sexta-feira, 24 de junho de 2016

A Fé Ativa construindo uma Nova Era 27 #Religiões

A Fé Ativa construindo uma Nova Era 27

Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa

Religiões

(Emmanuel, in “O Consolador” – 3ª parte)

257 –A esperança e a Fé devem ser interpretadas como uma só virtude?

– A Esperança é a filha dileta da Fé. Ambas estão uma para outra, como a luz reflexa dos planetas está para a luz central e positiva do Sol.

A Esperança é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A Fé é a divina claridade da certeza.

292 – Em que sentido deveremos tomar o conceito de religiões?

– Religiões, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito apreenderá na pauta do seu nível evolutivo.

Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade; porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se dividiram em numerosas religiões, como se a fé também pudesse ter fronteira, à semelhança das pátrias materiais; tantas vezes mergulhadas no egoísmo e na ambição de seus filhos.

Dessa falsa interpretação tem nascido no mundo as lutas anti-fraternais e as dissensões religiosas de todos os tempos.

293 –As religiões que surgiram no mundo, antes do Cristo, tinham também por missão principal a preparação da mentalidade humana para a sua vinda?

– Todas as ideias religiosas, que as criaturas humanas traziam consigo do pretérito milenário, destinavam-se a preparar o homem para receber e aceitar o Cordeiro de Deus, com a sua mensagem de amor perene e reforma espiritual definitiva.

O Cristianismo é a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra imorredoura de Jesus.

Os homens, contudo, não obstante todos os elementos de preparação, continuaram divididos e, e dentro das suas características de rebeldia, procrastinaram a sua edificação nas lições renovadoras do Evangelho.

294 –Reconhecendo-se que várias seitas nasceram igualmente do Cristianismo, devemos considerá-las cristãs, ou simples expressões religiosas insuladas da verdade de Jesus?

– Todas as expressões religiosas nascidas do Cristianismo se identificam pela seiva de amor do tronco que as congrega, apesar dos erros humanos de seus expositores.

Os sacerdotes das mais diversas castas inventaram os manuais teológicos, os princípios dogmáticos e as fórmulas políticas; todavia, nenhum esforço humano conseguiu deslustrar a claridade divina do “amai-vos uns aos outros”, base imortal de todos os ensinos de Jesus, cuja luminosa essência identifica as castas entre si, em todas as posições e tarefas especializadas que lhes foram conferidas.

295 –Se as seitas religiosas nascidas do Cristianismo têm uma tarefa especializada, qual será a das correntes protestantes, oriundas da Reforma?

– A Reforma e os movimentos ou esse lhe seguiram vieram ao mundo com a missão especial de exumar a “letra” dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos da intolerância clerical, nos seminários e nos conventos, a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos homens o “espírito divino” de todas as lições de Jesus.

296 –O Espírito, antes de reencarnar, escolhe também as crenças ou cultos a que se deverá submeter nas experiências da vida?

– Todos os Espíritos, reencarnados no planeta, trazem consigo a ideia de Deus, identificando-se de modo geral nesse sagrado princípio.

Os cultos terrestres, porém, são exteriorizações desse princípio divino, dentro do mundo convencional, depreendendo-se daí que a Verdade é uma só, e que as seitas terrestres são materiais de experiências e de evolução, dependendo a preferência de cada um do estado de evolutivo em que se encontre no aprendizado da existência humana, e salientando-se que a escolha está sempre de pleno acordo com o seu estado íntimo, seja na viciosa tendência de repousar nas ilusões do culto externo, seja, pelo esforço sincero de evoluir, na pesquisa incessante da edificação divina.

297 –Considerando que a convenção social confere aos sacerdotes das seitas cristãs certas prerrogativas na realização de determinados acontecimentos da vida, como interpretar as palavras de Mateus: - “Tudo o que ligardes na Terra, será ligado no Céu”, se os sacerdotes, tantas vezes, não se mostram dignos de falar no mundo em nome de Deus?

– Faz-se indispensável observar que as palavras do Cristo foram dirigidas aos apóstolos e que a missão de seus companheiros não era restrita ao ambiente das tribos de Israel, tendo a sua divina continuação além das próprias atividades terrestres. Até hoje, os discípulos diretos do Senhor têm a sua tarefa sagrada, em cooperação com o Mestre Divino, junto da Humanidade – a Israel mística dos seus ensinamentos.

Os méritos dos apóstolos de modo algum poderiam ser automaticamente transferidos aos sacerdotes degenerados pelos interesses políticos e financeiros de determinados grupos terrestres, depreendendo-se daí que a Igreja Romana, a que mais tem abusado desses conceitos, uma vez mais desviou o sentido da lição do Cristo.

Importa, porém lembrarmos neste particular a promessa de Jesus, de que estaria sempre entre aqueles que se reunisse sinceramente em seu nome.
Nessas circunstâncias, os discípulos leais devem manter-se em plano superior ao do convencionalismo terrestre, agindo com a própria consciência e com a melhor compreensão de responsabilidade, em todos os climas do mundo, porquanto, desse modo, desde que desenvolvam atuação no bem, pelo bem e para o bem, em nome do Senhor, terão seu atos evangélicos tocados pela luz sacrossanta das sanções divinas.

298 – Considerando que as religiões invocam o Evangelho de Mateus para justificar a necessidade do batismo em suas características cerimoniais, como deverá proceder ao espiritista em face desse assunto?

– Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem compreender que o batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificado da família.

Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços sejam santificados no trabalho de conduzir as almas a elas confiadas no instituto familiares, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação.

299 – Qual o procedimento a ser adotado pelos espiritistas na consagração do casamento, sem ferir as convenções sociais, reflexas dos cultos religiosos?

– Os cultos religiosos, em sua feição dogmática, são igualmente transitórios, como todas as fórmulas do convencionalismo humano.

Que o espiritista sincero e cristão, assumido os seus compromissos conjugais perante as leis dos homens, busque honrar a sua promessa e a sua decisão, santificando o casamento com o rigoroso desempenho de todos os seus deveres evangélicos, ante os preceitos terrestres e ante a imutável lei divina que vibra em sua consciência cristianizada.

300 –Como interpretar a missa no culto externo da Igreja Católica?

– Perante o coração sincero e fraternal dos crentes, a missa idealizada pela igreja de Roma deve ser um ato exterior, respeitável para nós outros, como qualquer cerimônia convencionalista do mundo, que exija a mútua consideração social no mecanismo de relações superficiais da Terra.

A Igreja de Roma pretende comemorar, com ela, o sacrifício do Mestre pela Humanidade; todavia, a cerimônia se efetua de conformidade com aposição social e financeira do crente.

Ocorrem, dessa maneira, as missas mais variadas, tais como a: “do galo”, a “nova”, a” particular”, a” pontifical”, a “das almas”, a “seca”, a “cantada”, a “chã”, a “campal”, etc., adstritas a um prontuário tão convencionalista e tão superficial, , que é de admirar a adaptação ao seu mistifório, por parte do sacerdote inteligente e afeito à sinceridade.

301 –As aparições e os chamados milagres relacionados na história da origem das igrejas são fatos de natureza mediúnica?

– Todos esses acontecimentos, classificados no domínio do sobrenatural, foram fenômenos psíquicos sobre os quais se edificaram as igrejas conhecidas, fatos esses que o Espiritismo veio a catalogar e esclarecer, na sua divina missão de Consolador.

354 –Poder-se-á definir o que é ter fé?

– Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.

Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.

Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.

355 –Será fé acreditar sem raciocínio?

– Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.

356 –A dúvida racionada, no coração sincero, é uma base para a fé?

– Toda dúvida que se manifesta na alma cheia de boa-vontade, que não se precipita em definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a alma, na marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.

357 –É justa a preocupação dominante em muitos estudiosos do Espiritismo, pelas revelações do plano superior, a título de enriquecimento da fé?

– Toda curiosidade sadia é natural. O homem, no entanto, deve compreender que a solução desses problemas lhe chegará naturalmente, depois de resolvida a sua situação de devedor ante os seus semelhantes, fazendo-se, então, credor das revelações divinas.

358 –Para os Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de fé, qual o melhor bem da vida humana?

– A vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção espiritual, apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência das lutas, esforços e sacrifícios de cada espírito. Para nós outros, porém, o tesouro maior da existência terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no cumprimento de todos os deveres mais elevados.

359 –Nas cogitações da fé, o Espírito encarnado deve restringir suas divagações ao limite necessário às suas experiências na Terra?

– Pelo menos, é justo que somente cogite das expressões transcendentes ao seu meio, depois de realizar todo o esforço de iluminação que o mundo lhe pode proporcionar nos seus processos de depuração e aperfeiçoamento.

360 –Qual deve ser a ação do espiritista em face dos dogmas religiosos?

– Os novos discípulos do Evangelho devem compreender que os dogmas passaram. E as religiões literalistas, que os construíram, sempre o fizeram simplesmente em obediência a disposições políticas, no governo das massas.

Dentro das novas expressões evolutivas, porém, os espiritistas devem evitar as expressões dogmáticas, compreendendo que a Doutrina é progressiva, esquivando-se a qualquer pretensão de infalibilidade, em face da grandeza inultrapassável do Evangelho.

361 –Na propaganda da fé, é justo que os espíritas ou os médiuns estejam preocupados em converter aos princípios da Doutrina os homens de posição destacada no mundo, como os juízes, os médicos, os professores, os literatos, os políticos, etc.?

– Os espiritistas cristãos devem pensar muito na iluminação de si mesmos, antes de qualquer prurido, no intuito de converter os outros.

E, ao tratar-se dos homens destacados no convencionalismo terrestre, esse cuidado deve ser ainda maior, porquanto há no mundo um conceito soberano de “força” para todas as criaturas que se encontram nos embates espirituais para a obtenção dos títulos de progresso. Essa “força” viverá entre os homens até que as almas humanas se compenetrem da necessidade do reino de Jesus em seu coração, trabalhando por sua realização plena. Os homens do poder temporal, com exceções, muitas vezes aceitam somente os postulados que a “força” sanciona ou os princípios com que a mesma concorda. Enceguecidos temporariamente pelos véus da vaidade e da fantasia, que a “força” lhes proporciona, faz-se mister deixá-los em liberdade nas suas experiências. Dia virá em que brilharão na Terra os eternos direitos da verdade e do bem, anulando essa “força” transitória. Ainda aqui, tendes o exemplo do Divino Mestre para todos os tempos, não teve a preocupação de converter ao Evangelho os Pilatos e os Ântipas do seu tempo.


Além do mais, o Espiritismo, na sua feição de Cristianismo redivivo, não deve nutrir a pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo, quando sabe muito bem que a sua missão divina há de cumprir-se junto das almas, nos legítimos fundamentos do Reino de Jesus.

ESTUDO EVANGÉLICO 56 - LIVRO PALAVRAS DE VIDA ETERNA - TEMA: #"JESUS E PAZ"

ESTUDO EVANGÉLICO

Livro: Palavras de Vida Eterna

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

ESTUDO 56

"JESUS E PAZ"

"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo
a dá
 ..."- Jesus (JOÃO, 14:27)

Não podemos confundir a paz do mundo com a paz de Jesus, porque existe muita diferença entre elas.

É comum, entre nós, confundir a idéia de paz com a idéia de silêncio, descanso, sossego, etc.

É por isso, que em mundos inferiores, como o nosso, paz costuma ser preguiça rançosa, como diz Emmanuel, e a calma que podemos presenciar, pode não passar de estacionamento dos seus habitantes.

Em mundos de prova e expiação como a Terra, o acordo de paz entre as nações costuma representar o silêncio provisório das armas, o cessar fogo temporário.

Para algumas pessoas, paz é não ter obrigações, não ter que cumprir horários, não conhecer disciplinas de modo a supor que vivem em liberdade.

Para muitas pessoas abastadas inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz, é ter de tudo, conforto material, facilidades econômicas, prestígio social, dessa forma sentem-se com o poder.

Nos planos mais altos, a serenidade significa trabalho ativo no Bem, buscando a perfeição.

Temos em Jesus o exemplo da verdadeira paz. Desde o nascimento na estrebaria, tendo como berço uma manjedoura, sempre demonstrou paz, em todas as situações nas quais se viu perseguido.

Exerceu a sua missão tranqüilamente, amando e servindo a todos que O procuravam, necessitados de todos os tipos.

Quando abandonado pelos companheiros, preso injustamente, e levado à crucificação, esteve sempre imperturbável, envolvido em paz sublime.

Paz verdadeira é a do Cristo, porque propõe trabalho ativo e continuado para o bem; é a que ensina o cumprimento dos deveres como parte da autodisciplina; é a que sabe tirar proveito das dificuldades materiais e sociais, sem a elas acomodar-se lutando com firmeza para vencer as provas.

A paz que vem de Jesus é inconfundível, é a que permite enfrentar todos os testemunhos, sem propostas de fuga, mas com o entendimento necessário de que as Leis Divinas são justas, que temos e sofremos as situações que precisamos para o nosso aperfeiçoamento.

Dando a sua paz aos discípulos, Jesus lhes dava a consciência do dever cumprido, a força da fé, a ventura da esperança.

A paz do Cristo é muito diferente da paz que o mundo oferece. Somente o Senhor pode conceder ao Espírito a paz verdadeira.

Paz do Espírito é segurança íntima, é serviço renovador.

A paz de Jesus é o serviço do bem eterno em permanente evolução.


Bibliografia:    

"Vinha de Luz", Emmanuel / F.C.Xavier, lição 105


Maria Aparecida Ferreira Lovo
Março / 2006


Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br

Ribeirão Preto (SP)

ESTUDO 72 O LIVRO DOS MÉDIUNS - SEGUNDA PARTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS – CAPITULO XVI - MÉDIUNS ESPECIAIS 190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.

O LIVRO DOS MÉDIUNS


(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)

Por

ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.


SEGUNDA PARTE


DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS


CAPITULO XVI


MÉDIUNS ESPECIAIS


Estudo 72 - 190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.

Médiuns videntes: os que, em estado de vigília, veem os Espíritos. A visão acidental e fortuita de um Espírito, numa circunstância especial, é muito frequente, mas, a visão habitual ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é excepcional. (N. 167.)

Em nota Allan Kardec explica: "É uma aptidão a que se opõe o estado atual dos órgãos visuais. Por isso é que cumpre nem sempre acreditar na palavra dos que dizem ver os Espíritos”.

Afirma Allan Kardec que “(...) A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos muito frequente de ver qualquer Espírito que se apresente, ainda que seja absolutamente estranho ao vidente. A posse dessa faculdade é que constitui propriamente falando, o médium vidente(...)”.

No livro Mediunidade o professor Herculano Pires esclarece que “(...) a vidência, como todas as formas de mediunidade, pode ocorrer ocasionalmente a qualquer pessoa, mas a sua ação permanente, nos casos de mediunato, pode bloquear a razão e excitar o misticismo. Nesses casos o místico está sujeito a enganos fatais. O espírito encarnado está condicionado à vida do plano material, não dispondo de segurança para lidar com os problemas do plano espiritual. No desdobramento, com fins de pesquisa no outro plano, esse problema se agrava, pois o deslocamento do espírito para um campo de ação que não é o seu, durante a encarnação, o coloca no plano espiritual como um estrangeiro que precisaria de um tempo para ajustar-se a ele. Por isso Kardec preferiu o estudo e a investigação através das manifestações mediúnicas, onde é possível controlar-se a legitimidade das informações dadas pelos habitantes do plano espiritual.

Ressalta ainda o autor que Charles Richet, o fundador da metapsiquica, levantou o problema do condicionamento da vidência à crença do vidente. Relembra também que Frederic Myers demonstrou que a nossa mente está condicionada para a interpretação das percepções sensoriais. A consciência supraliminar, onde funciona a nossa mente de relação, está voltada para as condições do mundo em que vivemos, e que a consciência subliminar, que equivale ao inconsciente, destina-se a funcionar normalmente na vida futura, ou seja, no plano espiritual.

Para Allan Kardec nada disso passou despercebido, como se pode ver nos relatos de pesquisa nas comunicações mediúnicas de encarnados que se encontram na Revista Espírita. Os próprios espíritos recém-desencarnados referem-se às dificuldades que enfrentam para adaptar-se as condições do mundo espiritual.

Como entender a existência do mediunato de vidência? A razão nos mostra, ressalta o prof. Herculano Pires, que esse mediunato jamais será concedido para aventuras de Espíritos encarnados no plano espiritual, porque isso seria condenar o médium a uma situação de dualidade perigosa na vida terrena. Esse mediunato existe, afirma ele, para fins de auxílio às pesquisas ou para demonstrações da verdade espírita, mas não para criar condições anômalas no campo mediúnico.

Todas essas reflexões nos levam a entender a mediunidade de vidência como uma tarefa que está, como as outras, condicionada ao aspecto moral, a uso que o médium dela fará, considerando a sua condição moral. Sabemos que é uma expressão mediúnica que coloca o médium em evidência, daí a necessidade de cuidados.

Relembramos Allan Kardec: “(...) A faculdade de ver os Espíritos pode, sem dúvida, se desenvolver, mas é uma dessas faculdades cujo desenvolvimento deve processar-se naturalmente, sem que se provoque, se não quiser expor-se às ilusões da imaginação. Quando temos o germe de uma faculdade, ela se manifesta por si mesmo. Devemos, por princípio, contentar-nos com aquelas que Deus nos concedeu, sem procurar o impossível, porque, então, querendo ter demais, arrisca-se a perder o que tem (...)”

O Codificador chama a atenção também para o fato de que médiuns videntes, propriamente ditos, são ainda mais raros e que é prudente não lhes dar fé senão mediante provas positivas. Algumas pessoas podem, sem dúvida, enganar-se de boa-fé, mas outras podem simular essa faculdade por amor próprio ou interesse e nesse caso, deve-se levar em conta o caráter, a moralidade e a sinceridade habituais da pessoa.

Bibliografia:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XVI - 2ª Parte – itens 167 e 190

BIGHETTI, Leda Marques – Educação Mediúnica “Teoria e Prática” 1º volume: 1.ed Ribeirão Preto: BELE, 2005 – pág 208 a 210

PIRES, José Herculano – Mediunidade: 1.ed. São Paulo: PAIDÉIA,1986 - Cap III
           
Tereza Cristina D'Alessandro
Outubro/2007

Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto - SP  

*#Ceu inferno_068_2ª parte cap. VI - Criminosos Arrependidos – Lemaire*

*Ceu inferno_068_2ª parte cap. VI - Criminosos Arrependidos – Lemaire*

*ESTUDO*

Condenado à pena última pelo júri de Aisne, e executado a 31 de dezembro de 1857. Evocado em 29 de janeiro de 1858.

1. - Evocação

R. Aqui estou.

2. - Vendo-nos, que sensação experimentais?

R. A da vergonha.

3. - Retivestes os sentidos até o último momento?

R. Sim.

4. - Após a execução tivestes imediata noção dessa nova existência?

R. Eu estava imerso em grande perturbação, da qual, aliás, ainda me não libertei. Senti uma dor imensa, afigurando-se-me ser o coração quem a sofria. Vi rolar não sei quê aos pés do cadafalso; vi o sangue que corria e mais pungente se me tornou a minha dor.

- P. Era uma dor puramente física, análoga à que proviria de um grande ferimento, pela amputação de um membro, por exemplo?

R. Não; figurai-vos antes um remorso, uma grande dor moral.

5. - Mas a dor física do suplício, quem a experimentava: o corpo ou o Espírito?

R. A dor moral estava em meu Espírito, sentindo o corpo a dor física; mas o Espírito desligado também dela se ressentia.

6. - Vistes o corpo mutilado?

R. Vi qualquer coisa informe, à qual me parecia integrado; entretanto, reconhecia-me intacto, isto é, que eu era eu mesmo...

P. Que impressões vos advieram desse fato?

R. Eu sentia muito a minha dor, estava completamente ligado a ela.

7. - Será verdade que o corpo viva ainda alguns instantes depois da decapitação, tendo o supliciado a consciência das suas ideias?

R. O Espírito retira-se pouco a pouco; quanto mais o retêm os laços materiais, menos pronta é a separação.

8. - Dizem que se há notado a expressão da cólera e movimentos na fisionomia de certos supliciados, como se estes quisessem falar; será isso efeito de contrações nervosas, ou um ato da vontade?

R. Da vontade, visto como o Espírito não se tem desligado.

9. - Qual o primeiro sentimento que experimentastes ao penetrar na vossa nova existência?

 R. Um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente cuja causa ignorava.

10. - Acaso vos achastes reunido aos vossos cúmplices concomitantemente supliciados?

R. Infelizmente, sim, por desgraça nossa, pois essa visão recíproca é um suplício contínuo, exprobrando-se uns aos outros os seus crimes.

11. - Tendes encontrado as vossas vítimas?

R. Vejo-as.... são felizes; seus olhares perseguem-me... sinto que me varam o ser e debalde tento fugir-lhes.

P. Que impressão vos causam esses olhares?

R. Vergonha e remorso. Ocasionei-os voluntariamente e ainda os abomino.

P. E qual a impressão que lhes causais vós?

R. Piedade, é sentimento que lhes apreendo a meu respeito.

12. - Terão por sua vez o ódio e o desejo de vingança?

R. Não; os olhares que volvem lembram-me a minha expiação. Vós não podeis avaliar o suplício horrível de tudo devermos àqueles a quem odiamos.

13. - Lamentais a perda da vida corporal?

R. Apenas lamento os meus crimes. Se o fato ainda dependesse de mim, não mais sucumbiria.

14. - O pendor para o mal estava na vossa natureza, ou fostes ainda influenciado pelo meio em que vivestes?

R. Sendo eu um Espírito inferior, a tendência para o mal estava na minha própria natureza. Quis elevar-me rapidamente, mas pedi mais do que comportavam as minhas forças. Acreditando-me forte, escolhi uma rude prova e acabei por ceder às tentações do mal.

15. - Se tivésseis recebido sãos princípios de educação, ter-vos-íeis desviado da senda criminosa?

R. Sim, mas eu havia escolhido a condição do nascimento.

- P. Acaso não vos poderíeis ter feito homem de bem?

 R. Um homem fraco é incapaz, tanto para o bem como para o mal. Poderia, talvez, corrigir na vida o mal inerente à minha natureza, mas nunca me elevar à prática do bem.

16. - Quando encarnado acreditáveis em Deus?

R. Não.

P. Mas dizem que à última hora vos arrependeste....

R. Porque acreditei num Deus vingativo, era natural que o temesse...

P. E agora o vosso arrependimento é mais sincero?

R. Pudera! Eu vejo o que fiz...

P. Que pensais de Deus então?

R. Sinto-o e não o compreendo.

17. - Parece-vos justo o castigo que vos infligiram na Terra?

R. Sim.

18. - Esperais obter o perdão dos vossos crimes?

R. Não sei.

P. Como pretendeis repará-los?

R - Por novas provações, conquanto me pareça que uma eternidade existe entre elas e mim.

19. - Onde vos achais agora?

R. Estou no meu sofrimento.

P. Perguntamos qual o lugar em que vos encontrais...

R. Perto da médium.

20. - Uma vez que assim é, sob que forma vos veríamos, se tal nos fosse possível?

R. Ver-me-íeis sob a minha forma corpórea: a cabeça separada do tronco.

P. Podereis aparecer-nos?

R. Não; deixai-me.

21. - Poderíeis dizer-nos como vos evadistes da prisão de Montdidier?

R. Nada mais sei... é tão grande o meu sofrimento, que apenas guardo a lembrança do crime... Deixai-me.

22. - Poderíamos concorrer para vos aliviar desse sofrimento?

R. Fazei votos para que sobrevenha a expiação.

*QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO*

1) Na sua opinião, a pena de morte trouxe algum benefício moral para este espírito?

2) De que outra forma ele poderia ter atingido o mesmo resultado?

3) Por que o espírito acredita que escolheu mal sua prova?

4) Por que Deus permitiu que, mesmo sabendo-o incapaz, ele tentasse algo para o qual se julga, agora, fraco?

*CONCLUSÃO*

1) Não. Apenas aumentou seu sofrimento, pois ele ainda se apresentava com a cabeça separada do corpo, como se a ele ainda estivesse ligado a seu espírito.

2) Poderia ter se arrependido antes do desencarne por sua própria conta ou por ser castigado com a prisão, conforme as leis humanas, e depois de sua morte natural quando seu espírito teria uma visão geral do que fizera e cairia em si pelo mal que causou, arrependendo-se então.

3) Porque se deu conta que ela foi demasiadamente pesada para a condição moral que ele tinha, ou seja, avaliou mal suas próprias condições. Isso pode acontecer porque quando estamos na erraticidade, muitas vezes, nos julgamos mais fortes, pois estamos afastados das dificuldades inerentes à encarnação.


4) Para que ele mesmo chegasse a essas conclusões. Por ser ainda um espírito atrasado, somente vivenciando a experiência da própria incapacidade, aprenderia a real dificuldade que teria, conheceria sua aptidão para suportar determinadas provas e, assim, Deus, na sua infinita misericórdia, nos proporciona esse autoconhecimento através da nossa própria ação.

XXII - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAPÍTULO III: HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI = ITENS 6 E 7: DESTINO DA TERRA E CAUSAS DA MISÉRIA HUMANA

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - XXII

CAPÍTULO III: HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

ITENS 6 E 7: DESTINO DA TERRA E CAUSAS DA MISÉRIA HUMANA


Vivemos em um mundo de expiação e de provas; fazemos parte de uma humanidade ainda muito presa aos valores e prazeres materiais, com dificuldades de perceber os prazeres espirituais.

O bem e o mal estão tão mesclados e o mal é tão evidenciado e difundido, que muitas pessoas não conseguem visualizar as coisas boas da Terra e renegam até a existência de Deus. Entregam-se muitos a um pessimismo ou a uma acomodação aos seus males e misérias, nada fazendo para diminuí-los e eliminá-los. Vivem na busca das suas satisfações pessoais, seja a que preço for, ou fecham os olhos e os corações, isolando-se o quanto possível do contato com os considerados maus e inferiores.

Explica Kardec que esse julgamento é decorrente "de uma visão muito estreita que dá uma falsa idéia do conjunto." Esquecem essas pessoas que a espécie humana não está contida somente neste mundo. O Universo é infinito, expande-se continuamente e nele há muitos mundos habitados por seres dotados de razão, que fazem parte de espécie humana.

Aqui habitam espíritos rebeldes às leis do amor, que têm imensa dificuldade de compreender, aceitar e vivenciar as leis divinas. Portanto, é uma "pequena fração" da humanidade que aqui se encontra. Não se pode julgar o todo de algo, quando se conhece apenas uma pequena parte.

Seria bom, neste momento, uma releitura dos estudos 16 e 17 ou dos itens 5, 6 e 7: O Ponto de Vista, do capítulo II deste livro que estudamos, onde é bem evidenciada a necessidade de analisar-se tudo a partir do ponto de vista da vida contínua, infinita, ampliando-se o pensamento a novos horizontes.

A vida não se resume a uma existência na Terra e a espécie humana não se resume aos habitantes da Terra.

Assim, aqui permanece, nos planos material e espiritual, apenas uma pequena parte da população universal: os que, em fazendo sua evolução, mostram-se rebeldes e difíceis à leis universais do amor e da caridade. Permaneceremos aqui até merecermos um mundo melhor, que poderá ser aqui mesmo, quando a Terra se tornar um mundo de regeneração.

Devemos, pois, raciocinar, na análise das misérias, enfermidades, violências, maldades, sobre a qualidade dos espíritos que para cá vieram. Dessa maneira, vamos perceber diversas coisas:

- Embora mundo apropriado para expiação e provas de seus habitantes, uma penitenciária, podemos assim chamar, gozamos de uma liberdade que nos permite escolher nosso caminho e transformar esse mundo, melhorando-o. É, pois, uma penitenciária especial!

-É um mundo cheio de belezas naturais, nas quais incluímos o corpo que nos possibilita aqui viver. Há beleza por toda parte, olhando para cima, para baixo, para os lados: só não vê quem vive de olhos fechados ao belo. Nele, podemos desenvolver nossa sensibilidade.

- Ele nos oferece oportunidades mil de experiências, agradáveis umas, desagradáveis outras, mas todas auxiliando nosso burilamento espiritual: é uma escola, com professores e alunos, que somos todos nós, lições a todo o tempo, em qualquer lugar que se esteja, lições vivas, na prática, fornecendo elementos para raciocínios teóricos que possam esclarecer a todos sobre nosso destino e o da Terra. Há repetências para corrigir-se os erros, aprender coisas novas... É a escola que necessitamos.

- Nela podemos curar nossas doenças espirituais, maiores causas das doenças físicas: a Terra é um hospital, onde recebemos os tratamentos, muitas vezes duros, dolorosos, mas são os que precisamos para recuperar e obter a saúde. Todo sofrimento é válido quando proporciona bem-estar, paz e alegria.

- Por sermos seres sociais, precisamos uns dos outros, simpáticos ou não e vivemos numa sociedade de indivíduos bastante diferenciados. Quanto benefício essa dependência de uns para com os outros nos traz, na convivência de amigos, na transformação de inimigos em amigos, na conquista de novos amigos. Como somos beneficiados no relacionamento social que este planeta nos proporciona!

A Terra é um mundo para espíritos imperfeitos e rebeldes, que aqui encontram as condições ideais para continuarem seu desenvolvimento espiritual nos caminhos do amor, transformando os sentimentos negativos em positivos. Por ser um mundo de contrastes, onde convivemos tanto com o bem quanto com o mal, ele nos oferece campo para novos raciocínios, novas experiências e novos aprendizados.

Lembremo-nos sempre de que trazemos em nós inúmeras enfermidades, tais como orgulho, egoísmo, ambição, maldade, ódio, malquerença, etc. A Terra é o mundo que nos oferece, exatamente, as condições que precisamos para transformarmo-nos em pessoas melhores para nós, para os outros e para o mundo que nos acolhe.

Penitenciária, escola, hospital, ela vai, assim como nós, transformar-se em um mundo de paz na dependência do trabalho e esforço dos seus habitantes.


Bibliografia

1 Allan Kardec: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Livro primeiro: Capítulo III, CRIAÇÃO, V Pluralidade Dos Mundos. Capítulo IV, PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, III e IV: Encarnação nos Diferentes Mundos e Transmigração Progressiva. Capítulo VI, VIDA ESPÍRITA, I e II: Espíritos Errantes e Mundos transitórios.

2 Emmanuel: A Caminho da Luz, capítulo III: As Raças Adâmicas.


Leda de Almeida Rezende Ebner
Março / 2003


Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)


O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.