sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aborto


Zalmino Zimmerman é nome que vem se destacando por suas contribuições no campo da difusão e entendimento do Espiritismo.
Autor do excelente livro “PERISPÍRITO”, entre outros, é magistrado e presidente da Associação Brasileira de Magistrados Espíritas (ABRAME). Na entrevista que se segue aborda o polêmico tema do aborto.
Tendo em vista as leis naturais da preexistência da alma e da reencarnação, como encarar a decisão judicial que autoriza o aborto do anencéfalo, à luz do Espiritismo?
Zalmino - Uma decisão que favoreça o abortamento, reflete, antes de tudo, desconhecimento da realidade espiritual do Ser Humano, implicando, sem dúvida, em grave comprometimento cármico de todos os envolvidos no processo, inclusive, o juiz. Evidente que o Espiritismo não pode endossar tal tipo de ação, a significar, certamente, lágrimas e angústia tanto na vida atual, como na Espiritualidade e nas vidas futuras.
Estaria tal decisão correta do ponto de vista científico?
Zalmino - Avolumam-se em todo o mundo as evidências científicas de que, na  gestação, a mulher traz em seu ventre, realmente, uma outra pessoa em desenvolvimento, como, aliás, já se observa na própria reação do sistema imunológico da gestante, que busca continuamente expulsar o novo Ser , por reconhecê-lo como estranho, só não o conseguindo graças à proteção extra na camada externa da placenta, propiciada por um tipo de proteína. Com relação ao anencéfalo, propriamente, pode mostrar grave deficiência de massa cerebral, mas tem tronco encefálico, reflexos, nasce e vive até um mês, como registra a casuística médica - mostrando-se, enfim, uma individualidade diferente da pessoa da mãe. Patente, pois, que o aborto, como qualquer outro tipo de assassínio, não encontra endosso científico.
Estaria, por outro lado, correta do ponto de vista jurídico?
Zalmino - Qualquer decisão que autorize o aborto, em qualquer circunstância, fere o Direito Natural e a Constituição Brasileira que garante o direito à vida, como fundamental e absoluto. Causa, aliás, perplexidade o fato de que alguns membros do Poder Judiciário autorizem o abortamento e reconheçam o direito de fazê-lo, sem atentar para sua ilegalidade e esquecendo que a missão fundamental da Justiça é proteger a vida e a dignidade da pessoa nascida ou por nascer.
A prática do aborto por anencefalia, em qualquer fase da gestação, constitui crime diante do conceito espírita cristão?
Zalmino - A prática do aborto constitui, além de delito de lesa-maternidade, na expressão de André Luiz, grave delito de lesa-evolução, cortando o sagrado direito de renascer e progredir, que todo Ser Humano tem.
Diante da escolha das provas por que tenham de passar, na Terra, no processo reencarnatório, qual o efeito para os genitores que provocam ou consentem o aborto de seu filho anencéfalo? E quais as consequências para a própria vítima?
Zalmino - Para a vítima do abortamento, os efeitos são invariavelmente dolorosos.
Além da perda da oportunidade de recomeçar sua vida material, a dor proveniente da violência que sofre na expulsão do ninho materno, segundo os depoimentos que chegam pela via mediúnica, chegam a ser inenarráveis, tal sua intensidade e duração. Os genitores, por sua vez, sujeitam-se às conseqüências tanto de ordem física como espiritual. Para a gestante, a primeira das conseqüências é a morte (20% dos casos). Seguem-se as perfurações do útero, lesões intestinais, hemorragias crônicas, peritonite, septicemias, anemia, complicações hepáticas e renais, incapacitação reprodutiva, envelhecimento precoce, etc. As conseqüências espirituais podem surgir já na vida atual, no plano espiritual e nas vidas futuras. Entre as suscetíveis de ocorrer na vida presente, uma das mais comuns é o sentimento de culpa, com pronto reflexo nos centros perispiríticos coronário e cerebral, cuja disfunção pode gerar os mais complexos transtornos psíquicos.
A mais grave, contudo, é a obsessão, que pode instalar-se na vida atual, prosseguir no Plano Espiritual, e até, manifestar-se nas vidas futuras. Os sofrimentos e as frustrações do Espírito que foi cruelmente rejeitado por aqueles que assumiram o compromisso de agasalhá-lo como filho, despertam-lhe, depois, na maioria das vezes, o sentimento de revolta, o fogo do ódio e a sede de vingança, que vão alimentar as obsessões, plantando a dor e o desespero que queimam as consciências culpadas. Trata-se, infelizmente, de drama que assola hoje grande parte da Humanidade - e, infelizmente, também visível entre os que não desconhecem, propriamente, a realidade do Espírito.
Que conseqüências adviriam para a sociedade que, por seus representantes, nas câmaras legislativas, votassem leis permissivas do aborto, indiscriminadamente?
Zalmino: - Tal fato marcaria um retrocesso na promoção de espécie humana, mostrando que o corpo social encontra-se realmente em crise. A idéia do aborto é degradante da própria condição humana.
Do ponto de vista espiritual, como afirmou Francisco C. Xavier, atrairia um carma doloroso para a sociedade brasileira.
Como a ABRAME poderá contribuir nessa grave questão?
Zalmino: A ABRAME, através dos Encontros Nacionais e Regionais, de palestras que se multiplicam em todos os Estados, da divulgação pela internet e pela Revista da ABRAME, de circulação no meio espírita e não-espírita, bem como por meio de contatos pessoais diretos, tem levado sua mensagem, buscando alertar magistrados e legisladores em relação ao perigo que representa a liberalização do aborto.
Suas considerações finais.
Zalmino - Nesse momento grave de nossa história compreendem os espíritas, certamente, que tudo é preciso fazer - cada um como e com que puder – para evitar esse assassínio de pessoas ainda não nascidas, cortando preciosas oportunidades de vida e progresso espiritual. Outra coisa não se espera de quem tem a responsabilidade de já conhecer a sua realidade espiritual, interexistêncial e multiexistêncial.
Fonte: GOIÁS ESPIRITA, Nº25


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REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
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