituais na área do membro retirado, embora este não mais se encontre.
4 - Como se dá a recuperação dos reflexos prejudicados com a interrupção do circuito nervoso?
R - A recuperação dos reflexos prejudicados com a interrupção do circuito nervoso se dá gradativamente, através de reajustamento organizado instintivamente entre o espírito e o corpo. O tempo que irá demorar essa recuperação do paciente dependerá do seu equilíbrio fisiopsicossomático, podendo levar de vinte e quatro horas a até semanas, necessário para as células do corpo espiritual vencerem as resistências do corpo físico e a ele se imporem.
Mecanismos da mente (II) Conclusão
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1) Segundo André Luiz, como o encéfalo influi nos processos de perda e recuperação dos reflexos? Essa influência é igual em todos os seres?
R - Vimos, no estudo anterior, que a secção da medula provoca a insensibilidade, a paralisia e a eliminação dos reflexos nas partes do corpo que recebem nervos nascidos abaixo do ponto seccionado. Agora, André Luiz explica que a duração destas conseqüências é proporcional ao grau de complexidade da encefalização de que é dotado o organismo físico. Assim, a influência do encéfalo é variável de ser para ser. Em determinadas espécies, os reflexos desaparecem por curto tempo; em outras, o tempo de sua recuperação é maior, sempre variando conforme seja mais ou menos complexo o organismo encefálico. No homem, por ter uma organização física dotada de maior complexidade que os animais, incluindo, é claro, o encéfalo, o tempo de duração é mais longo, podendo perdurar semanas. Para que se dê a recuperação, o espírito, como entidade diretora do perispírito e, em conseqüência, do corpo físico, opera no sentido de manter a ligação entre os órgãos correlatos no perispírito e no corpo físico, necessária à recuperação dos reflexos.
2) Quais as conseqüências da remoção do córtex encefálico?
R - Sendo diferente a influência do órgão encefálico na integração mente-corpo nas diversas espécies animais e no homem, como vimos acima, as conseqüências da sua eliminação também é variável, conforme a espécie. Em algumas, como os batráquios e os peixes, a remoção do córtex encefálico não interfere nos reflexos nem em sua movimentação; em outras, como nas aves e no cão, as conseqüências são mais graves e traumáticas. No chimpanzé, como no homem, com organização encefálica mais complexa, a extirpação do córtex leva à morte em pouco tempo. Quando parcial, acarreta modificações extensas e profundas no corpo físico.
3) Como podemos resumir as funções do córtex encefálico?
R - Segundo André Luiz, o córtex encefálico é responsável pelo governo dos sentidos, dos movimentos, dos reflexos e de todas as manifestações nervosas do corpo físico, em suma, das ações físicas do ser, através da união centro cerebral do perispírito ao centro coronário no corpo físico. Por meio de ligações energéticas com a consciência, resultam as manifestações do espírito, governando os sentidos, os automatismos e as sensações. Através dos atos, pensamentos e sentimentos que pratica, o espírito define os resultados dessas manifestações, refletidas na saúde ou na enfermidade do corpo físico, conforme a natureza daqueles.
Mecanismos da mente (III) Conclusão
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1) Como André Luiz descreve o processo de instauração do monodeísmo nos espíritos desencarnados?
R - Como vimos no estudo anterior, a consciência, através de ligações energéticas com o córtex encefálico, governa as manifestações do espírito, dirigindo os sentidos, os automatismos e as sensações. A natureza dos atos, pensamentos e sentimentos que o espírito pratica é que vai definir o resultado dessas manifestações. Em conseqüência, do mesmo modo que o encarnado pode sofrer obstrução nos mecanismos de memória ou da fala, sem que sua inteligência sofra qualquer desequilíbrio, o desencarnado pode ser submetido a semelhante circunstância, por força da consciência a lhe acusar por culpas contraídas. Resulta daí o monodeísmo, isto é, o espírito passa a contemplar unicamente os quadros vivenciados por ocasião das manifestações contrárias às leis divinas, como conseqüência da disfunção da visão profunda no centro coronário, provocada pela consciência que o acusa.
2) Quais as suas conseqüências na vida do espírito desencarnado?
R - A conseqüência do monodeísmo é fazer com que o desencarnado passe a contemplar, tão somente, os acontecimentos vivenciados na Terra que deram ensejo ao sentimento de culpa sentido. Perde, temporariamente, enquanto perdura a perturbação, a capacidade de observar o que acontece à sua volta e de ouvir o que lhe falam. Sua audição passa a atender, unicamente, vozes acusadoras, a recordarem os equívocos cometidos. O pensamento fixo que lhe flui da mente materializa-se em terríveis pesadelos, transformando-se, essa matéria mental, em quadros vivos. Espíritos também sofredores e em desequilíbrio sintonizam-se com o desencarnado que se encontra neste estado, formando, espontaneamente, uma associação de pensamentos que vai agravar esses quadros assustadores. Nisto consiste a expiação.
3) O que são as zonas purgatórias?
R - Devemos entender como zonas purgatórias a região em que se encontram reunidos e isolados, por força da lei de atração através da sintonia mental, centenas e milhares de espíritos transviados, que, devido ao elevado grau de remorso contido em suas consciências, padecem a dor do arrependimento que os mantém encarcerados no sofrimento gerado por eles mesmos. Estes espíritos plasmam, com seus próprios pensamentos, os quadros de sofrimento que lhe povoarão a existência, por vezes, durante longo tempo. É para onde são atraídos, por exemplo, os suicidas, que agrediram as leis divinas com o tresloucado gesto de interromper a existência terrena, como também os recalcitrantes de vários graus e modalidades.
4) O que determina a permanência do espírito nas zonas purgatórias?
R - A permanência desses espíritos nas zonas purgatórias é determinada pelo próprio pensamento, plasmando imagens que refletem o sentimento de culpa que lhes habita a consciência. Os quadros de sofrimento que se lhe apresentam, em fixação monoidéica, impedem a marcha evolutiva desses espíritos, isolando-os nesses lugares até que o raciocínio equilibrado os conduza ao indispensável trabalho que os irá redimir.
5) O que é necessário para que o espírito delas se liberte?
R - Para se libertar das zonas purgatórias, é preciso que o espírito se despoje dos sentimentos de culpa que traz em sua consciência ou, com o auxílio dos Instrutores espirituais benfeitores, receba o preparo adequado à reencarnação indispensável ao aprendizado no campo em que feriu as leis divinas, reconstituindo o caminho percorrido na fieira do mal.
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