O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – XIV
CAPÍTULO II: MEU
REINO NÃO É DESTE MUNDO
ITENS 2 E 3: A VIDA
FUTURA
Todo o ensino de Jesus
tem de ser compreendido, tendo em vista a vida como inerente ao Espírito
encarnado, sobrevivendo à morte do corpo físico.
Sem esta certeza, muitos dos ensinos de Jesus se tornam incompreensíveis
e por isso impossíveis de serem seguidos, razão pelo qual Kardec afirma ser
esse dogma – entendido como verdade – o ponto central do ensinamento do Cristo.
Este fato é a base sobre a qual se ergue toda a moral do Cristo. Somente
a sua aceitação torna possível o entendimento e o esforço na prática dos seus
preceitos.
Uma amiga católica apostólica romana, que participa das atividades religiosas
de sua igreja, regularmente, me dizia da sua emoção toda semana ao assistir a
missa e quando recebe a hóstia. Chora, sente dentro de si sentimentos tão
sublimes que se sente em estado de graça. Sente-se integrada na sua religião. Todavia,
completando ou prestes a completar cinqüenta e quatro anos de idade, começara a
questionar-se: " Meus Deus, daqui a pouco eu me encontrarei junto de Vós,
e não me sinto em condições para tal. Há tanta coisa dentro de mim que não
consegui modificar... Como poderei chegar deste jeito junto de Vós?"
"E concluí - continuou ela - que na vida além da morte deve existir algo
que nos leva a continuar progredindo, não sei se pela reencarnação ou por
outros meios, mas deve existir maneiras de continuarmos nos melhorando."
É alguém que, aceitando a vida futura, busca entendê-la, desligada dos
conceitos materiais, que conseguiu entender a mensagem do CRISTO.
O argumento que mais me toca em relação à imortalidade do Espírito é
pensar nos milhões de anos necessários para a existência do homem de hoje, com
seu corpo, sua mente, sua inteligência, suas capacidades criativas e práticas.
Tanto tempo para um homem viver uns poucos anos na Terra, sonhar, lutar, amar,
trabalhar e. Desaparecer para sempre!?
Minha razão não me permite aceitar tal ideia; não posso, pois, duvidar,
nem por um momento da pré-existência da alma e da continuidade da vida após a
morte do corpo.
Esta certeza nos faz compreender os absurdos da vida terrestre e a conseqüente
harmonização com a justiça de Deus, como diz Kardec neste texto.
Jesus, implicitamente, demonstrou pelos seus ensinos, que a vida futura
é um "princípio, uma lei da natureza, a qual ninguém pode escapar."
Por isso, todos os cristãos a aceitam, embora não tenham uma ideia clara sobre
ela. Os judeus também a aceitavam, sem maiores indagações, acreditando nos
anjos como seres especiais, criados à parte por Deus. Acreditavam que
observando os mandamentos de Deus, seriam recompensados com bens materiais e
com a supremacia de sua nação sobre as demais, pela vitória sobre os inimigos.
Mas Jesus também, explicitamente, demonstrou a realidade da vida após a
morte, quando apareceu e conversou com Maria de Madalena, à beira do túmulo,
onde fora sepultado seu corpo, e continuando a aparecer e conversar mais vezes.
Foi com esse fato que os discípulos se reergueram do abatimento, da
derrubada dos seus ideais com a morte do Messias. Viram na chamada ressurreição
a confirmação dos seus ensinos, e se jogaram na vivência e na divulgação dos
mesmos. Tornaram-se gigantes, confiantes na vida futura, não se importando de
morrer pela causa, visto que continuariam vivos no além.
Por não aceitarem a vida além da morte, muitos não conseguem entender os
ensinos de Jesus, julgando-os impraticáveis pelo homem. Outros, mesmo aceitando
a imortalidade do espírito, mas não tendo a compreensão dessa continuidade,
julgam a vivência dos seus ensinos apenas para os santos, não para o homem
comum.
Somente o espiritismo, vindo quando o homem, mais amadurecido em
inteligência e sensibilidade, teria capacidade para compreender e perceber,
pôde trazer a prova da existência da continuidade da vida, demonstrando a
existência do mundo espiritual, com suas leis e seus habitantes (espíritos
desencarnados).
A vida futura deixou de ser algo impreciso, para constituir-se numa
realidade observada e apreendida por qualquer pessoa, que se disponha a estudar
através das obras de Allan Kardec e dos relatos dos espíritos que já viveram na
Terra, que continuam a manifestarem-se através dos médiuns.
A vida futura "é uma realidade material provada pelos fatos" e
é em função dela que devemos entender a mensagem de Jesus, vivendo na Terra,
usufruindo dos seus recursos, participando de tudo que ela possa no oferecer,
mas sempre tendo por base a continuidade do viver eternamente.
Quando aceitamos a continuidade da vida, não podemos mais viver de
maneira leviana e inconsequente: Jesus veio, justamente, mostrar a nossa
responsabilidade no progresso que temos de fazer em nós e ao redor de nós.
Se aceitamos Jesus como o maior mensageiro de Deus na Terra, nosso
guia, nosso modelo, temos de aceitar também seus ensinos, esforçando-nos em
vivenciá-los em nosso viver.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Julho / 2002
Centro
Espírita Batuira
Ribeirão Preto (SP)
O CENTRO
ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela
Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida
AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS,
conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.
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