NOSSO LAR 01-015 = FRACASSO
"(...)
_ ... Entretanto, seria justo observasse algum processo diferente, dos que existem por aí às centenas, em que somos defrontados por obstáculos de toda espécie...
(...)
_ Quer dizer, então - redarguiu o meu instrutor com sabedoria -, que a futura mãe não correspondeu à expectativa do nosso plano de ação...
_ Isto mesmo - prosseguiu o interlocutor - Enquanto desequilíbrios se localizam na esfera paternal ou procedem da influência de entidades malignas, simplesmente, há recursos a interpor; no entanto, se a desarmonia parte do campo materno, é muito difícil estabelecer proteção eficiente. A pobre criatura, por duas vezes sucessivas, provocou o aborto inconsciente pelo excesso de leviandade e, atualmente, será vítima das próprias irreflexões pela terceira vez, segundo parece. Debalde temos oferecido o socorro de que podemos dispor. A infeliz deixou-se empolgar pela idéia de gozar a vida e irmanou-se a entidades desencarnadas da pior espécie, que, para acentuar os seus planos sombrios, separaram-na do próprio companheiro, ansiosas por lhe precipitarem o coração na esfera das emoções baixas.
(...)
_ Volpini atingiu agora o sétimo mês de gestação da nova forma física, mas a noite próxima será decisiva para ele. Já recebi um apelo dos colaboradores que ficaram nas imediações do caso, em serviço ativo, no sentido de evitar certas extravagâncias da futura mãe, projetadas para hoje; entretanto, não creio sejamos por ela obedecidos. A organização fetal não se encontra em condições de suportar novos desequilíbrios, e, se a pobrezinha não despertar para o dever, abrirá, ainda hoje, uma terceira falência...
(...)
Seguindo o diretor, penetramos um aposento bem mobiliado, onde se encontravam três entidades desencarnadas, de horrenda figura, que, em virtude do baixo padrão vibratório, não perceberam a nossa presença. Conversavam entre si, combinando medidas detestáveis que não cabe aqui relacionar. A certa altura da palestra, porém, referiam-se ao caso da reencarnação, de maneira franca:
_ Não sei - comentou um daqueles perversos inimigos do bem - por que arte infernal vem resistindo o intruso. Despejá-lo-emos na primeira oportunidade.
_ Quando isso ocorre - disse outro - é que há "mãos de anjos" trabalhando por trás.
_ Pois que vão para o inferno! - exclamou o que parecia mais cruel - Veremos quem pode mais. Cesarina já nos pertence noventa por cento. Atende perfeitamente aos nossos propósitos. Porque um filho intrujão em nossos planos? É preciso combater até ao fim.
_ No entanto - considerou o terceiro, que até então, se mantinha em silêncio -, há mais de seis meses estamos trabalhando em vão por alijá-lo!
_ Mas temos conseguido muito - tornou o mais revoltado -; não creio que ele se possa aguentar por muito tempo. Talvez hoje façamos o resto. Um filho viria roubar-nos, talvez a companheira com que contamos agora. Todas as atenções dela convergiriam para ele e o nosso prejuízo seria enorme. Mas, se existem "mãos de anjos" trabalhando, temos "mãos de demônios"para agir também. Já vencemos duas vezes; porque não vencer igualmente agora?
_ E se o filho vier - considerou um dos interlocutores - certamente virá o esposo de regresso. Não poderemos conservá-lo a distância, por mais tempo, caso isso se verifique.
_ Isto, nunca! - respondeu o adversário mais feroz, com inflexão sinistra.
(...)
Enquanto a senhora se sentava à frente de grande espelho, dando início a complicados arranjos de apresentação festiva, os cooperadores de Apuleio se aproximaram, saudando-nos , atenciosos.
_ Infelizmente - disse um deles ao chefe - a situação é muito grave. É impossível prosseguir em nosso esforço de assistência, com o êxito desejável. Nossa irmã afunda-se, cada vez mais, nos desequilíbrios destruidores. Unindo-se voluntariamente - e indicou as entidades viciosas que a cercavam - a estes adversários infelizes, entrega-se, agora, a prazeres e abusos de toda sorte. Seus desvios sexuais, nos últimos dias, têm sido lastimáveis, e enorme é a quantidade de alcoólicos , aparentemente inofensivos, de que tem feito consumo sistemático. Aliados semelhantes distúrbios às vibrações desordenadas do plano mental, vemos que a posição de Volpini é insustentável, não obstante nossos melhores esforços de socorro.
(...)
_ Já sei o que se projeta para esta noite.
_ Sim - considerou o interlocutor -, apelamos para a sua autoridade, porque a organização fetal não poderá resistir a uma nova investida.
(...)
... A forma física embrionária demonstrava manchas violáceas, revelando dilacerações. Pequeninos monstros, somente perceptíveis ao nosso olhar, nadavam no líquido amniótico, invadindo o cordão umbilical e apropriando-se da maior parte do delicado alimento reservado ao corpo em formação. Toda a placenta era assediada por eles, provocando-me terrível impressão. Percebi, pela intensa anormalidade dos órgãos geradores, que o aborto não poderia demorar-se.
(...)
_ Esta - disse-me ele, indicando-a - é a dona da casa e velha amiga de Cesarina, suscetível de receber-nos a influenciação. Aproveitar-lhe-ei o concurso para que a nossa desventurada irmão, de futuro, não possa dizer que lhe faltou assist6encia e conselho adequado.
(...)
E a respeitável amiga continuou advertindo com severidade maternal, enquanto a futura mãe de Volpini se mantinha em franca posição de negativa e impermeabilidade.
(...)
_ Podem regressar à nossa colônia, em descanso. Nada mais têm que fazer, por agora. O dever de todos foi bem cumprido.
(...)
_ irei, eu mesmo, em companhia de André, buscar Volpini para recolhê-lo em lugar conveniente.
O ambiente era de consternação, porque, se os Espíritos Superiores são equilibrados, não são insensíveis.
(...)
Apuleio aproximou-se e retirou Volpini, que a ela se abraçava como criança semiconsciente. Em seguida, vi-o aplicar passes magnéticos em toda a região uterina empregando infinito cuidado. Retomando Volpini, que confiara às minhas mãos, para poder operar com eficiência, falou-me calmo:
_ Desliguei o reencarnante do santuário maternal; entretanto não deveríamos esquecer de ministrar o devido socorro à mãe invigilante. Ela precisa continuar a luta terrestre, quanto possível, para aproveitar alguma coisa da oportunidade...
(...)
Fortemente impressionado, vim a saber que Cesarina, em gravíssimas condições, acabava de da à luz uma criança morta."
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Tópicos para conversarmos em estudo:
1) Somente o ato violento de retirada do embrião/feto é considerado aborto?
2) Qual a influência do comportamento materno para que a gestação transcorra bem? Por que?
3) O aborto inconsciente(conforme nos informa André Luiz) tem alguma atenuante? Qual e por que?
4) Em termos terrenos, somente o aborto praticado visivelmente é considerado crime. Em termos espirituais, há diferença entre o aborto praticado e o aborto inconsciente?
5) Há diferenças no desligamento do reencarnante conforme o tipo de aborto praticado ou inconsciente? Qual?
6) Como encarar a obsessão na gestante?
7) De que forma podemos entender o ataque à forma física embrionária descrita por André Luiz? Quais as consequências dela? Estaria o Espírito sendo atingido também?
Bibliografia
Livro dos Espíritos: Introdução , item VI,
Parte segunda
Capítulo IV - Da pluralidade das existências
Capítulo VII - Da volta do Espírito à vida corporal
Parte terceira
- Capítulo IV - Da Lei de Reprodução
- Capítulo VII - Da lei de Sociedade
- Capítulo X - Da lei de liberdade
- Capítulo XI - Da lei de justiça, de amor e de caridade
Parte quarta
- Capítulo I e II
O Evangelho segundo o Espiritismo
Capítulos II - III - IV - VIII - XI - XIV - XVI - XVII - XXIII -
A Gênese
Capítulo XI, item 18
O Céu e o Inferno
p. 93/95
Apenas algumas leituras suplementares:
01) Vida e Sexo - Francisco Cândido Xavier por Emmanuel
02) Evolução em Dois Mundos - capítulo XIII - segunda parte - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira por André Luiz
03) Código Penal Brasileiro e Estatuto da Criança e do Adolescente
04) Facure, Nubor Orlando. in: O Aborto e a psicologia fetal. Artigo publicado na Folha espírita, edição de julho de 1994
05) Calligaris, Rodolfo. in: A Vida em Família
06) Entre a Terra e o Céu, Francisco Cândido Xavier por André Luiz
07) Nossos Filhos são Espíritos. Hermínio C. Miranda
08) Adolescência e Vida. Divaldo P. Franco por Joanna de Ângelis
09) O Sexo; o Amor em nossas vidas. Celso Martins
10) Atualidade do Pensamento Espírita. Divaldo P. Franco por Vianna de Carvalho
11) Entrevista de Hermínio C. Miranda em www.cvdee.org.br . tema: Processo Reencarnatório
Conclusão:
1) Somente o ato violento de retirada do embrião/feto é considerado aborto?
comentários:
- Não. Embora o aborto provocado seja sempre um ato de violência, ele pode ocorrer gradativamente e sutilmente, através da conduta dos pais - em especial da gestante - e dos sentimentos e emoções que estejam em jogo. Há de se considerar também, a questão do aborto espontâneo, onde, por causas físicas, geralmente cármicas, ou pela desistência do espírito reencarnante, a gravidez não segue adiante.
- O ato violento para a retirada do embrião ou feto não constitui a única maneira de concorrer para a ocorrência de aborto. Qualquer das partes envolvidas com a gravidez pode vir a praticar ato que venha a implicar em abortamento. Assim, a mãe que leva uma vida desregrada, fazendo desforço físico incompatível com o estado gestacional ou usando de alimentação inconveniente, bebida alcoólica ou produtos tóxicos contribui para a interrupção da gravidez. O pai que venha a causar um estado físico ou emocional na futura mãe prejudicial ao desenvolvimento seguro da gestação também é responsável por um eventual aborto. E, até mesmo, o próprio espírito reencarnante pode vir a provocar o aborto, recuando diante da prova a que teria de se submeter. São casos que tipificam o chamado "aborto inconsciente".
2) Qual a influência do comportamento materno para que a gestação transcorra bem? Por que?
comentário:
- A influência é total. Os espíritos chegam a comparar a gravidez com um fenônemo mediúnico de longa duração, tal o intercâmbio, não apenas físico, mas principalmente de vibrações, que ocorre entre mãe e filho. Assim, o estado, físico, psíquico, emocional e espiritual da gestante reflete-se diretamente no reencarnante, e vice-versa. Daí a recomendação para a gestante em relação aos cuidados com o corpo e com a mente. Há que estarmos cientes que o espírito reencarnante, mesmo sem posse de sua consciência completa, "absorve" o clima espiritual em que está, sofrendo-lhe os reflexos. As discussões no lar, o uso de drogras - bebida, cigarro, alucinógenos, etc -, os ambiente frequentados, os diálogos mantidos pela gestante, etc. exercem grande influência.
- A mulher, ao se submeter ao estado sublime da gravidez, assume determinados deveres imprescindíveis ao êxito final da empreitada. Seu comportamento deve sempre se pautar no sentido de possibilitar ao reencarnante um retorno à vida material dentro da maior normalidade possível. Deve procurar ter o seu corpo sempre saudável e manter-se equilibrada emocionalmente, pois qualquer perturbação, quer num aspecto, quer noutro, pode trazer sérios prejuízos ou, até, inviabilizar o objetivo final. Deve ter sempre bons pensamentos e evitar ambientes cuja frequência e sintonia seja de espíritos voltados ao mal.
3) O aborto inconsciente(conforme nos informa André Luiz) tem alguma atenuante? Qual e por que?
comentários:
- Todas as infrações ao código divino têm agravantes e atenuantes. Felizmente, para nós, cada caso é um caso, e não existem generalizações nas consequências de nossos crimes. Assim, embora o aborto provocado, mesmo inconscientemente, seja um crime, há que se considerar a importante questão da _intenção_. Se não há uma intenção clara de se cometer o crime, isto é um atenuante, tanto no aborto, como no homicídio, como no suicídio. Naturalmente, a intenção pode estar a nível inconsciente, e os espírito responderá por isso. O mesmo vale, por exemplo, para muitas mulheres que, através do uso do DIU, sendo informadas que o instrumento não era abortivo (mas é), podem ter cometido inconscientemente um ou mais abortos. A lei divina é muito mais sábia que qualquer de nossos julgamentos limitados.
- Embora aquele que provocou o aborto inconscientemente não possa se eximir de responsabilidade pelo ocorrido, não deve receber o mesmo tratamento devido ao que o provoca intencionalmente. Se até a lei humana distingue o crime doloso daquele em que o agente não teve a intenção de obter o resultado, a lei divina, muito mais perfeita e justa, não poderia estabelecer de modo diverso. Aquele que pratica atos incompatíveis com o estado de gravidez, embora sem a intenção manifesta de interrompê-la, demonstra um estado evolutivo ainda atrasado, de quem não entendeu a importância da oportunidade reencarnatória a um espírito que precisa evoluir. Rompe, com isso, muitas das vezes, compromissos assumidos ainda no plano espiritual. Porém, está menos atrasado em sua marcha evolutiva do que aquele que pratica o aborto intencionalmente, quase sempre por motivos fúteis. A responsabilidade por seu ato gerará consequência menos penosa.
4) Em termos terrenos, somente o aborto praticado visivelmente é considerado crime. Em termos espirituais, há diferença entre o aborto praticado e o aborto inconsciente?
comentários:
Como dito acima, em termos espirituais temos muitos outros fatores a considerar. Citemos algum exemplos para ilustrar:
- Uso de métodos anticoncepcionais abortivos, quando a mulher ignora o fato;
- Indução ao aborto, por parte de adultos inconscientes, quando no caso de gravidez em adolescentes;
- Manutenção de um estilo de vida incompatível com a gestação, por ignorância;
- Uso de substâncias abortivas, por ignorância;
- Obsessão entre gestante e reencarnante, quando pelo pensamento de ódio mútuo ocorre o aborto;
- Rejeição inconsciente por parte da mãe, depois da concepção;
entre outros...
O que quero mostrar apenas é que não estamos, de forma alguma, aptos a julgar qualquer situação que seja.
Mesmo que tenhamos passado por situação semelhante (e as estatísticas mostram que muitos do que me leem agora estiveram na posição de pais ou mães que cometeram ou incentivaram o aborto) não podemos julgar ninguém. Que há diferença entre as diversas formas em que o aborto ocorre, há. Mas como cada um reage a estas diferenças, é assunto pessoal.
Em ambos os casos, os responsáveis denotam estarem atrasados em sua evolução espiritual. No primeiro caso, revelam-se ainda predispostos à prática de atos delituosos, desde que satisfaçam seus interesses momentâneos; no segundo, deixam à mostra que não estavam ainda preparados para a sagrada missão, deixando-se levar pelos gozos da vida material. Os mecanismos de correção a serem adotados deverão, pois, ser adequados a cada situação.
5) Há diferenças no desligamento do reencarnante conforme o tipo de aborto praticado ou inconsciente? Qual?
comentários:
- Sim, há diferenças, mas não regras. Em um aborto provocado, por exemplo, o feto pode estar passando pelo sofrimento devido a uma causa cármica, como narram vários livros. Por outro lado, se houver mérito e intercessão, pode ser retirado do corpinho antes que os instrumentos acabem com ele.
Na outra situação, o aborto inconsciente, o processo de desligamento novamente vai depender das causas. Se era um obsessor reencarnando, e que pelo ódio não sustentou o novo corpo físico, ele passará pela prova, assim como os espíritos de ex-suicidas, por exemplo. Mas se a causa era a mãe, a ajuda espiritual será totalmente diferente. Por exemplo, lembro-me de uma amiga que narrou que, durante um processo de aborto espontâneo, ela pressentiu fortemente a presença dos amigos espirituais fazendo o desligamento do feto.
- No aborto praticado intencionalmente, a ruptura da ligação fluídica entre o espírito reencarnante e o novo corpo em formação é abrupta, traumática. Como, nesses casos, o desenvolvimento do novo corpo vinha se processando normalmente, daí a decisão pelo aborto, é necessário o uso de violência para a retirada do embrião ou feto.
Esse procedimento causa um trauma que leva o espírito reencarnante a um estado de perturbação muito maior do que no aborto inconsciente. Nesse, o desligamento já é previsto, como no caso em estudo, pois se dá natural e gradativamente, possibilitando, inclusive, a ação das equipes de socorro do plano espiritual.
6) Como encarar a obsessão na gestante?
comentários:
- Como toda obsessão. Ambos, obsessor e obsidiado necessitam de muito auxilio, de prece, de agua fluidificada, de passes. A mãe deve ser convidada a frequência aos ambiente salutares, a leituras tranquilas, a conversar o mais docemente possível com o feto. A vivência amorosa é o único antídoto realmente eficaz nos casos de obsessão.
- O estado obsessivo instalado na gestante prejudica sobremaneira o desenvolvimento do processo de gravidez, podendo levá-lo à sua interrupção. Como estamos vendo no caso em estudo, Cesarina, obsidiada por entidades da sombra, deixou-se levar para uma vida de completo desregramento, dando-se a noitadas em lugares de grande agitação e tumulto e ao consumo de alcoólicos. Em nenhum momento deixou transparecer afetividade ao novo ser que estava gerando. A consequência não poderia ser outra que
não o aborto ocorrido.
7) De que forma podemos entender o ataque à forma física embrionária descrita por André Luiz? Quais as consequências dela?
Estaria o Espírito sendo atingido também?
comentários:
- As pequenas formas vampirescas, já descritas por André Luiz no inicio do livro em estudo, se alimentavam da vitalidade presente no interior do útero e no líquido amniótico, como consequência dos vícios mantidos pela gestante e pela ação nefasta dos adversários espirituais. O reencarnante seria tanto mais atingido quanto mais estivesse em sintonia com tal situação. Como a descrição não desce a detalhes, é possível inferirmos que os amigos espirituais tenham preferido o desligamento a permitir que o reencarnante continuasse sofrendo tais ataques.
- Podemos entender o ataque ao embrião descrito no capítulo em estudo como resultado da baixa vibração em que se viu envolvida a futura mãe, face à sua ligação com espíritos a serviço do mal. Quando se vivencia vibrações negativas, as células que integram o corpo físico são atingidas por essas vibrações, degenerando-se e causando diversos tipos de doenças. No caso em estudo, essas vibrações negativas ocasionaram a degeneração que resultou nos "pequeninos monstros" narrados por André Luiz, que se instalaram no cordão umbilical e se apropriaram da maior parte do alimento destinado ao corpo em formação. Já estando fluidicamente ligado ao novo corpo que se formava, ainda que tenuemente, o espírito também foi atingido, sendo retirado pelos assistentes espirituais semiconsciente e, provavelmente, bastante fragilizado, ao ser desligado do ventre materno.
Indagação surgida durante o estudo:
a) como então vermos o caso de abortamento terapêutico. Temos o seguinte: O item 359 do LE - "Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
- Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe"
Hoje em dia há na medicina avançados meios de se corrigir anomalias, se controlar uma gestação, posto que a medicina já estaria aparelhada para levar a termo qualquer gestação. Como entendermos esse entendimento à luz da Doutrina Espírita?
Comentário:
Realmente, os avanços da medicina têm permitido um controle maior do processo de gestação, diminuindo em muito os riscos para a mãe em situações que, até algumas décadas atrás, eram fatais. Porém, ainda existem circunstâncias em que a gravidez é considerada de _alto risco_ e que os médicos aconselham o aborto, denominado terapêutico. A chamada "gravidez tubária", processos de risco em relação a pressão sanguínea, alguns tipos de doenças da mãe, etc. são ainda motivo de recomendação da interrupção da gravidez. Ou seja, não é "qualquer" gestação que pode ser levada a termo.
Esta, inclusive, é uma das situações em que o Código penal brasileiro não prevê pena para o aborto (Art 128, I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante).
Muitos espíritas questionam a resposta dos Espíritos, no sentido em que, sabendo que a encarnação começa na fecundação, a expressão "ser que não existe" parece contraditória. Nosso entendimento, apoiado em outros estudiosos do Espiritismo, que é o Espíritos indicam que, na situação de risco, onde há a possibilidade de graves lesões ou mesmo de desencarnação da mãe, o sacrifício - observem o termo usado - da vida incipiente, cujo processo encarnatório está ainda no início - os laços são mais frágeis - é mais recomendado que o sacrifício de ambos (já que com a desencarnação da mãe, o feto também morreria). Além disso, a preservação da mãe pode possibilitar inclusive uma gestação futura sem risco, ou em outros casos em que a gestação realmente é impossível, o casal poderá naturalmente adotar e criar outras crianças, como filhos do coração e não do corpo.
Naturalmente a decisão é difícil. Sabemos de casos em que os médico recomendaram o aborto, a mãe insistiu com a gravidez e a criança nasceu saudável. Mas, pessoalmente, considero isto uma exceção, que não deve ser tomada como regra. Enquanto na Terra, temos a medicina como nossa auxiliar nas decisões, e nossa responsabilidade aumenta quando temos conhecimento dos riscos.
A gestação é um processo sublime para a mulher, e muitas se dispõe a arriscar a própria vida para consegui-la. Não é prudente. Pelas leis de causa e efeito, sabemos que muitas mulheres - e casais - e malbarataram a paternidade/maternidade em encarnações passadas (inclusive através de abortos provocados), podem passar pela prova da infertilidade, ou das dificuldades físicas da gravidez, inclusive com a ocorrência de abortos espontâneos repetidas vezes. Assim, entender, à luz da Doutrina Espírita, à luz do sentimento de justiça e amor, de imortalidade e continuidade, os processo difíceis na atualidade, ajuda-nos a recompor nossa consciência perante as Leis Divinas. O feto que será abortado - no aborto terapêutico - está também passando por uma prova necessária.
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