segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Céu inferno_047_2ª parte cap. IV - Espíritos Sofredores - O Castigo

TEXTO PARA ESTUDO

Exposição geral do estado dos culpados por ocasião da entrada no mundo dos Espíritos, ditada à Sociedade Espírita de Paris, em outubro de 1860.

"Depois da morte, os Espíritos endurecidos, egoístas e maus são logo presas de uma dúvida cruel a respeito do seu destino, no presente e no futuro. Olham em torno de si e nada vêem que possa aproveitar ao exercício da sua maldade - o que os desespera, visto como o insulamento e a inércia são intoleráveis aos maus Espíritos.

Não elevam o olhar às moradas dos Espíritos elevados, consideram o que os cerca e, então, compreendendo o abatimento dos Espíritos fracos e punidos, se agarrarão a eles como a uma presa, utilizando-se da lembrança de suas faltas passadas, que eles põem continuamente em ação pelos seus gestos ridículos.

Não lhes bastando esse motejo, atiram-se para a Terra quais abutres famintos, procurando entre os homens uma alma que lhes dê fácil acesso às tentações. Encontrando-a, dela se apoderam exaltando-lhe a cobiça e procurando extinguir-lhe a fé em Deus, até que por fim, senhores de uma consciência e vendo segura a presa, estendem a tudo quanto se lhe aproxime a fatalidade do seu contágio.

O mau Espírito, no exercício da sua cólera, é quase feliz, sofrendo apenas nos momentos em que deixa do atuar, ou nos casos em que o bem triunfa do mal. Passam no entanto os séculos, e, de repente, o mau Espírito pressente que as trevas acabarão por envolvê-lo; o circulo de ação se lhe restringe e a consciência, muda até então, faz-lhe sentir os acerados espinhos do remorso.

Inerte, arrastado no turbilhão, ele vagueia, como dizem as Escrituras, sentindo a pele arrepiar-se-lhe de terror. Não tarda, então, que um grande vácuo se faça nele e em torno dele: chega o momento em que deve expiar; a reencarnação aí está ameaçadora... e ele vê como num espelho as provações terríveis que o aguardam; quereria recuar, mas avança e, precipitado no abismo da vida, rola em sobressalto, até que o véu da ignorância lhe recaia sobre os olhos. Vive, age, é ainda culpado, sentindo em si não sei que lembrança inquieta, pressentimentos que o fazem tremer, sem recuar, porém, da senda do mal. Por fim, extenuado de forças e de crimes, vai morrer.

Estendido numa enxerga ou num leito, que importa?

O homem culpado sente, sob aparente imobilidade, revolver-se e viver dentro de si mesmo um mundo de esquecidas sensações. Fechadas as pupilas, ele vê um clarão que desponta, ouve estranhos sons; a alma, prestes a deixar o corpo, agita-se impaciente, enquanto as mãos crispadas tentam agarrar as cobertas... Quereria falar, gritar aos que o cercam: - Retenham-me! eu vejo o castigo! - Impossível! a morte sela-lhe os lábios esmaecidos, enquanto os assistentes dizem: Descansa em paz!

E, contudo ele ouve, flutuando em torno do corpo que não deseja abandonar.

Uma força misteriosa o atrai; vê, e reconhece finalmente o que já vira. Espavorido, ei-lo que se lança no Espaço onde desejaria ocultar-se, e nada de abrigo, nada de repouso.

Retribuem-lhe outros Espíritos o mal que fez; castigado, confuso e escarnecido, por sua vez vagueia e vagueará até que a divina luz o penetre e esclareça, mostrando-lhe o Deus vingador, o Deus triunfante de todo o mal, e ao qual não poderá apaziguar senão à força de expiação e gemidos.

Georges."

Nota - Nunca se traçou quadro mais terrível e verdadeiro à sorte do mau; será ainda necessária a fantasmagoria das chamas e das torturas físicas?

Questões para estudo

1. Este depoimento descreve a sorte do espírito mau na erraticidade e Kardec faz uma indagação na nota final: seria necessária, depois desse conhecimento, a fantasia do inferno com suas chamas eternas? O que você entende com essa indagação?

CONCLUSÃO

1. Este depoimento descreve a sorte do mau na erraticidade e Kardec faz uma indagação na nota final: seria necessária, depois desse conhecimento, a fantasia do inferno com suas chamas eternas? O que você entende com essa indagação?

Quase todas as escolas religiosas falam do inferno de penas angustiosas e horríveis, onde os condenados experimentam torturas eternas. São raras, todavia, as que ensinam a verdade da queda consciencial dentro de nós mesmos, esclarecendo que o plano infernal e a expressão diabólica encontram início na esfera inferior de nossas próprias almas. (André Luiz)

O inferno que o próprio homem se impõe é tão doloroso e aflitivo, mais ainda quando desencarna e vê, numa terrificante compreensão, o quanto foi imprevidente e descuidado, que não seria necessário que se concretizasse a ameaça do inferno fantasioso com que a Igreja pretende chamar o homem para a prática do bem. Ele mesmo já providenciou seu inferno particular.

O inferno, dessa maneira, no clima espiritual das várias nações do Globo, pode ser tido na conta de imenso cárcere-hospital, em que a diagnose terrestre encontrará realmente todas as doenças catalogadas na patologia comum, inclusive outras muitas, desconhecidas do homem, não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna microbiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas pelas formas-pensamentos em torturado desequilíbrio, classificáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório, não obstante a fugaz duração com que se articulam, quando não obedecem às idéias infelizes, longamente recapituladas no tempo. (Evolução em dois mundos - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

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