A Fé Ativa construindo uma Nova Era 25
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
A Paixão de Jesus
(Ewerton Castro, in “O Espírito da
Verdade” – cap. 38)
Cap.
XIX - Item 7 - ESE
O Espiritismo não
nos abre o caminho da deserção do mundo.
Se é justo evitar
os abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele.
Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas
irmãs.
Para seguir a
própria consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a
santidade ilusória.
Não sejamos
sombras vivas, nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por
filigranas de adoração.
Nossa fé não é
campo fechado à espontaneidade.
Encarnados e
desencarnados precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir
expansões sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não
impõe restrições ao bem.
Assim como a
virtude jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é
ilusão semelhante às demais.
Não façamos da
vida particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores,
ou estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.
A convicção
espírita não é insensível ou impertinente.
A inflexibilidade,
no dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante,
mas, nem por isso, cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.
Se o papel de
vítima é sempre o melhor e o mais confortável, nem por isto, a título de
representá-lo, podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à
força, as criaturas que nos rodeiam.
Não sejamos
policiais do Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.
Nem caridade
vaidosa que agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a
alegria de viver.
Quem transpira
gelo, dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.
A crença
aferrolhada no orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados
pelo materialismo.
Não sejamos
companhias entediantes.
Um sorriso de
bondade não compromete a ninguém. A fé espírita reside no justo meio-termo do
bem e da virtude.
Nem o silêncio
perpétuo da meia-morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da
inibição a beirar o ridículo.
Nem olhos baixos
de santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.
Nem cumplicidade
no erro, na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente
elevação.
Fé espírita é
libertação espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a
comunicabilidade, constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos
que esteriliza a vida simples. Nem tristezas sistemática, nem entusiasmo
pueril.
Abstenhamo-nos da
falsa ideia religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências
anteriores, nas quais vivemos em misticismo acabrunhante.
Desfaçamos os
tabus da superioridade mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho
de parecer humilde.
O Espiritismo nos
oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o
espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é
dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as ideias
ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.
Busquemos o povo -
a verdadeira paixão de Jesus -, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e
servindo-o sem intenções secundárias, conforme o "amai-vos uns aos
outros" - a senda maior de nossa emancipação.
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