(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO IV
TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS
R U Í D O S
Estudo 26: item 74 - questões 22 a 25
Dando continuidade ao estudo do capítulo IV, relembramos que o conhecimento da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades semimateriais do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria e o fato de nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os carregarem, julgou-se, como era natural, que o Espírito se servia muito simplesmente de suas próprias mãos para fazer que a mesa girasse e que a erguesse pelos braços. Mas, então, qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? Porque o médium que, freqüentemente, pousa as mãos sobre a mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a pousá-las, não pode, evidentemente, ajudar o Espírito por uma ação muscular. E com relação aos ruídos; como o Espírito bate? Com um objeto material?
As respostas seguintes foram dadas pelo Espírito São Luís. Muitos outros, depois, as confirmaram.
22. Como o Espírito bate? Com um objeto material?
— Não, como não usa os braços para erguer a mesa. Sabes que ele não dispõe de martelos. Seu martelo é o fluido combinado que ele põe em ação, pela sua vontade, para mover ou bater. Quando move um objeto, a luz vos dá a percepção do movimento; quando bate, o ar vos transmite o som.
23. Concebemos isso quando se trata de um corpo duro. Mas, como pode nos fazer ouvir ruídos ou sons através do ar?
— Desde que age sobre a matéria, pode agir tanto sobre o ar como sobre a mesa. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los como a todos os demais ruídos.
24. Dizes que o Espírito não usa as mãos para mover a mesa, mas em certas manifestações aparecerem mãos a dedilharem teclados, movimentando as teclas e produzindo sons. Não parecia, nesse caso, que as teclas eram movimentadas pelos dedos? E a pressão dos dedos não é também direta e real, quando a sentimos em nós mesmos, quando essas mãos deixam marcas na pele?
— Não poderias compreender a natureza dos Espíritos e sua maneira de agir por meio dessas comparações, que dão apenas uma idéia incompleta. É um erro querer sempre assemelhar às vossas, as maneiras deles procederem. Os processos dos Espíritos devem estar sempre em relação com a sua organização. Já não dissemos que o fluido do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe uma vida factícia? Pois bem, quando o Espírito movimenta as teclas com os dedos, ele o faz realmente. Mas não é pela força muscular que faz a pressão. Ele anima a tecla, como faz com a mesa, e a tecla obedece à sua vontade e vibra a corda. Neste caso, ocorre um caso de difícil compreensão para vós. É que certos Espíritos são ainda tão atrasados e de tal forma materiais em comparação com os Espíritos elevados, que conservam as ilusões da vida terrena e julgam agir como quando estavam no corpo. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um pobre homem não compreende a teoria dos sons que pronuncia. Se perguntares como tocam o piano, dirão que com os dedos, pois assim crêem fazer. Produzem o efeito de maneira instintiva, sem o saberem, e não obstante pela sua vontade. Quando falam e se fazem ouvir, é a mesma coisa, da mesma maneira que a mímica substitui, nos mudos, a palavra que lhes falta.
25. Entre os fenômenos citados como provas da ação de uma potência oculta, há os que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da natureza. A dúvida então não parece justa?
— Acontece que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza; se as conhecesse, seria Espírito superior. Cada dia, entretanto, oferece um desmentido aos que tudo pensam saber, pretendendo impor limites à Natureza, e nem por isso eles se mostram menos orgulhosos. Desvendando incessantemente novos mistérios, Deus adverte ao homem que deve desconfiar de suas próprias luzes, pois chegará um dia em que a ciência do mais sábio será confundida. Todos os dias vemos o exemplo de corpos dotados de movimentos capazes de superar a força da gravidade. Um projétil lançado por uma arma não supera momentaneamente essa força?
Concluímos o estudo sobre os itens indicados, relembrando que entre todos os fenômenos espíritas, os mais simples e freqüentes são os ruídos e as pancadas, por isso é necessário recordar que muitas causas podem produzi-los: o vento que sopra, algo que nós mesmos movemos sem perceber, um efeito acústico, um animal oculto, um inseto e, até mesmo, brincadeiras de mau gosto.
Excluídas as possibilidades desses ruídos terem sido provocados por ações pertinentes ao mundo material, é sabido que as manifestações físicas tem por finalidade chamar a nossa atenção para a realidade do mundo espiritual e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. Não são fenômenos sobrenaturais; atendem leis da natureza que ainda não conhecemos totalmente, e afirma Allan Kardec:
— "Compreende-se, assim, que os Espíritos podem fazer tudo quanto fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Algumas forças que lhe são, próprias substituem os nossos músculos, da mesma maneira que a mímica substitui nos mudos, a palavra que lhe falta.".
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. IV - 2ª Parte - item 74, 22-25
Tereza Cristina D'Alessandro
Setembro / 2003
Setembro / 2003
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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