Módulo
XI
Mediunidade
1
– Conceito e Histórico
“Mediunidade
é a faculdade de intermediar o plano físico e o plano espiritual.
É
uma faculdade orgânica, e não constitui patrimônio especial de
grupos nem privilégio de castas.” 86
86
“Estudos Espíritas”, cap. 18.
O
Médium é aquele que serve de instrumento entre os dois planos da
vida.
De
modo geral, podemos afirmar que todos somos médiuns, porque pelo
simples fato de sofrermos influência de Espíritos, já estamos
exercendo nossa mediunidade. De maneira mais específica, quanto à
acentuação da faculdade, podemos salientar que a mediunidade é
faculdade de poucos.
Em
todos os tempos, a mediunidade revelou ao homem a existência do
plano espiritual, por isso é vero afirmar que o fenômeno mediúnico
não nasceu com o Espiritismo, e sim que existe desde as mais remotas
eras da vida humana no planeta. Temos notícias das comunicações
mediúnicas desde o homem primitivo caracterizando o mediunismo,
passando por vários povos até atingir o rigor científico do século
XIX.
As
musas não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos
protetores das ciências e das artes, como, os deuses Lares e Penates
simbolizavam os Espíritos protetores da família. Os feiticeiros,
magos, adivinhos, e posteriormente oráculos, pítons e taumaturgos,
eram todos médiuns mesmo que usando outras designações.
O
profetismo em Israel tem sua origem em Moisés. No Velho Testamento,
encontramos várias passagens em que o grande legislador conversa com
Deus. É lógico que a conversa não é com o Criador, mas com um
Espírito mensageiro de Deus. Porque Deus não entra em contato
direto com os homens, mas para tal faz uso de Espíritos superiores
que funcionam como intermediários entre Ele o os Espíritos de nosso
nível evolutivo.
Para
ilustrar, transcrevemos abaixo uma passagem do livro “Êxodo”, em
que tal fato acontece:
E
apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo no meio duma
sarça. Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça
não se consumia;
pelo
que disse: Agora me virarei para lá e verei esta maravilha, e porque
a sarça não se queima.
E
vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça,
e disse: Moisés, Moisés! Respondeu ele: Eis-me aqui.
Prosseguiu
Deus: Não te chegues para cá (...) (Êxodo, 3: 2 a 5)
Notamos
que no princípio o narrador bíblico diz ser o “anjo do Senhor”,
e depois o próprio Deus.
Essas
confusões acontecem devido à falta de informação a respeito do
tema. Informação que só a Doutrina Espírita, com o seu estudo
sistematizado, pode oferecer.
Moisés
é um médium espetacular. Em muitos momentos ele vê, em outros ele
ouve, e até fenômenos de efeitos físicos ele realiza com muita
naturalidade.
É
muito comum ouvir de irmãos nossos de outras religiões, a afirmação
de que o Espiritismo encontra-se em erro diante de Deus, porque
Moisés proibiu o exercício da mediunidade. Vejamos a citação
bíblica a que eles se referem:
Quando
entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a
fazer conforme as abominações daqueles povos.
Não
se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a
sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito
adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo
aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa
destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante
de ti Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.
Porque
estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os
adivinhadores; porém, quanto a ti, o Senhor teu Deus não te
permitiu tal coisa. (Deuteronômio, 18: 9 a 14)
Em
primeiro lugar, gostaríamos de dizer que se Moisés proibiu, é
porque a mediunidade existe; ninguém proíbe algo que inexiste.
Depois, podemos afirmar que o que Moisés proibiu o Espiritismo
também condena, que é o mau uso desta faculdade.87
87
Ver “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXVI.
Quanto
à mediunidade em si, ele mesmo deu várias provas de que a aprovava.
Vejamos
a seguinte passagem do livro “Números”:
Mas
no arraial ficaram dois homens; chamava-se um Eldade, e o outro
Medade; e repousou sobre eles o espírito, porquanto estavam entre os
inscritos,ainda que não saíram para irem à tenda; e profetizavam
no arraial.
Correu,
pois um moço, e o anunciou a Moisés, dizendo: Eldade e Medade
profetizaram no arraial.
Então
Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um de seus mancebos
escolhidos, respondeu e disse: Meu Senhor Moisés, proíbe-lho
Moisés, porém, disse-lhe: Tens tu ciúmes por mim? Oxalá que do
povo do Senhor todos fossem profetas, que o Senhor pusesse o seu
espírito sobre eles! (Números, 11: 26 a 29)
Desta
forma, fica claro que Moisés não só não proíbe a mediunidade,
como até dela faz uso.
Mas
a mediunidade chega ao seu ápice com Jesus, porque o Mestre não foi
um médium comum, mas o “Excelso Médium de Deus”. Por seu
intermédio, toda a Lei Divina se fez visível, e o seu grau de
sintonia com o Pai era tal, que Ele mesmo nos afirmou:
“Eu
e o Pai somos um.” (João, 10: 30)
O
Cristianismo, desde a Ressurreição até o Concílio de Nicéia, fez
uso constante da Mediunidade. Através deste concílio realizado no
ano 325 de nossa era, na cidade de Constantinopla, foi condenado o
uso da mediunidade e outros pontos mantidos pelos primeiros cristãos,
dando início à desagregação e à decomposição do Cristianismo
em suas legítimas bases, que fora tão profundamente marcado pelo
dia de Pentecostes.
Na
Idade Média, época de obscurantismo, os médiuns são perseguidos e
maltratados como feiticeiros. Temos como exemplo a excepcional Médium
Joana D’Arc, que em todos os lugares era inspirada por seres
invisíveis, escutava suas vozes, e por eles deixava-se dirigir,
tornando-se assim a “Heróica Virgem de Domremy”.
Podemos
citar ainda como expoentes significativos da mediunidade, Dante
Alighieri, que sob influência espiritual escreveu “A Divina
Comédia”, Goethe e sua obra mediúnica “O Fausto”, e mais
tarde, os já conhecidos dos espíritas, Emmanuel Swedenborg, Andrew
Jackson Davis, Eusápia Paladino, entre outros.
Este
breve relato mostra assim que a mediunidade é imanente no próprio
homem.
Talvez
por isso, o Cristo, em toda a sua sabedoria, afirma ao apóstolo
Pedro:
Bem
aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois eu te digo que
tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja (...)
(Mateus, 16: 17 e 18)
Apostila
do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro
Espírita Amor e Caridade
Goiânia
– GO
Trabalho
realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a
coordenação de
Cláudio
Fajardo
Divulgação
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