segunda-feira, 6 de maio de 2013

MEDIUNIDADE E OBSESSÃO


Estou passando por um problema muito sério em minha vida, que me levou a um tratamento psiquiátrico, sem resultado prático até aqui. Estive num centro espírita e me falaram que devo desenvolver a mediunidade, pois meu problema é esse. Vejo vultos, escuto vozes que me perturbam, algumas vezes. Mas outro problema é que não me dou bem com minha família. Eles querem me internar.
(J.R.C. – Garça - SP)
Se você está se sentindo doente, de fato deve se submeter ao tratamento médico. E faz bem de procurar também um tratamento espiritual.
Mas é preciso agir com cautela e discernimento: o importante é que sua atual condição não o impede de pensar e agir, e é isso que você deve fazer. Todavia, a questão da mediunidade não é tão simples assim. A prática da mediunidade não é uma panacéia para todos os males, como muita gente imagina.
Primeiro você precisa tomar contato com o Espiritismo, através de pessoas que possam orienta-lo, para saber em que terreno está pisando. O Espiritismo, segundo as obras de Allan Kardec, não oferece solução mágica para problema algum. Considera que todos nós temos plena condição de procurar a própria solução.
O que o Espiritismo pode fazer é orientá-lo no sentido de seu equilíbrio. É um ledo engano achar que toda perturbação mental tem raiz exclusiva na mediunidade.
A mediunidade, em si, é uma faculdade humana, como outra qualquer, logo, todo mundo tem mediunidade – de alguma forma e em algum grau de desenvolvimento (seja a pessoa espírita ou não).
Portanto, J. R., você não é o único.
Mas os transtornos emocionais, como os seus, têm causas variadas e, quase sempre, decorrem de uma conjugação de várias causas ao mesmo tempo. Geralmente, está ligada à mediunidade, mas a mediunidade não é nem a única causa e nem tampouco a causa mais importante. Veja bem!
Devemos ver o problema pelo tipo de vida que estamos levando e o que devemos modificar em nossa vida, para nos adequar melhor à ela. É para isso que o Espiritismo nos chama a atenção. É muito comum as pessoas chegarem ao Centro Espírita com problemas como o seu, já com o diagnóstico de mediunidade. Mas não é tão simples assim. Mediunidade é uma sensibilidade muito apurada, que tem efeito direto no mundo emocional das pessoas. Por ela, podemos ter sensações e percepções além dos sentidos comuns e que muitas vezes nos assustam. Certas pessoas tem mediunidade ostensiva, à flor da pele, como se costuma dizer: são essas os verdadeiros médiuns ou os médiuns propriamente ditos.
Entretanto, são um grupo muito reduzido. A maioria das pessoas tem apenas a mediunidade que Herculano Pires denominou de “estática”, porque só se manifesta casualmente, uma ou outra vez em suas vidas. Transtornos emocionais como os seus, costumam estimular certos focos mediúnicos, levando a pessoa a ter percepções não-habituais em determinados momentos, o que lhes desperta a atenção para a mediunidade. Entretanto, J.R. – preste atenção! – neste caso o sintoma mediúnico não é a causa, mas o sintoma de um problema maior. Que orientação costumamos dar a pessoas que apresentam um quadro dessa natureza? Além dos esclarecimentos iniciais, recomendamos que venham ao Centro tomar passes, que comecem a ler alguma coisa a respeito do Espiritismo e da mediunidade e, além disso - passe a mudar algumas atitudes, alguns hábitos nos seus relacionamentos. A freqüência ao Centro é importante, pois, além dos passes, vão se familiarizando com os ensinamentos e valores morais que o Espiritismo oferece.
Veja, caro J.R. que nós não encaminhamos tais pessoas para sessões mediúnicas, simplesmente por que, além de não ajudá-las pode trazer-lhes mais problemas – sem conhecimento espírita, sem saber do que se trata, ela não deve ter contato com atividades mediúnicas - pelo menos, por enquanto. O passe é um recurso espiritual de grande valia. Geralmente, as pessoas se sentem reconfortadas, reanimadas e revigoradas em suas forças. Ao lado do passe, a reflexão sobre valores da vida que levamos, baseada nos comentários do evangelho de Jesus. Logo, trata-se de um tratamento suave, cuidadoso, que vai encaminhá-las aos poucos ao reequilíbrio e ao controle de suas emoções (principalmente de sua ansiedade), mas, isso, sem ignorar ou abandonar o acompanhamento médico que, na maioria das vezes, é imprescindível. Por outro lado, se a pessoa for realmente médium, no sentido estrito da palavra, com certeza, ela vai descobrir e decidir se vai integrar algum grupo mediúnico depois.

“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXII N° 388
JANEIRO 2009
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
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