O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos
Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos
Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de
comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as
dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XVI
MÉDIUNS
ESPECIAIS
Estudo
72 - 190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.
Médiuns
videntes: os que, em estado de vigília, veem
os Espíritos. A visão acidental e fortuita de um Espírito, numa
circunstância especial, é muito frequente, mas, a visão habitual ou facultativa
dos Espíritos, sem distinção, é excepcional. (N. 167.)
Em nota Allan Kardec
explica: "É uma aptidão a que se opõe o estado atual dos órgãos visuais.
Por isso é que cumpre nem sempre acreditar na palavra dos que dizem ver os
Espíritos”.
Afirma Allan Kardec
que “(...) A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos
muito frequente de ver qualquer Espírito que se apresente, ainda que seja absolutamente
estranho ao vidente. A posse dessa faculdade é que constitui propriamente
falando, o médium vidente(...)”.
No livro Mediunidade
o professor Herculano Pires esclarece que “(...) a vidência, como todas as
formas de mediunidade, pode ocorrer ocasionalmente a qualquer pessoa, mas a sua
ação permanente, nos casos de mediunato, pode bloquear a razão e excitar o
misticismo. Nesses casos o místico está sujeito a enganos fatais. O espírito
encarnado está condicionado à vida do plano material, não dispondo de segurança
para lidar com os problemas do plano espiritual. No desdobramento, com fins de
pesquisa no outro plano, esse problema se agrava, pois o deslocamento do
espírito para um campo de ação que não é o seu, durante a encarnação, o coloca
no plano espiritual como um estrangeiro que precisaria de um tempo para
ajustar-se a ele. Por isso Kardec preferiu o estudo e a investigação através
das manifestações mediúnicas, onde é possível controlar-se a legitimidade das
informações dadas pelos habitantes do plano espiritual.
Ressalta ainda o
autor que Charles Richet, o fundador da metapsiquica, levantou o problema do
condicionamento da vidência à crença do vidente. Relembra também que Frederic
Myers demonstrou que a nossa mente está condicionada para a interpretação das
percepções sensoriais. A consciência supraliminar, onde funciona a nossa mente
de relação, está voltada para as condições do mundo em que vivemos, e que a
consciência subliminar, que equivale ao inconsciente, destina-se a funcionar
normalmente na vida futura, ou seja, no plano espiritual.
Para Allan Kardec
nada disso passou despercebido, como se pode ver nos relatos de pesquisa nas
comunicações mediúnicas de encarnados que se encontram na Revista Espírita. Os
próprios espíritos recém-desencarnados referem-se às dificuldades que enfrentam
para adaptar-se as condições do mundo espiritual.
Como entender a
existência do mediunato de vidência? A razão nos mostra, ressalta o prof.
Herculano Pires, que esse mediunato jamais será concedido para aventuras de
Espíritos encarnados no plano espiritual, porque isso seria condenar o médium a
uma situação de dualidade perigosa na vida terrena. Esse mediunato existe,
afirma ele, para fins de auxílio às pesquisas ou para demonstrações da verdade
espírita, mas não para criar condições anômalas no campo mediúnico.
Todas essas reflexões
nos levam a entender a mediunidade de vidência como uma tarefa que está, como
as outras, condicionada ao aspecto moral, a uso que o médium dela fará,
considerando a sua condição moral. Sabemos que é uma expressão mediúnica que
coloca o médium em evidência, daí a necessidade de cuidados.
Relembramos Allan
Kardec: “(...) A faculdade de ver os Espíritos pode, sem dúvida, se
desenvolver, mas é uma dessas faculdades cujo desenvolvimento deve processar-se
naturalmente, sem que se provoque, se não quiser expor-se às ilusões da
imaginação. Quando temos o germe de uma faculdade, ela se manifesta por si
mesmo. Devemos, por princípio, contentar-nos com aquelas que Deus nos concedeu,
sem procurar o impossível, porque, então, querendo ter demais, arrisca-se a
perder o que tem (...)”
O Codificador chama a
atenção também para o fato de que médiuns videntes, propriamente ditos, são
ainda mais raros e que é prudente não lhes dar fé senão mediante provas
positivas. Algumas pessoas podem, sem dúvida, enganar-se de boa-fé, mas outras
podem simular essa faculdade por amor próprio ou interesse e nesse caso,
deve-se levar em conta o caráter, a moralidade e a sinceridade habituais da
pessoa.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O
Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XVI - 2ª Parte – itens
167 e 190
BIGHETTI, Leda
Marques – Educação Mediúnica “Teoria e Prática” 1º volume: 1.ed Ribeirão Preto:
BELE, 2005 – pág 208 a 210
PIRES, José Herculano
– Mediunidade: 1.ed. São Paulo: PAIDÉIA,1986 - Cap III
Tereza Cristina D'Alessandro
Outubro/2007
Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br
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