Zalmino Zimmerman é nome que vem se destacando por suas
contribuições no campo da difusão e entendimento do Espiritismo.
Autor do excelente livro
“PERISPÍRITO”, entre outros, é magistrado e presidente da Associação Brasileira
de Magistrados Espíritas (ABRAME). Na entrevista que se segue aborda o polêmico
tema do aborto.
Tendo em vista as leis naturais da preexistência da alma e da reencarnação,
como encarar a decisão judicial que autoriza o aborto do anencéfalo, à luz do
Espiritismo?
Zalmino - Uma decisão que favoreça
o abortamento, reflete, antes de tudo, desconhecimento da realidade espiritual
do Ser Humano, implicando, sem dúvida, em grave comprometimento cármico de
todos os envolvidos no processo, inclusive, o juiz. Evidente que o Espiritismo
não pode endossar tal tipo de ação, a significar, certamente, lágrimas e
angústia tanto na vida atual, como na Espiritualidade e nas vidas futuras.
Estaria tal decisão correta do ponto de vista científico?
Zalmino - Avolumam-se em todo o mundo as evidências científicas
de que, na gestação, a mulher traz em
seu ventre, realmente, uma outra pessoa em desenvolvimento, como, aliás, já se
observa na própria reação do sistema imunológico da gestante, que busca
continuamente expulsar o novo Ser , por reconhecê-lo como estranho, só não o
conseguindo graças à proteção extra na camada externa da placenta, propiciada
por um tipo de proteína. Com relação ao anencéfalo, propriamente, pode mostrar grave
deficiência de massa cerebral, mas tem tronco encefálico, reflexos, nasce e vive
até um mês, como registra a casuística médica - mostrando-se, enfim, uma
individualidade diferente da pessoa da mãe. Patente, pois, que o aborto, como
qualquer outro tipo de assassínio, não encontra endosso científico.
Estaria, por outro lado, correta do ponto de vista jurídico?
Zalmino - Qualquer decisão que autorize
o aborto, em qualquer circunstância, fere o Direito Natural e a Constituição
Brasileira que garante o direito à vida, como fundamental e absoluto. Causa,
aliás, perplexidade o fato de que alguns membros do Poder Judiciário autorizem
o abortamento e reconheçam o direito de fazê-lo, sem atentar para sua
ilegalidade e esquecendo que a missão fundamental da Justiça é proteger a vida
e a dignidade da pessoa nascida ou por nascer.
A prática do aborto por anencefalia, em qualquer fase da gestação, constitui
crime diante do conceito espírita cristão?
Zalmino - A prática do aborto
constitui, além de delito de lesa-maternidade, na expressão de André Luiz,
grave delito de lesa-evolução, cortando o sagrado direito de renascer e
progredir, que todo Ser Humano tem.
Diante da escolha das provas por que tenham de passar, na Terra, no processo
reencarnatório, qual o efeito para os genitores que provocam ou consentem o
aborto de seu filho anencéfalo? E quais as consequências para a própria vítima?
Zalmino - Para a vítima do
abortamento, os efeitos são invariavelmente dolorosos.
Além da perda da
oportunidade de recomeçar sua vida material, a dor proveniente da violência que
sofre na expulsão do ninho materno, segundo os depoimentos que chegam pela via mediúnica,
chegam a ser inenarráveis, tal sua intensidade e duração. Os genitores, por sua
vez, sujeitam-se às conseqüências tanto de ordem física como espiritual. Para a
gestante, a primeira das conseqüências é a morte (20% dos casos). Seguem-se as
perfurações do útero, lesões intestinais, hemorragias crônicas, peritonite,
septicemias, anemia, complicações hepáticas e renais, incapacitação reprodutiva,
envelhecimento precoce, etc. As conseqüências espirituais podem surgir já na
vida atual, no plano espiritual e nas vidas futuras. Entre as suscetíveis de
ocorrer na vida presente, uma das mais comuns é o sentimento de culpa, com
pronto reflexo nos centros perispiríticos coronário e cerebral, cuja disfunção
pode gerar os mais complexos transtornos psíquicos.
A mais grave, contudo, é a
obsessão, que pode instalar-se na vida atual, prosseguir no Plano Espiritual, e
até, manifestar-se nas vidas futuras. Os sofrimentos e as frustrações do
Espírito que foi cruelmente rejeitado por aqueles que assumiram o compromisso
de agasalhá-lo como filho, despertam-lhe, depois, na maioria das vezes, o
sentimento de revolta, o fogo do ódio e a sede de vingança, que vão alimentar
as obsessões, plantando a dor e o desespero que queimam as consciências culpadas.
Trata-se, infelizmente, de drama que assola hoje grande parte da Humanidade -
e, infelizmente, também visível entre os que não desconhecem, propriamente, a
realidade do Espírito.
Que conseqüências adviriam para a sociedade que, por seus
representantes, nas câmaras legislativas, votassem leis permissivas do aborto, indiscriminadamente?
Zalmino: - Tal fato marcaria um
retrocesso na promoção de espécie humana, mostrando que o corpo social encontra-se
realmente em crise. A
idéia do aborto é degradante da própria condição humana.
Do ponto de vista
espiritual, como afirmou Francisco C. Xavier, atrairia um carma doloroso para a
sociedade brasileira.
Como a ABRAME poderá contribuir nessa grave questão?
Zalmino: A ABRAME, através dos Encontros Nacionais e
Regionais, de palestras que se multiplicam em todos os Estados, da divulgação
pela internet e pela Revista da ABRAME, de circulação no meio espírita e
não-espírita, bem como por meio de contatos pessoais diretos, tem levado sua
mensagem, buscando alertar magistrados e legisladores em relação ao perigo que representa
a liberalização do aborto.
Suas considerações finais.
Zalmino - Nesse momento grave de nossa
história compreendem os espíritas, certamente, que tudo é preciso fazer - cada
um como e com que puder – para evitar esse assassínio de pessoas ainda não
nascidas, cortando preciosas oportunidades de vida e progresso espiritual.
Outra coisa não se espera de quem tem a responsabilidade de já conhecer a sua
realidade espiritual, interexistêncial e multiexistêncial.
Fonte:
GOIÁS ESPIRITA, Nº25
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO
XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do
Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11)
2764-5700
Correspondência:
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Mariana/São Paulo (SP)
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