O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - XXIII
CAPÍTULO III: HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI
ITENS 8 a 12: MUNDOS SUPERIORES E INFERIORES
(Resumo do ensinamento de todos os Espíritos superiores)
A classificação dos
mundos em inferiores e superiores é apenas relativa, considerando-se que um
mundo é inferior ou superior em relação aos que estão abaixo ou acima dele, na
escala evolutiva.
Tendo a Terra como
ponto de partida, podemos ter uma idéia de como são os mundos inferiores e
superiores a ela. Pela existência de povos vivendo ainda de formas tão
primitivas, pela variedade de culturas, tão diferenciadas, pela complexidade de
sentimentos existentes no homem, podemos imaginar como são os habitantes dos
mundos primitivos, dos mundos mais atrasados do que ela.
Têm a forma humana,
sem beleza; não existe nenhuma delicadeza no trato uns com os outros, nenhum
sentimento nobre, de preocupação com o outro: apenas a da sobrevivência, a
qualquer preço. Sua lei é a da força bruta. Pode mais quem for o mais forte,
fisicamente. É o viver atendendo as necessidades dos instintos, pois a razão
inicia seu desenvolvimento. Vivem sem invenções, sem indústrias, buscando o
alimento na natureza. Têm uma vaga impressão de um Ser Supremo, e essa intuição
mais as lutas pela sobrevivência num mundo que lhe parece hostil e difícil, vai
facultando um desenvolvimento também diferenciado, de forma que uns se
desenvolvem mais que outros, num preparo para uma vida mais ampla.
Diz Kardec que “eles
não são criaturas degradadas, mas são crianças que crescem.” São espíritos
infantis, vindos do princípio espiritual que venceu as fases nos reinos
inferiores e então, iniciam a vida do espírito imortal, na espécie humana.
Nos mundos
superiores, a vida também é bem diferenciada da Terra. A forma humana é sempre
a mesma, mas quanto mais evoluído o mundo em que habitam, mais a beleza
predomina.
O corpo não tem a
materialidade daqui, é constituído de fluidos mais sutis do fluido cósmico do
mundo que habitam, sempre de acordo com o grau de evolução do espírito.
Não estando mais
preso aos pobres sentidos do corpo da Terra, a percepção do espírito se amplia
e, parece-nos que o relacionamento interespíritos de planos diferentes se faz,
naturalmente, pela vontade de cada um.
”Durante a vida, não
estando a alma encerrada numa matéria compacta, irradia e goza de uma lucidez
que a deixa num estado quase permanente de emancipação, permitindo a livre
transmissão do pensamento"
Os que se amam, mesmo
em planos diferentes, mas em mundos da mesma categoria, podem encontrar-se
sempre que o queiram, porque a mediunidade generalizada, muito mais
desenvolvida, é então, uma faculdade, conscientemente, usada. A vida é eterna
como disse Jesus muitas e muitas vezes, e em sendo eterna só pode ter por
objetivo a felicidades de todos.
Nesses mundos não
existe então, a dor da ausência, a dor da separação, não pelo esquecimento dos
seres amados, mas pela oportunidade de se encontrarem, sempre que o queiram.
Não há dúvidas quanto ao futuro, as leis divinas são entendidas e aceitas. "A
morte não tem nenhum dos horrores da decomposição...", sendo apenas uma
mudança, pois as ausências são aceitas como aqui na Terra aceitamos as viagens
que os entes queridos fazem ao exterior, por exemplo. Tem-se a certeza do
reencontro, das comunicações entre presentes e ausentes.
Todos os atos que
aqui exigem esforço, como o andar, falar, pensar, tornam-se, nesses mundos,
mais suaves, mais leves e, toda a energia que gastamos aqui em atividades
materiais, lá é empregada apenas para as atividades espirituais. Não existe,
portanto, o cansaço físico, nem o mental.
O período da infância
é mais curto ou quase inexistente e cada existência é muito mais longa, visto
que o nascer e o morrer são atos diferentes do que na Terra.
”Entre esses graus
inferiores e mais elevados, há inumeráveis degraus, e entre os Espíritos puros,
desmaterializados e resplandecentes de glória, é difícil reconhecer os que
animaram os seres primitivos, da mesma maneira que, no homem adulto é difícil
reconhecer o antigo embrião."
”Nos mundos felizes,
as relações de povo para povo, sempre amigáveis, jamais são perturbadas pelas
ambições de dominação e pelas guerras que lhes são conseqüentes. Não existem
senhores nem escravos, nem privilegiados de nascimento. Só a superioridade
moral e intelectual determina as diferentes condições e confere a supremacia. A
autoridade é sempre respeitada, porque decorre, unicamente, do mérito e se
exerce sempre com justiça."
Como vemos os
espíritos não evoluem para uma homogeneização, sempre haverá interesses
diferentes formando agrupamentos diferentes, mas quanto mais se elevam os
espíritos, mais aprendem a conviver, harmoniosamente, com as diferenças entre
uns e outros.
Vivemos ainda em um
mundo bastante inferior, mas trazemos em nós o ideal de um mundo feliz, porque
filhos criados pelo amor de Deus temos, no íntimo de nós mesmos, a certeza da
progressão contínua e do nosso futuro. Somos todos impulsionados pelo
progresso. Apenas nos desorientamos pela ignorância das leis divinas e, como
crianças, somos imediatistas, desejamos o melhor para nossos dias de agora,
pela graça divina ou pelas revoluções, pela imposição de uns, sem o nosso
esforço individual.
A descrição de Kardec
sobre os mundos felizes mostra nossos sonhos de um mundo perfeito e o
espiritismo nos diz que são sonhos realizáveis, pelo desenvolvimento de cada um
dos componentes da humanidade terrestre. E se existem mundos felizes é porque
outras humanidades já realizaram, através do tempo e do esforço da evolução,
esses mesmos sonhos.
Assim, em mundos
felizes, ninguém busca colocar-se acima de outros, mas busca sempre elevar-se
acima de si mesmo, para tornar-se um Espírito Puro, que é o destino de todo
espírito existente e por existir, no universo infinito e em expansão contínua.
Neles, a moral de
Jesus é vivida, naturalmente, por todos, o mal não existe, somente o bem.
Pela nossa
imperfeição, pelo grau evolutivo que conseguimos alcançar, precisamos ainda dos
contrastes para aprender a valorizar a lei divina, que é o Amor. Precisamos
sofrer o mal que criamos pela infringência das leis divinas, sentir suas conseqüências,
para valorizarmos o bem que existe em nossa essência, em desenvolvimento.
O grau de
inteligência e de moralidade que conseguimos alcançar até agora, permite que
continuemos desenvolvendo esse bem de forma mais consciente, através da razão e
da sensibilidade. Por isso e para isso, precisamos dos contrastes que a vida na
Terra nos oferece: bem e mal, saúde e doença, guerra e paz, riqueza e miséria,
para aprendermos a valorizar a lei do Bem, a lei do Amor. E nisso não há
injustiça, pois pela lei da pluralidade das existências, nós, os habitantes da
Terra, passamos por todas essas e outras experiências contrastantes.
Se considerarmos que
a moral de Jesus já se encontra na Terra há dois mil anos e que outros
missionários, antes e depois dele também a ensinaram, e continuam ensinando,
pensamos que já é hora de levarmos mais a sério nossas responsabilidades de
seres inteligentes e morais, e buscarmos pôr em prática esses ensinos, se
realmente queremos um mundo mais justo e mais prazeroso.
Está na hora de
procurarmos, todos nós da humanidade terrena, individual e coletivamente, cada
um no seu campo de ação, viver e divulgar pela palavra e pelo exemplo, o bem, a
saúde, a paz, a solidariedade, a fraternidade, a caridade, o amor.
Nos mundos felizes,
esse contraste não existe, lá brilha e irradia-se a luz do Amor Pleno!
Kardec diz também que
o homem foi capaz de pintar os tormentos do inferno, mas não foi capaz de
representar as alegrias do céu, pela sua própria incapacidade de imaginar o que
não conhece, visto a sua inferioridade. Todavia, continua ele, " à medida
que se eleva e se purifica, o seu horizonte se alarga e ele compreende o bem
que está à sua frente, como compreendeu o mal que deixa para trás."
Ressalta Kardec que
esses mundos felizes não são privilégios de ninguém. Deus não faz diferença
entre seus filhos. Criou-os, a todos, da mesma maneira e destinou-os, também a
todos, sem exceção, a um mesmo destino: perfeição e felicidade. Deu-lhes
potencialidades, qualificações e mundos adequados para alcançar a determinação
divina. Cabe-lhes pois, segundo o livre- arbítrio de cada um, realizar a tarefa
do desenvolvimento evolutivo, com mais ou menos dificuldades, com mais ou menos
sofrimentos, em mais ou menos tempo.
Nós, da Terra, que
estamos muito distantes desses mundos felizes, mas que já podemos
compreendê-los um pouco em sua natureza, e temos a certeza de que um dia
viveremos em um deles, precisamos nos empenhar muito mais, perseverando neste
caminho indicado por Jesus e mais esclarecido pelo espiritismo, na melhoria de
nós próprios, dos que nos cercam, da cidade, do estado e do país onde vivemos,
para que um dia a nossa Terra possa,
Sonhar primeiro é
preciso, para que esses sonhos sejam realizados por nós, através do trabalho,
do esforço, na fé raciocinada em nós, em nossas possibilidades, com o amparo da
Espiritualidade Maior, de Jesus e, acima de todos, de Deus.
Bibliografia:
Allan Kardec, O LIVRO
DOS ESPÍRITOS, Livro Primeiro : Capítulo III : CRIAÇÃO, V ; Pluralidade dos
Mundos. Capítulo IV, PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, III e IV : Encarnação nos
Diferentes Mundos e Transmigração Progressiva. Capítulo VI, VIDA ESPÍRITA, I e
II : Espíritos Errantes e Mundos Transitórios.
Emmanuel : A CAMINHO
DA LUZ, Capítulo III : As Raças Adâmicas.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril / 2003
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
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Vila Tibério - Cep
14050-390
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Utilidade Pública pela Lei Municipal nº. 3247/76.
O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando
os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu
desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE
DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de
diretoria deste Centro.
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