“Traços do espiritismo são encontrados em diversos povos antigos,
como os chineses, egípcios, hindus, romanos, cananeus, babilônios, etc. A
consulta aos mortos era feita com o intuito de conhecer o que vinha após a
morte. O Espiritismo foi se desenvolvendo gradativamente através dos séculos.
Em 1848 o Espiritismo vai encontrar nas irmãs Fox a arrancada para sua expansão
no mundo. Diziam elas ouvir pancadas nas paredes e vários ruídos na casa onde
moravam. Afirmavam que se comunicavam com agentes invisíveis que respondiam às
batidas nas paredes. A busca de contatos com espíritos de outro mundo se
espalhou rapidamente pelos Estados Unidos. Mais tarde gerou-se uma grande
controvérsia sobre a veracidade das irmãs Fox, ficando as suas experiências
somente no plano da suposição, já que ora negavam, ora confirmavam. Em 1856, o
Espiritismo alcança o auge, o seu maior divulgador foi um jovem francês chamado
Hyppolyte Léon Denizar Rivail. Reconhecido como homem culto e capaz, Léon
publicou diversos livros, expandindo o Espiritismo em todo o mundo” - trecho de
artigo do site www.espirito.org.br.
Mas vejamos agora os acontecimentos um pouco mais detalhadamente:
a doutrina espírita, tal como é, foi revelada aos homens pelos espíritos no
século XIX. Uma sequência de fenômenos, que foram ganhando aos poucos
complexidade, desencadearam todo o processo de revelação da mesma, como será
exposto abaixo.
O primeiro fato observado foi o da movimentação de objetos
diversos. Tal fenômeno, que primeiramente fora observado de forma repetida na
América e acontecia rodeado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos
insólitos ou pancadas sem nenhuma causa ostensiva, fora vulgarmente designado
pelo nome de "mesas girantes". Em seguida, o mesmo propagou-se pela
Europa e outras partes do mundo, despertando a curiosidade de muitos. Se tal
fenômeno houvesse se limitado ao movimento de objetos materiais, poderia ser
explicado possivelmente por uma causa puramente física, já que estamos longe de
conhecer todos os agentes ocultos da natureza. Assim, no entanto, não ocorreu:
estava-lhes reservado nos colocar na pista de fatos de ordem singular. Em dado
momento, não se sabe por iniciativa de quem, acreditou-se haver descoberto que
a impulsão dada aos objetos não era apenas o resultado de uma força mecânica
cega, mas sim havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente.
As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de
mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas,
respondendo desse modo sim ou não, conforme fora convencionado previamente, a
uma pergunta feita. Posteriormente obtiveram-se respostas mais complexas com o
auxílio das letras do alfabeto, sendo então o número de batidas correspondente
ao número de ordem de cada letra. Assim formavam-se palavras e frases que
respondiam às perguntas realizadas.
Um dia, o ser misterioso que respondia aos questionamentos, sendo
interrogado sobre a sua natureza, declarou que era um espírito. Ninguém
imaginou os espíritos como meio de explicar o fenômeno, mas antes fora o
próprio fenômeno que revelou isso. Muitas vezes, em se tratando de ciências
exatas, formulam-se hipóteses para dar-se uma base ao raciocínio. Não é aqui o
caso.
Contudo, tal método de comunicação era demorado e incômodo. O
espírito então (e isso é digno de nota) sugeriu outro. Foi um desses seres
invisíveis quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro
objeto. Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta é então posta em
movimento pela mesma potência oculta que movia as mesas. O lápis traça por si
mesmo caracteres, formando frases e até mesmo dissertações de muitas páginas sobre as
mais altas questões de filosofia, de moral, etc., e com tanta rapidez quanta se
se escrevesse com a mão. Tal conselho foi dado simultaneamente na América, na
França e em diversos outros países. Eis em que termos o deram em Paris, a 10 de
junho de 1853, a
um dos mais fervorosos adeptos da doutrina e que, desde 1849, se ocupava com a
evocação dos espíritos: "vai buscar, no aposento ao lado, a cestinha; amarra-lhe
um lápis; coloca-a sobre o papel; põe-lhe os teus dedos sobre a borda."
Alguns instantes após, a cesta começa a mover-se e o lápis escreveu, muito
legível, esta frase: "proíbo expressamente que transmitas a quem quer que
seja o que acabo de dizer. Da primeira vez que escrever, escreverei
melhor".
Há
um axioma que diz que para todo efeito inteligente deve-se necessariamente
haver uma causa inteligente. Não poderia então deixar de haver uma causa
inteligente para os fenômenos de movimentação de objetos, sobretudo das cestas
com um lápis acoplado, o que seria sobremaneira impossível de se forjar.
Mais
tarde, reconheceu-se que a cesta não era realmente mais do que um apêndice da
mão, e o médium, tomando diretamente do lápis, se pôs a escrever por um impulso
involuntário e quase febril. Dessa forma as comunicações tornaram-se mais
rápidas, mais fáceis e mais completas. Finalmente, a experiência deu a conhecer
muitas outras variedades da faculdade mediadora, vindo-se a saber que as
comunicações podiam igualmente ser transmitidas pela palavra, pela audição, pela
visão, pelo tato, etc. É notável que as comunicações entre o mundo espiritual e
o mundo material estão na ordem natural das coisas e não constituem fato
sobrenatural. Tanto que de tais comunicações se acham vestígios entre todos os
povos e em todas as épocas. Hoje, se generalizaram e tornaram-se patente a
todos.
O
Livro dos Espíritos (1857), que marca "oficialmente", por assim
dizer, o início do Espiritismo, foi escrito por ordem e mediante ditado de
espíritos superiores. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles
e que não tenha sido por eles examinado. Apenas a ordem e a distribuição
metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da
redação, constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar: Allan Kardec,
sendo que o mesmo analisava as comunicações, confrontava-as umas com as outras,
vendo o que era universal e o que era apenas uma opinião isolada de um
espírito. De suas próprias palavras vemos seu método, descrito na edição de
junho de 1862 da Revista Espírita: “dissemo-lo cem vezes, para nós a opinião de
um Espírito, seja qual for o nome que traga, tem apenas o valor de uma opinião
individual. Nosso critério está na concordância universal, corroborada por uma
rigorosa lógica, para as coisas que não podemos controlar com os próprios
olhos. De que nos serviria dar prematuramente uma doutrina como uma verdade
absoluta se, mais tarde, devesse ser combatida pela generalidade dos
Espíritos?” “O Espiritismo não é nem uma concepção pessoal, nem o resultado de um
sistema preconcebido. É a resultante de milhares de observações feitas em todos
os pontos do globo, e que convergiram para o centro que as coligiu e coordenou.
Todos esses princípios constituintes, sem exceção, são deduzidos da
experiência. A experiência sempre precedeu a teoria” – trecho do livro Obras
Póstumas.
Seguindo
essa metodologia, Kardec publicou ainda os livros: O Evangelho Segundo o
Espiritismo (1864); O Livro dos Médiuns (1861); O Céu e o Inferno (1865) e A
Gênese (1868), que constituem as chamadas obras básicas do Espiritismo;
somando-se a esses, o codificador da doutrina escreveu também O Que É o
Espiritismo (1859), Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas (1864), O Espiritismo
em Sua Expressão
Mais Simples (1862) e Viagem Espírita em 1862 (1862), dentre
outras publicações. Textos seus não publicados vieram a formar o livro Obras
Póstumas (1890); ainda criou Kardec, em 1858, a Revista Espírita: publicação mensal, da
qual esteve à frente por 11 anos, que ajudou em muito a divulgação da doutrina,
tendo sido um meio também de se colocar em pauta novas idéias e pensamentos,
muitos dos quais vieram a se tornar princípios definitivos do Espiritismo.
– Conhecendo o Espiritismo sem preconceitos
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