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Allan Kardec - O Livros dos Médiuns - Parte Segunda - Manifestações Espíritas - cap. 3 - Manifestações Inteligentes
COMO OCORRERAM AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES?
79 Quando se produz vácuo na campânula da máquina pneumática, essa campânula adere com tal força que é impossível separá-la, por causa da pressão do ar que se exerce sobre ela. Que se deixe entrar o ar e a redoma se soltará com a maior facilidade, porque o ar de dentro faz contrapeso com o ar de fora; entretanto, se a deixarmos sob pressão como estava, permanecerá fechada, em virtude da lei da gravidade. Agora, se o ar de dentro, comprimido, tiver uma densidade maior que o de fora, a campânula, estando hermeticamente fechada, se levantará, apesar da gravidade; se a corrente de ar for rápida e violenta, ela poderá ser sustentada no espaço sem nenhum apoio visível, do mesmo modo que esses bonecos que se fazem rodopiar em cima de um jato de água. Por que, então, o fluido universal, que é o elemento de toda matéria, estando acumulado ao redor da mesa, não teria a propriedade de diminuir ou aumentar o peso específico relativo, como o ar faz com a campânula da máquina pneumática ou o gás hidrogênio faz com os balões, sem que por isso seja anulada a lei da gravidade? Conheceis todas as propriedades e todo o poder desse fluido? Não. Pois bem! Não negueis, então, um fato porque não podeis explicá-lo.
80 Voltemos à teoria do movimento da mesa. Se, pelo modo indicado, o Espírito pode levantar uma mesa, pode por conseguinte levantar qualquer outra coisa; uma poltrona, por exemplo. Se pode levantar uma poltrona, pode também, tendo força suficiente, levantar ao mesmo tempo uma pessoa sentada nela. Eis a explicação do fenômeno que o senhor Home2 produziu centenas de vezes com ele e com outras pessoas. Repetindo-o durante uma apresentação em Londres, e a fim de provar que os espectadores não eram joguetes de ilusão de ótica, fez no teto uma marca com um lápis e, enquanto estava suspenso, as pessoas puderam passar por baixo dele. Sabe-se que o senhor Home é um poderoso médium de efeitos físicos: ele era, nesse caso, a causa eficiente e o objeto, isto é, a ação e o objeto.
81 Anteriormente falamos do possível aumento de peso. É, de fato, um fenômeno que se produz algumas vezes e que não tem nada de mais anormal do que a prodigiosa resistência da campânula sob a pressão atmosférica. Viu-se, sob a influência de alguns médiuns, objetos muito leves oferecerem resistência semelhante à da campânula e, de repente, cederem ao menor esforço. Na experiência citada, a campânula não pesa, na realidade, nem mais nem menos do que o seu normal, mas parece mais pesada pelo efeito da causa exterior que age sobre ela; é provavelmente o que acontece com a mesa, que tem o seu próprio peso, pois sua massa não foi aumentada, mas uma força estranha se opõe ao seu movimento, e essa causa pode estar nos fluidos ambientes que a penetram, como no ar que aumenta ou diminui o peso aparente da campânula. Fazei a experiência da campânula pneumática diante de um camponês simples e, não compreendendo que o agente é o ar, que não vê, não será difícil de persuadi-lo que é obra do diabo.
Poderão argumentar, talvez, que, sendo esse fluido imponderável, indefinível, seu acúmulo não pode aumentar o peso de um objeto. De acordo; mas é preciso lembrar de que, se nos servimos da palavra acúmulo, é por comparação, e não por identificação do fluido com o ar; ele é imponderável, entretanto nada o prova; sua natureza íntima nos é desconhecida, e estamos longe de conhecer todas as suas propriedades. Antes que se tivesse conhecimento do peso do ar, não se suspeitava dos efeitos desse peso. A eletricidade é também um fluido imponderável; entretanto, um corpo pode ser fixado por uma corrente elétrica3 e oferecer uma grande resistência àquele que o quer levantar; aparentemente, portanto, tornou-se mais pesado. Embora não se saiba o porquê dessa fixação, seria ilógico concluir que ela não existe. O Espírito pode, então, ter forças que nos são desconhecidas; a natureza nos prova todos os dias que seu poder não se limita aos testemunhos dos sentidos.
Pode-se explicar isso comparativamente pelo fenômeno singular, do qual se viram muitos exemplos, de uma pessoa jovem, fraca e delicada levantar com dois dedos, sem esforço e como se fosse uma pluma, um homem forte e robusto, juntamente com a cadeira em que estava sentado. A prova de que há uma causa estranha à pessoa são as intermitências da faculdade que produz o fenômeno.
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