Entre a Terra e o Céu _07_Consciência em Desequilíbrio
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das obras de André Luiz
Livro em estudo: Entre a Terra e o Céu
Tema: Consciência em Desequilíbrio
Referência: Capítulo VII
Trecho do Capítulo
(...)
Agora, conseguíamos reparar o ancião desencarnado com mais atenção. Conservando integrais remanescentes da vida física, abatido e trêmulo, parecia inquieto, dementado...
Tentávamos debalde uma aproximação
Não nos via.
Lembrei meu companheiro que poderíamos densificar o nosso veículo, pela concentração da vontade, e apressamo-nos na providência.
Em momentos breves, fornecendo a impressão de recém-chegados, atraímos-lhe o interesse.
O velhinho precipitou-se para nós, exclamando:
_ São oficiais ou praças? Estão pró ou contra?
Aquele olhar esgazeado era efetivamente o de um louco.
(...)
_ Quem trouxe aqui a idéia de perdoar? Em que ponto situaria na questão? Devo perdoar ou ser perdoado? Não entendo a necessidade de discussão em torno do assunto como esse entre fraca mulher e três crianças... Comentários dessa natureza devem ser reservados para pessoas aflitas como eu, que trazem um vulcão no centro do crânio...
(...)
Depois de passar as mãos pelo rosto, enxugando as lágrimas, continuou:
_ Ó senhores, por quem são! ... Ainda mesmo que o meu erro fosse tão clamoroso assim,. Tanto tempo de convívio com este monstro a fitar-me, imperturbável, não bastaria à expiação que me compete ao resgate? Se eu confessasse o crime e me demorasse por menos tempo no cárcere, não estaria redimido, diante dos tribunais?
(...)
_ Acalme-se, meu irmão! Quem de nós não terá desacertado no caminho da vida? Sua dor não é única... Também nós trazemos o espírito pejado de aflitivas recordações. As lágrimas de desesperação desajudam a alma...
(...)
Quando o infortunado ancião procurava abraçar-me, Clarêncio chegou, guiando a outra pupila que nos acompanharia na excursão.
Simpática e humilde, após cumprimentar-nos, manteve-se a distância. O mentor, num átimo, compreendeu o que se passava. Vimo-lo concentrar-se por momentos, densificando-se para auxiliar com mais presteza.
Saudado pelo velhinho, afagou-lhe a fronte e avisou-nos:
_ Permanece dementado. A mente dele fixou-se em recordações que o obsecam.
(...)
_ Que procura, meu irmão?
_ Venho suplicar o socorro de Antonina, minha neta. É a única pessoa que se lembra de mim com amor... Dentre os numerosos membros de minha família, só ela me oferece asilo na oração...
(...)
_ Temos aqui nosso irmão Leonardo Pires, desencarnado há cerca de vinte anos (...) Desencarna , valentudinário; todavia, no leito de morte, reconhece que a lembrança do crime lhe castiga o mundo interior... Olvida quase todos os demais episódios da existência para centralizar-se apenas nesse (...)
Comentário:
Neste capítulo há a narração sobre o episódio de Leonardo Pires, o qual, face a questões da paixão do corpo físico, mata companheiro de exercito por causa de uma mulher, a qual depois ele abandona e casa-se com outra. Ao final da vida, no leito de morte, ao recordar-se da existência fixa sua mente apenas no crime que cometeu.
QUESTÕES INICIAIS PARA ESTUDO:
01) O que é fixação mental? Qual seu efeito?
02) Como compreender a assertiva de Al: "As lágrimas de desesperação desajudam a alma..."?
03) O idoso dementado afirma que: "Venho suplicar o socorro de Antonina, minha neta. É a única pessoa que se lembra de mim com amor... Dentre os numerosos membros de minha família, só ela me oferece asilo na oração..." ; diante dessa afirmativa o que podemos concluir com relação `a oração e qual sua importância para encarnados e desencarnados?
Conclusão:
Chegando ao lar de Antonina, a equipe de benfeitores espirituais dirigida por Clarêncio deparou-se com a presença de um desencarnado, que mantinha a aparência de pessoa idosa e que se encontrava em grave estado de perturbação, chegando, mesmo, à demência. O idoso fixara seu psiquismo em um crime praticado em sua última encarnação, na qual assassinara um companheiro, que interferira em seu relacionamento amoroso. André Luiz nos narra, então, como se deu o início do socorro àquele enfermo espiritual, proporcionando-nos o estudo de importantes questões.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- O que é fixação mental? Qual o seu efeito?
Fixação mental, como a própria expressão dá a entender, é a atitude adotada pelo espírito que o leva a deter o seu psiquismo em determinado ato do passado, em geral ofensivo a outrem. Quando isso ocorre, o espírito abstrai-se de tudo o mais acontecido em sua existência para viver unicamente em função desse fato. É o resultado do julgamento realizado pelo verdadeiro e único juiz das nossas ações: a nossa consciência.
Quando o espírito se encontra nessa situação, a presença da vítima é constante em seu pensamento, com o ato praticado aparecendo com freqüência em sua tela mental. É inevitável a visita da dor e do conseqüente sofrimento, resultado da ação da lei de causa e efeito.
2.- Como compreender a assertiva de André Luiz: "As lágrimas de desesperação desajudam a alma..."?
André Luiz quis explicar ao ancião em estado de demência que o desespero em que se encontrava apenas fazia prejudicá-lo em sua recuperação. Sua consciência o acusava implacavelmente e ele não conseguia se abstrair do ato criminoso. Temos, aqui, uma questão importante envolvendo ainda o tema perdão, que foi objeto de estudo anterior:
É a questão do auto-perdão. O episódio nos ensina que a importância do perdão não se restringe apenas a outrem. É igualmente importante saber auto-perdoar-se. O idoso em questão não se perdoava e, com isso, dava ensejo a um verdadeiro processo de auto-obsessão, sentindo-se permanentemente acusado pelo crime praticado.
3.- O idoso dementado afirma que: "Venho suplicar o socorro de Antonina, minha neta.
É a única pessoa que se lembra de mim com amor... Dentre os numerosos membros de minha família, só ela me oferece asilo na oração...".
Diante dessa afirmativa o que podemos concluir com relação à oração e qual sua importância para encarnados e desencarnados?
A prece é um dos modos de nos comunicarmos com o plano espiritual superior. Devemos nos valer desse remédio para pedir, por nós ou por outros, para agradecer pelo que já recebemos ou estamos recebendo e para louvar a sabedoria, bondade e poder de Deus, manifestando-lhe nossa gratidão, admiração e confiança. Não derroga nenhuma das leis divinas, mas pode acioná-las em nosso favor. Ao orar, usamos a capacidade de agir e pensar que Deus nos concede.
Se obtivermos resultado favorável, é porque o que havíamos pedido era possível, faltando apenas que movimentássemos nossas forças nesse sentido, o que fizemos com a oração.
As irradiações do nosso pensamento e sentimento são propagadas pelo fluido universal, indo atingir seres, encarnados ou não, formando-se uma corrente fluídica. Através da prece, captamos pensamentos e energias reconfortantes, fortalecedoras e atraímos bons espíritos, que nos ajudarão, dando-nos forças para enfrentarmos nossas provas.
AINDA SOBRE O CULTO DO EVANGELHO NO LAR
Tema abordado no capítulo anterior, o culto do evangelho no lar suscitou alguns questionamentos dos participantes durante o estudo da semana.
Três aspectos parecem ter dominado esses questionamentos:
a) seria correto falar-se em culto, quando sabemos que o Espiritismo não adota cultos externos?;
b) pode-se realizar o culto do evangelho no lar a sós? E
c) como fazê-lo?
Realmente, o termo culto sofre algumas restrições por parte de conceituados autores e expositores espíritas, pelo fato de a Doutrina não admitir outra forma de culto que não seja o culto interior. Kardec abre a Introdução do Livro dos Espíritos preceituando que "para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentido das mesmas palavras." Estabeleceu, assim, um princípio a ser seguido pelos estudiosos da Doutrina que surgia. Desse modo, para se evitar qualquer tipo de idéia que confunda essa prática com a prática de cultos, podemos nos utilizar da expressão "Estudo do Evangelho no Lar", preferida por muitos. Isso, no entanto, é questão de menor importância. O que de fato importa é a reunião familiar em torno do Evangelho.
Sobre o segundo questionamento, é fora de dúvida que se pode realizar a reunião aparentemente a sós. Nunca estaremos sós. A prática dessa reunião de estudo transforma nosso lar num posto de socorro espiritual, que passa a ser assistido pela espiritualidade superior. Muitos desencarnados são trazidos para participarem do culto, que funciona como verdadeira reunião de doutrinação de espíritos sofredores, como temos visto nos exemplos narrados por André Luiz. Espíritos amigos comparecem para magnetizarem a água e nos inspirar nos estudos. Na realidade, portanto, nunca estaremos sós.
Quanto ao modo de fazê-lo, não há normas rígidas. Podemos abrir a reunião com uma prece, ler uma página que nos eleve espiritualmente (de Emmanuel ou Joanna de Angelis, por exemplo) e, em seguida, fazer um estudo de algum trecho do Evangelho, com leitura do texto e comentários. Concluindo, façamos uma prece de agradecimento pelo comparecimento dos benfeitores e pela oportunidade de fazer a reunião. Podemos, também, colocar um recipiente com água para ser magnetizada e sorvida ao final.
Muita paz a todos.
Sala Nosso Lar
CVDEE
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