COMUNICAÇÃO
III – MÉDIUM
Ainda o
médium. São tantas as dúvidas existentes sobre o tema que resolvemos ampliar a abordagem
do mesmo.
Dentro desta
série, os leitores vão se inteirar das opiniões de Francisco Cândido Xavier e Divaldo
Pereira Franco a respeito de ângulos diversos da questão.
Com a palavra, portanto, os dois valorosos líderes.
O que é desenvolver mediunidade no conceito de Emmanuel?
Chico Xavier - Ele crê que desenvolvimento mediúnico deveria ser a nossa
dedicação ao aperfeiçoamento pessoal para servirmos de intérpretes àqueles que
habitam a vida espiritual e, ao mesmo tempo, começar muito cedo o trabalho na
pauta da obediência e da fé de que todos carecemos perante as Leis de Deus.
A disritmia é problema mediúnico?
Divaldo - Para nós,
espíritas, na questão das enfermidades de qualquer porte, o problema é sempre o
Espírito encarnado. No processo da fecundação, quando o Espírito começa a moldar
o corpo de que tem necessidade para evoluir — porque o corpo é moldado conforme
o mérito ou demérito de cada um — encontram-se em gérmen as futuras necessidades
do seu processo de crescimento. Na problemática das disritmias cerebrais, a
atuação do psiquismo do Espírito reencarnante sobre a matéria em formação cria
o desajuste que mais tarde se apresentará em forma de lesões ou descompensações
vibratórias. Como todos temos um passado, estamos, por isso mesmo, vinculados
aos nossos atos pretéritos.
Aqueles a quem
prejudicamos, encontram em nós as matrizes do débito, a fim de que estejam
vinculados à nossa necessidade de ressarcimento, atraindo-os, inevitavelmente,
à cobrança, quando evolutivamente são iguais a nós. Se forem melhores do que
nós, não nos cobrarão nada. Pelo perdão que nos doam, libertam-se, deixando que
resgatemos nossa dívida por outros meios. O problema é normalmente psiquiátrico,
mas também sofre carga obsessiva. Pode ser psiquiátrico ou neurológico, porque
de ordem cerebral, necessitando de uma terapêutica própria. E obsessivo ou
mediúnico porque, havendo a dívida e o cobrador por perto, estabelece-se um
clima de obsessão. Se a pessoa recebe a terapia espírita, e dispõe-se à prática
do Bem, à auto-terapia, libertar-se-á do processo disrítmico, porque iluminará
o seu perseguidor — sua vítima de ontem — e resgatará as suas dívidas perante a
Consciência Cósmica. A Lei não é de cobrança; é de retificação dos erros. Se eu
pratiquei um mal e começo a fazer um grande Bem, o Bem que eu faço anula o mal
que eu fiz, deixando-me quite. Existe, portanto, uma injunção de natureza
físico-psicológica, quanto de natureza mediúnica, no problema das disritmias,
necessitando de tratamento médico especializado e espiritual cuidadoso.
O que acontece para uma pessoa que se recusa a desenvolver sua
mediunidade, já que esta mediunidade pode ajudar muitas pessoas? Haverá algum
castigo ou cobrança?
Chico Xavier - Energias que
não doamos podem ser fator de desequilíbrio em nossas vidas. Nossa consciência,
em geral, nos cobra uma atitude perante as tarefas que nos cabem. Praticando o
Bem em qualquer parte, estaremos colocando nossa mediunidade a serviço de
todos. André Luiz afirma: “Todo bem que não se faz é um mal que se pratica.”
Diz-se, no Espiritismo, que todos temos mediunidade e medo
disso. Por quê?
Divaldo - Por ignorar o
que é a mediunidade, por um mecanismo de defesa, através do qual o indivíduo,
embora cientificado das possibilidades mediúnicas, bloqueia as fontes daqueles
registros psíquicos para acomodar-se ao imediatismo.
Quais são os principais sintomas, tanto físicos quanto
psicológicos, que a pessoa apresenta para que diagnostique-se mediunidade
acentuada?
Chico Xavier -
Os
sintomas podem ser variados, de acordo com o tipo de mediunidade.
Irritabilidade,
sonolência sem motivo, dores sem diagnóstico definido, mau humor e choro inexplicável
podem indicar necessidade de esclarecimento e estudo.
Divaldo, quando um médium pode saber se realmente tem um
compromisso mediúnico e que compromisso lhe traz essa mediunidade?
Divaldo -
Através
de sua predisposição. A mediunidade induz o indivíduo a uma posição consciente
perante a vida, desde que esta seja pautada em linhas de equilíbrio moral.
Então ele
passa a receber intuições vigorosas que o impelem a atitudes positivas em
relação ao próximo. Aparece de início, como lampejo de um ideal, como
reminiscência de tarefas que ficaram interrompidas ou como uma verdadeira
impulsão para realizar determinados compromissos a benefício da criatura
humana. À medida que mergulha no mundo interior, desdobram-se-lhe as possibilidades
e os Espíritos o conduzem a que execute a tarefa que, a pouco e pouco, lhe vai
sendo inspirada e conduzida. A mediunidade é uma faculdade paranormal, e todos
podemos experimentar fenômenos que não são habituais, não comuns. Quando estes
fenômenos especiais transcendem ao habitual refletem características de mediunidade,
tais: percepção de presenças, visões e audições psíquicas, que seriam denominados
como alucinações psicológicas por psiquiatras desconhecedores da mediunidade...
Como saber distinguir efeitos mediúnicos de doença física? Por
exemplo: as dores de cabeça e de estômago.
Chico Xavier - A segurança em
distinguir efeitos da mediunidade de sintomas de doenças físicas, só pode ser
alcançada com a educação da própria mediunidade. O ideal é que inicialmente se
procure um médico para certificar-se que o mal não é físico e, uma vez confirmada
a inexistência de doença, deve-se procurar a orientação espiritual.
Fale-nos, se possível, acerca dos débitos do médium que vende
sua mediunidade.
Divaldo - A tradição
concebeu uma palavra, “simonia”, como sendo a da venda das coisas sagradas. Na
mediunidade, particularmente entre nós, na Terra do Cruzeiro, seguindo a recomendação
de dar de graça o que de graça recebemos, o exercício da mediunidade não pode ter outra conotação senão
a da gratuidade. Convém consignar aqui que a venda de recursos mediúnicos não se
consuma exclusivamente por dinheiro, porque se pode trocá-la por presentes, por
concessões, pelo envaidecimento e por várias outras modalidades mais ou menos sob
disfarce. Nós, médiuns, devemos acautelar-nos constantemente contra os perigos
da simonia indireta, inclusive para com aqueles que fazem parte do nosso círculo
íntimo, ou os que nos propiciam conforto e facilidades. “Lembro-me aqui de um querido
confrade, médium seguro, que exerceu a mediunidade caritativa por largos anos
numa modesta construção no fundo do quintal de sua casa. Este homem de vida santificada
carregava uma prova dolorosa, a esposa era alienada mental, a filha sofria de ataques
epiléticos e o filho vivia atormentado por Espíritos vingativos. Granjeava
recursos para a ‘manutenção daquele lar com a execução de modestos serviços em
profissão humilde, que ele executava em sua casa mesmo. Um dia, após atender
pessoa portadora de um problema muito grave, notou que tal pessoa deixara boa
soma de dinheiro num envelope aberto em cima da mesa, retirando-se em seguida.
Levantou-se às carreiras e foi ter com a pessoa: “- Senhor, acho que esqueceu
este dinheiro na mesa em que trabalho”. Resposta do doador: “ - Não, não esqueci.
Percebi que o senhor tem problemas financeiros e de saúde de seus familiares, e
como disponho de muitos recursos quis ajudá-lo a amenizar as dificuldades com
que se defronta”.
“‘—
Não, bondoso amigo, não posso aceitar.
"—
Mas por que não pode, o senhor não me pediu nada, estou dando é para sua
família, sua esposa doente e os filhos enfermos. Com este dinheiro o senhor
pode minorar o sofrimento deles”.
“—
Perdoe-me se não consigo fazer-me entender. Se minha mulher e meus filhos estão
ao meu lado passando provações e vicissitudes, é porque deviam às justas Leis Divinas
que nos levam ao resgate para nosso benefício. Por favor, não insista, não
destrua num segundo o que levei 30 anos para edificar”.
Dito isto
passou o envelope para as mãos do doador e voltou ao barraco onde exercia a
mediunidade com verdadeiro amor e santidade.
FONTE
Silveira,
Adelino; KARDEC PROSSEGUE, ed.UNIÃO,
questão 1
Baccelli, C.A;
DIVALDO. FRANCO em UBERABA, ed.
ALVORADA; questão 2
Xavier, F.C e
Emmanuel (Espírito), PLANTÃO DE
RESPOSTAS, ed. UNIÃO, questões 3,5,7
Franco,
Divaldo P; ELUCIDAÇÕES ESPIRITAS, ed. ALVORADA,
questão 4
Franco Divaldo
P. VIAGENS E ENTREVISTAS; ed.ALVORADA;
questão 6
Franco Divaldo
P, e Fernando Worm; MOLDANDO O
TERCEIRO MILÊNIO, ed. ALVORADA, questão 8
EMMANUEL E A COMUNICAÇÃO
“Enquanto
houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será ilícito cogitar
da felicidade isolada para nós mesmos”.
“O
programa do feminismo não é o da exclusão da dependência da mulher: deve ser o
da compreensão dos seus grandes deveres.
Dentro
da natureza, as linhas determinadas pelos desígnios insondáveis de Deus não se
mudam, sob a influência do ilimitado arbítrio humano; e a mulher não pode
transformar o complexo estrutural de seu organismo“.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO
XXX Nº351
Janeiro
2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
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