O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – XVII
CAPÍTULO II: MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
ITENS 6 E 7: O PONTO DE VISTA
PARTE 2
No estudo anterior vimos como a aceitação do fato da continuidade da
vida dá ao homem o equilíbrio e a serenidade para melhor compreender os
reveses, as dificuldades do viver na Terra, auxiliando-o a não
supervalorizá-los, a compreendê-los, aceitá-los, como desafios próprios do
viver na Terra, tendo em vista que aqui estamos de passagem.
Isso não quer dizer que vamos desprezar as coisas materiais, valorizando
apenas a espirituais. Não, isso não acontece, visto que o homem traz em si o
impulso do progresso e da sobrevivência buscando sempre o seu bem-estar e a
melhoria do ambiente onde vive.
“Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever e com
isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim.
Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa,
consolando-se, facilmente, de seus reveses, ao pensar no destino que o
aguarda.”
A aceitação da vida futura estimula o desenvolvimento da inteligência na
busca dos bens materiais, no uso desses prazeres, mas sem prejuízo das
necessidades espirituais. Quando Jesus declarou: O meu reino não é deste mundo,
referia-se à predominância da valorização que o homem dá aos bens e prazeres
materiais, em detrimento dos interesses da alma, que o leva a desenvolver em si
o orgulho, o egoísmo e suas consequências.
Aquele que compreende a vida futura valoriza os bens e prazeres da Terra
pelos benefícios que eles lhe trazem à alma, como meios de enriquecimento
espiritual, colocando as necessidades espirituais acima das necessidades
materiais.
Vive-se na Terra para desenvolver as potencialidades do Espírito imortal
e essa aceitação leva o homem a dar às coisas da Terra o valor relativo que
elas têm para se atingir aquela finalidade.
Kardec faz uma comparação simples e esclarecedora. Escreve que o homem “que
se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena
soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida
terrestre é como o pobre que, ao perder tudo o que possui cai em desespero.”
Ele usa de duas situações próprias do viver na Terra, para mostrar que aquele
que compreende a vida futura age em qualquer circunstância, como o rico que não
se abala com a perda de uma quantia de dinheiro que não lhe faz falta. Se
vivemos eternamente, por que se desesperar com essa ou aquela situação mais difícil?
O que significa tal fato no viver eternamente?
O espiritismo veio, justamente, demonstrar a realidade da vida
espiritual, na comprovação da existência do mundo espiritual, ampliando a
compreensão do processo evolutivo do homem. A vida na Terra é apenas uma
passagem, importante para o aprendizado e crescimento espiritual, mas apenas um
“elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador.”
O espiritismo “revela a solidariedade que liga todas as existências de
um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos”,
oferecendo “uma base e uma razão de ser à fraternidade universal.” “Essa
solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando
apenas consideramos uma parte.”
Os esclarecimentos do espiritismo a respeito da vida futura fornecem ao
homem uma visão muito mais ampla e profunda da vida, do ser, da dor, do
sofrimento, das leis divinas.
Precisamos estudar refletir, analisar, enfim apreender o melhor possível
à idéia de vida eterna, esclarecida pelo espiritismo, introduzi-la dentro de nós,
de tal forma que nada sintamos, pensemos e façamos sem sua presença, sem seu
norteamento, sem seu direcionamento. Só assim seremos capazes de sentirmo-nos
serenos e tranqüilos, confiantes em Deus, em Jesus, diante dos revezes, dos
sofrimentos próprios do viver de Espíritos ainda muito imperfeitos em um mundo
também imperfeito.
Somente com a certeza da vida futura podemos aproveitar melhor a vida
presente, o momento presente, porque ela nos faz olhar dentro e ao redor de
nós, com olhos de esperança, de solidariedade, de confiança em Deus, em Jesus,
em nós e nos homens.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Outubro / 2002
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)
Ribeirão Preto (SP)
O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA
esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de
Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da
família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros
em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.
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