Estou
passando por um problema muito sério em minha vida, que me levou a um
tratamento psiquiátrico, sem resultado prático até aqui. Estive num centro
espírita e me falaram que devo desenvolver a mediunidade, pois meu problema é
esse. Vejo vultos, escuto vozes que me perturbam, algumas vezes. Mas outro
problema é que não me dou bem com minha família. Eles querem me internar.
(J.R.C. – Garça - SP)
Se você está se
sentindo doente, de fato deve se submeter ao tratamento médico. E faz bem de
procurar também um tratamento espiritual.
Mas é preciso agir com
cautela e discernimento: o importante é que sua atual condição não o impede de
pensar e agir, e é isso que você deve fazer. Todavia, a questão da mediunidade
não é tão simples assim. A prática da mediunidade não é uma panacéia para todos
os males, como muita gente imagina.
Primeiro você precisa
tomar contato com o Espiritismo, através de pessoas que possam orienta-lo, para
saber em que terreno está pisando. O Espiritismo, segundo as obras de Allan Kardec,
não oferece solução mágica para problema algum. Considera que todos nós temos
plena condição de procurar a própria solução.
O que o Espiritismo
pode fazer é orientá-lo no sentido de seu equilíbrio. É um ledo engano achar que
toda perturbação mental tem raiz exclusiva na mediunidade.
A mediunidade, em si,
é uma faculdade humana, como outra qualquer, logo, todo mundo tem mediunidade –
de alguma forma e em algum grau de desenvolvimento (seja a pessoa espírita ou
não).
Portanto, J. R., você
não é o único.
Mas os transtornos
emocionais, como os seus, têm causas variadas e, quase sempre, decorrem de uma
conjugação de várias causas ao mesmo tempo. Geralmente, está ligada à
mediunidade, mas a mediunidade não é nem a única causa e nem tampouco a causa
mais importante. Veja bem!
Devemos ver o problema
pelo tipo de vida que estamos levando e o que devemos modificar em nossa vida,
para nos adequar melhor à ela. É para isso que o Espiritismo nos chama a
atenção. É muito comum as pessoas chegarem ao Centro Espírita com problemas como
o seu, já com o diagnóstico de mediunidade. Mas não é tão simples assim.
Mediunidade é uma sensibilidade muito apurada, que tem efeito direto no mundo emocional
das pessoas. Por ela, podemos ter sensações e percepções além dos sentidos comuns
e que muitas vezes nos assustam. Certas pessoas tem mediunidade ostensiva, à
flor da pele, como se costuma dizer: são essas os verdadeiros médiuns ou os
médiuns propriamente ditos.
Entretanto, são um
grupo muito reduzido. A maioria das pessoas tem apenas a mediunidade que Herculano
Pires denominou de “estática”, porque só se manifesta
casualmente, uma ou outra vez em suas vidas. Transtornos emocionais como os
seus, costumam estimular certos focos mediúnicos, levando a pessoa a ter
percepções não-habituais em determinados momentos, o que lhes desperta a
atenção para a mediunidade. Entretanto, J.R. – preste atenção! – neste caso o sintoma
mediúnico não é a causa, mas o sintoma de um problema maior. Que orientação
costumamos dar a pessoas que apresentam um quadro dessa natureza? Além dos
esclarecimentos iniciais, recomendamos que venham ao Centro tomar passes, que
comecem a ler alguma coisa a respeito do Espiritismo e da mediunidade e, além
disso - passe a mudar algumas atitudes, alguns hábitos nos seus relacionamentos.
A freqüência ao Centro é importante, pois, além dos passes, vão se
familiarizando com os ensinamentos e valores morais que o Espiritismo oferece.
Veja, caro J.R. que
nós não encaminhamos tais pessoas para sessões mediúnicas, simplesmente por
que, além de não ajudá-las pode trazer-lhes mais problemas – sem conhecimento
espírita, sem saber do que se trata, ela não deve ter contato com atividades
mediúnicas - pelo menos, por enquanto. O passe é um recurso espiritual de
grande valia. Geralmente, as pessoas se sentem reconfortadas, reanimadas e
revigoradas em suas forças. Ao lado do passe, a reflexão sobre valores da vida
que levamos, baseada nos comentários do evangelho de Jesus. Logo, trata-se de
um tratamento suave, cuidadoso, que vai encaminhá-las aos poucos ao reequilíbrio
e ao controle de suas emoções (principalmente de sua ansiedade), mas, isso, sem
ignorar ou abandonar o acompanhamento médico que, na maioria das vezes, é
imprescindível. Por outro lado, se a pessoa for realmente médium, no sentido
estrito da palavra, com certeza, ela vai descobrir e decidir se vai integrar
algum grupo mediúnico depois.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO
XXXII N° 388
JANEIRO 2009
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
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