sábado, 31 de dezembro de 2016

*educar_008a_Tema Namoro e Noivado - estudo*

*educar_008a_Tema    Namoro e Noivado - estudo*

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE

Sala Virtual de Estudos Educar

*Estudos destinados à família e educação no lar*

*08a Namoro e Noivado estudo*


Falamos sobre compromisso afetivo durante a semana passada , não é? reflexões e vivências necessárias ao nosso dia a dia.

Assim, seguindo dentro da linha dos compromissos afetivos, agora nos voltando à futura constituição de um Lar, vamos conversar um pouquinho sobre namoro e noivado? 


 Em O Livro dos Espíritos, item 291, encontramos o seguinte:

291 – Além da simpatia geral, oriunda da semelhança que entre eles exista, votam-se os Espíritos recíprocas afeições particulares?

_ Do mesmo modo que os homens, sendo, porém, que mais forte é o laço que prende os Espíritos uns aos outros, quando carentes de corpo material, porque então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões.

 Emmanuel, in: Vida e Sexo, assim fala sobre o namoro:

“A integração de duas criaturas para a comunhão sexual começa habitualmente pelo período de namoro que se traduz por suave encantamento.

Dois seres descobrem um ao outro, de maneira imprevista , motivos e apelos para a entrega recíproca e daí se desenvolve o processo de atração.

(...)

Positivada a simpatia mútua, é chegado o momento do raciocínio.

Acontece , porém, que diminuta é, ainda , no Planeta, a percentagem de pessoas , em qualquer idade física, habilitadas a pensar em termos de auto-análise, quando o instinto sexual se lhes derrama do ser.

Estudiosos do mundo, perquirindo a questão apenas no “lado físico”, dirão talvez tão-somente  que a libido entrou em atividade com o seu poderoso domínio e, obviamente, ninguém discordará, em tese, da afirmativa, atentos que devemos estar à importância do impulso criativo do sexo, no mundo psíquico, para a garantia da perpetuação da vida no Planeta.

É imperioso anotar, entretanto, em muitos lances da caminhada evolutiva do Espírito, a influência exercida pelas inteligências desencarnadas no jogo afetivo. Referimo-nos aos parceiros das existências passadas, ou, mais claramente, ao Espíritos que se corporificarão no futuro lar, cuja atuação, em muitos casos, pesa no ânimo dos namorados, inclinando afeições pacificamente raciocinadas para casamentos súbitos ou compromissos na paternidade e na maternidade, namorados esses que então se matriculam na escola de laboriosas responsabilidades. Isso porque a doação de si mesmos à comunhão sexual, em regime de prazer sem ponderação, não os exonera dos vínculos cármicos para com os seres que trazem à luz do mundo, em cuja floração, aliás, se é verdade que recolherão trabalho e sacrifício, obterão também valiosa colheita de experiência e ensinamento para o futuro, se compreenderem que a vida paga em amor todos aqueles que lhe recebem com amor as justas exigências para a execução dos seus objetivos essenciais.”

 Joanna de Ângelis, in: Adolescência e Vida, assim fala sobre o namoro:

(...)

O namoro é uma necessidade psicológica, parte importante do desenvolvimento da personalidade e da aprendizagem afetiva dos jovens, porquanto, na amizade pura e simples são identificados valores e descobertos interesses mais profundos, que irão cimentar a segurança psicológica quando no enfrentamento das responsabilidades futuras.

Trata-se de um período de aproximação pessoal, de intercâmbio emocional através de diálogos ricos de idealismo, de promessas – que nem sempre se cumprem, mas que fazem parte do jogo afetivo – e sonhos, quando a beleza juvenil se inspira e produz.

(...)

O recato, a ternura, a esperança, o carinho e o encantamento constituem as marcas essenciais desses encontros abençoados pela vida. As dificuldades parecem destituídas de significado e os problemas são teoricamente de soluções muito fáceis, convidando à luta com que se estruturam para os investimentos mais pesados do futuro.

(...)

Quando o namoro derrapa em relacionamento do sexo, por curiosidade e precipitação, sem a necessária maturidade psicológica nem a conveniente preparação emocional, produz frustração, assinalando o ato com futuras coarctações, que passam a criar conflitos e produzir fugas, gerando no mundo mental dos parceiros receios injustificáveis ou ressentimentos prejudiciais.

Não raro esses choques levam a práticas indevidas e preferências mórbidas, que se transformam em patologias inquietantes na área do comportamento sexual.

É natural assim suceda, porque o sexo é departamento divino da organização física, a serviço da vida e da renovação emocional da criatura, não podendo ser usado indiscriminadamente por capricho ou por mecanismos de afirmação da polaridade biológica de cada qual.

O indivíduo tem necessidade de exercer a função sexual, como a tem de alimentar-se para viver. Não obstante essa função, porque reprodutora, traz antecedentes profundos fixados nos painéis do Espírito, arquivados no inconsciente, que não interpretados corretamente se encarregam de levá-lo a transtornos psicóticos significativos.

O período do namoro, portanto, é preparatório, a fim de predispor os adolescentes ao conhecimento das suas funções irgânicas, que podem ser bem direcionadas e administradas sem vilania, mantendo o alto padrão de consciência em relação ao seu uso.

(...)

 Paulo R. Santos, in: Adolescente , mas de passagem, aborda em um dos capítulos:

Uma das experiências mais gratificantes da adolescência é o namoro. Uma forma de compartilhar emoções e ideais, de dividir angústias e esperanças. É um ensaio para a vida afetiva mais plena, ou pelo menos deveria ser, pois o jovem não distingue ainda muito bem a diferença entre gostar e amar. Em alguns casos envolve-se sexualmente com a namorada ou namorado, não conseguindo relacionar muito bem, por exemplo, sexo com gravidez. Seja por influência dos meios de comunicação, seja por pura desinformação ou mesmo irresponsabilidade, tais experiências costumam ser mais traumatizantes do que prazeirosas, comprometendo muitas vezes toda a existência terrena.

(...)

Para o adolescente, o namoro é a oportunidade de Ter as primeiras experiências no campo da sexualidade. O abraçar, beijar e acariciar são sensações que lhe trazem prazer, mesmo que o afeto não seja ainda preponderante. Alguns estudiosos do comportamento humano chamam nossa atenção para o fato de que entre os catorze e dezessete, dezoito anor, há muito mais impulso sexual que afeto. É uma fase de instinto sexual, sem direção determinada.(...) Passados esses anos um pouco turbulentos, surge o erotismo. Um período em que o desejo sexual passa a ser dirigido não mais a qualquer um do sexo oposto, mas àqueles com determinadas características. O desejo sexual começa a sofrer a influência do afeto. (...)

Dentro dessa visão, que se coloca em paralelo com a ótica espírita, o afeto vai se tornando cada vez mais seletivo, até fixar-se numa determinada pessoa que, normalmente, será sua companhia por aquela jornada terrena, quando não seja um Espírito extremamente afim, que se reencontra para a continuidade da vida.(...) Nesse contexto, não se deve tratar as primeiras experiências afetivas como um passatempo, pois ninguém lesa ninguém no campo íntimo sem criar comprometimentos perante as leis divinas. Portanto, o namoro é coisa séria.

(...)

01) O que é o namoro? Qual sua base e qual sua consequência?Justifique.

02) Qual a postura, como espíritas, quanto ao namoro?

03) De que forma devemos ou podemos orientar nossos filhos com relação ao namoro?

04) Como, aqueles pais e mães divorciados, devem se posicionar perante os filhos quanto a novos namoros(dos pais)?

05)  Como devemos entender e orientar quanto ao “ficar” tão em moda atualmente?

06)  Hoje em dia, comum é verificarmos que o namoro vem acompanhado da vida sexual ativa entre os jovens(e entre adultos tb), inclusive sendo mostrado como padrão de comportamento na mídia, qual a postura que devemos ter? Como orientar?

07) Comente como entende , qual sua postura, qual sua compreensão face à Doutrina Espírita, sobre o namoro.

*educar_008b_Tema    Namoro e Noivado - nosso papo sobre*

   Paz seja com todos.

    Que tema envolvente e fascinante,
    na vida, um dos acontecimentos mais marcantes,
    onde parecemos andar sobre nuvens de algodão,
    leves, voando na imensidão,
    sonhando, embalados pelos toques do coração,
    que bate com harmonia e perfeição,
    qual orquestra em perfeita sintonia,
    tocando a mais bela sinfonia,
    que arranca lágrimas da multidão.

    Cada nota musical,
    com sua harmonia sem igual,
    dá aos enamorados um manancial,
    de paz e felicidade,
    sem distinção de raça, cor, sexo ou idade.

    Esta centelha de amor que no ser desabrocha,
    de fagulha agiganta-se e queima feito tocha,
    um fogo que arde sem doer,
    uma luz que ilumina nosso ser,
    trazendo a cada dia,
    cor e alegria,
    embelezando nosso viver.

    Todo este encanto e magia,
    não podemos deixar que caia na monotonia,
    na turbulência avassaladora da rotina,
    que como espessa cortina,
    que impede a passagem dos raios de sol,
    transforma em tempestade o que era um lindo arrebol.

    Faz-se necessário então,
    que cada dia seja uma evolução,
    um caminho trilhado em comunhão,
    de atos e pensamentos,
    de decisões e sentimentos,
    sempre alicerçado na mais pura sinceridade,
    para que aconteça então a mais pura amizade,
    unidos com esta afinidade,
    esta relação harmônica agiganta-se na eternidade.

    Irmãos perdoem-me a pobreza das palavras, mas nosso restrito vocabulário, pode apenas dar-nos uma tosca idéia acerca de tão profundo e importante tema, que hoje ainda a humanidade engatinha, brincando com coisa tão sublime e de tamanha responsabilidade que é a união de dois seres.

    Nesta pequena viagem a que meu pensamento voou, palidamente transcrito nas palavras acima, tentei rápido esboço que agora procuro melhor explanar acerca do namoro e noivado.

    Conforme algumas questões propostas para debate, venho compartilhar conclusões de estudos e vivências, que longe estão da verdade absoluta, para análise e estudo dos amigos da sala, sempre aberto a qualquer colocação, acréscimo, discordância, etc., em debate harmonioso e esclarecedor como propõe esta sala.

01) O que é o namoro? Qual sua base e qual sua consequência? Justifique.

    O namoro é o prelúdio de uma união firme, o momento das primeiras descobertas, onde tudo começa, mas também caracterizado pelo encanto, onde nossos olhos procuram ver apenas virtudes e tudo converte-se em bem-estar e alegria. Esta permuta de sentimentos e inesquecíveis momentos, dependem unicamente dos consorciados para manter-se viva e fulgurante, dura enquanto ambos a alimentam e cultivam.

    É de grande responsabilidade, pois pode comprometer uma existência inteira, nem sempre ou na maioria das vezes não culmina na união firme, mas nunca acontece sem nada deixar.

02) Qual a postura, como espíritas, quanto ao namoro?

    A Doutrina Espírita, por excelência a doutrina de causa efeito, não poderia deixar de chamar a atenção para a responsabilidade deste ato como todos de nossa vida, sendo este um dos que tem carga de maior responsabilidade por tratar-se de um envolvimento cujos atos por nós praticados, não restringem-se a nós, mas a vários outros seres direta e indiretamente.

    Como doutrina da reforma íntima, visando sempre o aprimoramento moral, vem aí incutidas várias outras posturas, como a sinceridade, a verdade acima de tudo, a responsabilidade, a tolerância, a compreensão, etc.

    Como espíritas, devemos viver intensamente cada momento, com responsabilidade e consciência das conseqüências de nossos atos, com muita felicidade, esta é a doutrina que prega o equilíbrio e a felicidade para a qual fomos criados, assim como o Mestre veio mostra-nos a mandato do Pai.

03) De que forma devemos ou podemos orientar nossos filhos com relação ao namoro?

    O exemplo, o diálogo e a compreensão, são a chave de toda a educação, porém, indispensável faz-se lembrar que para educar precisamos ser educados, jamais podemos dar aquilo que não temos, logo, precisamos ter claro estes preceitos e no mínimo esforçarmo-nos para praticá-los, para daí passarmos aos filhos.

    Os filhos devem ter nos pais a confiança de um amigo com quem ele poderá contar a qualquer hora para compartilhar suas experiências e trocar idéias, para buscar um conselho, um amparo.

    Jamais o pai ou a mãe castradores, que impedem-no de caminhar com seus próprios pés, no entanto, jamais a pretexto de não castradores deixá-los entregues a própria sorte, sem esclarecimento e amparo.

    O assunto deve ser visto sempre com naturalidade, o esclarecimento acerca da responsabilidade, das conseqüências, o porquê das coisas...

    Sempre de forma clara, amiga, espontânea.

04) Como, aqueles pais e mães divorciados, devem se posicionar perante os filhos quanto a novos namoros (dos pais)?

    Como eles esperam que os filhos hajam para com eles, pois neles está a responsabilidade do exemplo.

    Sempre com a sinceridade, a verdade, a amizade, o diálogo e a responsabilidade.

05)  Como devemos entender e orientar quanto ao “ficar” tão em moda atualmente?

    Devemos entender como uma fase pela qual o jovem passa, onde experimenta as várias situações da vida, pois para ele tudo é novo, porém, mais uma vez entra a importância do esclarecimento da responsabilidade de seus atos, pois de um "mero" ficar, podem surgir dificuldades difíceis de serem resolvidas depois.

    Coisas que na euforia e inexperiência de um jovem, na maioria das vezes não passa por sua cabeça, entrando então a responsabilidade do educador que deve conduzi-lo a consciência dos fatos, resultando em atitudes mais raciocinadas e prudentes.

06)  Hoje em dia, comum é verificarmos que o namoro vem acompanhado da vida sexual ativa entre os jovens (e entre adultos tb), inclusive sendo mostrado como padrão de comportamento na mídia, qual a postura que devemos ter? Como orientar?

    Eis aqui um dos pontos fundamentais do esclarecimento, por muito tempo tido como tabu, não tem sido bem trabalhado e o que vemos é o caos em que hoje, nesta era de transição pela qual passamos, onde saímos de uma educação castradora, impositora, com pouco ou nenhum diálogo, tentando passar para uma educação esclarecedora, através do diálogo...

    Mas, como tudo isto ainda é novo e falta a experiência, vemos extremos, onde antes era castrado, proibido, sem que deixasse de existir, agora vemos a libertinagem, vemos a liberação sem limites e pior, sem esclarecimento, com algo pior ainda, o incentivo a um padrão destorcido, desequilibrado e devastador.

    Este trabalho deve começar principalmente nos dias de hoje, desde a infância, porém, cada coisa ao seu tempo, sempre com naturalidade.

    A criança hoje tem acesso desde cedo através da mídia, do colégio, internet, etc., a muitas informações distorcidas que geram-lhe a curiosidade natural e mesmo necessária, onde vem ela perguntar aos pais, se tiver esta abertura é claro e jamais deve ser recebida com broncas e maus-tratos, pois não a fará deixar de tentar compreender, apenas fará com que ela busque este entendimento lá fora, onde provavelmente será distorcido.

    Deve então ser recebida com a atenção necessária, e jamais ficar sem resposta, porém deve o pai responder-lhe apenas a sua pergunta, sanando-lhe a curiosidade e já esclarecendo, onde com o passar do tempo, irão os pais gradativamente dando-lhe todas as informações necessárias, cada qual a seu tempo, sem atropelo, sem distorção.
    Mas jamais deixe uma criança sem resposta, nem que não possa responder-lhe no momento e comprometa-se de fazê-lo mais tarde e cumpra com o comprometimento, pois assim, quando jovem, achará nos pais os amigos e confidentes, os conselheiros e os alicerces para suas caminhadas.

07) Comente como entende, qual sua postura, qual sua compreensão face à Doutrina Espírita, sobre o namoro.

    Entendo e compreendo o namoro face à doutrina espírita conforme respondi na questão 02.

    Quanto a minha postura, sou noivo e tento de incansáveis formas eternizar estes momentos de magia do namoro, pauto meu relacionamento dentro da sinceridade e busco a compreensão e o companheirismo, a comunhão de tudo, pois penso que quando unimo-nos a uma pessoa não somos mais apenas eu, mas agora somos nós e tudo deve visar os dois, não pode haver vidas separadas, pois aí não há união.

    Faço de tudo para não cair na rotina, procuro estar sempre inovando, sempre colocando combustível na chama que queima e isto não é difícil, faz-se no dia-a-dia com pequenos gestos.

    É um bilhetinho que deixamos à pessoa amada, dizendo-lhe do quanto ela é importante, um obrigado por tudo, um eu te amo, um bom dia, bom trabalho, enfim, pequenos gestos com grandes resultados, uma mensagem enviada ao celular, um e-mail com poucas palavras, porém sinceras, um cartão virtual, flores compradas, apanhadas na rua ou até mesmo virtuais, um jantar, um almoço ou até mesmo um bombom, incontáveis são as formas de que se pode fazer com que uma relação não caia na rotina, que esteja sempre em constante conquista...

    Engana-se aquele que acha que conquistamos uma vez e nada mais precisa ser feito, a conquista deve ser diária, tudo aquilo que procurávamos no início, devemos continuar procurando sempre.

    Tudo isto pode ser feito sem precisar de quantias em dinheiro, apenas devemos ser espontâneos, sinceros, falarmos de nossos sentimentos, não precisam belas palavras, valem mais a sinceridade delas.

    O diálogo é imprenscindível bem como a sinceridade em todos os momentos e nunca esquecendo que não estamos juntos apenas para os momentos fáceis, mas principalmente os difíceis que quando compartilhados alicerçam o relacionamento, o comandante de um navio só vem a ser respeitado e condecorado, quando em momentos difíceis de risco e tempestades, soube conduzir o navio de forma segura e correta salvando a tripulação, se apenas navegar em águas mansas, jamais colocará em prova suas habilidades, que, aliás, são conquistadas nestes momentos levando ao crescimento.

    Assim é tudo em nossa vida.

André Luiz da Silveira

*educar_008c_Tema    Namoro e Noivado - conclusão*


O André nos fez uma colocação bem completa sobre nosso tema da semana , não é? Ficando até difícil concluir, pois ele fez colocações ótimas.

O namoro e noivado realmente é um tema fascinante, envolvente, é uma experiência gratificante, onde aprendemos a compartilhar , a dividir, a ensaiar a futura união estável e firme entre dois seres.

Mas também é fonte de responsabilidades .

Podemos e devemos, pois, aprender a disciplinar nossa vontade e controlar nossos instintos, nas palavras do André: "Como espíritas, devemos viver intensamente cada momento, com responsabilidade e consciência das conseqüências de nossos atos, com muita felicidade, esta é a doutrina que prega o equilíbrio e a felicidade para a qual fomos criados, assim como o Mestre veio mostra-nos a mandato do Pai."



Equipe Educar CVDEE




sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ano novo vida velha

Ano novo vida velha


Chegou o tão esperado ano novo. Projetos foram feitos. Estratégias montadas, para se conseguir o programado.

 Buscou-se a ajuda do imponderável: tomou-se banho de descarrego ou de folhas – imperdível o de abre caminhos. Fez-se promessa, oferecendo rosas a Iemanjá ou algo ao Senhor do Bonfim, como ir andando até a Sua Igreja. Foi-se ao Centro e tomaram-se passes, fazendo mentalizações. Ah! Ia me esquecendo: a cor

. Entrou-se o ano com uma peça da cor do Orixá regente do novo tempo.

Enfim, cada um buscou a “muleta” que pode para garantir a conquista de seus sonhos. Tudo bem. Até acho que essas muletas podem ajudar a quem só nelas acredita e põe fé. A fé é tudo. Todavia, como começar o novo com o velho aprisionado?

Vê-se, de pronto, que a disposição real de mudar não emplaca. Assim como o seu armário está cheio de roupas que você não mais usa: aquela calça que não entra mais, pois você engordou, mas está lá guardada, esperando você emagrecer os dez quilos; ou então aquelas roupas que você se prometeu reformá-las, mas até hoje nada; ou ainda aquelas caixas fechadas nos maleiros, que você nem mais sabe o que tem dentro delas. Assim é com o nosso coração, a nossa alma.

Buscamos o novo, mas guardamos antigas mágoas e culpas.

Firmamos propósitos, mas fraquejamos na força de vontade.

Continuaremos indo aos templos religiosos, mas o que neles se ensina não entra em nós. Ainda fazemos da religião um instrumento de dominação e interesses muitas vezes inconfessáveis.

A presunção e o orgulho assaltam nossos pensamentos, ações e palavras. Cremo-nos os melhores, a nossa religião a melhor, e ai de quem diga o contrário. Em nome de Jesus, brigaremos. Insensatez atrás de insensatez, e o pior: tendo como fulcro a mensagem de paz e amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como poderemos encher um copo com a cristalina água da esperança e conquistas, se ele se encontra sujo, empoeirado, engordurado? É preciso, lógico, lavá-lo. Retirar os agentes contaminadores de seu interior, a fim de que não continue o velho copo recebendo e sujando o novo.

Então, com o novo ano que chega, é preciso disposição de vida nova, ainda que seja difícil mudar. Mas é preciso começar, como se fosse o lutar contra vícios. Não deixa de sê-lo, pois temos também os vícios emocionais da inveja, do ciúme, da avareza, do egoísmo... Quanta droga para ser desintoxicada, heim?!

Seguramente, os seus propósitos e intenções de mudança não sairão da cabeça, se a sua ação está aprisionada ao medo de transformar, de mudar. É certo, toda mudança gera instabilidade, mas não se pode cultivar o velho, quando se quer o novo.

A vida é dinâmica por excelência: as coisas mudam, as pessoas mudam... Conceitos se atualizam. Só os princípios de dignidade, ética e moral se mantêm os mesmos, desde quando nascidos do sensato e não do cultural, que invariavelmente é cheio de preconceitos e equívocos. Assim, cuidado com a confusão que se pode fazer entre moral e cultural. Comece seu novo ano.

José Medrado é médium, fundador e presidente da Cidade da Luz

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Ano Novo Depende De Nós

Ano Novo Depende De Nós

Raimundo Pinheiro

Hoje é o dia que dá início a um novo ano. 

É o dia primeiro. 

Todos queremos iniciar mais um ano com esperanças renovadas. 

É um momento de alegria e confraternização. 

As rogativas, em geral, são para que se tenha muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender. 

Mas será que se tivermos tudo isso teremos a garantia de um ano novo cheio de felicidade? 

Se Deus nos dá saúde, o que normalmente ocorre é que tratamos de acabar com ela em nome das festas. 

Seja com os excessos na alimentação, bebidas alcoólicas, tabaco, ou outras drogas não menos prejudiciais à saúde. 

Não nos damos conta de que a nossa saúde depende de nós. 

Dessa forma, se quisermos um bom ano, teremos que fazer a nossa parte. 

Se pararmos para analisar o que significa a passagem do ano, perceberemos que nada se modifica externamente. 

Tudo continua sendo como na véspera. 

Os doentes continuam doentes, os que estão no cárcere permanecem encarcerados, os infelizes continuam os mesmos, os criminosos seguem arquitetando seus crimes, e assim por diante. 

Nós, e somente nós podemos construir um ano melhor, já que um feliz ano novo não se deseja, se constrói. 

Poderemos almejar por um ano bom se desde agora começarmos um investimento sólido, já que no ano que se encerra tivemos os resultados dos investimentos do ano imediatamente anterior e assim sucessivamente. 

Poderemos construir um ano bom a partir da nossa reforma moral, repensando os nossos valores, corrigindo os nossos passos, dando uma nova direção à nossa estrada particular. 

Se começarmos por modificar nossos comportamentos equivocados, certamente teremos um ano mais feliz. 

Se pensarmos um pouco mais nas pessoas que convivem conosco, se abrirmos os olhos para ver quanta dor nos rodeia, se colocarmos nossas mãos no trabalho de construção de um mundo melhor, conquistaremos, um dia, a felicidade que tanto almejamos. 

Só há um caminho para se chegar à felicidade. 

E esse caminho foi mostrado por quem realmente tem autoridade, por já tê-lo trilhado. 

Esse alguém nós conhecemos como Jesus de Nazaré, o Cristo. 

No ensinamento "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" está a chave da felicidade verdadeira. 

Jesus nos coloca como ponto de referência. Por isso recomenda que amemos o próximo como a nós mesmos nos amamos. 

Quem se ama preserva a saúde. 

Quem se ama não bombardeia o seu corpo com elementos nocivos, nem o espírito com a ira, a inveja, o ciúme etc. 

Quem ama a Deus acima de todas as coisas, respeita sua criação e suas leis. 

Respeita seus semelhantes porque sabe que todos fomos criados por ele e que ele a todos nos ama. 

Enfim, quem quer um ano novo repleto de felicidades, não tem outra saída senão construí-lo. 

Importa que saibamos que o novo período de tempo que se inicia, como tantos outros que já passaram, será repleto de oportunidades. Aproveitá-las bem ou mal, depende exclusivamente de cada um de nós. 

O rio das oportunidades passa com suas águas sem que retornem nas mesmas circunstâncias ou situação. 

Assim, o dia hoje logo passará e o chamaremos ontem, como o amanhã será em breve hoje, que se tornará ontem igualmente. 

E, sem que nos demos conta, estaremos logo chamando este ano que se inicia de ano passado e assim sucessivamente. 

Que todos possamos aproveitar muito bem o tesouro dos minutos na construção do amanhã feliz que desejamos, pois a eternidade é feita de segundos.

Gentilmente cedido pelo autor.

*educar_007a_Tema Compromisso Afetivo - estudo*

*educar_007a_Tema    Compromisso Afetivo  - estudo*

Centro Virtual de Estudo e Divulgação do Espiritismo

Sala Virtual de Estudos Educar

*Estudos destinados à família e educação no lar*

*Olá meus amigos* 
Tudo em paz com vocês??

Vamos conversar um pouquinho sobre a vida à dois dentro do tema: Compromisso Afetivo.

Se nós analisarmos bem os termos, compromisso afetivo significa o comprometimento (no sentido de envolvimento emocional, cuidado, atenção) para com as pessoas a quem se ama.

Mas, amar não é simplesmente gostar. É muito mais que isso. É conhecer profundamente a pessoa com quem se está estabelecendo um relacionamento (tanto conjugal quanto amizade), a fim de que se possa saber exatamente quem é a pessoa, e desenvolver com ela um compromisso de crescermos em contato com ela, auxiliá-la à crescer, e juntos aprendermos a ser felizes.

Então, vejamos que estabelecer um compromisso afetivo não é apenas gostar da imagem que idealizamos da pessoa, mas sim, saber conviver com uma pessoa, a qual sabemos que tem qualidades, mas que também tem vícios que precisa vencer, e não deixar de amá-la só porque não é tudo o que queríamos.

Sendo assim, vamos procurar refletir respondendo as seguintes questões:

*1 - Como fazer para realmente estabelecer um compromisso afetivo com as pessoas que gosto?*

*2 - Qual a diferença do compromisso afetivo entre cônjuges, entre pais e filhos, e entre amigos?*

*3 - Qual a responsabilidade que desenvolvo com relação às pessoas com quem estabeleço um compromisso afetivo?*

*4 - O fato de não haver esse compromisso real em um relacionamento, isenta as pessoas das responsabilidades decorrentes dessa relação?*

*07b Compromisso Afetivo  nosso papo sobre*

Vou tentar colocar o assunto de uma forma que eu estou vendo no momento, pois cada um talvez veja de um jeito ..

1) Calma muita calma.

2)A diferença está realmente no compromisso. Com os amigos a responsabilidade os laços se tornam mais soltos. Sendo que na família os laços estão mais apertados.

3) Só com a Doutrina Espírita é que vamos sentir ou ver que realmente as responsabilidades são muito grandes.

4) Responsabilidade vamos ter sempre. Nós não sabemos , não lembramos quais foram as nossas escolhas antes de reencarnarmos. As vezes apenas uma palavra dita em determinadas circunstancias já muda o destino de certas pessoas. 

Quantos mal entendidos deixamos para trás.

Boa noite,
Que Jesus nos acompanhe.
(Bernadete)
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1- Para estabelecer um compromisso afetivo com as pessoas ,temos que ter respeito ,sinceridade e compreensão ,e amar ..

2- Dentro do lar esta os nossos debitos maiores onde o compromisso  é com maior responsabilidade ,temos por tabela nos dedicar mais .

3- A responsabilidade é total de respeitar e amar . 

4- A meu ver tudo que nos propomos a realizar tem que ser com responsabilidade ,respeito e principalmente nos basear naquele ensinamento famoso : - Não fazer aos outros o que não queremos para nós mesmos ,é o caminho para se ter mais acertos do que erros .

Forte abraços a todos (Maria Luiza )
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1 - Como fazer para realmente estabelecer um compromisso afetivo com as pessoas que gosto?

 Como vocês responderam, gostar não é tudo. Por outro lado, saindo desse amor figurativo ao qual estamos, de modo geral, acostumados a pensar, o amar já ensina muito. Creio que o compromisso afetivo é algo espontâneo quando se realmente ama. Contudo, pensando um pouco nas dificuldades que enfrentamos no contato com o outro, muito se dá pela nossa própria falta de auto-conhecimento. Explico: ao passo em que devo conhecer o outro, isso só pode acontecer se procuro também me conhecer. Nada é estático. Mudamos cada dia um pouco mais e o auto-conhecimento nunca se finda, como também o conhecimento do outro. Eis porque temos o mérito de nos surpreendermos com o outro e conosco e, às vezes, nos decepcionarmos também. Faz parte. Acho que uma "regrinha" básica de um bom convívio, assumindo, no coração, esse compromisso, é lembrarmos sempre dos nossos próprios defeitos antes de apontar os do outro. Talvez isso ajude aqueles casos, cujos laços não são necessariamente pautados em uma simpatia natural, mas carregados pelo peso do resgate etc.

2 - Qual a diferença do compromisso afetivo entre cônjuges, entre pais e filhos, e entre amigos?

Creio que responsabilidade temos com quem amamos, seja família ou não. Porém, o grau depende dos laços, do que tenho que desenvolver com aquela pessoa. Desse modo, a família carrega um peso maior do que os amigos.

3 - Qual a responsabilidade que desenvolvo com relação às pessoas com quem estabeleço um compromisso afetivo?

A responsabilidade de auxiliá-lo no progresso ao qual todos estão destinados. 

4 - O fato de não haver esse compromisso real em um relacionamento, isenta as pessoas das responsabilidades decorrentes dessa relação?

 Não. De jeito nenhum. Como já disse, somos responsáveis pelos que amamos e isso independe de um "compromisso real". Mesmo que não amemos - no sentido de querer ficar junto, de estar próximo, em contato etc. - , somos responsáveis pelas pessoas que cativamos. Não podemos simplesmente entrar na vida das pessoas e agir como se não estivéssemos ali. Se houve o encontro é porque há algo a aprender, pois, como todos sabem, nada acontece por acaso

(Magna Bueno)
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lembrei de uma mensagem interessante que, talvez, ilustre (tirando as devidas proporções) um pouco essa oportunidade maravilhosa, que é a vida, cheia de encontros e desencontros, mas, antes de tudo, aprendizado. Talvez alguns de vocês já a conheçam. 

    Segue a mensagem:

*TREM DA VIDA*

Há algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada. Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros. 

Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível. Mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem. Chegam nossos irmãos, amigos maravilhosos. 

Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio; outros encontrarão nessa viagem somente tristezas; ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. 

Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu assento, ninguém nem sequer percebe. 

Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante ele, atravessemos, com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles ... Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar a seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas .... porém jamais retornos. 

Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor. Lembrando, sempre que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá. 

O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em que parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado. 

Eu fico pensando, se quando descer desse trem, sentirei saudades. Acredito que sim. Separar-me de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza será triste, mas me agarro na esperança  que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram. E o que vai me deixar feliz, será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa. 

Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranqüila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem. (baseado em mensagem de autor desconhecido) 

Que a paz do nosso amado irmão Jesus esteja presente em todos nós, permanecendo não apenas aqui nesta sala, mas no cotidiano de cada um.
    Um grande abraço!!!
           (Magna)
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É realmente a vida é um verdadeiro trem, cheia de estações de embarque e desembarque, na verdade, pelo menos ao meu ver, este trem, não tem parada final, ele trafega pelos trilhos da eternidade, é uma viagem que se perde na noite dos tempos e cada um de nós teremos sempre um bilhete de embarque, com uma estação definida para desembarcar, se a ultima viagem que fizemos foi feita com todo cuidado e acertos, por certos no próximo embarque, embarcaremos em uma classe mais confortável até que um dia chegaremos a embarcar na primeira classe.
         ( Edson Martins)
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Já conhecia esta mensagem e é mesmo muito bonita. Não me canso de a ler. Agora mesmo enquanto lia a mensagem, comecei a pensar se o contacto que temos neste grupo mesmo via Internet já não seria um compromisso afectivo.
Um abraço a todos.
(Ana)
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Magna ,já conhecia esta mensagem recebi de uma amiga via internet ,em um momento muito especial de minha vida ,não sabia se descia na proxima estação e deixava os outros seguirem viagem ,pensei e repensei e optei pela opção que o Edson trouxe,acompanhar asté o ponto final ,para que na próxima eu siga em uma primeira classe. Afinal Jesus ensinou que colheremos o que plantarmos ,estou plantando amor, paciencia , compreensão para  ver se na proxima eu consiga colher nem que for um pouquinho de tudo isso . Que possamos ser muito fortalecidos em nossas provações ,brinco com minha dirigente do Centro que eu frequento ,se tudo isso é para eu desistir de seguir a doutrina , podem me colocar de cabeça para baixo ,que eu não desisto,quanto mais me testarem mais eu faço Evangelho ,abro mais um dia para ir ao Centro trabalhar ,tudo menos ,desistir do meu ideal ,da doutrina eu tenho certeza que não saio mais,que ela nos dá base  e respostas   para tudo que nos acontece . Abençoada Doutrina . Paz a todos  (Maria Luiza)
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É isto ai Maria Luiza, temos que fazer de tudo para seguir no trem, até a estação para a qual compramos o bilhete de embarque, descer dele antes, sob a alegação de que o trem é muito desconfortável e barulhento, fará com que tenhamos de recomeçar a viagem no mesmo vagão onde estávamos embarcados. Uma vez eu estava embarcado em um velho contratorpedeiro, era o pior navio que a Esquadra tinha na época, e dai comecei a mentalizar que iria pedir baixa da Marinha por estar em uma situação muito ruim, falei com o meu pai e ele disse: " filho, tire o maior proveito possível de sua estadia neste navio, tudo passa e isto passará." . De fato passou e o resto de minha carreira na Marinha foi um sucesso, hoje me encontro em uma confortável aposentadoria. Se naquela época no desespero que estava se eu tivesse pedido baixa, hoje talvez estivesse em má situação.
          (Edson)
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Olá meus amigos 
Realmente, esse contato virtual que estabelecemos via Internet é um compromisso afetivo, basta vermos a afinidade que desenvolvemos rapidamente uns com os outros, o carinho e tudo o mais.

    Mas, não podemos esquecer a responsabilidade que isso nos traz.

Apesar de não ser uma obra espírita, o livro O Pequeno Príncipe é uma fonte de inspiração a ser analisada sob a ótica espírita. E existe um momento em que Saint-Exupéry coloca na boca do Pequeno Princípe as seguintes palavras:

    "Tu te tornas responsável por aquilo que cativas."

    Quer maior compromisso que isso?

    Mas, falando em leitura, sugerimos aos irmãos livro Vida e Sexo,
do Espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, pg 29-31, o
capítulo Compromisso Afetivo. Lá, vocês poderão perceber a formação e
a real extensão de nossa responsabilidade.

    Abraços fraternos à todos

 *07c Compromisso Afetivo conclusão*

*Encerrando os estudos sobre Compromisso Afetivo, passamos como conclusão o texto do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, do livro Vida e Sexo, Capítulo 6:*

*Compromisso Afetivo*

"A geureea efetivamente flagela a humanidade, semeando terror e morticínio, entre as nações; entretanto, a afeição erradamente orientada, através do compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas.

Quem estude os conflitos do sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em decadência, tão-só examinando as absurdidades que se praticam em nome do amor, ainda não entendeu que os problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de todos os tempos na vida planetária.

As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscrevem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos amamos.

Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo.

Em matéria de afetividade, no curso dos séculos vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estrados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada.

Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo nesse sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. Criada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na autodefensiva, entra em pânico, se que se lhe possa prever  descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência. tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro.

Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os legisladores terrestres perceberão igualmente, um dia, que a Justiça Divina alcança os contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciências os reflexos do saque afetivo que perpetraram contra os outros.

Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental, injustamente menosprezados, que resgataremos em tempo hábil, parcela a parcela, pela contabilidade dos princípios de causa e efeito. reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos  no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente de vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem, sem lesar à nós."

Equipe Educar - CVDEE




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domingo, 25 de dezembro de 2016

28 - A GÊNESE CAPÍTULO VI URANOGRAFIA GERAL A PRIMEIRA CRIAÇÃO

28 - A GÊNESE

ALLAN KARDEC
OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO VI

URANOGRAFIA GERAL

A PRIMEIRA CRIAÇÃO

Desde épocas remotas, quando o homem passou a coordenar seus raciocínios, deseja-se saber qual teria sido a primeira criação divina.

O Espírito Galileu – Espírito em processo de evolução - neste subcapítulo, expõe sua teoria, baseada em seus conceitos anteriores sobre a Uranografia Geral, “(...) Do momento em que Deus existiu, suas perfeições eternas falaram. Antes que os tempos nascessem, a eternidade incomensurável recebeu o verbo divino e fundou o espaço, eterno como ele.”1

“Que mortal saberia narrar as magnificências desconhecidas e soberbamente veladas sob a noite das idades que se desenvolveram em tais tempos antigos, nos quais não existia nenhuma das maravilhas do universo atual: época primitiva em que a voz do Senhor se tenha feito ouvir, e subitamente se encontraram no seio dos vácuos infinitos os materiais que no futuro deviam se agrupar simetricamente e por si mesmos, para formar o templo da Natureza (...)!”1

“A origem do universo é um tema que sempre interessou a humanidade. Em todos os povos, em todas as épocas, surgiram muitas tentativas de compreender de onde veio tudo o que conhecemos. No passado, a religião e a mitologia eram as únicas fontes do conhecimento. Elas propunham certa visão de como um ou vários deuses produziram este mundo.

Há mais de dois mil anos surgiu o pensamento filosófico. Ele propôs novas idéias, modificando ou mesmo abandonando a tradição religiosa. Por fim, com o desenvolvimento da Ciência, apareceu outro modo de estudar a evolução do universo. 2

“Atualmente a Ciência predomina. É dessa ciência que muitos esperam obter a resposta às suas indagações sobre a origem do universo. Muitas vezes, lemos notícias em jornais e revistas apresentando pesquisas recentes sobre a formação do universo. Na tentativa de chamar a atenção para uma nova descoberta, os jornalistas, às vezes, exageram sua importância e publicam manchetes do tipo: ‘Acaba de ser provado que o universo começou de uma explosão.” Mas foi provado, mesmo?2”.

As teorias antigas foram concebidas levando-se da consideração que a Terra seria o próprio Universo e aos poucos, com a evolução científica e tecnológica, elas foram substituídas por outras que certamente, um dia, também serão substituídas por novas teorias.

As modernas (teorias), como a do “Big Bang” - a Grande Explosão – não conseguem equacionar todos questionamentos sobre o Universo.

Conclui-se que o homem, em sua busca permanente para desvendar os “mistérios divinos”, não possui sabedoria suficiente para estabelecer a última palavra sobre o assunto e, conseqüentemente, entender como Deus concebeu o Universo e qual teria sido Sua primeira criação.

Bibliografia:

1 – KARDEC, Allan. A Gênese. 19. ed., São Paulo, SP: LAKE, 1999, cap. VI, itens 12-16, p. 95-97

2 – MARTINS, Roberto de Andrade. Físico, Professor da UNICAMP, em O Universo. Teoria sobre sua origem e Evolução.

Adelino Alves Chaves Jr.


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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ceuinferno_084_2a. partecap. VIII - Expiaçoes terrestres- Julienne Marie, a mendiga

*céu inferno_084_2a. parte cap. VIII - Expiações terrestres- Julienne Marie, a mendiga*

1. Como este Espírito aproveitou esta prova, já que ele não tinha a lembrança da causa que a motivara?

2. Vimos que, na encarnação passada, ele recebera uma excelente educação. Qual foi a utilidade de todos esses conhecimentos se nesta última existência era apenas um empregado?

3. Existem exemplos de empregados muito devotados aos seus empregadores, até mesmo abnegados a eles. Isso se deve a relações anteriores?

4. Neste exemplo, qual foi o benefício do esquecimento das vidas passadas?


*Conclusão:*



1. Na sua posição humilde, ainda restava um quê de orgulho, que conseguiu dominar. Isto fez com que a sua prova fosse aproveitável: sem isso, teria ainda muito por onde recomeçar. Seu Espírito lembrava, quando em liberdade, do desejo de resistir às tendências que, sentia, eram más. Teve mais méritos em lutar assim, sem saber do seu passado. A lembrança de sua antiga posição teria exaltado seu orgulho e o perturbaria, ao passo que teve que somente combater os arrastamentos da nova posição.

2. Esses conhecimentos seriam inúteis, um contra-senso mesmo em sua nova posição, mas permaneceram latentes e, em Espírito, ele os encontrou. Mesmo parecendo, não foram inúteis, porque desenvolveram a sua inteligência: instintivamente ele tinha o gosto das coisas elevadas, o que lhe inspirava a repulsa pelos exemplos baixos que via: sem essa educação, seria apenas um simples criado.

3. Não temos por que duvidar disso: pelo menos é o caso mais comum. Esses empregados, algumas vezes, são membros da mesma família, ou então, Espíritos gratos, como este do exemplo, que pagam uma dívida de reconhecimento, e que o seu devotamento ajuda a avançar. Não sabemos todos os efeitos, de simpatia ou antipatia, que essas relações anteriores produzem no mundo. A morte não interrompe essas relações, elas se perpetuam com freqüência, de século em século.

4. Se o Sr. de G… se lembrasse do que fora e quem fora seu jovem empregado, ficaria muito sem graça com ele, e não o teria considerado nessas condições: entravaria a prova que foi proveitosa a ambos.

a. parte cap. VIII - Expiaçoes terrestres- Julienne Marie, a mendiga



O despotismo, o fanatismo, a ignorância e os prejuízos da Idade Média e dos séculos que se seguiram, legaram às gerações futuras uma dívida enorme, que ainda não está saldada.
Muitas desgraças nos parecem imerecidas, somente porque apenas vemos o presente.

*QUESTÃO* 

1.Com base no depoimento deste espírito, como vc explicaria a alguém não-espírita o significado do parágrafo grifado acima?


 Quando falamos do homem da Idade Média estamos falando de nós mesmos num passado não muito distante. Éramos nós que lá estávamos aprendendo e errando, muito mais errando, colocando muitos débitos em nossa "conta". Hoje que a luz divina já brilha um pouco mais para nós e que já crescemos moralmente alguns degraus na escala evolutiva, nos surpreendemos quando nos damos conta de que ainda temos débitos para saldar e nos consideramos injustiçados, quando, na verdade, deveríamos estar agradecidos por termos ainda oportunidade de reparar nossas faltas.

Esse Pai amoroso e misericordioso nos dará tantas lições quantas forem necessárias, porém, não nos livrará da pena que creditamos para nós mesmos, conforme a Lei da Justiça e de Ação e Reação.

1. Qual o benefício do esquecimento das nossas vidas anteriores?

2. Vimos que o caráter do senhor Letil nesta última existência prova o quanto ele melhorou. A sua conduta respeitável foi resultado do quê?

*Conclusão:*

1. Ás vezes dizemos que, por não nos lembrarmos do que fizemos em vidas anteriores não poderemos evitar os males aos quais nos expomos com o esquecimento do passado. Mas, devemos é bendizer a Deus: se Ele nos deixasse a lembrança, não haveria para nós nenhum momento de repouso aqui na Terra. Sem cessar seríamos perseguidos pelo remorso e pela vergonha, não teríamos um instante sequer de paz. 

2. A sua conduta foi o resultado de seu arrependimento e das resoluções que tomou; mas isso não bastava; era-lhe necessário suportar como homem o que fizeram os outros suportarem; a resignação, nessa terrível circunstância, era para ele a maior prova, e, felizmente para ele, não faliu. O conhecimento do Espiritismo, sem dúvida, muito contribuiu para sustentar a sua coragem, pela fé sincera que lhe dera no futuro; sabia que as dores da vida são provas e expiações, e a elas se submeteu sem murmurar, dizendo: Deus é justo; sem dúvida, eu o mereci. 

*ceu inferno_087_2a. parte cap. VIII - Expiaçoes terrestres- Um sábio ambicioso*

1) O que o guia espiritual diz sobre a paciência e a resignação diante uma prova tão difícil quanto a da senhora B...?

*Conclusão:*

*Resposta extraída do texto:*

“Tudo tem a sua razão de ser na existência humana; não há um sofrimento que causaste que não encontre um eco nos sofrimentos que suportais; não há um de vossos excessos que não encontre um contra-peso nas vossas privações; não há uma lágrima que caia de vossos olhos sem ter uma falta para lavar, um crime, algumas vezes. Suportai, pois, com paciência e resignação as vossas dores físicas e morais, por cruéis que vos pareçam, e pensai no lavrador cuja fadiga cansa os seus membros, mas que continua a sua obra sem deter-se, porque tem sempre diante dele as espigas douradas que serão os frutos de sua perseverança. Tal é a sorte do infeliz que sofre sobre a vossa Terra. A aspiração de felicidade, que deve ser o fruto de sua paciência, torna-o forte contra as dores passageiras da Humanidade.


“Assim ocorre com a tua mãe; cada dor que ela aceita como uma expiação é uma mancha apagada de seu passado, e quanto mais cedo todas as manchas estiverem apagadas, mais cedo ela será feliz. Só a falta de resignação torna o sofrimento estéril, porque então as provas estão a recomeçar. O que é, pois, mais útil para ela, é ter coragem e submissão; é o que é necessário pedir a Deus e aos bons Espíritos conceder-lhe.”


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sábado, 17 de dezembro de 2016

UM LIVRO SOBRE O JULGAMENTO DE JESUS

UM LIVRO SOBRE O JULGAMENTO DE JESUS
Bismael B. Moraes (*)
"Nenhum julgamento serviu, como o de Jesus, para uma negação tão insistente, obstinada e acatada de que foi um erro judicial e deu margem a um crime jurídico". (do Juiz Haim Cohn Hermann, ex-Presidente da Suprema Corte de Justiça de Israel).
SUMÁRIO: 1- Introdução. 2- Um Juiz em busca de respostas. 3. Confronto: Evangelhos x Fontes Jurídicas. 4- Datas dos Evangelhos e seus testemunhos. 5- Análise do Evangelho de Marcos. 6- Análise do Evangelho de Mateus. 7- Análise do Evangelho de Lucas. 8- Análise do Evangelho de João. 9- Jesus foi condenado por Tribunal Judeu? 10- Controvérsias Evangélicas e as Leis Romanas e Judias. 11- Mais coerente é o Evangelho de João. 12- Os relatos evangélicos e a realidade histórica.

1. INTRODUÇÃO
Tenha sido por arraigada sedimentação religiosa e dogmática, ou por interesse de análise acadêmica da Teologia, ou por motivos políticos e ou filosóficos, a verdade é que as questões relacionadas à vida e à morte de Jesus, em regra, sempre foram objeto de discussão no mundo todo. (Houve até quem, de forma estapafúrdia, ousasse dizer que essa coisa de religião, no fundo, foi uma invenção do homem fraco e covarde, a fim de manietar e controlar os super-homens...).
Mas, aqui e agora, não vem ao caso eventual questionamento entre religiosos e ateus, entre fiéis e cépticos. Entretanto, na busca do conhecimento, todo trabalho sério, especialmente o de pesquisa, se faz merecedor de reflexão. E é isso o que se pretende: trazer, para reflexão, uma síntese sobre O JULGAMENTO DE JESUS, O NAZARENO.
O tema decorre da leitura do livro de autoria do magistrado Dr. Haim Cohn Hermann, nascido em 1911, ex-Presidente da Suprema Corte de Justiça de Israel, publicado em Inglês, em 1967, com o título "REFLECTIONS ON THE TRIAL AND DEATH OF JESUS", e traduzido para o Português, por Maria de Lourdes Menezes, como "O JULGAMENTO DE JESUS, O NAZARENO", já em 5ª edição, publicação da Imago Editora, Rio de Janeiro, 1990.
2. UM JUIZ EM BUSCA DE RESPOSTAS
Trata-se de uma pesquisa científica do Juiz Haim Cohn, de forma criteriosa e sem pender para discussões doutrinário-religiosas, apenas com o intuito de levantar – como bem esclarece - a verdade da mácula que historicamente pesa sobre os judeus pela morte de Jesus, apontados, em regra, como responsáveis por aquele evento, tão somente com base em registros evangélicos.
Essa empreitada é levada a efeito pelo magistrado Cohn, através da exegese do Direito da época em que Jesus viveu, na busca de respostas para questões como estas: - Que crime praticou Jesus? Quem foi o responsável por Sua prisão? Qual a Lei ou o Direito que Ele violou – da Judéia ou de Roma? Por quem foi Ele julgado e condenado? Quem ordenou a Sua crucificação? A quem imputar a Sua morte – aos judeus ou aos romanos?
Para essa obstinada pesquisa jurídica, sociológica e de costumes, de quase vinte séculos passados, o Dr. Haim Cohn analisou e comparou e Velho Testamento e o Novo Testamento da Bíblia, os antigos Talmudes Jerosolimitano e Babilônico, citando 92 obras de autores diversos, em latim, inglês e, principalmente, em alemão (talvez pela forte influência da Igreja sobre povo germânico), e mais 12 fontes hebraicas, 10 fontes judias, 6 fontes cristãs e 21 fontes romanas, todos da antigüidade, indo ainda à exegese da Mishná ou Michna (codificação da lei oral pós-bíblica realizada pelos sábios, após a queda do Estado judeu, para, a despeito da perda da independência política, preservar a estrutura nacional jurídica) e do Tora (lei mosaica em pergaminho). Dissecou, com apoio no material pesquisado e com base em deduções lógicas, as formas de julgamento do Sinédrio, Tribunal Judeu, com 71 membros, formado por sacerdotes, anciãos e escribas, (para julgar questões criminais e administrativas, bem como delitos de ordem política), ao qual Jesus foi submetido.
3. CONFRONTO: EVANGELHOS x FONTES JURÍDICAS
O Juiz Cohn, depois de registrar que, somente neste Século XX, já foram escritos mais de 60.000 (sessenta mil) livros sobre Jesus, e, dentre eles, vários sobre o Seu julgamento, mostra que o trabalho em tela tem por meta a tentativa de encontrar uma explicação convincente para os fatos e acontecimentos que foram descritas em fontes não-jurídicas (os Evangelhos), indo buscar tal explicação no acúmulo de conhecimentos que "possuímos sobre as instituições e os conceitos jurídicos que existiam naquela época e lugar". E esclarece que, para o empreendimento, "e valor dessas fontes, seja como fontes sagradas (teológicas) ou factuais (históricas), está fora de discussão"; não serão convertidos em fontes jurídicas. A idéia da pesquisa é confrontar os fatos (descritos nos Evangelhos e noutras fontes) à luz do Direito Romano e sua aplicação, bem como diante das leis judias em vigor por volta daquela época.
Na introdução do seu livro, aquele magistrado faz uma advertência: "Não podemos afirmar que a nossa atitude seja compartilhada por todos os juristas que já se ocuparam desse tema até agora. Muito ao contrário: tenho diante de mim quatro livros, de juristas ingleses e norte-americanos – Lord Shaw, Taylor Innes, Powell e MacRuer, todos eles cristãos fervorosos... Eles consideram tudo que está escrito no Novo Testamento como material jurídico por excelência, uma espécie de testemunho válido sobre o que não pode haver dúvidas".
4. DATAS DOS EVANGELHOS E SEU TESTEMUNHO
Em sua pesquisa científica dentro do Direito, o Dr. Cohn mostra que nenhum dos quatro Evangelhos (de Marcos, Lucas, Mateus e João) inclui depoimentos de testemunhas presenciais dos eventos que descrevem. Com base no livro "Jesus and the Origins of Christianity", de Goguel, está demonstrado que o Evangelho de Marcos foi escrito por volta do ano 70 da Era Cristã (do nascimento de Cristo); o Evangelho de Lucas data, aproximadamente, do ano 85; e o Evangelho de Mateus veio à luz, mais ou menos, no ano 90; e o Evangelho de João, por volta do ano 110.
Assim, tomando como fonte o pesquisador Winter, em seu livro "On the Trial of Jesus", escreveu o Juiz Haim Cohn: "Logo, o Evangelho de Marcos foi escrito cerca de quarenta anos após a crucificação de Jesus, e Lucas escreveu, mais de duas gerações depois desses acontecimentos. Disso se depreende que os depoimentos ali existentes não correspondem a testemunhas presenciais". E acrescenta ser possível que os relatos dos Evangelhos "sejam uma tradição conservada pela congregação de crentes e transmitida de geração em geração. Mas, se serviam para saciar a curiosidade biográfica dos crentes sobre a morte de Jesus, não continham nenhum tipo de documentação jurídica". Os Evangelhos, assim, não foram escritos como bases históricas, mas como meio de difundir o cristianismo, aí recorrendo, por vontade do evangelista – como é o caso de João – a utilização livre de sua imaginação, "para acrescentar detalhes e melhorar a descrição, não aceitando limitações antiquadas ao apresentar, não história mas teologia".
Consta da pesquisa de Dr. Haim Cohn o registro de um dos mais antigos escritores, que teria vivido entre o ano 55 e o ano 115, de nome Tacitus, o qual, em seu "Annales", com tradução de Dvoretzky, em 1962, "relata de passagem, para explicar o significado do nome Cristão (de seita perseguida durante o reinado de Nero), que Cristo é o pai de todos os cristãos e que foi executado na época do Imperador Tibério pelo Governador Pôncio Pilatos".
Diz o magistrado Cohn: alguns pesquisadores sustentam que "de tudo que está escrito nos Evangelhos, só podemos aceitar que Jesus viveu e foi crucificado, sendo o resto meros adornos para maior glória da fé". E acrescenta que "a interpretação dos acontecimentos descritos nos Evangelhos é uma questão aberta, e todo aquele que os ler ou analisar poderá fazer a sua própria interpretação... No que diz respeito às causas do julgamento de Jesus e à sua condenação, como também às circunstâncias, ao fundamento e ao objeto do julgamento, não aceitaremos o que está escrito nos Evangelhos como testemunhos indubitáveis; nossa atitude para com eles será a de um juiz cuidadoso e neutro, com a liberdade absoluta de quem tem diante de si um livro aberto".
5. ANÁLISE DO EVANGELHO DE MARCOS
Na análise dos quatro Evangelhos, começa pelo Evangelho de Marcos, registrando, em síntese, o seguinte:
a)- Judas, discípulo de Jesus, segundo a tradição, o entregou aos perseguidores, com um beijo, no momento em que o Nazareno repousava no Horto de Getsêmani;
b)- os perseguidores – uma turba com espadas e porretes – vinham da parte (por ordem) dos principais sacerdotes, escribas e anciãos;
c)- Jesus foi conduzido à casa do Sumo Sacerdote (Caifás, como registra Mateus), à noite, onde os principais sacerdotes, anciãos e escribas, em domicílio (reunidos), buscaram testemunhos contra o mesmo, para entregá-lo à morte, mas não o conseguiram; (era um interrogatório noturno);
d)- no meio do concílio, o Sumo Sacerdote perguntou a Jesus: "Nada respondes ao que testemunham contra ti? És tu o Cristo, Filho de Deus?" E Jesus respondeu: "Eu sou", momento em que o Sumo Sacerdote, rasgando sua veste (que era o costume, ao ouvirem o que entendiam por blasfêmia), disse: "Que mais necessidade temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia?" E todos o declararam digno de morte e alguns cuspiram-lhe e deram-lhe murros e bofetadas;
e)- de manhã, levaram Jesus, amarrado, a Pôncio Pilatos, Governador da Judéia, e este perguntou: "És tu o Rei dos Reis?", tendo o Nazareno respondido: "Tu o dizes". Como os principais sacerdotes O acusavam muito, Pilatos voltou a interrogar Jesus: "Nada respondes do que te acusam?". E Jesus calou, admirando-se Pilatos;
f)- e como era costume libertar um preso por ocasião de festividade (e era festa da Páscoa), Pilatos perguntou ao povo (que tinha direito a tal pedido) se deveria perdoar a pena do homem a quem chamam Rei dos Judeus ou a de Barrabás (um homicida), a população, incitada pelos líderes dos sacerdotes (que invejavam a fama de Jesus), pediu a libertação do homicida e a morte de Jesus: "Crucifica-o";
g)- e Pilatos, mesmo tendo dúvidas quanto ao crime de Jesus (-"que mal fez ele" – perguntou), atendeu a vontade do povo;
h) – e os soldados romanos levaram Jesus ao pátio do tribunal (Sinédrio), convocando a companhia (de soldados) para as zombarias e os maus tratos, conduzindo-o depois à crucificação, no lugar chamado Gólgota ("lugar da Caveira");
i)– os soldados obrigaram o transeunte Simão Cirineu (da cidade de Cirene) a acompanhá-los, carregando a cruz (muito pesada para Jesus), onde seria realizada a crucificação;
j)- os soldados deram a Jesus vinho com mirra, que ele não bebeu, e, depois de crucificá-lo, repartiram entre si Suas vestes, deixando-o entre dois ladrões, isso na terceira hora (cerca de 9 horas da manhã), de forma zombeteira;
l)- e, cerca de seis horas depois da crucificação, (com os passantes escarnecendo de Jesus: "Salva-te a ti mesmo e desce da cruz"), Ele clamou: "Deus, meu Deus, por que me abandonaste?". E, a seguir, expirou.
6. ANÁLISE DO EVANGELHO DE MATEUS
O Evangelho de Mateus, nesse episódio, em linhas gerais, repete o que diz o Evangelho de Marcos, acrescentando, porém, o seguinte:
a)- que duas testemunhas afirmaram, quando do interrogatório noturno na casa de Caifás (Sumo Sacerdote), terem ouvido Jesus dizer que podia "derrubar o templo de Deus e em três dias reedificá-lo"; e que Jesus, ao ser instado por Caifás sobre isso, nada respondeu;
b)- fala também do arrependimento de Judas, que devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, mas Jesus já estava diante do Governador Pilatos;
c)- que a mulher de Pilatos pediu para que ele não se envolvesse "com o sangue desse justo", porque em sonhos muito sofrera por causa dele;
d)- e Pilatos, vendo que não conseguia demover a turba, uma vez que a multidão era insuflada pelos principais sacerdotes e anciãos, que queriam a morte de Jesus, tomou água e lavou as mãos diante do povo, dizendo: "Sou inocente do sangue deste justo", e libertou Barrabás, açoitou Jesus e o entregou para ser crucificado.
7. ANÁLISE DO EVANGELHO DE LUCAS
Já o Evangelho de Lucas traz algumas diferenças marcantes, tais como as seguintes:
a)- Jesus estava com seus discípulos, no Monte das Oliveiras, quando Judas, com seu beijo, o entregou à turba composta pelos principais sacerdotes, os chefes da guarda e os anciãos;
b)- na casa do Sumo Sacerdote, bateram em Jesus e dele zombaram, vendando-lhe os olhos e perguntando-lhe: "Profetiza: quem foi que te bateu?"
c)- de manhã, reunidos os principais sacerdotes, os anciãos do povo e os escribas, Jesus foi trazido diante de concílio, quando então lhe perguntaram: "És tu o Cristo?" E Jesus respondeu: "Se vos disser, não acreditareis.... Mas, desde agora, o Filho do Homem se sentará à direita do Poderoso Deus". E todos disseram: Logo, tu és Filho de Deus". E Jesus respondeu: "Vós dizeis que o sou";
d)- e toda a multidão levou Jesus a Pilatos, acusando-o assim: "Perverte a nação e proíbe de dar tributos a César, dizendo que ele mesmo é um rei". E Pilatos o interrogou: "És tu o Rei dos Judeus?" E Jesus respondeu: "Tu o dizes". E Pilatos disse a todos os presentes: "Nenhum delito acho neste homem"; depois, sabendo que Jesus era galileu e da jurisdição de Herodes, que reinava na Galiléia e que, naquele dia, também se achava em Jerusalém, mandou que O levassem àquele rei;
e)- Herodes alegrou-se ao ver Jesus, porque ouvira falar dele e queria vê-lo fazer milagres; porém, dirigindo algumas perguntas a Jesus e este se mantendo em silêncio, Herodes escarneceu dele e mandou-o de volta a Pilatos; e até por isso houve reconciliação entre Herodes e Pilatos, que eram inimigos;
f- e Pilatos, convocando os principais sacerdotes, os anciãos e o povo, disse que, tendo interrogado a Jesus e nele não achando crime algum, e também Herodes não O considerando culpado, iria soltá-lo, depois de tê-lo castigado;
g)- mas Pilatos não pôs Jesus em liberdade, fazendo-o a Barrabás (preso por sedição e homicídio), atendendo ao clamor da multidão e dos principais sacerdotes;
h)- e na hora Sexta (que é meio dia), houve treva sobre toda a terra, e, na hora nona, Jesus clamou em voz alta: "Pai, em tuas mãos encomendo meu espírito", e expirou.
8. ANÁLISE DO EVANGELHO DE JOÃO
No Evangelho de João, há outras diferenças, como podem ser observadas a seguir:
a)- Jesus com seus discípulos em um horto, do outro lado do Cedron, sendo o lugar conhecido por Judas, que lá estivera com Ele e os demais seguidores;
b)- Judas tomou uma companhia de soldados e guardas dos principais sacerdotes e dos fariseus, conduzindo-os ao lugar com lanternas, tochas e armas;
c)- Jesus perguntou: "A quem buscais?", e a resposta foi: "A Jesus, o Nazareno". E ele disse: "Sou eu". E a companhia de soldados, o tribuno e os guardas dos judeus o prenderam e amarraram;
d)- foi levado primeiro à casa de Anás, sogro de Caifás (sumo sacerdote), tendo este último interrogado Jesus sobre seus discípulos e sua doutrina;
e)- Jesus respondeu a Caifás: "Sempre ensinei nas sinagogas e no templo, e nada falei às ocultas. Por que perguntas a mim? Pergunta aos que escutaram, o que lhes falei eu". E um guarda que ali estava deu uma bofetada em Jesus, dizendo: "Assim respondes ao sumo sacerdote? "E Jesus disse: "Se falei mal, testemunha em que está o mal; e se falei bem, por que me bates?";
f)- Anás enviou Jesus amarrado a Caifás, onde foi mantido até de manhã, sendo dali conduzido ao tribunal; mas os que conduziram (não se sabe quem foi) "não entraram no pretório para não se contaminarem e poderem comer na páscoa";
g)- Pilatos veio do Tribunal e perguntou aos condutores de Jesus a respeito de que o mesmo era acusado, ao que lhe responderam: "Se não fosse malfeitor, não o entregaríamos a ti". E disse Pilatos: "Tomai-o e julgai-o segundo a vossa lei". Mas os "judeus" responderam: "A nós não nos é permitido matar ninguém";
h)- Pilatos voltou ao pretório (tribunal) e perguntou a Jesus: "És tu o Rei dos Judeus? Tua nação e os principais sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?" E Jesus respondeu: "Meu reino não é deste mundo". Voltou Pilatos a perguntar: "Logo, tu és rei? "E disse Jesus: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isto nasci e para isto vim ao mundo. Para dar testemunho da verdade".
i)- foi Pilatos outra vez "aos judeus", dizendo que não havia achado nenhum delito em Jesus; porém, alegando que os judeus tinham o costume de libertar um preso na Páscoa, perguntou: "Quereis, então, que vos liberte o rei dos judeus?" E todos gritaram: "não este, mas Barrabás"; e o evangelista explica que este era ladrão;
j)- Pilatos voltou a sair do tribunal, dizendo ao povo não ter achado delito em Jesus, este trazendo uma coroa de espinhos e um manto de púrpura, tendo assim acrescentado aos principais sacerdotes e aos guardas: "Eis o homem". E todos gritaram: "Crucificai-o! Crucificai-o!" E Pilatos disse: "Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu não achei delito nele";
k)- os judeus responderam: "Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque fez a si mesmo Filho de Deus". E Pilatos teve medo destas palavras, retornando ao tribunal com Jesus, a quem perguntou: "De onde és?", e não recebeu resposta;
l)- e disse Pilatos: "Não sabes que tenho autoridade para crucificar-te e para salvar-te?" E respondeu Jesus: "Nenhuma autoridade terias contra mim, se ela não te fosse dada de cima";
m)- e quando Pilatos tentou pôr Jesus em liberdade, os judeus gritaram: "Se a estes soltas, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei se opõe a César". E Pilatos levou Jesus para fora, sentou-se no Pavimento e disse: "Eis aqui o vosso rei". E os judeus gritaram: "Fora, fora, crucificai-o". E perguntou Pilatos: "Ao vosso rei devo crucificar?" E os principais sacerdotes responderam: "Não temos outro rei senão César";
n)- e Jesus foi entregue nas mãos dos judeus para que fosse crucificado, e estes o levaram; Jesus carregava a cruz ao lugar chamado de Caveira (Gólgota, em hebreu), e ali o crucificaram, tendo sido Pilatos quem escreveu uma inscrição colocada sobre a cruz: "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus", em hebraico, grego e latim;
o)- os principais sacerdotes judeus se dirigiram a Pilatos: "Não escreva Rei dos judeus, mas que ele (Jesus) disse: "Eu sou o rei dos judeus", ao que Pilatos respondeu: "O que escrevi, escrevei";
p)- e, por fim, Jesus despediu-se de sua mãe e de seu discípulo, dizendo que tinha sede; então havia ali uma vasilha de vinagre, e, com uma esponja em sua boca, Jesus bebeu vinagre e disse: "Está consumado"; e, inclinando a cabeça, entregou seu espírito.
Com essas e outras observações, confrontando os quatro Evangelhos – de Marcos, Mateus, Lucas e João -, o juiz Haim Cohn procura mostrar as informações, em alguns casos, até contraditórias entre os evangelistas, cada um deles escrevendo sobre os mesmos fatos em épocas diferentes, para concluir que esses escritos não podem ter valor científico como história.
9. JESUS FOI CONDENADO POR TRIBUNAL JUDEU?
Numa análise mais profunda do Direito antigo, para verificar se os judeus – embora tendo suas próprias normas, mas achando-se sob o domínio romano – tinham o poder de aplicar a pena de morte, o magistrado Cohn leva-nos a melhor refletir sobre a condenação e crucificação de Jesus. Mostra, por exemplo, os seguintes registros: a)- de um sumo sacerdote que solicitou autorização do governador romano para convencer o Sinédrio para tratar de um possível caso de pena de morte; b)- que em papiros egípcios encontra-se que governadores romanos no Egito costumavam utilizar os tribunais locais para efetuar investigações preliminares; c)- a tradição encontrada, tanto no Talmude da Babilônia como no Talmude de Jerusalém, segundo a qual, quarenta anos antes da destruição do templo, foi retirada de Israel a autoridade para impor a pena de morte. (Observação: a destruição do templo corresponde à perda de autonomia judia, ao desaparecimento da soberania política da Judéia).
Assim, o autor Haim Cohn conclui: se, quarenta anos antes da destruição do templo, já se havia tirado os judeus o direito de julgar questões penais de vida ou morte, não poderia ter sido um tribunal judeu que condenou Jesus à pena capital.
Foi, segundo o Dr. Cohn, de acordo com registros da tradição babilônica e jerololimitana, que "os cristãos começaram a publicar e difundir textos de propaganda e apologia, na segunda metade do século II, para sublinhar e realçar as diferenças entre eles e os judeus, não apenas no que se refere à fé, como também à fidelidade política aos governantes romanos".
"Já haviam sido publicados os Evangelhos, nos quais a tendência a desprestigiar os judeus encontrou um fundamento de peso. Se o fundador da religião cristã e seu criador. (Jesus) era inocente aos olhos do governador romano, que não encontrou mácula nele nem em sua religião, isso aparentemente comprovaria que a dita religião pode coexistir com a fidelidade ao Império". (grifos nossos). E conclui o magistrado Haim Cohn: "E se apesar de tudo Jesus foi crucificado como um criminoso, isso se deve apenas à maldade dos judeus e de seu Sinédrio, que sabiam muito bem como era grande para eles o perigo implícito na nova religião, que terminaria acabando com a religião dos judeus".
O livro mostra que não havia sido encontrada prova de que as autoridades romanas tivessem alguma vez concedido autoridade judicial ao Sinédrio de forma explícita, fosse genericamente para o direito penal ou fosse para certos delitos em casos particulares. "O Sinédrio nada mais era do que um tribunal local em sua terra ocupada, que atuava apenas sob a autoridade do governador (romano) e segundo a sua vontade".
"Em resumo",- esclarece o autor-, " o Sinédrio só estava autorizado a julgar delitos segundo a lei judia, assim como o governador romano só estava autorizado a julgar delitos segundo o Direito Romano".
Por exemplo, profanar o templo não representava delito, de acordo com o Direito Romano, mas o era segundo o Direito Judeu: nesse caso, o governador romano poderia entregar o assunto para o Sinédrio.
10. CONTROVÉRSIAS EVANGÉLICAS E AS LEIS ROMANAS E JUDIAS
No Evangelho de Lucas, quando a multidão (de judeus) levou Jesus a Pilatos, depois de o terem interrogado (os principais sacerdotes e anciãos), foi o Nazareno acusado: "Perverte a nação e proíbe de dar tributo a César, dizendo que ele mesmo é um rei". Aí, pelo evangelista Marcos, Jesus estaria sendo acusado pelos judeus como tendo infringido a lei romana, pois se colocava como rei e desafiava o Imperador Romano. Já no Evangelho de João, quando Pilatos entrega Jesus aos judeus, dizendo: "Tomai-o e crucifica-o, porque eu não achei nenhum delito nele", os judeus responderam: "Nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, ele deve morrer, porque fez a si mesmo Filho de Deus". Aqui, evidentemente, por esse relato de João, Jesus teria infringido a lei judia!
Aliás, o registro do Evangelho de João vai mais longe: quando Pilatos tentou pôr Jesus em liberdade, os judeus gritaram (preferindo que Barrabás fosse solto): "Se este soltas" (referindo-se a Jesus), "não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei se opõe a César". Assim, depois que João escreveu que, segundo a lei judia, Jesus deveria morrer, "porque fez a si mesmo Filho de Deus", procura mostrar que os judeus, vendo a intenção de Pilatos em soltar Jesus, teriam como que colocado o governador contra a parede: "se soltas um homem (Jesus) que se faz rei e se opõe a César, então não és amigo de César!"
Por outro lado, o Evangelho de Marcos registra que Jesus praticou blasfêmia diante do sumo sacerdote, quando este o interrogou; "És tu o Cristo Filho de Deus?", e o Nazareno respondeu: "Eu sou". E o sumo sacerdote, diante do concílio, interrogatório em sua casa, disse: "Ouvistes a blasfêmia?" (E colocar-se na posição de Filho de Deus, para a lei judia, era delito de blasfêmia, que podia levar à morte!) É claro que os interlocutores ou não entendiam ou não queriam entender o que Jesus dizia!
Embora de relance, pelo Evangelho de Mateus, Jesus também teria praticado delito contra a lei judia, quando registra que duas testemunhas afirmaram que, no interrogatório noturno, na casa de Caifás, o Nazareno teria dito que podia "derrubar o templo de Deus e em três dias reedificá-lo".
11. MAIS COERENTE É O EVANGELHO DE JOÃO
O livro do Dr. Haim Cohn, para demonstrar uma espécie de tendência não discutida quanto à responsabilidade dos judeus pela morte de Jesus, cita inclusive a existência de dois outros personagens com o nome JESUS: um teria sido bruxo e instigador (bruxaria e instigação tinham a pena de morte pela lei judia), sendo a sua morte por lapidação, às vésperas da páscoa (conforme registro do Talmude Babilônico); chamava-se Ben Setda ("Ben", no hebraico, é Filho; "Setda", segundo os sábios amoraítas, é pseudônimo talmúdico de Maria, mãe de Jesus). É registro do século III, d. C., refletindo uma tradição equivocada, pois tal personagem foi preso e morto na cidade de Lod; e outro, que existiu aproximadamente entre os anos 150 a 100 a.C. também instigou os judeus à idolatria e, por isso, foi condenado à morte por lapidação (apedrejamento) pelo tribunal, às vésperas da páscoa, sendo depois o seu corpo colgado (pendurado na madeira) e, no mesmo dia, enterrado. Esse segundo Jesus teria sido aluno de Joshua Ben Perahya. O autor registra, até, que o nome de Nazaré (de Jesus de Nazaré) teria nascido de um acréscimo, por desconhecimento de cronologia histórica, apenas porque no Talmude Babilônico há o relato de que Joshua Ben Perahya "empurrou Jesus de Nazaré com ambas as mãos". Teria vivido antes do Cristo. Não há fonte talmúdica que afirme o julgamento de Jesus de Nazaré.
O magistrado Haim Cohn, depois de analisar tantos documentos e de confrontar as inúmeras versões sobre o julgamento de Jesus, pondo inclusive por terra a eventual conspiração de Judas, que teria ajudado, por moedas, na busca e prisão do Nazareno (porque Jesus era sumamente conhecido, e os seus percursos em Jerusalém e nos arredores eram de conhecimento geral, não havendo objetivo real e justificativa plausível para a traição, nem razão histórica para isso), mostra-se propenso em aceitar que o relato do Evangelho de João é o mais coerente: segundo esse evangelista, Jesus foi preso por "um tribuno romano no comando de sua corte, toda ou parte dela, em presença da guarda do templo". Entende que o relato merece fé, e já foi aceito pela maioria dos pesquisadores, "porque, de todos os evangelistas, é João o que mais exagera na defesa dos romanos e na crítica aos judeus".
Os livros de Marcos, Mateus e Lucas são chamados de Evangelhos sinópticos (porque permitem uma visão de conjunto de suas versões) pelo Dr. Haim Cohn, pois, dentre outros registros, falam que, no momento da prisão de Jesus, a multidão estava armada com espadas e garrotes ou porretes, enquanto João fala de velas, tochas e armas, não restando dúvidas de que as armas eram dos soldados romanos.
12. OS RELATOS EVANGÉLICOS E A REALIDADE HISTÓRICA
Com base do Direito Judeu, o autor entende que nos registros dos Evangelhos há muita coisa irreal e impossível, especialmente em relação ao Sinédrio: a) este não podia se reunir para casos de direito penal, na casa do sumo sacerdote, mas só no recinto oficial; b) não estava autorizado a se reunir à noite; c) casos possíveis de pena de morte não eram julgados em dias festivos, nem em vésperas de festa; d) nenhum acusado pode ser condenado à morte pela sua confissão; e) só se condena um homem em julgamento, se pelo menos duas testemunhas o tenham visto cometer o ato de que é acusado; f) só será condenado o homem, se duas testemunhas disserem que o preveniram para não praticar o ato; g) o blasfemo não é considerado culpado desde que não pronuncie expressamente o nome de Deus, na presença de testemunhas".
Se o julgamento assim se deu, "foi ilegal desde o início até o fim", e "Jesus foi vítima de um assassinato judicial".
Depois de provar que os relatos evangélicos não servem como relatos válidos para a história como ciência, o magistrado Haim Cohn explica que "as perseguições aos judeus, judiciais e extraconjugais, todas elas se produzem no fundo da fonte consciente ou inconsciente, como castigo pela "culpa deles" na crucificação de Jesus. Isso porque, o interesse dos Evangelhos era eminentemente religioso e missionário, e sua tendência era apologética com respeito ao Império Romano. Essa descrição intencional e equivocada obteve difusão mundial, convertendo-se em dogma e conquistando a metade do orbe. Foi apagada e esquecida a verdadeira realidade histórica".
É um livro que exige do leitor muita reflexão, sem preconceito.

(*) Bismel B. Moraes, Mestre em Direito Processual pela USP, Professor da Academia de Polícia "Dr. Coriolano Nogueira Cobra" de São Paulo e da Faculdade de Direito de Guarulhos, é ex-Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.