O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – XVII I
CAPÍTULO II: MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
ITEM 8 UMA REALEZA TERRESTRE
Chegamos ao final deste capítulo, em que Kardec estuda o ponto central
dos ensinos de Jesus: a vida futura, que o espiritismo, através da mediunidade,
veio comprovar.
Inseriu ele, neste estudo, uma comunicação mediúnica de um espírito que
se apresentou com uma rainha de França, em Havre, 1863, que exemplifica a
realeza terrestre, a dignidade real na Terra, sem a dignidade moral.
É uma comunicação que merece muita atenção e reflexão de nossa parte,
visto que se não somos reis e rainhas, temos todavia, nossos pequeninos reinos,
onde nos julgamos poderosos: “Aqui, mando eu.” São nossos lares, na função de marido,
esposa, pais e mães, posições sociais ou profissionais de mais ou menos poder
etc. Como nos comportamos nestes casos?
A ex-rainha inicia dizendo que somente no plano espiritual compreendeu a
verdade de Jesus nas palavras: Meu reino não é deste mundo. Pensava ela que
seria recebida no reino dos céus, como rainha. Pensamento este coerente com o
que se pensava naquela época. A dignidade real era um direito dado por Deus à
determinada família.
Surpreendeu-se, pois, ao despertar no plano espiritual, não ter levado
consigo a sua realeza e muito mais ainda ao ver, muito acima dela, homens a
quem desprezara, por não terem sangue nobre.
Deve ter então compreendido que os chamados direito divinos, que dava à
classe nobre todos os privilégios e o poder sobre os demais, era uma invenção
humana para legalizar a posse do poder terreno.
“Se a classe superior houvesse podido manter a classe inferior sem se
ocupar com coisa alguma, tê-la-ia governado facilmente durante ainda longo
tempo; mas, como a segunda fosse obrigada a trabalhar para viver, e trabalhar
tanto mais quanto mais premida se achava, resultou que a necessidade de
encontrar, incessantemente, novos recursos, de lutar contra uma concorrência
invasora, de procurar novos mercados para os produtos, lhe desenvolveu a inteligência
e fez com que as próprias causas, de que os da classe superior se serviam para
trazê-la sujeita, a esclarecessem. Não se patenteia aí o dedo da Providência?”
( 1 )
Foi assim que os homens aboliram os privilégios de uma minoria e foi
proclamada a igualdade de todos perante a lei, embora ainda não vige no
comportamento cotidiano dos homens.
A rainha que veio nos contar a sua experiência após a morte, percebeu
então, que Deus não privilegia nenhum dos seus filhos, dando a todos
experiências, através da quais devem desenvolver-se.
Percebeu a nulidade dos esforços do homem pelo poder e seus privilégios,
nos seus diversos patamares e da necessidade da abnegação, da humildade, da
caridade, da benevolência para com todos. Percebeu que para penetrar no reino
de Deus, somente as ações nobres em favor dos outros se constituem na chave que
abre a porta desse reino de paz e felicidade.
“Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é
necessário sofrer para chegar ao céu, e os degraus do trono não levam lá. São
os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai pois o caminho
através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores.”
Percebemos nestas frases a visão ainda muito humana, muito própria de
quem ainda não percebeu a sublime lei da evolução espiritual.
Os sofrimentos do viver na Terra são conseqüências da imperfeição da sua
humanidade, que ainda necessita viver em um mundo inferior para evoluir.
No momento em que se compreende as causas e os efeitos dos atos humanos
no processo educativo determinado pela lei divina, passa-se a ver nesses
sofrimentos, oportunidades de aprendizado e elevação espiritual.
Da então um valor relativo, compreendendo que se bem aproveitados, seus
frutos os melhores e muito compensatórios.
Não precisamos, no entanto, procurá-los, mas sim compreendê-los na sua
função regeneradora e educativa, colhendo seus frutos sazonados.
A aceitação pela compreensão da continuidade da vida leva o homem a
transformar os sofrimentos da vida em desafios, que o estimulam, na sua
superação, ao esforço do desenvolvimento espiritual, objetivo número um do
viver na Terra.
Bibliografia:
1- Obras Póstumas, Allan Kardec: As Aristocracias
Leda de Almeida
Rezende Ebner
Novembro / 2002
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)
Ribeirão Preto (SP)
O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA
esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra. Leda de
Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da
família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros
em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.
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