A TERRA obscuro planeta de exílio e de sombra VISTA DO ALÉM
Após adaptar-se mais ou menos a essa nova vida, ocorreu-me como vos poderia rever e solicitei de um instrutor informação a respeito.
Sabes em que direção está a Terra? perguntou ele com bondade.
Diante da minha natural ignorância, apontou-me com a destra um ponto obscuro que se perdia na imensidade, recomendando fita-lo atentamente. Afigurou-se-me vê-lo crescer dentro de um turbilhão de sirocos indescritíveis. Parecia-me contemplar a impetuosidade de um furacão a envolver grande massa compacta de cinzas enegrecidas.
Tomada de inusitado receio, desviei o olhar; porém, o meu solícito guia, exclamou com brandura:
Lá está a Terra com os seus contrastes destruidores; os ventos da iniquidade varrem-na de polo a polo, entre os brados angustiosos dos seres que se debatem na aflição e no morticínio. O que viste é o efeito das vibrações antagônicas. Emitidas pela humanidade atormentada das calamidades da guerra. Lá alimentam-se as almas com a substância amargosa das dores e sobre a sua superfície a vida é o direito do mais forte. Triste existência a dessas criaturas que se trucidam mutuamente para viver.
São comuns, ali, as chacinas, a fome, as epidemias, a viuvez, a orfandade que aqui não conhecemos.... Obscuro planeta de exílio e de sombra! Entretanto, no universo, poucos lugares abrigarão tanto orgulho e tanto egoísmo! Por tal motivo é que esse mundo necessita de golpes violentos e rudes.
Busca ver naquelas regiões ensanguentadas o local em que estiveste. Pensa nos que lá deixaste, cheios de amargurosa saudade! Deus permite e eu te auxilio.
(De Cartas de uma morta, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Maria João de Deus).
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