nl03_14_ LIVRO NO MUNDO MAIOR Medida salvadora
Havíamos terminado ativa colaboração, num elevado ambiente consagrado à prece, quando certo companheiro se abeirou de nós, reclamando o concurso do Assistente num caso particular.
Calderaro decerto conheceria os pormenores da situação, porque entre ambos logo se estabeleceu curioso diálogo.
- Infelizmente - dizia o informante - nosso Antídio não sobreleva a situação; permanece em derrocada quase total. Vinculou-se de novo a perigosos elementos da sombra, e voltou aos desacertos noturnos, com grave prejuízo para o nosso trabalho socorrista.
- Não lhe valeram as melhoras da quinzena passada? - indagou fraternalmente o orientador.
- Aproveitou-as para mais presto volver à irreflexão
- Esclareceu o interlocutor com inflexão magoada.
- É de notar, porém, que se achava quase de todo louco.
- Sim, mas conseguiu fruir, outra vez, estado orgânico invejável, mercê de sua intervenção última: logo, porém, que se viu fortalecido, tornou desbragadamente aos alcoólicos. A sede escaldante, provocada pela própria displicência e pela instigação dos vampiros que, vorazes, se lhe enxameiam à roda, everteu-lhe o sistema nervoso. A organização perispiritica, semi-liberta do corpo denso pelos perniciosos processos de embriaguez, povoa-lhe a mente de atroz pesadelos, agravados pela atuação das entidades perversas que o seguem passo a passo.
- Estará em casa a esta hora? - inquiriu Calderaro com interesse.
- Não - disse o outro, abatido -, deixei-o ainda agora, num centro menos digno, onde a situação do nosso doente tornou a características lamentáveis.
O instrutor estudou o caso em silêncio, durante alguns instantes, e considerou:
- Poderemos providenciar: contudo, se da outra vez consistiu o socorro em restituí-lo ao equilíbrio orgânico possível, no momento há que agir em contrário. Convém ministrar-lhe provisória e mais acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros processos difíceis, a enfermidade retifica sempre.
(...)
Rumamos para o local em que deveríamos acudir o amigo extraviado.
Penetramos o recinto, servido de amplas janelas e abundantemente iluminado.
O ambiente sufocava. Desagradáveis emanações se faziam cada vez mais espessas, à maneira que avançávamos.
(...)
Indefinível e dilacerante impressão dominou-me o ser.
Não provinha da estranheza que a indiferença dos cavalheiros e a leviandade das mulheres me provocavam; o que me enchia de assombro era o quadro que eles não viam. A multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam a sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da música inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis.
Atitudes simiescas surdiam aqui e ali e, de quando em quando, gritos histéricos feriam o ar.
Calderaro não se deteve. Mostrava-se habituado à cena; mas, não conseguindo sofrear a estupefação que se assenhoreara de mim, solicitei-lhe uma intermitência, perguntando:
- Meu amigo, que vemos? criaturas alegres cercadas de seres tão inconscientes e perversos? pois será crime dançar? buscar alegria constituirá falta grave?
(...)
- Que perguntas André? O ato de dançar pode ser tão santificado como o ato de orar, pois a alegria legitima é sublime herança de Deus. Aqui, porém, o quadro é diverso. O bailado e o prazer nesta casa significam declarado retorno aos estados primitivos do ser, com iniludíveis agravantes de viciação dos sentidos. Observamos, neste recinto homens e mulheres dotados de alto raciocínio, mas assumindo atitudes de que muitos símios talvez se pejassem. Todavia, esteja longe de nós qualquer recriminação: lastimemo-los simplesmente. São trânsfugas sociais e, na maioria, rebeldes à disciplina instituída pelos Desígnios Superiores para os seus trilhos terrestres. Muitos deles são profundamente infelizes, precisando de nossa ajuda e compaixão. Procuram afogar no vinho ou nos prazeres certas noções de responsabilidade que não logram esquecer. Fracos perante a luta, mas dignos de piedade pelos remorsos e atribulações que os devoram, merecem amparados fraternalmente.
E, passando os olhos de relance pela multidão de Espíritos perturbadores que ali se davam ao vampirismo e ao sarcasmo, obtemperou:
- Quanto a estes infortunados, que fazer senão recomendá-los ao Divino Poder? Tentam igualmente a fuga impossível de si mesmos. Alucinados, apenas adiam o terrível minuto de auto reconhecimento, que chega sempre, quando menos esperam, através de mil processos da dor, esgotados os recursos do amor divino, que o Supremo Pai nos oferece a todos. A mente deles também está apegada aos instintos primitivos, e, frágeis e hesitantes, receiam a responsabilidade do trabalho da regeneração.
Vendo-me boquiaberto e faminto de novas elucidações o Assistente propôs-me:
- Vamos! deixemo-los divertir-se. A dança, nesta casa, não lhes deixa de ser, em última análise, um benefício. Chegaram nossos amigos encarnados e desencarnados, aqui presentes, a nível tão desprezível que, sem dúvida, não fora o sapateado, estariam rodando, lá fora, em atos extremamente condenáveis, tal a predisposição em que se encontram para o crime.
Que o Pai se comisere de todos nós.
Demandamos o interior, apressadamente.
Numa saleta abafada, um cavalheiro de quarenta e cinco anos presumíveis jazia a tremer. Não conseguia manter-se de pé.
Calderaro examinou-o detidamente e indagou do novo amigo que nos acompanhava:
- Voltou aos alcoólicos, há muitos dias?
- Precisamente, há uma semana.
- Vê-se que se esgotou rápido.
Enquanto encetava a aplicação de fluidos magnéticos, o orientador aconselhou-me notar os característicos do quadro dantesco sob nossos olhos.
Antídio, doente e desventurado, a despeito das condições precárias, reclamava um copinho, sempre mais um copinho, que um rapaz de serviço trazia, obediente.
Tremiam-lhe os membros, denunciando-lhe o abatimento.
Álgido suor lhe escorria da fronte e, de vez em quando, desferia gritos de terror selvagem. Em derredor, quatro entidades embrutecidas submetiam-no aos seus desejos. Empolgavam-lhe a organização fisiológica, alternadamente, uma a uma, revezando-se para experimentar a absorção das emanações alcoólicas, no que sentiam singular prazer. Apossavam-se particularmente da " estrada gástrica", inalando a bebida a volatizar-se da cárdia ao piloro.
A cena infundia angústia e assombro.
Estaríamos diante de um homem embriagado ou de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do vício?
O infortunado Antídio trazia o estômago atestado de líquido e a cabeça turva de vapores. Semi-desligado do organismo denso pela atuação anestesiante do tóxico, passou a identificar-se mais intimamente com as entidades que o perseguiam.
Os quatro infelizes desencarnados, a seu turno, tinham a mente invadida por visões terrificantes do sepulcro que haviam atravessado como dipsomaníacos. Sedentos, aflitos, traziam consigo imagens espectrais de víboras e morcegos dos lugares sombrios onde haviam estacionado.
Entrando em sintonia magnética com o psiquismo desequilibrado dos vampiros, o ébrio começou a rogar, estentóreamente:
- Salve-me! salve-me por amor de Deus!
E indicando as paredes próximas, bradava sob a impressão de indefinível pavor:
- Oh! os morcegos! ... os morcegos! afugentem-nos, detenham-nos ...! Piedade! quem me livrará?! Socorro! Socorro!
Dois senhores, também obnubilados pelo vinho, aproximaram-se, espantados. Um deles, porém tranquilizou o outro, dizendo:
- Nada demais. É o Antídio, de novo. Os acessos voltaram. Deixemo-lo em paz.
Enquanto isso, o desditoso ébrio continuava bradando:
- Ai! ai! uma cobra ... aperta-me, sufoca-me ...
Que será de mim? Socorro!
As entidades perturbadoras timbravam nas atitudes sarcásticas; gargalhavam de maneira sinistra. Ouvia-as o infeliz, a lhe ecoarem no fundo do ser, e gritava, tentando investir, embora cambaleante, os algozes invisíveis:
- Quem zomba de mim? quem?!
Cerrando os punhos, acrescentava:
- Malditos! malditos sejam!
A cena prosseguia, dolorosa, quando Calderaro se acercou de mim, esclarecendo:
- É deplorável pai de família que, incapaz de reagir contra as atrações do vício, se entregou, inerme, à influência de malfeitores desencarnados, afins com a sua posição desequilibrada. Em atenção às intercessões da esposa e de dois filhinhos amoráveis que o seguem, assistimo-lo com todos os recursos ao alcance de nossas possibilidades; entretanto, o imprevidente irmão não corresponde ao nosso esforço. Emerge de todas as tentativas, mais e mais disposto à perversão dos sentidos; busca, acima de tudo, a fuga de si mesmo; detesta a responsabilidade e não se anima a conhecer o valor do trabalho. Atenuando-lhe a ânsia irrefreável de sorver alcoólicos, esperamos se reeduque. Para isso, porém, usaremos agora recurso drástico, já que o desventurado se revela infenso a todos os nossos processos de auxílio.
Fixando em mim expressivo olhar, concluiu:
- Antídio, por algum tempo, a partir de hoje, será amparado pela enfermidade. Conhecerá a prisão no leito, durante alguns meses, a fim de que se lhe não apodreça o corpo num hospício, o que se iniciaria dentro de alguns dias, lançando nobre mulher e duas crianças em pungente incerteza do porvir.
Dito isto, Calderaro encetou complicado serviço de passes, ao longo da espinha dorsal.
O enfermo aquietou-se, pouco a pouco, na velha poltrona em que se mantinha.
O assistente passou a aplicar-lhe eflúvios luminosos sobre o coração, durante vários minutos. Notei que essas emissões se concentraram gradativamente no órgão central, que em certo instante acusou parada súbita.
Antídio parecia prestes a desencarnar, quando o orientador lhe restituiu as energias, em movimentação rápida. Premido pelo fenômeno circulatório, que lhe valeu tremendo choque, o desditoso amigo pôs-se a pedir auxílio em altos brados. Havia tamanha inflexão de dor, na voz lamentosa, que grande número de pessoas se aproximaram, penalizadas.
Um piedoso cavalheiro tomou-lhe o pulso, verificou a desordem do coração e, presto, requisitou um carro da assistência pública. Em breves momentos Antídio era transportado em maca de hospital, pare receber socorro urgente, seguido, de perto, pelo solícito benfeitor espiritual.
Retirando-se em minha companhia, Calderaro acrescentou, tristonho:
- O infortunado amigo será portador de uma nevrose cardíaca por dois a três meses, aproximadamente.
Debalde usará a valeriana e outras substâncias medicamentosas, em vão apelará para anestesiantes e desintoxicantes. No curso de algumas semanas conhecerá intraduzível mal-estar, de modo a restabelecer a harmonia do cosmo psíquico. Experimentará indizível angústia, submeter-se-á a medicações e regimes, que lhe diminuirão a tendência de esquecer as obrigações sagradas da hora e lhe acordarão os sentimentos, devagarinho, para a nobreza do ato de viver.
Notando-me a estranheza, o Assistente conclui:
- Que fazer, meu amigo? As mesmas Forças Divinas que concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são elementos indispensáveis à glória da vida.
Questões para estudo
1. Como podemos entender a sentença: "...se dá outra vez consistiu o socorro em restituí-lo ao equilíbrio orgânico possível, no momento há que agir em contrário. Convém ministrar-lhe provisória e mais acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros processos difíceis, a enfermidade retifica sempre."
2. Com poucas palavras na indagação de André Luiz, temos uma excelente reflexão a respeito do vampirismo.
Eis a frase: "Estaríamos diante de um homem embriagado ou de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do vício?". Como você entende essa frase?
3. A que estamos sujeitos espiritualmente/perispiritualmente quando influenciados pela atuação anestesiante do tóxico?
4. A esposa e os dois filhinhos de Antídio com certeza sofrerão amarguras face sua situação. Explique de que forma o mau emprego de nosso livre arbítrio (que neste caso levou Antídio ao vício do álcool) pode afetar aqueles que convivem conosco:
5. Analisando a frase: "As mesmas Forças Divinas que concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são elementos indispensáveis à glória da vida.", cabe uma pergunta: Como devemos agir quando nosso próximo ou nós mesmos nos deparamos com a tempestade devastadora indispensáveis à glória da vida?
6. De que forma podemos nos fortalecer no sentido de afastar toda e qualquer influência que nos leve aos vícios?
Conclusão:
Em mais uma diligência de socorro espiritual, Calderaro e André Luiz foram em atendimento a Antídio, vítima de alcoolismo e que se encontrava em estado grave, totalmente dominado pelo consumo descontrolado da bebida.
O socorrida já era conhecido de Calderaro, que o atendera semanas atrás, restituindo-lhe o equilíbrio orgânico. A melhora obtida, todavia, pouco ou nada resultou de útil, pois Antídio retomou o velho vício com tal intensidade que agora se encontrava no linear da loucura, inteiramente entregue à sanha de espíritos malfeitores, que o vampirizavam impiedosamente
A única alternativa que restou ao nobre benfeitor foi a de causar-lhe um mal físico que o confinasse no leito, impedindo-o de levantar-se para buscar a satisfação viciosa.
Questões propostas para estudo
1.- Como podemos entender a sentença: "...se dá outra vez consistiu o socorro em restituí-lo ao equilíbrio orgânico possível, no momento há que agir em contrário. Convém ministrar-lhe provisória e mais acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros processos difíceis, a enfermidade retifica sempre."
Devemos entender que nem sempre a espiritualidade consegue melhorar a situação do assistido de imediato, pela via do equilíbrio físico e mental. Casos há em que se faz indispensável o remédio amargo, mas eficiente, do sofrimento e da dor. O caso do presente capítulo é um exemplo. Antídio, inteiramente dominado pelo consumo desregrado do álcool, obteve, anteriormente, uma sensível melhora, graças à ação dos benfeitores espirituais, que lograram obter o seu reequilíbrio orgânico.
Entretanto, essa melhora pouco adiantou, pois o infeliz socorrido retomou o antigo vício, levando-o a um estado físico e mental de tal modo deteriorado que se tornou necessário o remédio doloroso da dor, mediante um distúrbio circulatório que internasse num leito, sem possibilidade de sair para buscar a danosa satisfação que o vício lhe proporcionava. Foi a única maneira de fazê-lo deixar, ao menos temporariamente, o vício que o consumia.
2.- Com poucas palavras na indagação de André Luiz, temos uma excelente reflexão a respeito do vampirismo. Eis a frase: "Estaríamos diante de um homem embriagado ou de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do vício?". Como você entende essa frase?
Vivemos rodeados por entidades de acordo com nossos pensamentos. Se somos um "espirito fraco", que não conhece Deus, ficamos mais suscetíveis de sermos influenciados por obsessores e vampiros. Se Antídio estava sendo vampirizado, é porque estava em perfeita harmonia com os malfeitores.
Quis o Autor demonstrar que o enfermo já não conseguia manter a sua personalidade, pois se encontrava inteiramente dominado pelos desencarnados obsessores. Convertera-se no que André Luiz chamou de uma "taça viva", imagem figurada que passa a ideia de uma pessoa encharcada pelo álcool, da qual as entidades do mal sorviam seu conteúdo.
3.- A que estamos sujeitos espiritualmente/perispiritualmente quando influenciados pela atuação anestesiante do tóxico ?
Aquele que se deixa influenciar pelo efeito do tóxico perde a consciência e o domínio de suas ações, tornando-se presa fácil de espíritos ainda muito atrasados em sua evolução, viciados e que dele se utilizam como instrumento de satisfação de seus desejos. Como são atrasados espiritualmente, ainda sentem necessidade, mesmo fora da matéria, de consumir o produto tóxico. Não podendo fazê-lo sem o concurso do corpo físico, utilizam-se do viciado como instrumento para alcançar seus objetivos.
Esse processo d alcoolização causa danos não apenas no corpo físico como, também, no corpo perispiritual, gravando-o com lesões que serão levadas após a desencarnação. Os centros perispirituais ligados às funções hepáticas e digestivas são gravemente atingidos, restando danificados. Em consequência, futuramente, vão plasmar um corpo físico que irá apresentar lesões patológicas nesses organismos. Para limpar o períspirito desses gravames, serão necessárias várias encarnações, em corpos doentes, que trarão a marca dessas agressões em seu organismo.
4.- A esposa e os dois filhinhos de Antídio com certeza sofrerão amarguras face sua situação. Explique de que forma o mau emprego de nosso livre arbítrio (que neste caso levou Antídio ao vício do álcool) pode afetar aqueles que convivem conosco.
A constituição do organismo familiar é programada ainda no plano espiritual. Os espíritos que reencarnarão num mesmo núcleo familiar, constituindo a nova família, são, via de regra, espíritos que se afinizam entre si ou que se encontram em desarmonia. Neste último caso, a união através de uma família consanguínea objetivará que se harmonizem pela força do amor conjugal, fraternal ou filial, fazendo-os superar as divergências do passado.
Quer numa hipótese, quer em outra, ninguém faz parte de uma família por acaso. Sendo assim, nada mais natural que, estando na mesma parentela consanguínea, o bom ou o mal uso que o espírito faz de seu livre-arbítrio trará consequências não apenas para si, mas, também, para os demais componentes da família, que com ele estão juntos por afinidade ou para se harmonizarem.
No caso em estudo, qualquer que tenha sido o motivo que levou a esposa e os filhos de a constituírem com Antídio a nova família, sofrerão eles as consequências do mau uso do livre-arbítrio por parte dele, cabendo-lhes suportar com fé e resignação, além de ajudá-lo a vencer a enfermidade.
5.- Analisando a frase: "As mesmas Forças Divinas que concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são elementos indispensáveis à glória da vida.", cabe uma pergunta: Como devemos agir quando nosso próximo ou nós mesmos nos deparamos com a tempestade devastadora indispensáveis à glória da vida ?
A dor é uma forma Divina que nos foi dada para que cresçamos. Sabendo disso, devemos nos resignar e aprender a sofrer sem nos desesperar, confiando, sobretudo, no Pai, que não nos abandona. Sendo a dor resultado de nossos próprios atos e pensamentos, não temos de quem nos queixar, a não ser de nós mesmos. Como não podemos modificar o passado, temos que cuidar do presente, para que, no futuro, não tenhamos que nos socorrer novamente desse remédio.
6.- De que forma podemos nos fortalecer no sentido de afastar toda e qualquer influência que nos leve aos vícios ?
Praticando a oração, o bem desinteressado, leituras edificantes e a caridade para com o próximo. Somente assim manteremos uma sintonia vibratória elevada, cercando-nos dos bons espíritos, que só nos trarão boas intuições.
Questões apresentadas durante o estudo
a) ... como podemos discernir que uma determinada tempestade devastadora é desígnio de Deus?
Tudo o que acontece em nossas experiências terrenas ou quando nos encontramos no mundo espiritual é desígnio de Deus, uma vez que resulta da lei de ação e reação que rege o Universo. Se essa lei foi instituída pela Providência Divina com o objetivo de nos fazer progredir pelo nosso próprio merecimento, tudo o que nos acontece como consequência de nosso pensar e agir assim o é por desígnio de Deus.
b) Quando Calderaro estava naquele ambiente com André Luiz, em meio a tantos irmãozinhos nossos sem luz, por que eles não foram atacados? Afinal, se iam tirar um pratão cheio como era Antídio deles, não deveriam eles se rebelar contra Calderaro e André Luiz?
No mundo espiritual, existe uma hierarquia irresistível, conforme os Espíritos disseram a Kardec na resposta à questão 274 do Livro dos Espíritos, estabelecida com base na ascendência moral de cada um. Os espíritos que lá se encontravam vampirizando Antídio eram de baixíssima vibração, muito atrasados, ainda, em sua evolução. Ante espíritos da elevação de Calderaro e André Luiz, eles sequer tinham condições de vê-los, muito menos de esboçar qualquer reação contra a ação de ambos em benefício da vítima. A ascendência moral dos dois benfeitores sobre os obsessores era tão grande que os colocava em faixa vibratória muito superior em relação a estes, impossibilitando-os de vê-los e de se rebelarem.