Manuel Portásio Filho
Se
Jesus inaugurou a era do Espírito na Terra, protagonizando ele mesmo uma série
extraordinária de fenômenos que engalanariam a obra de qualquer médium terreno,
a mediunidade é uma faculdade inerente à condição humana, ou, como bem a
definiu Emmanuel, “é aquela luz que seria derramada sobre toda a carne e
prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na
Terra.”, lembrando precisamente as palavras do Rabi da Galiléia.
Kardec nos lembra que todos somos mais ou
menos médiuns e fala: “toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer
grau de intensidade, é médium.” De fato, a mediunidade acompanha o homem desde priscas
eras, tendo surgido muito antes do advento do próprio Cristo – que não era
médium – quando o ser humano tornou-se consciente da existência e presença dos
Espíritos em seu meio. Somente com a Doutrina
Espírita, porém, viemos a saber o que é a mediunidade e como se processa.
A mediunidade não é um privilégio de
ninguém, porque é inerente à condição orgânica do homem, e só ele, entre todos
os seres da natureza terrena, a possui.
Como disse Herculano Pires, “mediunidade é a faculdade humana, natural,
pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos.”
Portanto,
ela pertence ao campo da comunicação e tem como finalidade oferecer auxílio,
esclarecimento e consolação ao Espírito encarnado. A mediunidade é uma das mais extraordinárias
formas de comunicação do homem. Por ela,
comunica-se com os seres invisíveis; por ela, é um comunicador nato. E, para tanto, a única aparelhagem exigida é
o corpo físico.
Sendo uma potencialidade da alma, que aflora
naturalmente em algum momento da vida do Espírito, “a mediunidade é um
mecanismo extremamente delicado e suscetível, que deve ser tratado com atenção,
cuidado e carinho”, segundo Hermínio C. De Miranda. Daí a necessidade de sua educação e controle,
para que se preste efetivamente aos propósitos para os quais nos foi concedida. Seu mau uso, por isso mesmo, tem como
consequência a sua retirada e sofrimento para o médium que geralmente assume o compromisso
na Espiritualidade, devendo prestar contas dele: eis a sua
responsabilidade. O comando do processo,
porém, fica a cargo dos Espíritos; a mediunidade não existe sem eles.
Como afirma Kardec, “o médium tem a
comunicação; porém, a comunicação efetiva depende da vontade dos Espíritos.”, o
que não retira a condição de ser o médium indispensável às manifestações do mundo
invisível. Em outra parte, diz o
Codificador: “médium é a pessoa que sente a influência dos Espíritos e lhes
transmite os pensamentos.”
Daí,
a importância da educação mediúnica, que esclarece o médium e o capacita a ser
o instrumento mais fiel possível das comunicações dos Espíritos. Portanto, em se tratando de mediunidade, o
estudo é fundamental e, “em nos reportando a qualquer estudo da mediunidade,
não podemos olvidar que, em Jesus, ela assume todas as características de exaltação
divina.”, no dizer de André Luiz.
A Doutrina Espírita, enfim, tem caráter educacional
e libertador, como educacional e libertadora foi a missão de Jesus, ensinando e
dando exemplos. Ele mesmo afirma: “Conhecereis
a verdade, e a verdade vos libertará”. E o Espiritismo trouxe, para os homens, a
verdade acerca da mediunidade, libertando-os da sua ignorância milenar.
1)
O Consolador, perg. 382
2)
O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte, cap. XIV
3)
Mediunidade, cap. I
4)
Diálogo com as Sombras, cap. II
5)
O Principiante Espírita, n. 59
6)
Obras Póstumas, Manifestações de Espíritos, VI, n. 33
7)
Mecanismos da Mediunidade, cap. XXVI
8)
Jo 8:32
Manuel
Portásio Filho é Advogado, residente em Londres. É
membro do The Solidarity Spiritist
Group, Londres-UK.
Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 6 Setembro e Outubro 2009
The Spiritist Psychological Society
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