quarta-feira, 8 de junho de 2016

EVANGELHO ESSENCIAL 11 # 11 - AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

EVANGELHO ESSENCIAL 11

Eulaide Lins
Luiz Scalzitti

11 - AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca dos saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: - “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” - Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tens o segundo, semelhante a esse:

Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

Faz aos homens tudo o que queiras que eles te façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. (S. Mateus, cap. VII, v. 12.).

Trata todos os homens como gostarias que eles te tratassem. (S. LUCAS, cap. VI, v. 31.)

O mandamento maior. Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam.

"Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós" é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro a tal respeito que tomar como regra fazer aos outros aquilo que para nós desejamos.
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A prática destes ensinamentos morais visa à destruição do egoísmo.

Quando os homens as adotarem por regra de conduta e como base de suas instituições compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem desavenças, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua.
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Dá a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Os fariseus, tendo-se retirado, entenderam-se entre si para comprometê-Lo com as suas próprias palavras. - Mandaram seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta a quem quer que seja, por não discriminares a ninguém entre os homens. Dize-nos qual a tua opinião sobre isto: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentam? Apresentem-me uma das moedas que se dão em pagamento do tributo. E, tendo-lhe eles apresentado um denário, perguntou Jesus: De quem são esta imagem e esta inscrição? - De César, responderam eles. Então, observou-lhes Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Ouvindo-o falar dessa maneira, admiraram-se eles da sua resposta e, deixando-o, se retiraram. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 15 a 22. - S. MARCOS, cap. XII, vv. 13 a 17.)

Esta sentença: "Daí a César o que é de César" não deve ser entendida de modo ilimitado e absoluto. Como todos os ensinos de Jesus, há nele um princípio geral, resumido sob forma prática e usual. Esse princípio é consequente daquele segundo o qual devemos agir para com os outros como queiramos que os outros procedam para conosco. Ele condena todo prejuízo material e moral que se possa causar ao próximo, toda violação de seus interesses. Determina o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja que respeitem os seus. Estende-se aos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, bem como para os indivíduos em geral.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A lei de amor
Lázaro –Paris, 1862

O amor resume a doutrina de Jesus inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado.
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Em sua origem, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando mais instruído e purificado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar da palavra, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todos os anseios e todas as revelações sobre-humanas.
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A lei de amor substitui o individualismo pela integração das criaturas, acaba com as misérias sociais. Feliz daquele que, no decorrer de sua vida, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz daquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo.
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Na sua origem, o homem só instintos possuía. Aquele em quem predominam os instintos, mais próximo ainda se encontra do ponto de partida do que da chegada. Para alcançar a meta a que se destina, tem a criatura que vencer os instintos, aperfeiçoando os sentimentos, isto é, melhorando-os, sufocando os germes latentes da matéria. Ao instintos são a germinação e os embriões do sentimento. Trazem consigo o progresso, como a semente contém em si a árvore.
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Fénelon-Bordeaux,1861

O amor é de essência divina e todos vocês, do primeiro ao último, tem, no fundo do coração, a chama desse fogo sagrado.
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É um fato que já podes ter constatado muitas vezes: o homem, por mais desprezível, perverso e criminoso que seja, tem ,por um ser ou um objeto qualquer, uma viva e ardente afeição, à prova de tudo quanto pudesse diminuí-la e que alcança, não raro, sublimes proporções.
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Diz-se a um ser ou um objeto qualquer, porque existem indivíduos que, com o coração a transbordar de amor, dedicam fortunas desse sentimento com animais, plantas e até com coisas materiais: são os solitários, críticos da sociedade, a se queixarem da Humanidade em geral , resistindo à tendência natural de suas almas, que buscam em torno de si a afeição e a simpatia, rebaixam a lei de amor à condição de instinto.
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Há pessoas a quem desagrada a reencarnação, com a ideia de que outros venham a participar das afetuosas simpatias de que são ciumentas. Pobres irmãos! tal afeto os torna egoístas; o seu amor se restringe a um círculo íntimo e pequeno de parentes e de amigos, sendo-lhes indiferentes os demais. Para praticar a lei de amor, tal com Deus a quer, é preciso que cheguem, passo a passo, a amar todos os seus irmãos indistintamente.
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A tarefa é longa e difícil, mas será realizada: Deus assim o quer e a lei de amor constitui o primeiro e o mais importante ensinamento desta nova doutrina, porque é ela que um dia extinguirá o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente, dado que, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade.
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Disse Jesus: "Ama o teu próximo como a ti mesmo." Qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não, é a Humanidade inteira.
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Nos mundos superiores, o amor mútuo é o que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam.
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Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos se reformarão quando observarem os benefícios resultantes da prática deste preceito: Não faças aos outros o que não quiseres que ti façam: fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que esteja ao alcance fazer-lhes.
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Não acreditem na secura e no endurecimento do coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu mau grado, cede ao verdadeiro amor. É um ímã a que não lhe é possível resistir.
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Não cansem de escutar as palavras de João, o Evangelista. Como sabem, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso de suas pregações, limitava-se a repetir estas doces palavras: Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros."
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Amados irmãos, aproveitem dessas lições; é difícil praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso benefício. Creiam-me, façam o sublime esforço que lhes peço: "Amem-se" e verão a Terra em breve transformada num Paraíso onde as almas virtuosas desfrutarão do repouso merecido.
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Sansão-Membro da Soc. Espírita de Paris, 1863

Havendo os estudos espíritas lhes desenvolvido a compreensão do futuro, uma certeza tenham: a de caminharem para Deus vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de suas almas por isso, devem elevar-se bem alto para julgarem sem as restrições da matéria e não condenarem o seu próximo, sem terem dirigido a Deus o pensamento.
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Amar, no sentido profundo da palavra, é o homem ser leal, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é procurar, ao seu redor, o verdadeiro motivo de todas as dores que enfraquecem seus irmãos para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontrarão, dentro de certo período, em mundos mais adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vocês, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito.
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Assim, não podem recusar aos seus irmãos o que Deus liberalmente lhes deu, o amor, porque de seu lado, muito lhes alegrariam que seus irmãos lhe dessem aquilo de que necessitam.
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Para todos os sofrimentos, tenham sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejam inteiramente amor e justiça.
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Vocês produzirão o maravilhoso milagre do século vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: "Amai muito, para seres amados."

O Egoísmo

Emmanuel -Paris, 1861

O egoísmo, chaga da Humanidade, deve desaparecer da Terra, a cujo progresso moral retarda.
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Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazer a humanidade elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Digo coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo ,do que para vencer os outros.
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Que cada um empregue todos os esforços a combatê-lo em si mesmo, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
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Jesus lhes deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos, o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Este homem é justo, por que o queres crucificar?
E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
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É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano como uma praga, que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão.
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Cabe a vocês, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, a tarefa e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho das pedras que lhes dificultam a marcha. Expulsem da Terra o egoísmo para que ela possa se elevar na escala dos mundos, mas para isso é preciso inicialmente expulsar o egoísmo dos seus corações.
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Pascoal-Sens,1862

Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; entretanto, para isso, preciso fora se esforçassem por largar essa couraça que lhes cobre os corações, a fim de os tornarem mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez e a indiferença mata os bons sentimentos; o Cristo atendia a todos; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomarão por modelo de todas as suas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; esconder-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, fiquem certos.
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Comecem cada um por dar o exemplo; sejam caridosos para com todos indistintamente; Esforcem-se por não se preocupar com aqueles que lhes desprezam e deixem a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo.
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O egoísmo é a negação da caridade. Sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que são pisoteadas as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito.

A fé e a caridade
Espírito Protetor - Cracóvia, 1861

Deus nos criou para sermos felizes na eternidade; entretanto, a vida terrestre tem que servir exclusivamente ao aperfeiçoamento moral, que mais facilmente se adquire com o auxílio dos órgãos físicos e do mundo material. Sem levar em conta os problemas comuns da vida, a diversidade dos gostos, das tendências e das necessidades, é esse também um meio de nos aperfeiçoarmos, exercitando-nos na caridade.
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Têm razão ao afirmarem que a felicidade se encontra destinada ao homem nesse mundo, desde que ele a procure, não nos gozos materiais, sim no bem. A história da cristandade fala de mártires que se encaminhavam alegres para o suplício.
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Hoje, na sociedade humana, para serem cristãos, não se faz necessário nem o holocausto do martírio, nem o sacrifício da vida, mas única e exclusivamente o sacrifício de seu egoísmo, de seu orgulho e de sua vaidade. Triunfarão, se a caridade lhes inspirar e sustentar a fé.

Caridade para com os criminosos

Isabel de França-Havre, 1862

A verdadeira caridade constitui um dos mais sublimes ensinamentos que Deus deu ao mundo através de Jesus. Completa fraternidade deve existir entre os verdadeiros seguidores da sua doutrina. Devem amar os infelizes, os criminosos, como criaturas de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se arrependerem, como vocês também, pelas faltas que cometam contra Sua Lei. Considerem que sãos mais repreensíveis, mais culpados do que aqueles a quem negarem perdão e comiseração, por que, muitas vezes, eles não conhecem Deus como o conheces, e muito menos lhes será pedido do que a vocês.
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Não julguem! não julguem absolutamente porque o juízo que fizerem ainda mais severamente lhes será aplicado e precisam de indulgência para as faltas em que sem cessar cometem. Ignoram que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo nem sequer como faltas leves considera?
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A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dás, nem mesmo nas palavras de consolação que lhe acompanha. Não, não é apenas isso o que Deus lhes exige. A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que usem sempre e em todas as coisas para com o seu próximo. Podem ainda exercitar essa virtude sublime com relação a seres para os quais nenhuma utilidade terão as suas esmolas, mas que algumas palavras de consolo, de encorajamento, de amor conduzirão ao Senhor supremo.
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Amem-se como filhos do mesmo Pai; não estabeleçam diferenças entre si e os outros infelizes, porque quer Deus que todos sejam iguais; a ninguém desprezem. Permite Deus que entre vocês se encontrem grandes criminosos, para que lhes sirvam de ensinamentos. Em breve, quando os homens se encontrarem submetidos às verdadeiras leis de Deus, já não haverá necessidade desses ensinos: todos os Espíritos impuros e revoltados serão dispersados para mundos inferiores, de acordo com as suas tendências.
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Devem aos criminosos o socorro de suas preces, eis a verdadeira caridade.
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Não lhes cabe dizer de um criminoso: É um miserável; deve-se extirpar da Terra a sua presença ; muito branda é, para um ser de tal espécie, a morte que lhe infligem". Não, não é assim que lhes compete falar.

Observem o seu modelo: Jesus. Que diria ele, se visse junto de si um desses infelizes? O lamentaria; o consideraria um doente bem digno de piedade e lhe estenderia a mão. Em realidade, não podes fazer o mesmo; mas, pelo menos, podes orar por ele e dar assistência ao seu espírito durante o tempo que ainda tenha de passar na Terra. Pode ele ser tocado de arrependimento, se orarem com fé.

Deve-se expor a vida por um malfeitor?

Encontra-se em perigo de morte um homem; para o salvar tem um outro que expor a vida. Sabe-se que aquele é um malfeitor e que, se escapar, poderá cometer novos crimes. Deve, apesar disto, o segundo arriscar-se para o salvar?
Lamennais –Paris, 1862

O devotamento é cego; deve-se socorrer o inimigo da sociedade, a um malfeitor, em suma. Lancem-se homens; lancem-se todos a quem a ciência espírita esclareceu; lancem-se, arrancai-o à sua condenação e, talvez, esse homem, que teria morrido a blasfemar, se atirará nos seus braços. Todavia, não indaguem se o farão ou não; socorrei-o, porque salvando-o, obedecem à voz do coração que diz: "Podes salvá-lo, salva-o!"

COMENTÁRIO

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO


O capítulo é um tratado de amor e caridade. Poder-se-ia dizer que é o convite à prática desses preceitos, estabelecidos como normas, que nos fará revelar o verdadeiro caráter de fraternidade, assim como a paz tão cantada em versos nos dias atuais será o resultado de sua prática, sendo ainda o antídoto contra o egoísmo. Precisamos nos ater seriamente sobre estas normas, pois o amor resume toda a Filosofia de Jesus. Os sentimentos são os instintos agora elevados à altura do progresso realizado de cada um. Criados que somos simples e ignorantes e mais afeitos às sensações materiais, vamos crescendo e nos tornando mais sensíveis sendo o amor o essencial para podermos refinar os sentimentos mais brutos de materialidade. O amor a que nos referimos aqui, aliás, o único que conhecemos, não este amor sensual e grosseiro das práticas menos felizes do mundo, das sensações menos virtuosas, este sol interior que nos faz irradiar sentimentos nobres de carinho, afeto e ternura, para com os nossos semelhantes. Amor que não estabelece condições e que pela sua irradiação faz com que todos aqueles menos favorecidos materialmente, seja por necessidade expiatória, seja mesmo por imprudência, possam sentir que estão sendo amparados, e que podem recomeçar tudo com auxílio e forças que lhes permitam serem reerguidos sem nenhum constrangimento, assim como queremos nós na nossa vez. Jesus, o primeiro a proclamar este sentimento em meio aos desamparados e aflitos, fez que estes se sentissem mais fortes e esperançosos. Os Espíritos nos dizem que o Espiritismo nos veio dar a conhecer a segunda palavra do alfabeto, qual seja, a reencarnação, patrimônio intelectual que levanta os tampos dos túmulos, trazendo-nos a certeza de não mais haver sofrimentos, mas a conquista do ser, elevado e transfigurado. Devemos cultivar o Espírito como um campo, dizem os Espíritos, fazendo nossa riqueza cada vez maior para a vida futura, a vida eterna, no mundo espiritual. Lá, a felicidade será mais completa pois seremos como o trabalhador justo e honesto que chegou ao fim de mais uma jornada. Antes de julgarmos aos nossos irmãos com a medida do orgulho e da usura, verifiquemos como é que andam as nossas ações. Fenelon diz: “Amai aos vossos inimigos não fica circunscrito ao círculo estreito da Terra e da vida presente, mas integra-se na grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.”

A Fé Ativa construindo uma Nova Era 24 #Fé, Esperanças e Consolações

A Fé Ativa construindo uma Nova Era 24

Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa

Fé, Esperanças e Consolações

(Leon Denis, in “Depois da Morte” – 5ª parte – cap. XLIV)

A fé é a confiança da criatura em seus destinos, é o sentimento que a eleva à infinita Potestade, é a certeza de estar no caminho que vai ter à verdade. A fé cega é como farol cujo vermelho clarão não pode traspassar o nevoeiro; a fé esclarecida é foco elétrico que ilumina com brilhante luz a estrada a percorrer.
Ninguém adquire essa fé sem ter passado pelas tribulações da dúvida, sem ter padecido as angústias que embaraçam o caminho dos investigadores. Muitos param em esmorecida indecisão e flutuam longo tempo entre opostas correntezas. Feliz quem crê, sabe, vê e caminha firme. A fé então é profunda, inabalável, e habilita-o a superar os maiores obstáculos. Foi neste sentido que se disse que a fé transporta montanhas, pois, como tais, podem ser consideradas as dificuldades que os inovadores encontram no seu caminho, ou seja, as paixões, a ignorância, os preconceitos e o interesse material.
Geralmente se considera a fé como mera crença em certos dogmas religiosos, aceitos sem exame. Mas a verdadeira fé está na convicção que nos anima e nos arrebata para os ideais elevados. Há a fé em si próprio, em uma obra material qualquer, a fé política, a fé na pátria. Para o artista, para o pensador, a fé é o sentimento do ideal, é a visão do sublime fanal aceso pela mão divina nos alcantis eternos, a fim de guiar a Humanidade ao Bem e à Verdade.
É cega a fé religiosa que anula a razão e se submete ao juízo dos outros, que aceita um corpo de doutrina verdadeiro ou falso, e dele se torna totalmente cativa. Na sua Impaciência e nos seus excessos, a fé cega recorre facilmente à perfídia, à subjugação, conduzindo ao fanatismo. Ainda sob este aspecto, é a fé um poderoso incentivo, pois tem ensinado os homens a se humilharem e a sofrerem. Pervertida pelo espírito de domínio, tem sido a causa de muitos crimes, mas, em suas consequências funestas, também deixa transparecer suas grandes vantagens.
Ora, se a fé cega pôde produzir tais efeitos, que não realizará a fé esclarecida pela razão, a fé que julga, discerne e compreende? Certos teólogos exortam-nos a desprezar a razão, a renegá-la, a rebatê-la. Deveremos por isso repudiá-la, mesmo quando ela nos mostra o bem e o belo? Esses teólogos alegam os erros em que a razão caiu e parecem, lamentavelmente, esquecer que foi a razão que descobriu esses erros e ajudou-nos a corrigi-los.
A razão é uma faculdade superior, destinada a esclarecer-nos sobre todas as coisas. Como todas as outras faculdades, desenvolve-se e engrandece pelo exercício. A razão humana é um reflexo da Razão eterna. É Deus em nós, disse São Paulo. Desconhecer-lhe o valor e a utilidade é menosprezar a natureza humana, é ultrajar a própria Divindade.
Querer substituir a razão pela fé é ignorar que ambas são solidárias e inseparáveis, que se consolidam e vivificam uma à outra. A união de ambas abre ao pensamento um campo mais vasto: harmoniza as nossas faculdades e traz-nos a paz interna.
A fé é mãe dos nobres sentimentos e dos grandes feitos. O homem profundamente firme e convicto é Imperturbável diante do perigo, do mesmo modo que nas tribulações. Superior às lisonjas, às seduções, às ameaças, ao bramir das paixões, ele ouve uma voz ressoar nas profundezas da sua consciência, instigando-o à luta, encorajando-o nos momentos perigosos.
Para produzir tais resultados, necessita a fé repousar na base sólida que lhe oferecem o livre exame e a liberdade de pensamento. Em vez de dogmas e mistérios, cumpre-lhe reconhecer tão-somente princípios decorrentes da observação direta, do estudo das leis naturais. Tal é o caráter da fé espírita.
A filosofia dos Espíritos vem oferecer-nos uma fé racional e, por isso mesmo, robusta, O conhecimento do mundo invisível, a confiança numa lei superior de justiça e progresso imprime a essa fé um duplo caráter de calma e segurança.
Efetivamente, que poderemos temer, quando sabemos que a alma é imortal e quando, após os cuidados e consumições da vida, além da noite sombria em que tudo parece afundar-se, vemos despontar a suave claridade dos dias infindáveis?
Essencializados da ideia de que esta vida não é mais que um instante no conjunto da existência integral, suportaremos, com paciência, os males inevitáveis que ela engendra. A perspectiva dos tempos que se nos abrem dar-nos-á o poder de dominar as mesquinharias presentes e de nos colocarmos acima dos vaivéns da fortuna. Assim, sentir-nos-emos mais livres e mais bem armados para a luta.
O espírita conhece e compreende a causa de seus males; sabe que todo sofrimento é legítimo e aceita-o sem murmurar; sabe que a morte nada aniquila, que os nossos sentimentos perduram na vida de além-túmulo e que todos os que se amaram na Terra tornam a encontrar-se, libertos de todas as misérias, longe desta lutuosa morada; conhece que só há separação para os maus. Dessas crenças resultam-lhe consolações que os indiferentes e os cépticos ignoram.
Se, de uma extremidade a outra do mundo, todas as almas comungassem nessa fé poderosa, assistiríamos à maior transformação moral que a História jamais registrou.
Mas essa fé, poucos ainda a possuem, O Espírito de Verdade tem falado à Terra, mas insignificante número o tem ouvido atentamente. Entre os filhos dos homens, não são os poderosos os que o escutam, e, sim, os humildes, os pequenos, os deserdados, todos os que têm sede de esperança. Os grandes e os afortunados têm rejeitado os seus ensinos, como há dezenove séculos repeliram o próprio Cristo. Os membros do clero e as associações sábias coligaram-se contra esse “desmancha-prazeres”, que vinha comprometer os interesses, o repouso e derruir-lhes as afirmações.
Poucos homens têm a coragem de se desdizerem e de confessarem que se enganaram. O orgulho escraviza-os totalmente! Preferem combater toda a vida esta verdade ameaçadora que vai arrasar suas obras efêmeras. Outros, muito secretamente, reconhecem a beleza, a magnitude desta doutrina, mas se atemorizam ante suas exigências morais. Agarrados aos prazeres, almejando viver a seu gosto, Indiferentes à existência futura, afastam de seus pensamentos tudo quanto poderia induzi-los a repudiar hábitos que, embora reconheçam como perniciosos, não deixam de ser afagados. Que amargas decepções irão colher por causa dessas loucas evasivas!
A nossa sociedade, absorvida completamente pelas especulações, pouco se preocupa com o ensino moral.
Inúmeras opiniões contraditórias chocam-se; no meio desse confuso turbilhão da vida, o homem poucas vezes se detém para refletir.

Mas todo ânimo sincero, que procura a fé e a verdade, há de encontrá-la na revelação nova. Um influxo celeste estender-se-á sobre ele a fim de guiá-lo para esse sol nascente, que um dia Iluminará a Humanidade Inteira.

Céu inferno_065_2a. parte cap. V - Suicidas - Fèlicien

Céu inferno_065_ 2a parte cap. V - Suicidas - Fèlicien

TEXTO PARA ESTUDO

Era um homem rico, instruído, poeta de espírito, possuidor de caráter são, obsequioso e ameno, de perfeita honradez.

Falsas especulações comprometeram-lhe a fortuna, e, não lhe sendo possível repará-la em razão da idade avançada, cedeu ao desânimo, enforcando-se em dezembro de 1864, no seu quarto de dormir.

Não era materialista nem ateu, mas um homem de gênio um tanto superficial, ligando pouca importância ao problema da vida de além-túmulo. Conhecendo-o intimamente, evocamo-lo, quatro meses após o suicídio, inspirados pela simpatia que lhe dedicávamos.

Evocação. - Choro a Terra na qual tive decepções, porém menores do que as experimentadas aqui. Eu, que sonhava maravilhas, estou abaixo da realidade do meu ideal. O mundo dos Espíritos é bastante promíscuo, e para torná-lo suportável fora mister uma boa triagem. Custa-me a crer. Que esboço de costumes espíritas se poderia fazer aqui! O próprio Balzac, estando no seu elemento, não faria tal esboço senão de modo rústico. Não o lobriguei, porém... Onde estarão esses grandes Espíritos que tão energicamente profligaram os vícios da Humanidade! Deviam eles, como eu, habitar por aqui antes de se alçarem a regiões mais elevadas. Apraz-me observar este curioso pandemônio, e assim fico por aqui.

Nota - Apesar de o Espírito nos declarar que se acha numa sociedade assaz promíscua e, por conseguinte, de Espíritos inferiores, surpreendeu-nos a sua linguagem, dado o gênero de morte, ao qual, aliás, não faz qualquer referência. A não ser isso, tudo mais refletiu seu caráter. Tal circunstância deixava-nos em dúvida sobre a identidade.

- P. Tende a bondade de nos dizer como morrestes... - R. Como morri? Pela morte por mim escolhida, a que mais me agradou, sendo para notar que meditei muito tempo nessa escolha com o intuito de me desembaraçar da vida. Apesar disso, confesso que não ganhei grande coisa: - libertei-me dos cuidados materiais, porém, para encontrá-los mais graves e penosos na condição de Espírito, da qual nem sequer prevejo o termo.

- P. (ao guia do médium). O Espírito em comunicação será efetivamente o de Félicien? Esta linguagem, quase despreocupada, torna-se suspeita em se tratando de um suicida...

- R. Sim. Entretanto, por um sentimento justificável na sua posição, ele não queria revelar ao médium o seu gênero de morte. Foi por isso que dissimulou a frase, acabando no entanto por confessá-lo diante da pergunta direta que lhe fizestes, e não sem angústias. O suicídio fá-lo sofrer muito, e por isso desvia, o mais possível, tudo o que lhe recorde o seu fim funesto.

- P. (ao Espírito). A vossa desencarnação tanto mais nos comoveu, quanto lhe prevíamos as tristes consequências, além da estima e intimidade das nossas relações. Pessoalmente, não me esqueci do quanto éreis obsequioso e bom para comigo. Seria feliz se pudesse testemunhar-vos a minha gratidão, fazendo algo de útil para vós.

- R. Entretanto, eu não podia furtar-me de outro modo aos embaraços da minha posição material. Agora, só tenho necessidade de preces; orai, principalmente, para que me veja livre desses hórridos companheiros que aqui estão junto de mim, obsidiando-se com gritos, sorrisos e infernais motejos. Eles chamam-me covarde, e com razão, porque é covardia renunciar à vida. É a quarta vez que sucumbo a essa provação, não obstante a formal promessa de não falir... Fatalidade! ... Ah! Orai... Que suplício o meu! Quanto sou desgraçado! Orando, fazeis por mim mais que por vós pude fazer quando na Terra; mas a prova, ante a qual fracassei tantas vezes, aí está retraçada, indelével, diante de mim! E preciso tentá-la novamente, em dado tempo... Terei forças? Ah! recomeçar a vida tantas vezes; lutar por tanto tempo para sucumbir aos acontecimentos, é desesperador, mesmo aqui! Eis por que tenho carência de força. Dizem que podemos obtê-la pela prece... Orai por mim, que eu quero orar também.

Nota - Este caso particular de suicídio, posto que realizado em circunstâncias vulgares, apresenta uma feição especial. Ele mostra-nos um Espírito que sucumbiu muitas vezes à provação, que se renova a cada existência e que renovará até que ele tenha forças para resistir.

Assim se confirma o fato de não haver proveito no sofrimento, sempre que deixamos de atingir o fim da encarnação, sendo preciso recomeçá-la até que saiamos vitoriosos da campanha.

Ao Espírito do Sr. Félicien. - Ouvi, eu vo-lo peço, ouvi e meditai sobre as minhas palavras. O que denominais fatalidade é apenas a vossa fraqueza, pois se a fatalidade existisse o homem deixaria de ser responsável pelos seus atos. O homem é sempre livre, e nessa liberdade está o seu maior e mais belo privilégio. Deus não quis fazer dele um autômato obediente e cego, e, se essa liberdade o torna falível, também o torna perfectível, sem o que somente pela perfeição poderá atingir a suprema felicidade. O orgulho somente pode levar o homem a atribuir ao destino as suas infelicidades terrenas, quando a verdade é que tais infelicidades promanam da sua própria incúria. Tendes disso um exemplo bem patente na vossa última encarnação, pois tínheis tudo que se fazia preciso à felicidade humana, na Terra: espírito, talento, fortuna, merecida consideração; nada de vícios ruinosos, mas, ao contrário, apreciáveis qualidades... Como, no entanto, ficou tão comprometida a vossa posição? Unicamente pela vossa imprevidência. Haveis de convir que, agindo com mais prudência, contentando-vos com o muito que já vos coubera, antes que procurando aumentá-lo sem necessidade, a ruína não sobreviria. Não havia nisso nenhuma fatalidade, uma vez que podíeis ter evitado tal acontecimento. A vossa provação consistia num encadeamento de circunstâncias que vos deveriam dar, não a necessidade, mas a tentação do suicídio; desgraçadamente, apesar do vosso talento e instrução, não soubestes dominar essas circunstâncias e sofreis agora as consequências da vossa fraqueza.

Essa prova, tal como pressentis com razão, deve renovar-se ainda; na vossa próxima encarnação tereis de enfrentar acontecimentos que vos sugerirão a idéia do suicídio, e sempre assim acontecerá até que de todo tenhais triunfado.

Longe de acusar a sorte, que é a vossa própria obra, admirai a bondade de Deus, que, em vez de condenar irremissivelmente pela primeira falta, oferece sempre os meios de repará-la.

Assim, sofrereis, não eternamente, mas por tanto tempo quanto reincidirdes no erro. De vós depende, no estado espiritual, tomar a resolução bastante enérgica de manifestar a Deus um sincero arrependimento, solicitando instantemente o apoio dos bons Espíritos. Voltareis então à Terra, blindado na resistência a todas as tentações Uma vez alcançada essa vitória, caminhareis na via da felicidade com mais rapidez, visto que sob outros aspectos o vosso progresso é já considerável. Como vedes, há ainda um passo a franquear, para o qual vos auxiliaremos com as nossas preces. Estas só serão improfícuas se nos não secundardes com os vossos esforços.

- R. Oh! obrigado! Oh! obrigado por tão boas exortações. Delas tenho tanto maior necessidade, quanto sou mais desgraçado do que demonstrava. Vou aproveitá-las, garanto, no preparo da próxima encarnação, durante a qual farei todo o possível por não sucumbir. Já me custa suportar o meio ignóbil do meu exílio. Félicien.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1) O que o Sr. Félicien disse sobre seus sentimentos sobre a Terra e sobre o Mundo dos Espíritos?

2) Por que os médiuns ficaram em dúvida quanto à identidade do Sr. Félicien?

3) Por que Félicien dissimulou a frase quando perguntado de sua morte?

4) Qual a necessidade que Félicien tem no momento e por que?

5) Por que este caso de suicídio apresenta-se sob uma feição especial?

6) O que é fatalidade?

CONCLUSÃO

1) Disse que na Terra teve decepções, mas menores que as do Mundo dos Espíritos. Sonhava maravilhas, e está abaixo da realidade ideal que lhe tinha. Para ele, o Mundo dos Espíritos é bem misturado, e, para torná-lo suportável, seria necessária uma boa triagem.

2) Se bem que o Espírito declare encontrar-se numa sociedade muito misturada, e por consequência de Espíritos inferiores, sua linguagem dava lugar para surpreender, em razão de seu gênero de morte, ao qual não fez nenhuma alusão, porque de outro modo seria bem o reflexo de seu caráter. Isso deixou os médiuns com algumas dúvidas sobre a sua identidade.

3) Por um sentimento desculpável em sua posição, e que não compreendemos, ele não queria revelar o seu gênero de morte ao médium; foi por isso que disse “palavras ocas”; acabou por confessar, levado por pergunta direta, mas está muito aflito com isso. Ele sofre muito por ter se suicidado, e afasta, tanto quanto possa, tudo aquilo que lhe lembra esse fim funesto.

4) Tem necessidade de preces; sobretudo, que orem para que ele fique livre dos horríveis acompanhantes que estão junto dele e que o obsidiam com seus risos, gritos e zombarias infernais.

5) Esse caso particular de suicídio, embora ocorrido em circunstâncias muito vulgares, apresenta-se, contudo, sob uma fase especial. Ele nos mostra um Espírito que sucumbiu várias vezes nessa prova, que se renova a cada existência, e se renovará enquanto não tiver força para resistir a ela. É a confirmação deste princípio que, quando o objetivo do adiantamento para o qual encarnamos não é atingido, sofremos sem proveito, porque deveremos recomeçar até que saiamos vitoriosos da luta.


6) Segundo Félicien, o que chamamos de fatalidade não é outra coisa que a nossa própria fraqueza, porque não há fatalidade; de outro modo o homem não seria responsável pelos seus atos. O homem é sempre livre, e aí está o seu mais belo privilégio; Deus não quis dele fazer uma máquina agindo e obedecendo cegamente. Se essa liberdade torna-o falível, torna-o também perfectível, e não é senão pela perfeição que ele chega à felicidade suprema.

#19 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - Capítulo III: Há Muitas Moradas Na Casa De Meu Pai #Item I: João - Capitulo XIV: 1 A 3

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO 

Capítulo III: Há Muitas Moradas Na Casa De Meu Pai

Item I: João - Capitulo XIV: 1 A 3

 “Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também.”

Todo esse capítulo do Evangelho de João é um poema de esperança, de alegria aos que, aceitando os ensinos de Jesus, esforçam-se por compreendê-los e segui-los. É uma exortação à confiança plena dos homens em Deus e em Jesus, a uma entrega ao seu amor, em qualquer situação da vida. Na alegria e na tristeza, na doença e na saúde, na juventude e na velhice, confiemos em Deus e em Jesus, entreguemo-nos à sua proteção e ao seu amor, certos de que teremos sempre o melhor.

“Há muitas moradas na casa de meu Pai”, moradas estas apropriadas ao grau de evolução dos seus filhos. Assim, sempre estaremos no lugar adequado às nossas necessidades e merecimento. A vida é eterna, sempre dinâmica, sempre propiciando atividades para a felicidade de todos.

“Se assim não fosse eu vo-lo teria dito.” Como duvidar? Como aceitar sofrimentos eternos vindos do Amor Absoluto? Como pensar que a vida termina com a morte do corpo físico?

Viveremos para sempre, trabalharemos sempre, amaremos sempre nas moradas infinitas destinadas por Deus a seus filhos.

Quem interioriza esta certeza da imortalidade e da vivência do amor pleno no espírito imortal, mesmo em um mundo de expiações e de provas, segue sua caminhada evolutiva sem medos, sem insegurança, certos de que Jesus continua sendo, além de nosso modelo, nosso guia e jamais nos deixaria órfãos, sem ajuda, sem proteção.

Nos momentos mais difíceis, quando o desânimo, o cansaço nos bate à porta, leiamos este texto ou o capítulo todo do evangelho de João, reflitamos, oremos e, sob o amparo de Jesus, através de nossos guias protetores, sentiremos a confiança surgir dentro de nós. Enquanto não formos espíritos desenvolvidos, estamos sujeitos a quedas. Daí, a importância da orientação de Jesus: “Vigiai e orai”, que requer conhecimento das leis divinas.

Nossa meta atual é desenvolver o potencial possível, intrínseco a todo espírito, através das reencarnações.

Se já alcançamos um desenvolvimento intelectual, que nos permite compreender a vida além da matéria, com toda a sua transcendência, não nos acomodemos mais e busquemos de agora em diante, cada vez mais e melhor, apreender as lições de Jesus, esforçando-nos em vivenciá-las no cotidiano de nossos dias, transformando-nos e contribuindo para a transformação do meio em que vivemos, pois só com a contribuição dos homens, a Terra transformar-se-á em um mundo mais justo e mais prazeroso.

Bibliografia usada para estudo deste Espiritismo:

1 – Allan Kardec: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Livro Primeiro: Capítulo III: CRIAÇÃO, V: Pluralidade dos Mundos.  Capítulo IV, PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, itens III e IV: Encarnação nos Diferentes Mundos e Transmigração Progressiva. Capítulo VI, VIDA ESPÍRITA, I E II: Espíritos Errantes e Mundos transitórios.

2 – Emmanuel: A CAMINHO DA LUZ, CAPÍTULO III: As Raças Adâmicas.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Dezembro / 2002

Centro Espírita Batuira
Ribeirão Preto (SP)

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.

ESTUDO 69 O LIVRO DOS MÉDIUNS - SEGUNDA PARTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS – CAPITULO XVI - MÉDIUNS ESPECIAIS - Item 189 Variedades especiais para os efeitos físicos – Médiuns de aparições.

 O LIVRO DOS MÉDIUNS

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)

por
ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO XVI

MÉDIUNS ESPECIAIS

Estudo 69 - Item 189 Variedades especiais para os efeitos físicos – Médiuns de aparições.

Relembramos que a mediunidade apresenta infinitas variedades de expressão e que a divisão dos médiuns em médium de efeitos físicos e de efeitos inteligentes é aplicada para facilitar o nosso entendimento. Recordamos ainda, que a mediunidade de efeitos físicos se expressa através de médiuns considerados especiais, que são aptos a produzirem fenômenos que se traduzem por efeitos sensíveis aos órgãos dos sentidos, tais como, ruídos, movimentos, deslocamentos de corpos sólidos. Para que tais efeitos se processem, é necessária a intervenção de uma ou mais pessoas dotadas da especial aptidão (médiuns especiais) que por efeito de sua constituição, possibilitam maior emanação de fluido animalizado, mais ou menos fácil de combinar-se com o fluido universal, com os fluidos próprios do plano dos Espíritos, com os quais, por ação da vontade dão vida factícia ou momentânea a determinados objetos, produzindo os fenômenos citados anteriormente.

Médiuns de aparições – Os que podem provocar as aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito raros.

Transcrevemos a seguir as questões 100 – 27ª e 104 do capítulo VI (O Livro dos Médiuns) sobre as manifestações visuais – aparições.

100-27ª Pode-se provocar a aparição dos Espíritos?

"Isso algumas vezes é possível, porém, muito raramente. A aparição é quase sempre espontânea. Para que alguém veja os Espíritos, precisa ser dotado de uma faculdade especial”.

104. O Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, e sob o império de certas circunstancias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo sentido tátil. 

Dado se possa atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la, quando ela própria segura o observador e o abraça, circunstâncias em que nenhuma dúvida mais é lícita. 

Os fatos de aparições tangíveis são os mais raros; porém, os que se têm dado nestes últimos tempos, pela influência de alguns médiuns de grande poder (1) e absolutamente autenticados por testemunhos irrecusáveis, provam e explicam o que a história refere acerca de pessoas que, depois de mortas, se mostraram com todas as aparências da realidade. Todavia, conforme já dissemos, por mais extraordinários que sejam, tais fenômenos perdem inteiramente todo caráter de maravilhosos, quando conhecida a maneira por que se produzem e quando se compreende que, longe de constituírem uma derrogação das leis da Natureza, são apenas efeito de uma aplicação dessas leis.

         (1) Entre outros, o Sr Home.

Os Espíritos podem se tornar visíveis e serem vistos no estado de vigília, o que é mais raro ou durante o sono, o que é comum. Todos podem se tornar visíveis, mas nem sempre têm permissão ou desejam fazê-lo. Pertencem a toda as categorias, das mais elevadas as inferiores e segundo a sua natureza o fim pode ser bom ou mau. No primeiro caso visam consolar os que lamentam sua partida, provar que continuam a existir, dar conselhos ou pedir assistência, preces, ajuda para si mesmos; no segundo caso, assustar e, às vezes, vingar-se.

Quando ocorrem essas aparições não se deve temê-los, pois estão por toda parte, e o mal que possam causar decorre do encarnado se deixar influenciar por seus pensamentos desviando-se do bem.

Vendo Espíritos, a melhor ação é conversar, perguntando-lhe quem é e o que deseja, o que se pode fazer por ele. Se for infeliz, sofredor, o sentimento de querer ajudar, a atenção demonstrada muito o aliviará.

Essas visões ou aparições podem ocorrer em condições perfeitamente normais de saúde, a qualquer hora do dia, sendo mais comuns à noite, uma vez que a claridade intensa pode ofuscar uma aparição delicada. Relembramos que os Espíritos não são vistos com os olhos físicos. É a alma que vê e a prova disso é que podem ser divisados mesmo estando de olhos fechados, O Espírito se apresenta revestido do seu perispírito na forma humana ou outra qualquer no sono ou vigília; combina fluidos e produz no corpo perispiritual uma disposição especial que o torna perceptível.

Nessa forma de aparição é impossível tocá-los.

O espírito que quer ou pode fazer-se visível, reveste-se às vezes, de todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão e os que vêem realmente pensam ter diante de si um corpo sólido. Em alguns casos a tangibilidade pode tornar-se real sendo possível ao observador tocar apalpar, sentir na aparição a mesma resistência, o mesmo calor do corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago; essa aparição é sensível ao olhar e também ao tato. Como exemplo, citamos as aparições de Katie King, graças à mediunidade de Florence Cook, caracterizando o chamado agênere. 

Em nosso próximo estudo continuaremos estudando variedades especiais de médiuns para os efeitos físicos.

Bibliografia:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XVI - 2ª Parte – item 189 e itens 100-27ª e 104

BIGHETTI, Leda Marques – Educação Mediúnica “Teoria e Prática” 1º volume: 1.ed Ribeirão Preto: BELE, 2005 – pág 161 a 163

Tereza Cristina D'Alessandro
Maio/2007

Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br

Ribeirão Preto - SP

ESTUDO EVANGÉLICO 53 - LIVRO PALAVRAS DE VIDA ETERNA - TEMA: APRIMOREMOS

ESTUDO EVANGÉLICO

Livro: Palavras de Vida Eterna

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

ESTUDO 53

 APRIMOREMOS

"Não extingais o Espírito." - Paulo. (I TESSALONICENSES, 5:19).

A exortação apostólica não tem o significado de aniquilamento do Espírito uma vez que esse depois de criado jamais poderá ser destruído. O versículo em questão deve ser compreendido como um convite à renovação, à necessidade de ampliar os valores espirituais. 

Criado simples e ignorante, mas tendo em si os germens de todos os desenvolvimentos futuros, o Espírito realiza sua evolução, a pouco e pouco, no corpo e fora dele, através de experiências intelecto morais com as quais realiza o afloramento isto é, a atualização dos tesouros do Espírito.

Embora já informados da nossa natureza espiritual, que pré-existe e transcende a vida física, permanecemos na grande maioria distantes dessa realidade, sem o espírito de serviço indispensável ao aprimoramento.

A reencarnação por mais breve que seja tem objetivos elevados. Através dela são oferecidas condições de renovação, de crescimento, de oportunidades de fazer melhor aquilo que ontem foi negligenciado, de iniciar novas tarefas, de desenvolver novos valores, etc.

Por isso, devemos viver como seres espirituais que somos: suprir as nossas necessidades do viver na matéria sem, no entanto, desprezar o Espírito, o ser mais importante.

"Não ajunteis tesouros na Terra onde a traça rói, a ferrugem corrompe e os ladrões minam e roubam. Ajuntai tesouros no céu..." (Mateus, 6:19-21).

A nossa busca não deve se restringir apenas aos valores materiais uma vez que como Espírito temos outras necessidades.

Que valores realmente importam? Aqueles que "conferem poder e prestígio espirituais e proporcionam gozos superiores ao da matéria"3: a fé, a sabedoria, a bondade, a tolerância, etc. que não se perdem jamais e onde quer que estejamos os levamos conosco, pois são intransferíveis, inalienáveis, conquistas do ser imortal.

Os nossos esforços devem voltar-se para o trabalho da própria educação e da prática do bem imprescindíveis ao desenvolvimento do Espírito. 

O evangelho do Cristo é convite permanente a nossa integração nesse trabalho renovador e Emmanuel1, no mesmo propósito, reflete sobre a importância de estendermos os valores espirituais onde quer que estejamos. Ressalta todos os benefícios que a Humanidade usufrui hoje e que foram fruto do trabalho e perseverança daqueles que nos antecederam nas lutas planetárias. Não importa que a nossa tarefa seja humilde. Vale o serviço realizado, isto é, colocar-se por inteiro no ato em si, uma vez que o que dá vida aos nossos atos é a inclusão do nosso potencial, do nosso eu, envolvendo o outro em efeitos de esclarecimento e de consolo. 

Empreguemos, pois nossas faculdades de sentimento, pensamento e ação para fazer o melhor, onde, quando, como e com quem estivermos.
"Humilde réstia de luz que acendermos envolver-nos-á em seu clarão e a pequena semente de fraternidade que venhamos a lançar no solo da vida abençoar-nos-á com os seus frutos."1

Bibliografia.

1. Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Aprimoremos". Ditado pelo Espírito Emmanuel. CEC. 17a ed. Uberaba, MG. 1992.

2. Xavier, Francisco Cândido. "Pão Nosso: Renovação Necessária". Ditado pelo Espírito Emmanuel. FEB. 23a ed. Rio de Janeiro, RJ. 2003

3. Oliveira, Therezinha. "Na Luz do Evangelho: Mais que o Alimento". Editora Allan Kardec. Campinas, SP. 2004.

Iracema Linhares Giorgini
Dezembro de 2005


Citações bíblicas:

Paulo. (I TESSALONICENSES, 5).

19 Não extingais o Espírito;

(Mateus, 6).

19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;

20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

 Centro Espírita Batuira

Ribeirão Preto (SP)