quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Nosso Lar 07_12

12

Dívida agravada

Enquanto outros servidores da instituição por nós passavam, à pressa, com o evidente intuito de auxiliar, o dileto  companheiro de Druso desceu a escadaria do templo,  em nossa companhia, explicando:

- Muitos companheiros de serviço valem-se deste horário para o culto espontâneo do amor fraterno. Ouvem aqui neste locutório os desesperados e os tristes e, tanto quanto lhes é possível, administram-lhes medicação e consolo, não somente os exortando à compreensão e à serenidade, mas também os acompanhando aos círculos tenebrosos ou à esfera dos encarnados, para a obra de assistência aos laços afetivos que  lhes perturbam o coração.  Nesse instante, entramos mais diretamente em contacto com os grupos rumorosos. Agora, adaptada nossa visão à sombra reinante, conseguíamos diferençar as figuras lamentáveis e exóticas que nos cercavam, agoniadas... Eram mulheres de duro  semblante que a miséria desfigurava e homens de fisionomias torturadas pelo ódio e pela angústia.

Dificilmente, de nossa parte, poderíamos avaliar-lhes  a idade, segundo o escalão terrestre. O infortúnio deles convertera-os  em fantasmas de amargura,  quase a irmaná-los integralmente no  mesmo tipo de configuração exterior. Muitos mostravam mãos  semelhantes a ressequidas garras, e em quase todos o olhar enraivecido ou medroso revelava a dolorosa fulguração da mente que desceu ao poço da  loucura.

Preces comoventes misturavam-se a clamores sinistros de revolta.

E, vendo, contristados, a multidão em movimentos rudes, ante as portas abertas do santuário tranqüilo,  perguntamos ao  Assistente por que não se acolhia toda ela ao templo hospitaleiro, então  quase deserto.

Silas, contudo, designando a entrada do edifício que vínhamos de deixar, fixou a portaria radiante que, da forte penumbra, mais  se nos afigurava um túnel aberto para a luz,  e esclareceu:

- Efetivamente, reportam-se vocês a medida desejável.  Entretanto, apenas ingressam no recinto sagrado quantos lhe podem suportar  a claridade com o respeito devido. Quase todos os irmãos que se congregam nesta praça trazem mutilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores de sentimentos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes disposições, não resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado teor eletromagnético, indispensável à garantia de nossa casa.

Muitos de nossos  irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca, que anseiam pelas vantagens  da prece, na intimidade do santuário; no entanto, por dentro, lá  estimariam tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste, no culto  à ironia e à blasfêmia. Para que não tumultuem a atmosfera divina que nos  cabe oferecer à oração pura e reconfortante, recomendam nossos orientadores que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos, facilmente evitáveis.

Hilário, espantado, considerou:

- Significa isso que somente a sincera compunção da alma entrará em sintonia com as forças eletromagnéticas imperantes no recinto...

- Exatamente assim é - confirmou o interlocutor. - Nossa instituição permanece de braços abertos à provação e ao  sofrimento, mas não à rebeldia e ao desespero. De outra sorte, seria  condená-la ao aniquilamento e ao descrédito,  na região atormentada em que se localiza.

Nesse ponto da conversação, fomos interrompidos por dezenas de braços ressequidos a implorarem socorro. 

Silas fitava-os, compadecido, mas sem se deter, até que nosso passo foi cortado por apressada mulher, exclamando, ansiosa:

- Assistente Silas! Assistente Silas!...

Nosso amigo identificou-a, porque, parando de súbito,  estendeu lhe a destra amiga, murmurando:

- Luísa, a que vens?

Defrontavam-se em ambos a curiosidade e a aflição.

A senhora desencarnada, com sinais de irreprimível angústia, gritou sem preâmbulos:

- Socorro!... Socorro!... Minha filha, minha pobre Marina esmorece... Tenho lutado com todas as minhas forças para  furtá-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e incapaz...

Os soluços sufocaram-lhe a garganta, inibindo-lhe a voz.

- Fala! - disse o orientador de nossa excursão, em tom imperativo, como se o alarme daquele instante lhe obscurecesse  a serenidade mental, imprescindível ao entendimento da nova  situação.

A infeliz, ajoelhada agora, ergueu os olhos lacrimosos  e suplicou:

- Assistente, perdoe-me a insistência em falar-lhe de  meu infortúnio, mas sou mãe... Minha desventurada filha pretende  matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda mais,  com as trevas da sua consciência!...

Silas aconselhou-lhe a volta ao lar terreno, como lhe  fosse possível, e, dando-nos as mãos, promoveu a viagem rápida para  o objetivo a que devíamos atender.

Em caminho, informou:

- Trata-se de companheira da Mansão, reencarnada há quase trinta anos, sob os auspícios de nossa casa.

Prestar-lhe-emos  o necessário auxílio, ao mesmo tempo que vocês poderão examinar  um problema de débito agravado.

Notando que o nosso amigo entrara em silêncio, meu colega externou:

- É impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens...

Preocupado qual se achava, nosso generoso companheiro  tentou ensaiar um sorriso que lhe não chegou aos lábios, e juntou:

- Grande verdade... Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio... O  imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação  divina.

Todavia, não houve mais tempo para qualquer outra divagação.

Atingíramos no plano físico pequena moradia constituída de três peças desataviadas e estreitas.

O relógio acusava alguns minutos depois de zero hora.

Acompanhando Silas, cuja presença deslocou diversas entidades da sombra que ali se ajuntavam com a manifesta intenção de  perturbar, ingressamos num quarto humilde.

Percebemos, sem palavras, que o problema era efetivamente desolador.

Junto de jovem senhora agoniada e exausta, uma menina  de dois a três anos choramingava, inquieta...

Via-se-lhe nos olhos  esgazeados e inconscientes o estigma dos que foram marcados por  irremediável sofrimento ao nascer.

Contudo, através da preocupação indisfarçável de Silas, era fácil reconhecer que a pobre senhora era o caso mais urgente para os  nossos cuidados.

A infeliz, de joelhos, beijava sofregamente a pequenina, mostrando a indefinível angústia dos que se despedem para  sempre.

Logo após, em movimento rápido, tomou de um copo em que se encontrava beberagem cujo teor tóxico não nos deixava qualquer dúvida. Antes, porém, de colá-lo à boca em febre,  eis que o  Assistente lhe disse em voz segura:

- Como podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?

A desventurada não lhe ouviu a pergunta com os tímpanos de carne, mas a frase de Silas invadiu-lhe a cabeça qual rajada  violenta.

Lampejaram-lhe os olhos com novo brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, agora indecisas.

Nosso orientador estendeu-lhe os braços,  envolvendo-a  em fluidos anestesiantes de carinho e bondade.

Marina, pois era ela a irmã para quem aflito coração materno suplicara socorro, dominada de novos pensamentos,  recolocou o perigoso recipiente no lugar primitivo e, sob a vigorosa  influência do diretor de nossa excursão,  levantou-se automaticamente e  estirou-se no leito, em prece...

- " Deus meu, Pai de Infinita Bondade - implorou em voz alta -, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto  mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranqüilo no  leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que  lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente...  Nossas contas esmagam-me... Como vencer a enfermidade que me devora,  obrigada a costurar sem repouso, entre o marido e a filhinha que me reclamam assistência e ternura? ...

Silas administrava-lhe passes magnéticos de prostração  e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num impulso irrefletido, batesse com força no copo fatídico, que rolou no piso do quarto, derramando o liquido  letal.

Em lágrimas copiosas, a pobre criatura insistiu,  desolada:

- Ó Senhor, compadece-te de mim!...

Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação  de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte  deliberada naquele instante, passou a orar em silêncio, com evidentes  sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe acentuava a passividade e da qual se valeu o Assistente para conduzi-la ao sono  provocado.

Silas emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a moça, sem conseguir explicar a si mesma a  razão do torpor que lhe invadia o campo nervoso,  deixou-se adormecer pesadamente, qual se houvera sorvido violento narcótico.

O Assistente interrompeu a operação socorrista e falou-nos, bondoso:

- Temos aqui asfixiante problema de conta agravada.

E designando a jovem mãe, agora extenuada, continuou - Marina veio de nossa Mansão para auxiliar a Jorge e  Zilda, dos quais se fizera devedora. No século passado, interpôs-se entre  os dois, quando recém-casados, Impelindo-os a deploráveis leviandades  que lhes valeram angustiosa demência no Plano Espiritual. Depois  de longos padecimentos e desajustes, permitiu o Senhor que muitos amigos intercedessem, junto aos Poderes Superiores, para que se lhes recompusesse o destino, e os três renasceram no mesmo quadro  social, para o trabalho regenerativo. Marina,  a primogênita do lar de  nossa irmã Luisa, recebeu a incumbência de tutelar a irmãzinha  menor, que assim se desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, mas,  quando moças feitas, há alguns anos, eis que, segundo o programa de serviço traçado antes da reencarnação, a jovem Zilda reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os elos afetivos do pretérito.

Amam-se com fervor e confiam-se ao noivado. Marina, porém,  longe de corresponder às promessas esposadas no Mundo Maior,  pelas quais lhe cabia amar o mesmo homem, no silêncio da renúncia construtiva, amparando a irmãzinha, outrora repudiada esposa, nas lutas purificadoras que a atualidade lhe ofertaria, passou a maquinar projetos inconfessáveis,  tomada de intensa paixão. Completamente cega e surda aos avisos da sua consciência, começou a envolver o noivo da irmã em larga teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios desejos, passou a hipnotizar o moço,  espontaneamente, com o auxílio dos vampiros desencarnados,  cuja companhia aliciara sem perceber... E Jorge,  inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão... Decorridos breves meses,  dedicavam-se ambos a encontros ocultos, nos quais se comprometeram um com o outro na maior intimidade... Zilda notou a modificação do  rapaz, mas procurava desculpar-lhe a indiferença à conta de  cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando apenas duas semanas para a  realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha com a  inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve ser-lhe a companheira no  lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso desapontamento que a  subjuga e,  aparentemente, não se revolta. Mas, introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de formicida com que põe termo à existência física.

Alucinada de dor, Zilda desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes dela em nosso mundo,  admitida na Mansão pelos méritos maternais. A genitora desditosa rogou  o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe, apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora, aos seus olhos, era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a inqualificável abandono... Examinado o assunto,  carinhosamente, pelo Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma. E, logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar para receber aí os cuidados merecidos.  Marina falhara na prova de renúncia em favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio,  na situação de filha  terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim que Jorge e Marina, livres, casaram-se,  recolhendo da Terra a comunhão afetiva pela qual suspiravam;  entretanto, dois anos após o enlace, receberam Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Mas... desde os primeiros  meses do rebento adorado, identificaram-lhe a dolorosa prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surdo-muda e  mentalmente retardada, em conseqüência do trauma perispirítico experimentado na morte por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos do ser pelas recordações asfixiantes do passado recente, chora quase que dia e noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que a amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A  vida corria-lhes regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro, quando, há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra em tratamento. Desde então,  entre o esposo doente e a filhinha infeliz, Marina, em seu débito agravado,  padece o abatimento em que a encontramos,  martelada igualmente  pela tentação do suicídio. Silenciou o Assistente.

Achávamo-nos, eu e Hilário, assombrados e comovidos.

O problema era doloroso do ponto de vista humano,  contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina.

Silas acariciou a moça prostrada e acentuou:

- Auxiliar-nos-á o Senhor para que se recupere e reanime.

Nesse instante, a irmã Luísa penetrou no recinto,  entre deprimida e ansiosa.

Inteirou-se de todas as ocorrências e agradeceu,  enxugando as lágrimas.

Silas, no entanto, interessado em conduzir o socorro até ao fim, administrou novos recursos magnéticos à mãezinha debilitada, e  então presenciamos um quadro inesquecível.

Marina ergueu-se em Espírito sobre o corpo somático e  pousou em nós o olhar vago e inexpressivo...

Nosso diretor, porém, como a despertar-lhe as percepções do Espírito, afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de  fluidos luminescentes e, de repente, à maneira do cego que retorna à  visão, a pobre criatura viu a genitora que lhe estendia os braços  amigos e carinhosos.

Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria:

- Mãe! minha mãe!... pois és tu?

Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso, qual se o  fizesse a uma criança doente e, mal reprimindo a emoção,  falou-lhe,  triste:

- Sim, filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento.

E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou:

- Por que o desânimo, quando a luta apenas começa?

Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? que seria de nós, Marina,  se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem?  Regozijaste no combate que nos acrisola e salva para a obra de  Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias  consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada.

Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros em remédio salutar para o  resgate de nossas culpas... A enfermidade de nosso Jorge e a provação de  nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação  para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes  associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido... Que  fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto  da oração que o lar te ensinou?

Enganaste-te, assim tanto, para  abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te,  desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha que partiu,  acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga em  desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à  Eterna Justiça!...

Humilha-te e resgata a própria consciência, com o  preço da expiação dolorosa, mas justa... Trabalha e serve, esperando em  Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para  que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e  ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!...  Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo,  senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de angústia? Compadece-te de mim,  tua  mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te  ama!...

Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz.

Marina, agora ajoelhada e lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:

- Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!...

Luísa ergueu-a com esforço e, dando-nos idéia dos calvários maternais que costumam prender as grandes mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes até à criança enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor, implorou, humilde:

- Filha querida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!...

A moça, renovada, rojou-se sobre a menina triste,  mas, como se a emotividade daquela hora lhe sufocasse a mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de carne, como o grânulo de ferro pelo ímã, e vimo-la acordar,  em pranto copioso, bradando, inconsciente:

- Minha filha!... minha filha!...

O Assistente, respeitoso, despediu-se de Luísa e afirmou:

- Louvado seja Deus! Nossa Marina ressurge,  transformada.

Afastamo-nos sem palavras.

Lá fora, no céu, nuvens distantes coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da aurora e, de alma embriagada de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita Bondade de Deus, que faz raiar, depois de cada noite, a bênção de novo dia. 

 Questões para estudo:

 1 - Leia o trecho e responda:

_ Quase todos os irmãos que se congregam nesta praça trazem mutilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores de sentimentos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes disposições, não resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado teor eletromagnético, indispensável à garantia de nossa casa._

_ Muitos de nossos  irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca, que anseiam pelas vantagens da prece, na intimidade do santuário; no entanto, por dentro, lá  estimariam tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste, no culto  à ironia e à blasfêmia. Para que não tumultuem a atmosfera divina que nos  cabe oferecer à oração pura e reconfortante, recomendam nossos orientadores que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos, facilmente evitáveis._

1.1 O que podemos dizer de mais este requisito para entrar na colônia?

1.2 Estão estes espíritos acostumados com a trevas, a presença de luz deverá ser dosada aos poucos?

1.3 Será que a emanação deles poderia atrapalhar a emissão de luz na colônia, causando algum tipo de interferência?

2 _ Para impedir o suicídio de Marina, Silas lhe sugeriu fazer uma prece. 

2.1 _ Como estas sugestões chegam até a assimilação do nosso cérebro, causando no caso de Marina o impedimento da conclusão do ato?

2.2 _ Porque os demais suicídios que são cometidos todos os dias no mundo todo não seriam pelo menos em grande parte evitados? O que fez o caso de Marina merecer atenção especial?

2.3 _ O que facilitou a assimilação da mensagem enviada por Silas para Marina? 

3 _ Gostaria que vocês comentassem sobre a parte da história de Marina onde recusou ajudar a irmã Zilda, onde acabou recebendo a mesma tarefa posteriormente mas com um adicional de cometimentos que foi gerado pelo ato suicida. O que vocês acham desta parte que narra mais um episódio da reencarnação?

Conclusão
                                                                       
                                                             QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO     

1 - Leia o trecho e responda:

"Quase todos os irmãos que se congregam nesta praça trazem mutilações que a perversidade lhes impôs ou são 
portadores de sentimentos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes disposições, não 
resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado 
teor eletromagnético, indispensável à garantia de nossa casa.

Muitos de nossos  irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca, que anseiam pelas vantagens da prece, na 
intimidade do santuário; no entanto, por dentro, lá estimariam tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste, 
no culto à ironia e à blasfêmia. Para que não tumultuem a atmosfera divina que nos  cabe oferecer à oração pura e 
reconfortante, recomendam nossos orientadores que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos, 
facilmente evitáveis."                

1.1 - O que podemos dizer de mais este requisito para entrar na colônia?

R - O socorro do Alto sempre se faz presente, mas é preciso que o espírito esteja em condições de recebê-lo. No caso do Templo existente em anexo à Mansão Paz, Silas explica que o local é dominado por intensa claridade que provém do teor eletromagnético dos mecanismos de proteção da Casa. Os espíritos encontrados no pátio externo ao Templo identificam-se pela baixa sintonia vibratória que freqüentam e habitam regiões de sofrimento do plano espiritual. Psiquicamente enfermos, encontram- -se em tal grau de demência que, se penetrassem no recinto, conforme explicação de Silas, não saberiam respeitar o local e iriam se entregar à ironia e à blasfêmia, imprecando contra Deus. Para que possa obter os benefícios que a oração sincera e sentida proporciona é preciso que o espírito esteja apto a recebê-los, percebendo que o sofrimento a que está entregue é conseqüência de sua própria semeadura e que a única forma de superação é a aceitação do flagelo sem rebelião e desespero, confiando na Justiça Divina e buscando a renovação necessária ao seu soerguimento. 

1.2 - Estão estes espíritos acostumados com a trevas, a presença de luz deverá ser dosada aos poucos?

R - Os espíritos em questão, como dissemos, encontram-se, psiquicamente, gravemente enfermos, com seus corpos espirituais mutilados pelas perversidades a que se dedicaram e nutrindo sentimentos de natureza inferior, conforme a descrição de André Luiz. Em tais condições, segundo explica Silas, não resistiriam ao impacto da claridade dominante no interior do Templo, o que viria aumentar-lhes o sofrimento. A luz divina não lhes será negada. Porém, será concedida à proporção da melhora de seus estados psíquicos.

1.3 - Será que a emanação deles poderia atrapalhar a emissão de luz na colônia, causando algum tipo de interferência?

R - Sem dúvida, a presença desses espíritos no ambiente da Instituição iria causar algum prejuízo à psicosfera reinante no local. Com suas vibrações totalmente eivadas de ódio, rancor e desejos de praticar o mal, se admitidos ao seu interior, poderia destruir todo o trabalho até então realizado em favor da recuperações dos que lá são atendidos, levanto a Mansão ao descrédito perante os que nela confiam.

2 - Para impedir o suicídio de Marina, Silas lhe sugeriu fazer uma prece. 

2.1 -  Como estas sugestões chegam até a assimilação do nosso cérebro, causando no caso de Marina o impedimento 
da conclusão do ato?

R - Conforme explica Allan Kardec, em "A Gênese", não há espaço vazio no Universo. Onde imaginamos que nada existe, o espaço é ocupado pelo fluido cósmico universal em suas múltiplas variações. Vivemos, pois, mergulhados num mar de fluidos, que funcionam como veículo do pensamento, propagando-o através do espaço. Assim, o pensamento, tanto dos encarnados, como dos desencarnados, toma forma e ganha o espaço, através do fluido universal, que lhe serve de veículo condutor. É dessa maneira que os pensamentos são conduzidos ao seu destino. O nosso perispírito é constituído de matéria idêntica a dos fluidos espirituais, de onde o espírito retira seus elementos constitutivos. Sendo da mesma natureza dos fluidos espirituais, o perispírito não permanece encerrado no corpo físico, irradiando ao seu redor e o envolvendo numa espécie de atmosfera fluídica. É dessa maneira que os nossos pensamentos e os pensamentos dos espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, recebendo e emitindo vibrações, numa troca constante de energias. Assimilado pelo perispírito, este os repassa, por intermédio do sistema nervoso, que lhes serve de fio condutor, ao organismo físico, que tem no cérebro o seu órgão destinado a esta função.

2.2 -  Por que os demais suicídios que são cometidos todos os dias no mundo todo não seriam pelo menos em grande parte evitados? O que fez o caso de Marina merecer atenção especial?

R - A questão 459 do Livro dos Espíritos informa que os espíritos nos influem muito mais do que imaginamos e que,em geral, são eles que nos dirigem. Em muitos casos, os benfeitores espirituais atuam decisivamente no sentido de evitar que o suicídio se efetive e o conseguem. Porém, é preciso entender que o espírito tem livre-arbítrio e nem sempre é receptivo às sugestões que o plano espiritual tenta inspirar. Marina recebeu um atenção especial dos benfeitores por intercessão de sua mãe, que, em desespero, o auxílio de Silas, a quem conhecia. 

2.3 -  O que facilitou a assimilação da mensagem enviada por Silas para Marina? 

R - O principal fator que contribuiu para que a mensagem de Silas fosse assimilada por Marina foi a sua própria ascendência espiritual em relação a ela. Falando-lhe com voz segura, como relata André Luiz, sugeriu-lhe que, antes de perpetrar o ato que a levaria à morte física, ela fizesse uma prece. Dedicando-se a uma prece sincera e sentida, Marina mudou completamente a atmosfera espiritual em torno de si, tornando-se mais receptiva às sugestões que lhe eram intuídas por Silas. 

3 -  Gostaria que vocês comentassem sobre a parte da história de Marina onde recusou ajudar a irmã Zilda, onde acabou recebendo a mesma tarefa posteriormente mas com um adicional de cometimentos que foi gerado pelo ato suicida. O que vocês acham desta parte que narra mais um episódio da reencarnação?

R - No livro "O Céu e o Inferno", Allan Kardec faz um importante estudo sobre as penas futuras, no qual expõe a visão do Espiritismo acerca do futuro da alma. Explica o Codificador que o arrependimento, a expiação e a reparação constituem as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta cometida e sua conseqüências. A reparação, prossegue Kardec, "consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito". Isto explica as reencarnações de Marina e Zilda no mesmo ambiente familiar, nas posições de mãe e filha. 

Tendo levado Zilda, em existência pretérita, à prática de leviandades que a conduziram a um estado de demência após a sua desencarnação, Marina reencarnou como sua irmã mais velha, com o propósito de tutelá-la naquela jornada reparatória. Sucumbindo aos sentidos materiais, proporcionou nova queda moral da irmã, que se deixou levar ao suicídio. Sendo a reparação uma condição necessária para apagar os efeitos das faltas do passado, a misericórdia divina favoreceu-lhes com nova oportunidade de reajuste, vindo Zilda com graves enfermidades no corpo material, que a impedem de exercer plenamente suas faculdades físicas e intelectuais. Marina, que contribuiu para que Zilda contraísse os graves débitos que estão a exigir reparação, reencarnou como sua mãe, a quem incumbe auxiliar a vencer a provação, reparando, também, seus equívocos do passado.

Um grande abraço a todos

Equipe CVDEE
Sala André Luiz


Coordenação: eqpal@cvdee.org.br 
ceu inferno_020

1a. parte capítulo X

Intervençao dos demônios nas modernas manifestaçoes

1) Responda com base na Doutrina da Igreja:

a) Qual a interpretação da Igreja para as manifestações espíritas?

b) Que entidades são evocadas nestas manifestações?

c) Que resultados esta prática pode trazer à humanidade?

d) De que preceitos derivam estas teorias?

2) Qual a interpretação do Espiritismo para as manifestações espíritas?

3) Qual categoria de espíritos manifestam-se nas comunicações?

4) Quais os cuidados se deve ter segundo a DE? Há necessidade de rituais? Por quê?

5) Qual a finalidade e objetivo das manifestações espíritas segundo a DE?

6) Qual vem a ser a finalidade fundamental do Espiritismo no mundo? Por que se diz que ele veio complementar os ensinos de Jesus?

7) Qual a sua conclusão pessoal a respeito deste assunto?

Conclusão:

1)

a) A Igreja alega que os espíritos que se manifestam nas evocações são demônios, pois os espíritos dos homens não podem comunicar-se com os vivos, sendo esta característica próprias dos anjos e dos demônios.

b) Entidades espirituais engajadas no mal; demônios.

c) À perdição da alma, ou seja, na prática da evocação os homens associam-se aos demônios sendo seduzidos e enganados por eles e vão também para o inferno.

d) Das penas eternas, sem volta mesmo que haja arrependimento. Da criação divina de anjos, demônios e humanos em escalas diferentes.

2) Os espíritos que se comunicam são os espíritos dos homens que já desencarnaram; podem ser bons ou ruins; os maus podem mudar tendo oportunidades de vivenciar o bem em várias encarnações. As manifestações respeitam as leis da natureza e nada têm de sobrenatural ou fantástico

3) Espíritos de todas as categorias podem manifestar-se se lhes for permitido

4) Devemos ter o conhecimento necessário para que possamos avaliar, pelo conteúdo e caráter da mensagem, a natureza boa ou não do espírito que se comunica; também devemos ter bem fortalecidas as qualidades morais para que não sejamos enganados, ou seja, Orar e vigiar como ensinou Jesus. Não há necessidades de rituais porque nenhuma influência exercem nas manifestações.

5) Trazer ao homem o conhecimento da vida futura, reforçar o conhecimento de Deus, do Evangelho e das leis morais e trazer a esperança de que somos espíritos imortais, sempre em evolução.

6) O Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus. Veio reforçar e divulgar o ensinamento do Cristo, mostrar ao homem que ele jamais está só e a necessidade e importância das leis morais. Veio também provar ao homem que a vida não acaba na carne, dando a ele esperança no futuro mesmo que muito tenha errado e que sua evolução depende dele mesmo.



7) A Igreja, num tempo em que o medo foi necessário para disciplinar o homem, foi crescendo e se impondo como verdade. Os tempos mudaram, o homem mudou e a Igreja não. Num tempo em que o homem busca o conhecimento e a fé raciocinada, o medo já não faz o efeito de antigamente, além de ser desnecessário, faz com que a |Igreja perca adeptos e chegará o dia em que terá que mudar ou desaparecerá. O homem já sabe que Deus é Amor, Justiça e Sabedoria, sendo assim, muitas das doutrinas católicas caem por terra apenas por este conhecimento.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

OBRAS DE ANDRÉ LUIZ  CITAÇÕES POR TEMA 30

TEMAS TRATADOS

MATERIALIZAÇÃO

Na espiritualidade

André dirige os trabalhos da reunião, enquanto devo fornecer recursos à materialização de nossa benfeitora Matilde (diz Gúbio para André Luiz). O fenômeno de materialização de uma entidade sublimada ali se fizera prodigioso aos nossos olhos, em processo quase análogo ao que se verifica nos círculos carnais. LI-18-228/229.

O veiculo físico, assim prostrado, sob o domínio dos técnicos do nosso plano, começou a expelir o ectoplasma, qual pasta flexível, à maneira de uma geléia viscosa e semilíquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais, particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos, com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das extremidades dos dedos. A substância, caracterizada por um cheiro especialíssimo, que não conseguimos descrever, escorria em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico, onde apresentava o aspecto de grande massa protoplásmica, viva e tremulante. NDM-28262.

A materialização de criaturas e objetos de nosso plano, para ser mais perfeita, exige mais segura desmaterialização do médium e dos companheiros encarnados que o assistem, porque, por mais nos consagremos aos trabalhos dessa ordem, estamos subordinados à cooperação dos amigos terrestres. (...) O pensamento mediúnico pode influir nas formas materializadas, mesmo sob rigoroso controle de amigos da nossa esfera. (...) As faculdades de materialização, desse modo, não traduzem privilégio para os seus portadores. NDM-28-263.

A mediunidade não traduz sublimação e sim meio de serviço, (...) Como atribuir santidade a médiuns da Terra ou a comunicantes do além pelo simples fato de modelarem formas passageiras, entre dois planos? NDM-28-263.

(...) O material leve e plástico (ectoplasma) de que necessitamos para a materialização, podemos dividi-lo em três elementos essenciais:

fluido A representando as forças superiores e sutis de nossa esfera.

fluido B definindo os recursos do médium e dos companheiros que o assistem.

fluido C; constituindo energias tomadas à Natureza terrestre. NDM 28 265.

(...) Dispomos entre nós de técnicos bastante competentes para desmaterizar os elementos físicos e reconstituí-los de imediato, cônscios da responsabilidade que assumem. NDM-28-269.

MEDICINA DO FUTURO

(...) Mas a ciência medica atingirá culminâncias sublimes quando verificar no corpo transitório a sombra da alma eterna. ML-6-63.

A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico. ML-12-176.

O médico do futuro aprenderá que todo remédio está saturado de energias eletromagnética em seu raio de ação. A gota medicamentosa tem princípios elétricos, como também acontece às associações atômicas que vão recebê-la. OVE-19-282.

A mente tanto quanto o corpo físico, pode e deve sofrer intervenções para equilibra-se. Mais tarde a ciência humana envolverá em cirurgia psíquica, tanto quanto hoje vai avançando em técnica operatória, com vista às necessidades do veículo de matéria carnal. No grande futuro, o médico terrestre desentranhará um labirinto mental, com a mesma facilidade com que atualmente extrai em apêndice condenado. ETC-13-82.

A medicina terrestre, no futuro, para atender com eficácia, ao doente, examinar-lhe-
á, com minúcia, a feição espiritual de todas as peças humana que lhe articulam a equipe. SD-1P-2-23.

MEDITAÇÃO

A prece e a meditação elevada, o pensamento edificante, refunde a atmosfera, purificando-a. ML-5-46.

Todo o nosso esforço sutil para colocá-lo noutro caminho redundou em fracasso. Gabriel não sabia cultivar a meditação. (por não meditar, Gabriel, esposo da obsidiada Margarida, não conseguiu receber intuição do plano espiritual para ajudá-la). LI-11-137.

Basta, no entanto, nos afeiçoarmos aos exercícios da meditação, ao estudo edificante e ao hábito de discernir para compreendermos onde se nos situa a faixa de pensamento. NDM-5-51.

MÉDIUM

Fracasso Da Mediunidade De Otávio

Preparei-me, então, durante trinta anos consecutivos, para voltar a Terra em tarefa mediúnica, desejoso de saldar minhas contas e elevar-me alguma coisa. (mesmo assim, Otávio fracassou na tarefa mediúnica). OM-7-43.

Fracasso Da Tarefa Mediúnica De Joel

Minha tarefa mediúnica exigia sensibilidade mais apurada, e, quando me comprometi à execução do serviço, fui ao Ministério do Esclarecimento (no Nosso Lar), onde me aplicaram tratamento especial, que me aguçou as percepções. Necessitava condições sutis para o desempenho dos futuros deveres. (...) Deixando-me empolgar pela curiosidade doentia, apliquei-a tão somente para dilatar minhas sensações. No quadro dos meus trabalhos mediúnicos, estava a recordação de existências pregressas como expressão indispensável ao serviço de esclarecimento coletivo e benefício aos semelhantes, que me fora concedido realizar, mas existe uma ciência de recordar, que não respeitei como devia. (...) Lembrei toda a minha penúltima existência, quando envergara a batina, sob o nome de Monsenhor Alejandre Pizarro, nos últimos períodos da Inquisição. Desenvolveu-se a clarividência, mas não estava satisfeito senão com rever meus companheiros visíveis e invisíveis, no setor das velhas lutas religiosas. A audição psíquica tornou-se muito clara; entretanto, não queria ouvir os benfeitores espirituais sobre tarefas proveitosas e sim interpelá-los, ousadamente, no capítulo da minha satisfação egoística. (...) fugia aos companheiros que me vinha pedir atividades à bem do próximo, engolfado em pesquisas. Com o meu erro, a mente desequilibrou-se e as perturbações psíquicas constituem doloroso martírio. Estou sendo submetido a tratamento magnético, de longo tempo. OM-10-58/59/61.

Fracasso Da Tarefa Mediúnica De Ernestina

Qual foi à causa do seu desastre? Apenas o medo, minha amiga explicou-se à interpelada -, tive medo de tudo e de todos. OM-9-54.

Considerações 

(...) Nos serviços mediúnicos, preponderam os fatores morais. (...) O médium, para ser fiel ao mandato superior, necessita clareza e serenidade. (...) Abnegação e humildade, primeiros fatores na obtenção de acesso à permuta com as regiões mais elevadas. ML-1-13/14.

Nas sessões de caridade, qual a que presenciamos, o primeiro socorrista é o médium que o recebe, mas, se esse socorrista cai num padrão vibratório do necessitado que lhe roga serviço, há pouca esperança no amparo eficiente. NDM-11-56.

Não basta ver, ouvir ou incorporar espíritos desencarnados, para que alguém seja conduzido à respeitabilidade. NDM-13-123.

Irmã Ambrosina, há mais de vinte anos sucessivos, procura oferecer à mediunidade cristã o que possui de melhor na existência. Por amor ao ideal que nos orienta, renunciou às mais singelas alegrias do mundo, inclusive o conforto mais amplo do santuário doméstico, de vez que atravessou a mocidade trabalhando, sem a consolação do casamento. (caso de uma médium abnegada). NDM-16-148.

O lavrador é o médium da colheita, a planta é o médium da frutificação e a flor é o médium do perfume. NDM-30-281.

Somos todos, assim, médiuns, a cada passo refletores das forças que assimilamos, por força de nossa vontade, na focalização da energia mental. MM-16-119.

(...) É importante que os obreiros da desobsessão, notadamente os médiuns psicofônicos e os médiuns esclarecedores, visitem os hospitais e casas destinadas à segregação de determinados enfermos, pra compreenderem com segurança o imperativo de respeitosa cautela no trato com os espíritos revoltados e desditosos. DO-18-78.

Há médiuns psicofônicos para quem os amigos espirituais designam determinados tipos de manifestantes que lhes correspondem às tendências, características, formação moral e cultural, especializando-lhes as possibilidades mediúnicas. DO-35-137.

O médium psicofônico deve preparar-se dignamente para a função que exerce, reconhecendo que não se acha dentro dela à maneira de fantoche, manobrado integralmente ao sabor das inteligências desencarnadas, mas sim na posição de intérprete e enfermeiro, capaz de auxiliar, até certo ponto, na contenção e na reeducação dos espíritos rebeldes que recalcitram no mal, a fim de que o dirigente se sinta fortalecido em sua ação edificante e para que a equipe demonstre o máximo de rendimento no trabalho assistencial. DO-42-158.

Controle Nas Comunicações

O hóspede (entidade comunicante) experimentava com rigor o domínio afetuoso da missionária (médium sonâmbula Celina) que lhe dispensava amparo assistencial. Impelindo a obedecer-lhe, recebe-lhe a energia mental constringente que o abrigam a sustentar-se em respeitosa atitude, não obstante revoltado como se encontra. NDM-8-75.

Ainda mesmo quando o médium é absolutamente sonâmbulo, incapaz de guardar lembranças posteriores ao socorro efetuado, semidesligado de seus elementos físicos dispõe de recursos para governar os sentidos corpóreos de que o espírito comunicante se utiliza, capacitando-se, por isso, com, o auxilio dos instrutores espirituais, a controlar devidamente as manifestações. Desobsessão é obra de reequilibrio, refazimento, nunca de agitação e teatralidade. DO-43-161.
nl07_11_O templo e o parlatório

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo

Sala Virtual André Luiz

Estudo das Obras de André Luiz

Livro em estudo: Ação e Reação

Capítulo 11

O templo e o parlatório

Terminada a fase culminante do caso Antônio Olímpio e interessados na continuidade de nossos estudos, Hilário e eu procuramos o Instrutor Druso, que aconselhou solicitamente, após ouvir-nos:

- Compreendo que a Mansão em si já lhes terá fornecido elementos básicos a graves conclusões em torno da lei de causa e efeito... Aqui, na maioria dos problemas, quase sempre encontramos os frutos concretos da ação. Junto de nós, é possível verificar, de perto, a colheita do sofrimento em todas as suas fases difíceis e dolorosas.

E, sorrindo, acentuou:

- A região infernal permanece superlotada de contas maduras. Aqui, a sovinice suporta o azinhavre de atrozes padecimentos, o crime defronta com todas as espécies de angústia no remorso tardio, e a delinqüência responsável é surpreendida pelas trevas que lhe agravam as amarguras, porque as coletividades dos lavradores culpados pela plantação de tantos espinheiros não dispõem de coragem para recolher o fruto envenenado da sementeira a que se afeiçoam. Desorientados e dementes, sublevam-se contra as flagelações que geraram e caem nas profundezas da rebelião e do desespero... Segundo é fácil de observar, em derredor da nossa casa de reajuste e socorro, tudo, em quase todas as circunstâncias, é sombra e conflito uniformes, assim como vasto campo incendiado por criaturas imprevidentes, a tolerarem compulsoriamente o fogo e o fumo com que lesaram a gleba das próprias vidas...

Druso calou-se, caminhou na direção de larga janela que se abria para os nevoeiros exteriores, mirou, compadecido, a triste paisagem que os nossos olhos conseguiam descortinar e, em seguida, voltou para perto de nós, asseverando:

- Ainda assim, será bom prolonguem o trabalho em que se empenham, anotando os princípios de compensação em mais amplos setores. Nesse sentido, consideramos de suma importância as realizações em andamento na esfera carnal, como fatores determinantes de céu ou de inferno nas pessoas que os procuram, razão por que auguramos aos dois o melhor aproveitamento nas atividades que venham a empreender, na zona de relações entre nossa casa e o homem comum não distante. Precisamos reconhecer que todos criamos o destino ou renovamo-lo, todos os dias, e, aqui, o exame de semelhante lição é mais vagaroso, porquanto o nosso instituto mais se nos afigura uma estação de chegada em que a culpa se movimenta com lentidão. Entre os Espíritos encarnados, porém, mais facilmente se nos revela o mecanismo da Lei, através da qual vive a alma nas suas próprias edificações. No vaso da carne, a planta da existência se desenvolve, floresce e frutifica. A morte fisiológica realiza a grande ceifa. Em nosso mundo, temos, desse modo, a seleção natural dos frutos. Os raros que se mostram aprimorados são conduzidos à lavoura da Luz Divina, nos planos celestiais, para mais ampla ascensão ao grande futuro; todavia, a massa esmagadora dos que chegam deteriorados ou imperfeitos estaciona nos celeiros de sombra das regiões inferiores em que nos achamos, à espera de novo plantio nas leiras do mundo. É que cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as imagens que em si mesma plasmou, utilizando os recursos do sentimento, da idéia e da ação que a vida lhe empresta, irradiando as forças que acumulou no espaço e no tempo terrestres. Cremos, pois, seja oportuna a observação do assunto, entre as almas encarnadas, para que se lhes enriqueça a experiência.

Aquelas ponderações, ditas em tom paterno, comoviam-me intensamente.

Druso pronunciava-as com afabilidade e tristeza, não obstante sorrisse.

Como sempre encantado com a sua personalidade dificilmente abordável no conjunto, silenciei, acatando-lhe as manifestações, mas Hilário perguntou, irrequieto, valendo-se da pausa que surgira:

- Que nos sugere, porém, a fim de que atendamos aos estudos a que se reporta?

O Instrutor respondeu, de pronto:

- Possuímos sempre renovado material de consulta no templo e no parlatório exteriores de nosso domicílio, usualmente freqüentados por irmãos do plano físico, provisoriamente desligados da habitação corpórea por influência do sono, bem como pelos companheiros desencarnados que vagueiam em torno da Mansão, à caça de reconforto. Muitos deles estão ligados ao nosso santuário pelos fios da reencarnação, enquanto muitos outros chegam até nós em busca de socorro. Dispomos aí de atendentes numerosos que lhes coletam as reclamações e registram os problemas para orientarmos com segurança o nosso esforço de paz e cooperação. É interessante, assim, que os amigos se incorporem, durante alguns dias, às nossas equipes de serviço, colaborando conosco e relacionando apontamentos diversos.

- Não poderíamos contar com a ajuda de Silas? Indagou meu colega, referindo-se ao companheiro cuja presença para nós significava alegria e coragem.

O Instrutor contemplou-nos de maneira expressiva e comentou, surpreendendo-nos:

- Não fosse o objetivo das informações que coligem e, certo, não nos seria possível permitir que o Assistente mencionado lhes tutelasse a recolta de ensinamentos.

Sabemos, contudo, que o trabalho em andamento se destina a instruções para a esfera dos companheiros reencarnados e semelhante tarefa nos obriga a considerar-lhes a petição.

Realmente, não lhes convém qualquer perda de oportunidade ou de tempo. E embora sejam atualmente enormes as responsabilidades de Silas em nossa casa, não vejo como privá-los do companheiro que, sem dúvida, é aqui o depositário imediato de nossa melhor confiança.

Logo após, enquanto mergulhávamos em silenciosas considerações, acerca do seguro serviço de inteligência com que o grande benfeitor nos seguia a meta, Silas foi chamado à nossa presença, recebendo recomendações no sentido de prestar-nos a assistência precisa.

Instrutor e Assistente, em conversação íntima e rápida, permutaram impressões, cuja significação total não nos foi possível perceber.

Terminado o entendimento, Silas marcou o horário exato em que nos cabia efetuar o reencontro e, com isso, a nossa entrevista com o governador da Mansão fora praticamente encerrada.

No momento previsto, o Assistente veio procurar-nos, solícito. íamos visitar o Templo da Mansão.

Atravessamos longas filas de corredores, até que, através de estreito postigo, tivemos acesso a vasto recinto iluminado.

Assemelhava-se o ambiente ao de grande capela, das que conhecemos no mundo. De face voltada para o exterior, uma cruz de radiante material argênteo sobre alva e simples mesa, encostada ao centro do fundo, era o único símbolo religioso ali existente. Mas de todas as paredes laterais, a se caracterizarem por brancura de neve, distinguiam-se pequenas reentrâncias insculpidas em forma de nichos.

A luz dominante casava-se de encantadora maneira com a melodia cariciosa a ressoar docemente no largo corpo da nave...

Que mãos invisíveis produziam a música veludosa e terna que nos inclinava à reverência e à meditação?

Mais de duas centenas de entidades diversas, formando piedoso conjunto, em fileiras quase do mesmo número, postavam-se em prece ante os nichos vazios.

Não sei que estranha emotividade me tomou a alma toda.

A fé simples da infância reconquistara-me o intimo... Lembrei minha mãe, colocando a oração primeira em meus lábios e, como se as vibrações daquela hora fossem abençoada chuva a lavar-me todos os escaninhos do espírito, olvidei por instantes minhas velhas experiências da vida para somente pensar no Supremo Senhor, nosso Deus e nosso Pai...

Lágrimas quentes rorejaram-me a face.

Quis algo perguntar ao Assistente bondoso; contudo, naquele primeiro contacto com o santuário externo da Mansão, nada consegui fazer senão orar e chorar copiosamente. E, por isso mesmo, embora pudesse controlar a expressão verbalista, para que a palavra me não escapasse desordenadamente da boca, contemplava a luminosa cruz, entre respeitoso e comovido... Recordei o Mensageiro Divino que a utilizara em sacrifício para traçar-nos o caminho da vitoriosa ressurreição, e repetia no imo d’alma:

- "Pai Nosso que estás nos Céus, santificado seja o Teu nome.

Venha a nós o Teu reino.

Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.

Não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque são Teus o reino, o poder e a glória para sempre.

Assim seja."

Reparei que Silas me acompanhava os menores movimentos interiores, porque, ao terminar a prece dominical, disse-me, afetuoso:

- É verdade, André, raros conseguem penetrar este ambiente sem se escudarem na oração.

E relanceando o olhar sobre Hilário, que igualmente enxugava lágrimas espontâneas, como a incluí-lo no carinho das observações que exteriorizava, continuou:

- Este pequeno campo de pensamento está sublimado pela compunção e pela dor de milhares... Incontáveis legiões de almas edificadas no sofrimento e na fé por aqui hão passado, em pranto de arrependimento ou de esperança, de gratidão ou de angústia... Nosso templo interno, de cujos serviços vocês já participaram, funciona qual se fora o vivo coração de nossa casa, enquanto que este santuário exterior é o símbolo das nossas mãos em prece.

Apontando as criaturas que oravam em silêncio, ante os altares despovoados, ousei perguntar ao irmão prestimoso - Que significam no recinto a imagem da cruz e estes nichos vazios?

O Assistente esclareceu, sem demora:

- A cruz recorda a todos os visitantes que o Espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui se encontra presente, não obstante estejamos nos abismos infernais. E os nichos vazios dão oportunidade a que todos se dirijam aos Céus, segundo a fé que abraçam. Até que a alma obtenha a Sabedoria Infinita é indispensável caminhe na longa estrada dos símbolos de alfabetização e cultura que a dirigem na senda de elevação intelectual, e, até que atinja o Infinito Amor, é necessário palmilhe as longas rotas da caridade e da fé religiosa, nos múltiplos departamentos da compreensão que lhe assegura o acesso à Vida Superior. Os Poderes Divinos, que nos regem, determinam que toda classe de fé sincera e respeitável aqui encontre amorosa veneração.

Observando que a reduzida comunidade de almas em prece se alinhava em posições diversas, de vez que algumas se mantinham de pé ou comodamente sentadas, enquanto que a maioria se punha de joelhos, Hilário ensaiou algumas indagações a que Silas respondeu, condensando os assuntos:

- Sim, desde que o respeito mútuo seja necessariamente guardado, todos aqui podem orar como melhor lhes pareça.

E, amparando-nos a curiosidade sadia, indicou certa matrona que chorava, pacientemente genuflexa, diante de nicho próximo, e falou:

- Acompanhemos, por exemplo, aquela nossa irmã em súplica. Postar-nos-emos na retaguarda, de modo a não na incomodar com a nossa presença. E, envolvendo-a nas vibrações de nossa simpatia, assimilar-lhe-emos a faixa mental, percebendo, com clareza, as imagens que ela cria em seu processo pessoal de oração.

Obedecemos maquinalmente e, de minha vez, à medida que concentrava a atenção naquela cabeça grisalha e pendente, mais se alterava o estreito espaço do nicho aos meus olhos...

Pouco a pouco, qual se emergisse da parede lirial, linda tela se me desdobra à visão, tomada de espanto. Era a reprodução viva da formosa escultura de Teixeira Lopes (5), representando a Mãe Santíssima chorando o Divino Filho morto...

E as frases inarticuladas da veneranda irmã em prece ressoavam-me nos ouvidos:

- "Mãe Santíssima, Divina Senhora da Piedade, compadece-te de meus filhos que vagueiam nas trevas!...

Por amor de teu filho sacrificado na cruz, ajuda-me o espírito sofredor para que eu possa ajudá-los...

(5) António Teixeira Lopes, notável escultor português. (Nota do Autor espiritual.) Bem sei que por sinistro apego às posses materiais, não vacilaram em abraçar o crime.

Em verdade, Senhora, são eles homicidas infortunados que a justiça terrestre não conheceu... Por isso mesmo, padecem com mais intensidade o drama das próprias consciências, enleadas à culpa...

Nesse ponto da petição, Silas tocou-nos, de leve, os ombros, convidando-nos ao ensinamento devido e explicou:

- É uma pobre mãe desencarnada que roga pelos filhos transviados nas sombras. Invoca a proteção de nossa Mãe Santíssima, sob a representação de Senhora da Piedade, segundo a fé que o seu coração pode, por enquanto, albergar, no âmbito das recordações trazidas do mundo...

- Isso quer dizer que a imagem de nossa visão...

Esta observação ficou, porém, no ar, porque Silas completou, presto:

- É uma criação dela mesma, reflexo dos próprios pensamentos com que tece a rogativa, pensamentos esses que se ajustam à matéria sensível do nicho, plasmando a imagem colorida e vibrante que lhe corresponde aos desejos.

E respondendo automaticamente às indagações que o problema nos sugeria, continuou:

- Isso, contudo, não significa que a prece esteja sendo respondida por ela mesma. Petições semelhantes a esta elevam- se a planos superiores e aí são acolhidas pelos emissários da Virgem de Nazareth, a fim de serem examinadas e atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria.

Espraiando o olhar pelos circunstantes, prosseguiu esclarecendo:

- Encontram-se aqui devotos de vários grandes heróis do Cristianismo, em diversos cultos de fé.

E olhando em torno, com a sua ampla experiência apontou outra senhora em oração, acrescentando:

- Ali temos nobre matrona exorando a proteção de Teresinha de Lisieux (6), a doce monja do Carmelo, desencarnada na França.

- E a mensagem dela alcança o coração da famosa freira? indagou Hilário com o otimismo de sempre.

- Como não? - respondeu o interlocutor. - Depois da morte do corpo, as criaturas efetivamente santificadas encontram as mais altas quotas de serviço, na expansão da luz ou da caridade, do conhecimento ou da virtude, de que se fizeram a fonte viva de inspiração, quando no aprendizado humano. O céu beatífico e estanque existe apenas na mente ociosa daqueles que pretendem progresso sem trabalho e paz sem esforço. Tudo é criação, beleza, aprimoramento, alegria e luz incessantes na obra de Deus, a expressar-se, divina e infinita, através daqueles que se elevam para o Infinito Amor. Assim pois, o coração que deixe na Terra uma sementeira de fé e abnegação passa a nutrir, do plano espiritual, a lavoura das idéias e dos exemplos que legou aos irmãos de luta evolutiva, lavoura essa que se expande naqueles que lhe continuam o ministério sagrado, crescendo, assim, em trabalho e influência para o bem, no setor de ação iluminativa e santificante que o Senhor lhe confia.

Meu companheiro, que assinalava o esclarecimento com tanta atenção quanto eu mesmo, obtemperou:

- E na hipótese de a alma julgada santa entre os homens não ser realmente santa no Plano da Verdade? as preces que lhe sejam dirigidas atingem os objetivos visados, ainda mesmo quando o suposto santo permaneça em duras experiências nas regiões das sombras?

- Sim, Hilário - aclarou o Assistente -; as orações podem não encontrar, de imediato, o Espírito a que se destinam, mas alcançam-lhe o grupo de companheiros (6) Santa Teresa do Menino Jesus, na Igreja Católica, desencarnada no Carmelo de Lisleux, França, em 30 de setembro de 1897. - (Nota do Autor espiritual.) a que deveria ajustar-se e que, amorosamente, o substituem na obra assistencial do bem, em nome do Senhor, visto que, na realidade, todo amor na Criação Eterna é de Deus.

Imaginemos, para exemplificar, que a referida monja não estivesse, temporariamente, em condições de prestar auxílio... Se isso acontecesse, as grandes almas, acrisoladas na disciplina da instituição em que tanto se distinguiu, se encarregariam de fazer por ela o trabalho necessário e justo, até que pudesse tomar sobre os ombros o apostolado que lhe compete.

- Todavia - ponderou meu colega -, será de crer que o espírito das congregações religiosas ainda permaneça vivo nas Esferas Mais Altas?

O Assistente sorriu e ajuntou:

- Não no sentido estreito do sectarismo terrestre.

Quanto mais se eleva aos cimos da vida, mais se despe a alma das convenções humanas, aprendendo que a Providência é luz e amor para todas as criaturas. Entretanto, até que a alma se identifique com os fatores sublimes da consciência cósmica, os círculos de estudo e fé, aperfeiçoamento e solidariedade, pelo bem que realizam, estejam onde estiverem, merecem o maior acatamento das Inteligências Superiores que atendem à execução dos Planos Divinos.

Logo após, como se quisesse fixar em nosso espírito os méritos da lição, dirigiu o olhar para certa senhora que se mantinha em prece, não distante de nós, e, depois de ligeira observação, conduziu-nos até ela, recomendando-nos atenção.

Procuramos assimilar-lhe a faixa mental e, estabelecida a sintonia, surpreendemos no nicho a imagem viva e simpática do nosso abnegado Dr. Bezerra de Menezes (7), ao mesmo tempo que ouvíamos a súplica de nossa companheira desolada:

(7) Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, apóstolo do Espiritismo Cristão no Brasil, desencarnado no Rio de Janeiro, em 11 de abril de 1900. - (Nota do Autor espiritual.)

- "Doutor Bezerra, por amor de Jesus, não abandones meu pobre Ricardo nas trevas da desesperação!... Meu esposo infeliz atravessa rudes provas!... O generoso amigo, socorre-nos! Não permitas que ele desça ao abismo do suicídio... Dá-lhe coragem e paciência, sustenta-lhe o bom ânimo!... As dificuldades e as lágrimas que o afligem no mundo caem sobre minhalma como chuva de fel!..."

Silas interrompeu-nos a reflexão, acentuando:

- Segundo reconhecemos, o santuário serve à oração digna, sem cultos especiais. Ali, alguém recorre ao amparo da monja de Lisieux, aqui um coração infortunado pede socorro ao notável companheiro dos espíritas no Brasil.

Antes de desviar a minha atenção, fitei o semblante do grande médico, segundo as recordações da irmã que orava, confiante, anotando o primor da fotografia mental que ela exteriorizava. Víamos, ali, o retrato do Dr. Bezerra, qual o conhecemos, sereno, simples, bondoso, paternal...

Precedendo-nos as interrogações costumeiras, o Assistente informou:

- Com mais de cinqüenta anos consecutivos de serviço à Causa Espírita, depois de desencarnado, Adolfo Bezerra de Menezes fez jus à formação de extensa equipe de colaboradores que lhe servem à bandeira de caridade.

Centenas de Espíritos estudiosos e benevolentes obedecem-lhe às diretrizes na lavoura do bem, na qual opera ele em nome do Cristo.

- Desse modo - alegou Hilário -, é fácil compreendê-lo agindo em tantos lugares ao mesmo tempo...

- Perfeitamente - concordou Silas. - Como acontece na radiofonia, em que uma estação emissora está para os postos de recepção, assim qual uma só cabeça pensante para milhões de braços, um grande missionário da luz, em ação no bem, pode refletir-se em dezenas ou centenas de companheiros que lhe acatam a orientação no trabalho ajustado aos desígnios do Senhor. 

(6) Bezerra de Menezes, invocado carinhosamente, em tantas instituições e lares espíritas, ajuda em todos eles, pessoalmente ou por intermédio das entidades que o representam com extrema fidelidade.

- Para isso - aduziu meu colega - terá o seu campo próprio de atividade, assim como um chefe de serviço humano possui a sede administrativa da qual distribui com os comandados o pensamento diretor da organização...

- Como não? - falou-nos o Assistente, sorrindo - o Senhor, que tem meios de instalar condignamente qualquer dirigente de trabalho humano, ainda mesmo nas mais ínfimas experiências da vida social no Planeta, não relegaria à intempérie os missionários da luz no Plano Espiritual.

Assim dizendo, Silas discretamente nos compelia a caminhar na direção da porta de acesso ao pátio exterior do templo.

Alcançando a saída, notamos que a claridade ambiente se apagava quase que de chofre, a poucos metros do pórtico, dando-nos a idéia de sofrer tremendo impacto das sombras circundantes.

No enorme átrio, adensava-se turba imensa...

Grupos diversos conversavam em alta voz... Havia quem chorasse, quem deprecasse, quem gemesse...

Nossa visão, ainda não adaptada, mal registrava os contornos da grande multidão que ali se aglomerava; entretanto, podíamos ouvir com precisão palavras e gritos, rogativas ardentes e desconsoladores apelos...

Notando-nos a estranheza, o Assistente observou, comovido:

- Aqui temos o parlatório da Mansão, ao qual comparecem grandes fileiras de almas sinceras e sofredoras, mais habitualmente em profundo desespero, a inibir-lhes as vantagens da oração pacífica...

E, com expressivo gesto, ajuntou:

- Neste grande recinto, dedicado à palavra livre, encontramos realmente a nossa divisa vibratória...

Além dele, é a dor inconformada e terrível, gerando monstruosidade e desequilíbrio a exprimirem o inferno da interpretação religioso comum; no entanto, muros a dentro de nossa casa, é a dor paciente e compreensiva, criando renovação e reajuste para o caminho dos Céus...

Diante dos quadros deprimentes sob nossa vista, não dispúnhamos de expressão para qualificar o estupor de que nos sentíamos dominados. Foi por isso que nos calamos, de maneira instintiva, perante a quietação do Assistente que, a nosso ver, recorria, silencioso, ao favor da oração.

 Questões para estudo 

1 - Por que ele se refere à região em estudo como sendo uma região infernal, se a doutrina espírita nos ensina que Inferno é um estado de nossa consciência?

2 - Ao que ele se refere ao utilizar a expressão "contas maduras" ( 4º parágrafo)?

3 - O que podemos compreender como sendo o templo a que se refere André Luiz? E qual a ligação que podemos fazer com os templos religiosos do mundo físico, especialmente no aspecto espiritual?

4 - André Luiz nos fala da fé de sua infância. Será que ele usou essa lembrança por algum motivo específico? Teria isso alguma relação com as palavras de Jesus: "Deixai vir a mim as criancinhas"?

5 - O que é o parlatório? Qual sua finalidade?

6 - O que mais lhe chamou a atenção, em termos de aprendizado pessoal nesse capítulo? Resposta Pessoal


Conclusão:
                                                                       
                                                             QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO     

1 - Por que ele se refere à região em estudo como sendo uma região infernal, se a doutrina espírita nos ensina   que Inferno é um estado de nossa consciência?
    
R - A região infernal a que se refere o Instrutor Druso não é o inferno ensinado pelas teologias religiosas, que, como sabemos, é um local destinado a abrigar espíritos pecadores, que lá deverão pagar indefinidamente por seus erros, ardendo num fogo perpétuo. A região infernal em questão é assim denominada por ser uma área do espaço cósmico onde se agregam espíritos ligados pela afinidade de sintonia com o mal e que são condenados por suas consciências pelas violações praticadas contra as Leis Naturais. São espíritos que se atraem pela baixa sintonia vibratória que freqüentam e que formam uma região com as características do inferno teológico.

2 - Ao que ele se refere ao utilizar a expressão "contas maduras" (4º parágrafo)? 

R - A expressão "contas maduras" é uma figura criada pelo Instrutor para se referir a antigos erros praticados por aqueles espíritos, devedores há muito perante a Lei Maior. Como ele explicou, esses espíritos encontram-se em estado psíquico com graves enfermidades, num grau de demência que não lhes permite perceber que o sofrimento a que estão entregues é conseqüência de suas próprias semeaduras e que a única forma de superação daquela situação é a aceitação do flagelo sem rebelião e desespero, buscando a renovação necessária ao seu soerguimento.

3 - O que podemos compreender como sendo o templo a que se refere André Luiz? E qual a ligação que  podemos fazer com os templos religiosos do mundo físico, especialmente no aspecto espiritual?

R - O templo visitado por André Luiz é uma dependência da Mansão Paz destinada à prática da verdadeira religiosidade, que é a busca de ligação com as forças divinas. Atende a encarnados momentaneamente desprendidos do corpo pelo sono físico e a desencarnados que freqüentam as zonas de sofrimento existentes em torno da Mansão. Assemelha-se aos templos religiosos terrenos, porém com a diferença de que lá não prevalece uma denominação religiosa específica. É uma templo de caráter ecumênico, que recebe os que o procuram independentemente das religiões que professem. Lá não se pratica nenhuma forma de culto exterior e a liberdade de credo é respeitada sem restrições. Para tanto, os nichos que comumente encontramos nos templos religiosos terrenos, com imagens de entidades adoradas pela respectiva religião, nesse templo permanecem vazios, para que cada um o preencha conforme a fé que está capacitado a praticar.

4 - André Luiz nos fala da fé de sua infância. Será que ele usou essa lembrança por algum motivo específico?                     

Teria isso alguma relação com as palavras de Jesus: "Deixai vir a mim as criancinhas"?  

R - A lembrança de André Luiz aos tempos de infância, em que sua mãe o ensinava a orar, serve para demonstrar, antes de mais nada, a importância da evangelização na fase infantil do espírito reencarnado. Mesmo tendo se desviado da prática evangélica ao se tornar adulto, o ensinamento cristão recebido durante a infância não se perdeu. Ao contrário, ficou latente em seu inconsciente e veio aflorar durante a visita ao templo, certamente inspirado pelas vibrações de amor e paz que reinavam no local, fazendo-o, naquele instante, esquecer de tudo para concentrar toda a força do seu pensamento na Divindade. Ao orar como o fazia nos tempos de criança, orientado por sua mãe, André Luiz exemplificou as palavras de Jesus, que se utilizou das crianças para mostrar que devemos trazer o coração simples e puro, pois a criança, por não ter podido manifestar alguma tendência má trazida do passado, devido à sua organização física ainda incompleta, apresenta-nos a imagem da inocência e da candura.
  
5 - O que é o parlatório? Qual sua finalidade?

R - Segundo o relato de André Luiz, o parlatório é uma área localizada na parte externa do templo, destinada a receber espíritos que se encontram em sofrimento e desespero, que já compreenderam a necessidade de buscar o auxílio das forças divinas mas que não estão ainda preparadas para praticar a oração de maneira pacífica e equilibrada, como os que freqüentam o interior do templo. No parlatório, esses espíritos encontram a oportunidade de se manifestarem livremente, apresentando suas lamentações, seus desabafos e buscando o auxílio do Alto do modo como seus estados psíquicos lhes permitem.

6 - O que mais lhe chamou a atenção, em termos de aprendizado pessoal nesse capítulo? Resposta Pessoal.

R - Além de demonstrar o poderoso instrumento que é a prece, como foi dito durante o estudo, o capítulo presente traz, também, como grande ensinamento, o modo como a Espiritualidade Superior trata as diferenças religiosas encontradas aqui na Terra. Vemos que os Espíritos Superiores compreendem a nossa dificuldade em lidar com essa questão e respeitam o momento evolutivo de cada um, que o faz adotar a prática religiosa da maneira que é lhe é possível assimilar. O templo construído nas dependências da Mansão Paz adota a liberdade de manifestação de modo absoluto, sem quaisquer tipos de restrição, como vimos durante o estudo. Os Espíritos Superiores sabem são dificuldades transitórias, pois dia virá em que haverá um só rebanho  e um só pastor, sem espírito de partidarismo, unindo-se toda a humanidade em torno dessa energia cósmica que a tudo comanda e que denominamos Deus.

Equipe CVDEE
Sala André Luiz



Coordenação: eqpal@cvdee.org.br 
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1a. parte capítulo IX - Os demônios - 

Os demônios segundo a Igreja (itens 7 a 19)


1. Expilique com base no que você já estudou:

a) Como a Igreja define os anjos:

b) Como os demônios são explicados pela Igreja:

c) Qual é a função dos anjos decaídos?

2. Por que se poderia dizer que esta doutrina não se coaduna com a Justiça Divina?

3. Na sua opinião, por que a Igreja criou a doutrina dos Anjos?

4. Esta doutrina nega ou reafirma os atributos de Deus? Por quê?

Conclusão:

1. 

a) Como seres criados a parte na obra de Deus; são superiores aos homens e já nascem perfeitos, ou seja, têm natureza angélica e são destinados ao bem e servem de elo entre Deus e os homens.

b) Deus criou todos os seres para o bem, porém, alguns se rebelaram e escolheram o caminho do mal; assim, surgiram os demônios, seres dedicados exclusivamente ao mal, perversos e contra Deus. Seriam a antítese dos anjos.

c) Dedicam-se a forjar armadilhas para desviar os homens do caminho do bem, conquistando, assim adeptos ao "reino do mal" que habitam.

2. Deus que é soberanemente justo e bom, não criaria seres que, de antemão, já estavam destinados ao mal, apenas para colocar a prova o homem. Se pensarmos bem para que o homem precisaria de demônios se ele mesmo é capaz de criar seu próprio inferno?

3. Para coagir pelo medo numa época em que, talvez, isso fosse necessário. O problema é que a humanidade evoluiu e a Igreja ficou parada num tempo de terrorismo que não mais se justifica.

4. Nega de todas as maneiras. Deus não permitiria que existissem seres com a única função de provocar a derrocada do homem. Se permitisse não seria justo nem bom. Se não pudesse impedir, não seria Deus pois que não teria controle sobre a própria criação.

Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados ? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome.
(...)



Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os Anjos. Como acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. Por demônios se devem entender os Espíritos impuros, que muitas vezes não valem mais do que as entidades designadas por esse nome, mas com a diferença de ser transitório o estado deles. São Espíritos imperfeitos, que se rebelam contra as provas que lhes tocam e que, por isso, as sofrem mais longamente, porém que, a seu turno, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem. Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal. Satanás é evidentemente a personificação do mal sob forma alegórica, visto não se poder admitir que exista um ser mau a lutar, como de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação consistisse em lhe contrariar os desígnios. Como precisa de figuras e imagens que lhe impressionem a imaginação, o homem pintou os seres incorpóreos sob uma forma material, com atributos que lembram as qualidades ou os defeitos humanos. É assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, o pintaram com a figura de um velho munido de uma foice e uma ampulheta. Representá-lo pela figura de um mancebo fora contra-senso. O mesmo se verifica com as alegorias da fortuna, da verdade, etc. Os modernos representaram os Anjos, os puros Espíritos, por uma figura radiosa, de asas brancas, emblema da pureza; e Satanás com chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões vis. O vulgo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses emblemas individualidades reais, como vira outrora Saturno na alegoria do Tempo. (LE, q. 131)