A
sofisticação tecnológica da Medicina atual ainda permanece na insustentável
tese de que o homem é as células que lhe constituem a organização
somática.Negando, por sistema, a realidade do ser integral, - espírito,
perispírito e matéria - detém-se na conceituação ultrapassada, na qual o
cérebro gera o pensamento, e a Vida cessa quando se dá o fenômeno da anóxia,
alguns minutos depois da parada cardíaca...
Desde
Hipócrates, passando por Aécio e Galeno, a visão dualista somente vem
encontrando confirmação e respeito, não se podendo mais negar a interação
espírito-matéria, mente-corpo, como termos da equação existencial.
Face
a essa constatação, convenciona-se que a saúde é mais do que a ausência de
doença no organismo, sendo um conjunto de fatores propiciatórios ao bem estar
psicológico, econômico e social.
O
paradigma da atualidade em torno da saúde leva o médico a examinar o paciente
não mais como uma cobaia, ou alguém aflito de quem se deve libertar, mas como
portador de muitos problemas que, não raro, a doença exterioriza, mascarando-os
nas gêneses profundas do estado patológico.
Volve-se,
desse modo, ao antigo sacerdócio médico, graças ao qual ele se torna amigo do
paciente, seu confidente, seu companheiro, ajudando-o a drenar as emoções
negativas recalcadas, a fim de dar campo à catarse liberativa das angústias e
tormentos que sofre, para que, então, nele se instale de volta a saúde.
A
saúde integral independe das drogas químicas e dos tratamentos cirúrgicos, não
obstante esses sejam ainda valiosos instrumentos para sua aquisição.
Forçoso
reconhecer-se que o ser atual é um somatório de experiências próximas e
remotas. Tanto lhe constituem fatores degenerativos os conflitos próximos, da
atual encarnação, quanto os transatos, das existências pretéritas.
Examinado
desse ponto de vista, compreender-se-á a gama larga de fatores predisponentes
como preponderantes, para o estabelecimento da enfermidade ou da saúde.
Cumpre
que se conscientizem os indivíduos em geral, e os enfermos em particular, que
cada criatura é o resultado das realizações morais, espirituais da sua mente,
como já observavam os gregos antigos...
A
disposição para o otimismo ou para a autodestruição responderá pelos seus
futuros comportamentos.
Nesse
sentido, o Evangelho de Jesus é um excelente tratado de psicoterapia, cuja
aplicação resultará em bem-estar e harmonia.
Toda
a mensagem de Jesus é vazada no conhecimento profundo do homem, considerando
sua realidade transpessoal, na qual ressaltam o Espírito e sua condição de
imortalidade.
Lentamente,
face ao volume das aflições que dominam as paisagens humanas, e às enfermidades
psicossomáticas de difícil diagnose, que levam a estados lamentáveis, a
criatura sente-se convidada à valorização da vida, à descoberta dos seus
recursos éticos, auto-estima, ao auto-aprimoramento.
O
amor, nesse cometimento, assume papel preponderante, em razão das energias que
libera no sistema imunológico, fortalecendo-o, no sistema nervoso simpático e
nos glóbulos brancos, fundamentais na luta pela preservação da saúde.
A
visualização mental otimista, gerando energias que combatam ou anulem a
enfermidade, produz endorfinas que atenuam a dor, auxiliando as células à
remissão da doença.
Bombardeios
mentais através da visualização, sobre tumores de origem cancerígena, logram
alteração profunda no seu desenvolvimento, conseguindo mesmo eliminá-los.
Todavia, se o sentimento de amor acompanha a descarga psíquica da vontade,
estimulando as células saudáveis a se manterem em ritmo de equilíbrio enquanto
as outras se consomem, a vibração da força transformadora será mais potente e
portadora de resultados eficientes.
Nesse
aspecto, o querer é imprescindível e o crer essencial, face à continuidade do
fluxo mental, sem vacilações, suspeitas e receios que lhe interrompam essa
continuidade.
A harmonia
mental que decorre da relaxação confiante produz, também, o benéfico estado
alfa, quando o cérebro libera ondas do mesmo nome no ritmo de oito a doze
ciclos por segundo, ensejando a restauração da saúde, quando se está enfermo,
ou a preservação dela, quando se encontra saudável.
Nesse
campo, o auto-descobrimento corajoso propicia a eliminação dos mecanismos do
ego que levam à fuga da responsabilidade e do respeito por si mesmo, ensejando
consciência de quem se é, do que se deve realizar e como se poderá fazê-lo.
A
visão junguiana de saúde é conclusiva, convidando a uma revisão de paradigmas
na Medicina tradicional e na tecnologia médica atual, redescobrindo os
pacientes como pessoas necessitadas de amor, que se auto-punem por ignorância e
se auto-destroem por desequilíbrio emocional, mediante pugnas íntimas
incessantes...
O
amor, que pertencia às áreas da sociologia e da filosofia, além das análises
literárias, passa hoje a ser elemento fundamental para os conteúdos do
comportamento e da conduta na preservação da sanidade.
Mantendo-se,
desse modo, a recomendação do Evangelho sobre o amor a Deus, ao próximo e a si
mesmo, na condição de experiência humana, mesmo que se instalem focos
infecciosos no corpo ou se expressem distúrbios orgânicos de vária ordem, o
paciente se torna terapeuta de si mesmo, auxiliando o médico e este àquele, a
fim de que a meta essencial seja lograda - a alegria de viver saudavelmente.
Pode-se,
portanto, experimentar saúde integral, mesmo que algum órgão se encontre
comprometido, sem que isso altere o ser em profundidade, consciente que o
fenômeno biológico da morte somente encerra o ciclo carnal, jamais a Vida.
A
visão médica, com paradigmas holísticos em torno da saúde e da doença, faculta
a possibilidade de uma perfeita interação corpo-alma, em razão do controle da
mente sobre a matéria.
Uma
organização fisiopsíquica sadia resulta da perfeita identificação entre o
Espírito e o soma, como decorrência das reencarnações anteriores ou das
conquistas atuais, preparando a existência em marcha para a plenitude.
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Franco,
Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado
pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador,
BA: LEAL, 1994.
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