PANORAMA
Em O Livro dos Espíritos, ao
apresentar o Espiritismo em seus três aspectos, o Codificador classifica os espíritas
em três graus: os que crêem nas manifestações e as comprovam, sendo, portanto,
experimentadores; os que percebem as consequências morais dessa experimentação
e os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.
Seguindo a mesma linha de raciocínio,
em O Livro dos Médiuns, ele propõe uma nomenclatura para cada tipo de adepto, a saber:
Os que crêem nas manifestações
– espíritas experimentadores. Só se importam com os fenômenos e sua
explicação científica.
Os que, além dos fatos, compreendem as
consequências morais, mas não as colocam em prática – espíritas imperfeitos, que não abrem mão de ser como são.
Aqueles que praticam a moral espírita
e aceitam todas as suas conseqüências – os verdadeiros espíritas ou espíritas cristãos, apresentando duas características básicas: a caridade como regra de
proceder e, pela compreensão dos objetivos da existência terrestre, o esforço “por fazer o bem e coibir seus maus pendores”.
Aqueles demasiadamente confiantes em
tudo o que se refere ao mundo invisível, aceitando sem verificação ou reflexão
todos os conteúdos que lhes chegam ás mãos: espíritas exaltados.
Este tipo de adeptos é mais nocivo
que útil à causa espírita.
Vamos nos deter nos dois últimos
tipos.
Em primeiro lugar, o verdadeiro espírita,
reconhecível “pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para
domar suas inclinações más”.
Chama-nos a atenção os termos usados
por Kardec “coibir” e “domar”.
Ou seja, o esforço da transformação moral
requer do interessado uma luta íntima fortíssima que, absolutamente, não é
desamor a si mesmo, mas tenacidade na tarefa de substituir valores do mundo por
valores espirituais.
Ouve-se muito, dentro das casas
espíritas, que a reforma interior não deve ser um sofrimento, e o desculpismo
toma conta das criaturas que se reconhecem imperfeitas, mas... Continuam sendo
como são, ou melhor, espíritas imperfeitos. A luta pela mudança interna é
reconhecida, por inúmeros autores espirituais confiáveis, como imprescindível
ao nosso amadurecimento espiritual. É a “decisão de ser feliz” proposta por Joanna
de Ângelis, que passa pela revisão de toda a nossa conduta diante de Deus e do
próximo, pela coragem de enfrentar a si mesmo, reconhecendo os erros e
iniciando o processo de correção de rumo.
Sobraram os espíritas exaltados, apaixonados
por modismos, novidades, revelações (principalmente quem foi quem em
existências passadas).
Frequentam, muitas vezes, reuniões de
estudo doutrinário, mas não estudam; citam “best sellers” do momento, mas não
sabem dar exemplos da literatura consagrada de autores encarnados ou
desencarnados.
São ávidos por lançamentos editoriais
sem conhecer as obras básicas ou o trabalho de Instrutores como Emmanuel, André
Luiz e Joanna de Ângelis. Prejudicam a Doutrina porque divulgam conceitos
equivocados, estimulando novos companheiros a seguir pelo mesmo caminho.
É André Luiz que alerta, quanto a alguns
“modos como nós, espíritas, perturbamos a marcha do Espiritismo”:
– esquecer a reforma íntima, – afastar-se das obras de caridade, –
negar-se ao estudo, – abdicar do raciocínio, deixando-se manobrar por
movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do conhecimento espírita
com preconceitos e ilusões.
O verdadeiro espírita ou o espírita cristão
é aquele que adquiriu a “maturidade do senso moral” segundo o Codificador.
Entendamos que essa maturação ainda não se completou (estamos na Terra!), mas
representa o rompimento com o passado de erros e a obrigação de nos
reformarmos, sem desculpas, contemporizações ou omissões.
Em um texto de Obras Póstumas encontramos
o estímulo e o consolo para as dificuldades encontradas em nosso processo
renovador: “Se passarmos à categoria dos espíritas propriamente ditos, ainda aí
depararemos com certas fraquezas humanas, das quais a doutrina não triunfa
imediatamente. As mais difíceis de vencer-se são o egoísmo e o orgulho, as duas
paixões originárias do homem. (...) Pode dar-se que a coragem e a perseverança fraquejem
diante de uma decepção, de uma ambição frustrada, de uma preeminência não alcançada,
de uma ferida no amor próprio, de uma prova difícil. Há o recuo ante o
sacrifício do bem-estar, ante o receio de comprometer os interesses materiais,
ante o medo do “que dirão?”; há o ser-se abatido por uma mistificação, tendo
como consequência, não o afastamento, mas o esfriamento; há o querer viver para
si e não para os outros, o beneficiar-se da crença, mas sob a condição de que
isso nada custe.(...) Sem dúvida, podem os que assim procedem ser crentes, mas,
sem contestação, crentes egoístas, nos quais a fé não ateou o fogo sagrado do
devotamento e da abnegação; às suas almas custa o desprenderem-se da matéria.
“Fazem nominalmente número, porém não há contar com eles.”
Temos, ainda, inúmeras fragilidades, mas
já não queremos, por certo, “fazer número”, ser estatística. Desejamos que o
Espiritismo possa contar conosco, e acima de tudo, precisamos e queremos SERVIR A JESUS, aliando
conhecimento doutrinário e prática evangélica.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 401
FEVEREIRO 2010
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