nl04_11_Valiosa Experiência
CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Nosso Lar - Estudo das obras de André Luiz
Livro em estudo: Libertação
Tema: Valiosa Experiência
Referência: Capítulo XI
Trechos do Capítulo
Atento à sugestão do médico amigo, no dia imediato pela manhã dispôs-se Gabriel a conduzir a esposa ao exame de afamado professor em ciências psíquicas, no intuito de conseguir-lhe cooperação benfazeja.
Pude reparar, então, que a liberdade dos homens , no terreno da consulta, é quase irrestrita, porquanto, de nosso lado, Gúbio demonstrou profundo desagrado, asseverando-me, discreto, que tudo faria por impedir a providência que somente seria profícua e aconselhável, a seu parecer, através de autoridade diferente no assunto.
O professor indicado era, segundo a opinião do nosso desvelado orientador, admirável expoente de fenômenos, portador de dons medianímicos notáveis, mas não oferecia proveito substancial aos que se acercassem dele, por guardar a mente muito presa aos interesses vulgares da experiência terrestre.
_ Fazer psiquismo – falou-me o instrutor, em voz quase imperceptível – é atividade comum, tão comum quanto qualquer outra. O essencial é desenvolver trabalho santificante. Visitar medianeiros de reconhecida competência no trato entre os dois mundos, senhores de faculdades magníficas no setor informativo, é o mesmo que entrar em contacto com os donos de soberba fortuna. Se o detentor de tão grandes bens não se acha interessado em gastar os recursos de que dispõe, a favor da felicidade dos semelhantes, o conhecimento e o dinheiro apenas lhe agravarão os compromissos no egoísmo praticado, na distração inoperante ou na perda lamentável de tempo.
Apesar da oportuna observação, notamos que o esposo da obsidiada não oferecia receptividade mental que nos favorecesse a modificação desejável.
Todo nosso esforço sutil para colocá-lo noutro caminho redundou em fracasso. Gabriel não sabia cultivar a meditação.
(...)
Mais três grupos de pessoas ali se congregavam em ansiosa espera.
(...)
Reparei que os presentes se faziam seguidos de grande número de desencarnados. Para definir corretamente, a casa inteira mais se assemelhava a larga colméia de trabalhadores sem corpo físico.
Entidades de reduzida expressão evolutiva iam e vinham, prestando pouca atenção à nossa presença.
(...)
Acercamo-nos de acolhedora poltrona, em que um cavalheiro de idade madura, dando mostras de evidente moléstia nervosa, permanecia ladeado por dois rapazes (...) Gúbio observava-o meticulosamente, decerto nos preparando valiosos ensinamentos. Transcorridos alguns instantes , falou-nos, em voz sumida:
_ Vejamos a que calamidades fisiológicas podem os distúrbios da mente conduzir um homem. Temos sob nosso olhar um investigador da polícia em graves perturbações. Não soube deter o bastão da responsabilidade. Dele abusou para humilhar e ferir. Durante alguns anos, conseguiu manter o remorso à distância; todavia, cada pensamento de indignação das vítimas passou a circular-lhe na atmosfera psíquica, esperando ensejo de fazer-se sentir. Com a maneira cruel de proceder atraiu, não só a ira de muita gente, mas também a convivência constante de entidades de péssimo comportamento que mais lhe arruinaram o teor de vida mental. Chegado o tempo de meditar sobre os caminhos percorridos, na intimidade dos primeiros sintomas de senectude corporal, o remorso abriu-lhe grande brecha na fortaleza em que se entrincheirava. As forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que provocou para si mesmo, através da conduta irrefletida a que se entregou levianamente, libertadas de súbito pela aflição e pelo medo, quebraram-lhe a fantasiosa resist6encia orgânica, quais tempestades que se sucedem furiosas, esbarrondando a represa frágil com que se acredita conter o impulso crescente das águas. Sobrevindo a crise, energias desequilibradas da mente em desvario vergastaram-lhe os delicados órgãos do corpo físico. Os mais vulneráveis sofreram consequências terríveis. Não apenas o sistema nervoso padece tortura incrível: o fígado traumatizado inclina-se para a cirrose fatal.
(...)
_ Este amigo, no fundo, está perseguido por si mesmo, atormentado pelo que fez e pelo que tem sido. Só a extrema modificação mental para o bem poderá conservá-lo no vaso físico; uma fé renovadora , com esforço de reforma persistente e digna da vida moral mais nobre, conferir-lhe-á diretrizes superiores, dotando-o de forças imprescindíveis à auto-restauração. (...) A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos... Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos.
(...)
Abeiramo-nos de um divã, em que respeitável senhora se sentava ao lado de jovem clorótica, parecendo-me avó e neta.(...)
(...)
A matrona aflitivamente aguardava o instante da consulta. A jovem que proferia disparates, não falava por si. Fios tênues de energia magnética ligavam-lhe o cérebro à cabeça do irmão infeliz que se lhe mantinha à esquerda. Achava-se absolutamente controlada pelos pensamentos dele, à maneira de magnetizado e magnetizador. A doente ria sem propósito e conversava a esmo, reportando-se a projetos de vingança, com todas as caracterísitcas de idiotia e inconsciência.
(...)
_ Encontramos aqui doloroso drama do passado. A vida não pode ser considerada na conta estreita de uma existência carnal. Abrange a eternidade. É infinita nos séculos infinitos. Esta menina comprometeu-se gravemente no pretérito. Desposou um homem e desviou-lhe o irmão para vicioso caminho. O primeiro suicidou-se e o segundo asilou-se no fundo vale da loucura. Ei-los, presentemente, ao lado dela para deplorável vidima.(...) Permanece a pobrezinha satura de fluidos que lhe não pertencem.(...)
(...)
_ Não me parece bem encaminhada – elucidou o nosso dirigente, sem presunção. Exige renovação interior e, ao que acredito, não obterá nesta casa senão ligeiro paliativo. Em casos de obsessão como este, em que a paciente ainda pode reagir com segurança, faz-se indispensável o curso pessoal de resistência. Não adianta retirar a sucata que perturba um ímã, quando o próprio ímã continua atraindo a sucata.
(...)
Junto deles se encontrava uma entidade desencarnada, de humilde aspecto. Tomei-a por parte integrante da vasta coleção de Espíritos perturbados que ali funcionava; entretanto, com agradável surpresa para mim, dirigiu-se a Gúbio, exclamando de maneira discreta;
_ Já lhes identifiquei , pelo tom vibratório, a posição de amigos do bem.
Indicando o enfermo , acentuou:
_ Venho aqui na defesa deste amigo. Segundo estarão informados, dispomos no recinto de vigoroso operador mediúnico, sem iluminação interior de maior vulto. Assalariou ele algumas dezenas de Espíritos desencarnados, de educação incipiente, que lhe absorvem as emanações e trabalham cegamente sob suas ordens, tanto para o bem quanto para o mal.
Sorrindo, acrescentou:
_ Nesta casa, o enfermo não é amparado pelo socorrista de que se vem valer e , sim, pela assistência espiritual edificante de que possa desfrutar.
(...)
Logo à entrada do gabinete, percebi que a oficina não inspirava segura confiança.
O professor pôs-se imediatamente a combinar o preço do trabalho de que se encarregaria, exigindo adiantadamento de Gabriel significativo pagamento. O intercâmbio ali, entre as duas esferas, se resumia a negócio tão comum quanto outro qualquer.
Sem detença, reconheci que o médium, se podia controlar, de algum modo, os Espíritos que se alimentavam de seu esforço, era também facilmente controlado por eles.
O recinto jazia repleto de entidades em fase primária de evolução.
(...)
Em razão disso, podíamos analisar os fatos, em companhia de Gúbio, recolhendo preciosa lição.
Depois de visivelmente satisfeito no acordo financeiro estabelecido, colocou-se o vidente em profunda concentração e notei o fluxo de energias a emanarem dele, através de todos os poros, mas muito particularmente da boca, das narinas, dos ouvidos e do peito. Aquela força, semelhante a vapor fino e sutil, como que povoava o ambiente acanhado e reparei que as individualidades de ordem primária ou retardatárias, que coadjuvavam o médium em suas incursões em nosso plano, sorviam-na a longos haustos, sustentando-se dela, quanto se nutre o homem comum de proteína, carboidratos e vitaminas.
(...)
_ Esta força não é patrimônio de privilegiados. É propriedade vulgar de todas as criaturas, mas entendem-na e utilizam-na somente aqueles que a exercitam através de acuradas meditações. É o "spiritus subtilíssimus" de Newton, o "fluido magnético" de Mesmer e a "emanação ódica" de Reichenbach. No fundo é a energia plástica da mente que a acumula em si mesma, tomando-a ao fluido universal em que todas as correntes da vida se banham e se refazem , nos mais diversos reinos da natureza, dentro do Universo. Cada ser vivo é um transformador dessa força, segundo o potencial receptivo e irradiante que lhe diz respeito. Nasce o homem e renasce, centenas de vezes, para aprender a usá-la, desenvolvê-la, enriquecê-la sublimá-la, engrandecê-la e divinizá-la. Entretanto, na maioria das vezes, a criatura foge à luta que interpreta por sofrimento e aflição, quando é inestimável recurso de auto-aprimoramento, adiando a própria santificação, caminho único de nossa aproximação do Criador.
(...)
_ É forçoso convir, porém, que este vidente é vigoroso na instrumentalidade. Permanece em perfeito contacto com os espíritos que o assistem e que encontram nele sólido sustentáculo.
_ Sim - confirmou o orientador, sereno - mas não vemos aqui qualquer sinal de sublimação na ordem moral. O professor de relações com a nossa esfera, inabordável, por enquanto, ao homem comum, sintoniza-se com as emissões vibratórias das entidades que o acompanham em posição primitivista, pode ouvir-lhes os pareceres e registrar-lhes as considerações. Entretanto, isto não basta. Desfazer-se alguém do veículo de carne não é iniciar-se na divindade. Há bilhões de Espíritos em evolução que rodeiam os homens encarnados, em todos os círculos de luta, muito inferiores, em alguns casos, a eles mesmos e que, facilmente, se convertem em instrumentos passivos dos seus desejos e paixões. Daí, o imperativo de muita capacidade de sublimação para quantos se consagram ao intercâmbio entre os dois mundos, porque, se a virtude é transmissível, os males são epidêmicos.
Nesse ínterim, reparamos que o médium, desligado do corpo físico, se punha a ouvir, atencioso, justamente a argumentação do assalariado mais inteligente, cuja cooperação Saldanha requisitara.
(...)
Perante o quadro que nos era dado apreciar, ousei dirigir-me discretamente a Gúbio, indagando:
_ Não nos achamos diante de autentica manifestação espiritista?
_ Sim - confirmou em tom grave - à frente de legítimo fenômeno dentro do qual uma individualidade encarnada recebe os pareceres de outra, ausente do envoltório carnal. Entretanto, André, os companheiros de ideal cristão, corporificados na Crosta da Terra, vão compreendendo agora que o fenômeno em si é tão rebelde quanto o rio encachoeirado que rola a esmo, sem comportas , sem disciplina. Jamais endossaremos um Espiritismo dogmático e intolerante. É imprescindível, porém, que o clima da prece, da renúncia edificante,, do espírito de serviço e fé renovadora, através de padrões morais nobilitantes, constitua a nota fundamental de nossas atividades no psiquismo transformador, a fim de que nos encontremos, realmente, num serviço de elevação para o Supremo Pai. Temos aqui um médium de possibilidades ricas e extensas que, pelo simples comércio vulgar a que reduziu a movimentação de suas faculdades, não acorda impressões construtivas naqueles que o buscam. Pode ser um cooperador valiosos em certas circunstâncias, mas não é o trabalhador ideal, suscetível de provocar o interesse dos grandes benfeitores da Vida Superior. Estes não se animariam a comprometer grandes instruções por intermédio de servidores, bem intencionados embora, que não vacilam em vender as essências divinas em troca de recursos amoedados da luta comum. O caminho da oração e do sacrifício é, portanto, indispensável ainda a quantos se propõem a dignificar a vida. A prece sentida aumenta o potencial radiante da mente , dilatando-lhe as energias e enobrecendo-as, enquanto a renúncia e a bondade educam a todos os que se lhes cercam da fonte, enraizada no Sumo Bem. Não basta, dessa maneira, exteriorizar a força mental de que todos somos dotados e mobilizá-la. É indispensável, acima de tudo, imprimir-lhe direção divina. É por esta razão que pugnamos pelo Espiritismo com Jesus, única fórmula de não nos perdermos em ruinosa aventura.
(“...)”
Questões para o início de nosso estudo:
01) O que é receptividade mental? Qual a importância da mente? Por quê?
02) Qual a importância da força do pensamento?
03) O que é meditar? Qual sua finalidade? Por que fazê-lo?
04) A que tipo de mediunidade (do professor) o capítulo se refere? Justificar.
05) Qual a influência do médium sobre o intercâmbio entre os dois mundos? Há alguma recomendação especial para que o intercâmbio se dê? Qual? Por que? Justificar.
06) Qual deveria ser o papel da mediunidade?
07) Comentar, à luz da Doutrina Espírita, as seguintes assertivas:
a) Fazer psiquismo – falou-me o instrutor, em voz quase imperceptível – é atividade comum, tão comum quanto qualquer outra. O essencial é desenvolver trabalho santificante
b) Vejamos a que calamidades fisiológicas podem os distúrbios da mente conduzir um homem
c) A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos... Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos.
d) A jovem que proferia disparates, não falava por si. Fios tênues de energia magnética ligavam-lhe o cérebro à cabeça do irmão infeliz que se lhe mantinha à esquerda. Achava-se absolutamente controlada pelos pensamentos dele, à maneira de magnetizado e magnetizador. A doente ria sem propósito e conversava a esmo, reportando-se a projetos de vingança, com todas as características de idiotia e inconsciência.
e) O professor pôs-se imediatamente a combinar o preço do trabalho de que se encarregaria, exigindo adiantadamento de Gabriel significativo pagamento. O intercâmbio ali, entre as duas esferas, se resumia a negócio tão comum quanto outro qualquer
f) colocou-se o vidente em profunda concentração e notei o fluxo de energias a emanarem dele, através de todos os poros, mas muito particularmente da boca, das narinas, dos ouvidos e do peito. Aquela força, semelhante a vapor fino e sutil, como que povoava o ambiente acanhado e reparei que as individualidades de ordem primária ou retardatárias, que coadjuvavam o médium em suas incursões em nosso plano, sorviam-na a longos haustos, sustentando-se dela, quanto se nutre o homem comum de proteína, carboidratos e vitaminas.
Esta força não é patrimônio de privilegiados. É propriedade vulgar de todas as criaturas, mas entendem-na e utilizam-na somente aqueles que a exercitam através de acuradas meditações. É o "spiritus subtilíssimus" de Newton, o "fluido magnético" de Mesmer e a "emanação ódica" de Reichenbach. No fundo é a energia plástica da mente que a acumula em si mesma, tomando-a ao fluido universal em que todas as correntes da vida se banham e se refazem , nos mais diversos reinos da natureza, dentro do Universo. Cada ser vivo é um transformador dessa força, segundo o potencial receptivo e irradiante que lhe diz respeito.
g) Temos aqui um médium de possibilidades ricas e extensas que, pelo simples comércio vulgar a que reduziu a movimentação de suas faculdades, não acorda impressões construtivas naqueles que o buscam.
Bibliografia Sugerida:
- Leitura completa do capítulo XI do Livro Libertação
- LE (O Livro dos Espíritos): Parte primeira(Caps. II e IV); parte Segunda( Caps. I, VI e I
Conclusão:
André Luiz nos traz nesse capítulo um exemplo de mau uso da mediunidade, em que o médium utilizava sua faculdade mediúnica como objeto de comercialização. O resultado foi aquele que nos é ensinado pela doutrina espírita, ou seja, o medianeiro apenas se acercava de espíritos pouco evoluídos, que não estavam interessados em prestar auxílio ao próximo. Também essas entidades ali estavam para atender a suas necessidades materiais, presas que se encontravam, ainda, aos vícios terrenos. Os que para lá se dirigiam em busca de melhora para suas dores saíam sem obterem qualquer êxito, como foi o caso da enferma que era assistida pelos benfeitores espirituais.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
01) O que é receptividade mental? Qual a importância da mente? Por que?
A receptividade mental é a capacidade que o espírito tem, por meio da mente, de receber o pensamento de outro, em forma de sugestão ou intuição. André Luiz utiliza-se dessa expressão para demonstrar que o esposo da enferma não mantinha uma sintonia mental que lhe favorecesse e ao instrutor Gúbio intuí-lo ou sugestioná-lo acerca dos procedimentos mais adequados ao tratamento de Margarida. A mente funciona como uma espécie de antena receptora e transmissora de pensamentos. Quando transmite pensamentos elevados, o espírito recebe pensamentos igualmente elevados. Propicia, aí, a intuição e a influência dos bons espíritos, que igualmente mantêm a elevação de pensamento e sempre se dispõem ao auxílio. Quando transmite pensamentos pouco elevados, como temos visto ser o caso de Gabriel, o espírito permite à mente apenas o acesso a espíritos com o mesmo padrão de pensamento, que vibram em faixa de baixa evolução.
02) Qual a importância da força do pensamento?
A força do pensamento é que vai atrair a intuição sugerida pelos espíritos que nos influenciam. Daí a importância de mantermos pensamentos elevados, em coisas dignificantes e sempre de conformidade com as Leis Naturais, para que mantenhamos a nossa mente sempre numa sintonia vibratória saudável e a força do nosso pensamento atraia a intuição sugerida pelos bons espíritos.
03) O que é meditar? Qual sua finalidade? Por que fazê-lo?
A meditação é importante para nos permitir fazer uma reflexão a respeito das questões com que se nos deparamos na nossa passagem terrena. É o meio de propiciar que os benfeitores espirituais atuem sobre nós, intuindo-nos e inspirando-nos a tomarmos o caminho reto, que mais convém às nossas necessidades de aprimoramento espiritual, objetivo da reencarnação. Gabriel, o marido da enferma, como afirma o Autor, não era dado à pratica da meditação e agia de acordo com os impulsos e instintos que lhe advinham diante das situações que exigiam uma decisão.
04) A que tipo de mediunidade (do professor) o capítulo se refere? Justificar.
O chamado professor era dotado de farta capacidade mediúnica, da qual deveria se utilizar em serviço de ajuda ao próximo, no exercício da legítima caridade. Pelo relato de André Luiz, era portador de mediunidade na forma de vidência. Além da vidência, também se desdobrava, deixando o corpo físico e indo dialogar, por meio de seu corpo perispiritual, com entidades do outro plano.
05) Qual a influência do médium sobre o intercâmbio entre os dois mundos? Há alguma recomendação especial para que o intercâmbio se dê? Qual? Por que? Justificar.
Médium bom é aquele que expressa o pensamento dos bons espíritos. Para isso, é necessário que o médium tenha um padrão moral elevado, uma vida pública e particular reta, seguindo os preceitos da Lei de Deus. Só assim se acercará de bons espíritos, moralizados, que lhe permitirão colocar sua mediunidade à serviço do trabalho de caridade ao próximo. A influência principal que o médium exerce no intercâmbio mediúnico é, de acordo com o seu comportamento moral, definir a qualidade das comunicações que por seu intermédio chegarão do plano espiritual. Como disse Jesus, pela árvore é que se conhecem os frutos.
06) Qual deveria ser o papel da mediunidade?
A mediunidade tem como principal papel contribuir para a transformação moral do homem. Deve ser praticada à luz dos ensinamentos e Jesus e de Allan Kardec. O médium é um tarefeiro, que recebeu a mediunidade como um compromisso de trabalho e oportunidade de resgate, salvo, é claro, os raríssimos casos de missionários, como Chico Xavier. Para bem cumprir essa tarefa, deve se conscientizar da necessidade de servir incondicionalmente. É um dos principais instrumentos de que se utilizam os Espíritos Superiores para nos trazerem os ensinamentos que impulsionam o progresso da humanidade. Foi o instrumento utilizado por eles para nos legarem a Doutrina Espírita.
07) Comentar, à luz da Doutrina Espírita, as seguintes assertivas:
a) "Fazer psiquismo – falou-me o instrutor, em voz quase imperceptível – é atividade comum, tão comum quanto qualquer outra. O essencial é desenvolver trabalho santificante."
A atuação no campo do psiquismo é tarefa comum, a que muitos se dedicam. O que importa, segundo o Instrutor Gúbio, é o trabalho visando o bem do próximo. É o trabalhador colocar os seus talentos a serviço dos que precisam.
b) "Vejamos a que calamidades fisiológicas podem os distúrbios da mente conduzir um homem."
O corpo mental é a sede do pensamento do espírito que, como sabemos, atua sobre o corpo físico através do seu veículo de comunicação, que é o perispírito. Sendo assim, todo e qualquer distúrbio da mente é transmitido pelo espírito para o corpo fisiológico, que o somatiza em forma de enfermidade. Sendo o organismo diretor do corpo físico, o espírito lhe imprime tanto a saúde como as doenças, conforme a natureza boa ou má dos atos e pensamentos que a mente produz.
c) "A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos... Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos."
É o registro, em nossa consciência, daquilo que falamos e ouvimos. Ao avaliar esses registros, somos por ela julgados, absolvendo-o ou condenando-nos. A sentença, portanto, é proferida por nós mesmos, que, na realidade, somos os juízes do que falamos e ouvimos.
d) "A jovem que proferia disparates, não falava por si. Fios tênues de energia magnética ligavam-lhe o cérebro à cabeça do irmão infeliz que se lhe mantinha à esquerda. Achava-se absolutamente controlada pelos pensamentos dele, à maneira de magnetizado e magnetizador. A doente ria sem propósito e conversava a esmo, reportando-se a projetos de vingança, com todas as características de idiotia e inconsciência."
André Luiz aqui descreve uma processo de obsessão plenamente instalado, muito semelhante, inclusive, ao caso de Margarida, a quem assistia. A jovem citada, tal e qual a assistida, mantinha uma ligação mental com os seus obsessores que lhes permitia o domínio completo de sua mente, que utilizavam como se fosse a deles.
Praticamente, encontrava-se desapossada de seu livre-arbítrio e suas reações não mais lhe pertenciam, pois expressavam a vontade das entidades que funcionavam como seus algozes.
e) "O professor pôs-se imediatamente a combinar o preço do trabalho de que se encarregaria, exigindo adiantadamente de Gabriel significativo pagamento. O intercâmbio ali, entre as duas esferas, se resumia a negócio tão comum quanto outro qualquer."
"Dai de graça o que de graça recebestes". Esse foi o ensinamento de Jesus, ao orientar seus apóstolos para saírem a curar os enfermos. O professor em questão recebera os dons mediúnicos como uma oportunidade de crescimento que deveria ser aproveitada. Entretanto, derivando para a comercialização do trabalho mediúnico, deixou escapar sem proveito o talento que Deus lhe concedera para impulsionar sua evolução espiritual. Em se tratando de mediunidade, o profissionalismo religioso é sempre utilizado pelas trevas para operar a queda do médium. Mediunidade não é profissão. A ela o médium deve se dedicar por idealismo, sem qualquer outro interesse que não o de servir.
f) "colocou-se o vidente em profunda concentração e notei o fluxo de energias a emanarem dele, através de todos os poros, mas muito particularmente da boca, das narinas, dos ouvidos e do peito. Aquela força, semelhante a vapor fino e sutil, como que povoava o ambiente acanhado e reparei que as individualidades de ordem primária ou retardatárias, que coadjuvavam o médium em suas incursões em nosso plano, sorviam-na a longos haustos, sustentando-se dela, quanto se nutre o homem comum de proteína, carboidratos e vitaminas.
Esta força não é patrimônio de privilegiados. É propriedade vulgar de todas as criaturas, mas entendem-na e utilizam-na somente aqueles que a exercitam através de acuradas meditações. É o "spiritus subtilíssimus" de Newton, o "fluido magnético" de Mesmer e a "emanação ótica" de Reichenbach. No fundo é a energia plástica da mente que a acumula em si mesma, tomando-a ao fluido universal em que todas as correntes da vida se banham e se refazem, nos mais diversos reinos da natureza, dentro do Universo. Cada ser vivo é um transformador dessa força, segundo o potencial receptivo e irradiante que lhe diz respeito."
André Luiz descreve, nesse trecho, o processo de desdobramento do médium, que deixou seu corpo físico e entrou em contato com os espíritos desencarnados que o assistiam no trabalho. Como eram entidades pouco evoluídas, absorviam as energias que emanavam do médium, das quais eram carentes. Conforme esclarece o Autor, essas energias são geradas pela mente, que as absorve do fluido cósmico universal em que estamos mergulhados. Cada ser é um transformador dessa energia, na medida de sua capacidade de recebê-la e irradiá-la.
g) "Temos aqui um médium de possibilidades ricas e extensas que, pelo simples comércio vulgar a que reduziu a movimentação de suas faculdades, não acorda impressões construtivas naqueles que o buscam."
Praticando a mediunidade com objetivos materiais, o médium em questão, ao invés de servir de instrumento aos benfeitores espirituais, acercava-se de espíritos igualmente ainda apegados a interesses subalternos. Há espíritos desencarnados disponíveis para toda espécie de trabalho. Os sérios, mais esclarecidos e que apenas visam a prática do auxílio ao próximo, somente se acercam de médiuns idôneos, cuja única intenção seja também a de servir. Sendo intermediário de espíritos ainda apegados aos vícios terrenos, o referido professor não poderia jamais transmitir aos que o procuravam uma energia saudável, que lhes trouxesse alívio às suas dores.
Por esse motivo, as consultas resultavam sempre infrutíferas.
Um fraternal abraço a todos.
Equipe Nosso Lar
CVDEE