GEESE
A Sanga (Fraternidade) viverá enquanto suas regras forem obedecidas
(Buda, Religiões e Filosofias, Edgard Armond)
Após tratarmos da primeira linha de trabalho, o auto-aperfeiçoamento a observação de si mesmo, adotado pelas Escolas de Iniciação, prosseguiremos relatando a segunda linha: trabalho com as pessoas pertencentes à escola. Não se trabalha apenas com elas, mas para elas e para os outros. Assim aprende-se a trabalhar com pessoas e para pessoas.
As pessoas não só frequentam as escolas, comunicam-se e estudam juntas nelas, mas também trabalham juntas. O trabalho pode assumir formas muito diferentes, mas sempre deve ser útil à escola.
Trabalhando no auto-aperfeiçoamento estuda-se e trabalha-se em grupo.
Com o passar do tempo, trabalhando nas três frentes, fica mais claro ao aluno porque são necessárias e porque, sem elas, o trabalho sobre si não progride eficazmente em direção a uma meta bem definida.
Em diversas Escolas de Iniciação, participa-se de um trabalho organizado, em que cada um deve fazer o que lhe é pedido. Não é exigida nenhuma iniciativa especial. A disciplina é essencial: trata-se de aceitar exatamente o que lhe é pedido, sem permitir a intervenção de ideias pessoais, mesmo que lhe pareçam melhores que as orientações dadas.
Devemos não só receber como transmitir conhecimentos e ideias e praticá-las.
Não podemos ter tudo para nós como na primeira linha; temos de considerar os que estão juntos no trabalho.
Aprendemos a compreender e explicar.
Paulatinamente, percebemos que só podemos compreender certas coisas explicando-as aos outros. O círculo torna-se mais amplo, o certo e o errado tornam-se mais claros.
Podemos fazer mais em grupo do que sozinhos. Consideremos que não é possível ter um mestre só para si; que nas escolas as arestas são aparadas e temos de nos adaptar uns aos outros; e também que ficamos cercados de espelhos, que são as pessoas do grupo, reflexos de como somos.
É mais fácil trabalhar sozinho. É muito mais confortável se o estudante puder se sentar e falar com o mestre particularmente, sem os outros, sobretudo, esses colegas a quem faço minhas restrições.
No início, a maior dificuldade é trabalhar obedecendo, isto é, sem tomar iniciativa própria no trabalho, pois essa linha não depende de nosso empenho, mas das disposições do trabalho.
Dizem-nos para fazer isso ou aquilo.
Queremos ser livres e não gostamos disso, não queremos fazer aquilo ou não gostamos das pessoas com quem temos de trabalhar. Mesmo sem saber o que teremos de fazer, podemos nos imaginar em condições de trabalho organizado, no qual entramos sem saber nada ou muito pouco. São essas algumas das dificuldades do trabalho em grupo e nosso esforço começa com a aceitação das coisas, porque podemos não gostar delas ou das suas condições, pensamos que nossa maneira de fazer é melhor, etc. Se levarmos em conta as dificuldades pessoais em relação ao trabalho, poderemos compreendê-lo melhor.
Ele é ajustado conforme um plano e com metas que são desconhecidas para quem está iniciando.
A oportunidade do trabalhar é dada a todos, mas uma pessoa sozinha não tem condições de organizar, por si mesma, o trabalho que deve servir para si. Nem de lhe dar continuidade sem os outros.
Constatou-se que o trabalho físico realizado conjuntamente, com o grupo, é útil nas escolas. Em algumas há exercícios físicos especiais (ex.: posturas da yoga e do faquirismo, danças, etc.).
É difícil para as pessoas trabalharem juntas (na assistência espiritual, nas atividades da casa, na manutenção, etc). Isoladamente, podem participar do trabalho; juntas, é mais difícil.
Criticam-se, interferem uma na maneira de ser da outra, ou não se aceitam.
Essa relação possibilita conhecer-se e conhecer ao outro e, no início desse processo, é preciso contrariar a si mesmo.
O trabalho com outras pessoas é um trabalho em grupo, é ação, é prática.
É simplório pensarmos que, só por estarmos na mesma sala ou fazendo o mesmo trabalho, estamos fazendo um trabalho em grupo.
Na primeira linha de trabalho esperamos obter algo para nós e ela pode ser considerada egoísta (é para si mesmo).
A segunda linha é mesclada, temos de considerar as outras pessoas; não é egoísta. A terceira linha, que será abordada no próximo artigo, é altruísta, fazemos pela escola, não para obter algo dela. O sistema deste tipo de escola abrange tanto o que é egoísta como o que é altruísta.
O TREVO OUTUBRO 2010
ESCOLA DE APRENDIZES
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