segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Livro dos Espíritos Estudo 8 O Processo da comunicação dos Espíritos - V- Desenvolvimento da Psicografia

O Livro dos Espíritos Estudo 8

Allan Kardec

"Contendo os Princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos, suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da Humanidade"
           
Segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec.

O Processo da comunicação dos Espíritos

V- Desenvolvimento da Psicografia

Antes de nos atermos ao tema acima (V) como espíritas precisamos conhecer todo um encadeamento de fatos que se direcionam rumo a um objetivo.

No campo das manifestações espíritas, na comunicação entre desencarnados e encarnados o caminho que se fez é belo no evidenciar, destacar o cuidado dos Espíritos, a paciência, respeitando a limitação mental do Homem. Nada é apressado, não há saltos, não pula fases.

Propiciam, aguardam, evidenciam, mas esperam que o Homem descubra, quando no uso dos processos mentais, reflete, compara, analisa, deduz buscando a causa. Abre-se aí o campo do Conhecimento em que marchará com base lógica. Sem isso, permaneceria no terreno do talvez, do quem sabe, do poderia...

À Medida e na proporção em que esse crescimento se dá as formas rudimentares, complexas, complicadas mesmos vão dando lugar à um refinamento que caminha para a simplificação.

Ao estudarmos neste item o "desenvolvimento da psicografia", na realidade estamos nos atendo a meios usados pelos Espíritos, para em se comunicando com os encarnados, passar mensagens, idéias, necessidades bem como as narrativas e descrições da vida no campo espiritual.

Veremos que a comunicação, a psicografia, até chegar na forma como a conhecemos hoje, passou por fases, cada uma, com valor, adequada ao estágio do homem, que, conforme mais conhecia e se dedicava, abria possibilidades, buscando simplicidade, facilidade onde o intercâmbio se processará tranqüilo, sem aparatos.

*Os primeiros fatos*

Antes, de alcançar essa fase, voltando no tempo, manifestações procurando comunicação são encontradas nos registros de todos os povos, desde as eras mais longínquas, uma vez que, como efeitos naturais, produziram-se em todas as épocas. Quem lê ou estuda Tertuliano (160-230) em termos explícitos encontra ali relatos de mesas girantes ou falantes. Arranhões, batidas com esse mesmo objetivo constam de registros oficiais da Inglaterra (1661) Oppenhein, Alemanha (1620), Epnvorth Vicarage (1716) .

*Seqüência nos acontecimentos - As meninas Fox*

Mais próximo de nossos dias, revelando encadeamento sistemático, voltaremos a 1848, quando na América, em Hydesville, ruídos, arranhaduras, sons pouco naturais, aconteciam na casa da família Fox, dando a impressão que eram produzidos por pessoas fora da casa desejando que a porta se lhes fosse aberta.

Os moradores não se incomodavam, não davam atenção ao fato até que em março desse ano, a intensidade é tal, que mobiliza a atenção de todos. Batidas, barulho de móveis sendo arrastados, camas que tremem e se movem culminam na noite de 31 a ponto de deixar a família em pânico, diante de algo inexplicável que nada interferia para diminuir ou acalmar.
Em meio a essa ansiedade, expectativa, medo, a jovem Kate Fox desafia a que essa força invisível, repita com ela os barulhos que faria com os dedos. Imediatamente veio a resposta. Convencionado o número de batidas ou palmas para sim ou o não, cada questão proposta era respondida iniciando-se a "telegrafia espiritual".
A Sra. Fox

Em meio às noites que se seguiram, olhando, observando, a mãe, Sra. Fox, descobre que aquela força era também capaz de ver e ouvir, pois quando Kate dobrava o dedo sem barulho, o arranhão respondia. Essa Sra. encadeia uma série de perguntas cujas respostas mostravam maior conhecimento, detalhes de seus próprios negócios, do que ela mesmo possuía.

Uma vizinha, Mrs. Redfield foi chamada a participar e aquilo que para ela começara como brincadeira, distração, se transformou em pavor, quando teve respostas corretas a questões pessoais, íntimas.


A comissão investigadora formada para averiguações, em jogo de perguntas e respostas nesse método, levanta os seguintes dados:

A força declara ser um Espírito

Foi assassinado nesta casa

Assassino - o antigo inquilino

O fato se dera há cinco anos passados ( 1843 )

Idade - 31 anos

Profissão - mascate

Causa do crime - dinheiro - quinhentos dólares

Enterrado na adega a dez pés de profundidade


Descem. Golpes pesados e brutais soam aparentemente vindos de dentro da terra indicando o lugar do sepultamento.

*Associação das batidas com o alfabeto*


Um vizinho Sr. Duesler, tem a ideia e usa pela primeira vez o alfabeto, convencionado com o número das pancadas. Nesse método, obtém o nome do morto - Charles B. Rosma.
Coordenação da ideia

A ideia de coordenar mensagens só se desenvolverá quatro meses mais tarde, quando Isaac Post, um quaker de Rochester toma a direção de coordenar os acontecimentos, isto é, construir os períodos nas quais as frases têm sentido independente e são separadas por vírgulas, ponto e vírgula etc. , ou são relacionadas entre si por conjunções coordenativas.

Dar enfim à redação, certa ordem e método onde os assuntos se dispunham de forma organizada, ligados entre si.

Nota:- nas escavações feitas encontrou-se a cinco pés, primeiramente tábuas, carvão, cal e só depois surgiram cabelos e ossos pertencentes a esqueleto humano, bem como uma lata de mascate. A transcrição em jornal local, exprime o parecer das investigações oficiais: "Essas descobertas resolvem a questão de uma vez por todas e provam conclusivamente que houve um crime cometido na casa, e que esse crime foi indicado por meios psíquicos".

Pesquisas continuam, cada vez, acrescendo-se de um ou outro detalhe, todos importantes:

Respostas que atendiam a questões mentais - línguas diferentes ora para pergunta, ora para a resposta,

Acordes musicais e em meio a tudo isso, contestações, mistificação, seriedade, frivolidades, expandindo-se primeiramente para Inglaterra, envolvendo pessoas sérias, pesquisadores que, cada qual o seu modo, contribuirá, impulsionará para o caminho do conhecimento.

*O que Hydesville significa*


"De algum modo, não mais se limitava o fato ao caso de um assassinato que pedia justiça. Parece que o mascate havia sido usado como um prisioneiro, e agora, achada uma saída e um método, miríades de inteligências formigavam às suas costas. O fato é que Rosma sai das evidências e as batidas inteligentes passaram a ser dadas pelos falecidos dos investigadores, que estavam preparados para tomar um sério interesse no assunto de modo reverente para receberem as mensagens", que em síntese afirmavam:

- continuamos vivos e ainda amamos - acompanhadas estas afirmações de provas materiais, confirmando a fé vacilante dos novos adeptos ao movimento.

A busca no conhecer desses caminhos prosseguirá no próximo estudo, entretanto, necessário é, perceber que toda cultura, todo aperfeiçoamento nasce da anterior. Carrega-se, inclusive o momento atual das contribuições antigas.

Para que a época atual se constitua como valor inequívoco aos tempos que virão urge instalar em cada um, pela solidariedade de consciências, a integração do Homem na vivência do Bem, investigando-se na intimidade, renovando-se com a Verdade, transformando-se nesse trabalho pessoal em sentimento, pensamento e ação viva daquele que marcha vendo em Jesus o guia.

Na soma das unidades essa posição viva, renovará a realidade social - a Civilização então deixará de ser utopia para constituir-se como realidade.

*Bibliografi*

Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Introdução q. 627

Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - cap. IV 77 - XID - X - XVI

Allan Kardec - "Revista Espírita" - junho - agosto - 1858 - maio - junho - 1863

Arthur C. Doyle - "A História do Espiritismo"- V - VIII

J. Herculano Pires - "O Espírito e o Tempo" - parte 2º - 3º



*Leda Marques Bighetti*
Janeiro / 2002


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