
O
Livro dos Espíritos – Questão 804
Alteridade,
uma palavra que merece atenção nos programas de educação e
melhora à luz do Espiritismo humanitário.
Consideremo-la
como sendo a singularidade alheia, o distinto, aquilo que é “outro”,
a diferença que marca a personalidade de nosso próximo.
Nas
abordagens filosóficas a alteridade tem conotações de rara beleza
e profundidade demonstrando a importância da diversidade humana.
Entretanto, interessa-nos mais de perto, seu enfoque ético na
convivência.




Compreender
as etapas da alteridade nos mecanismo afetivos, sob o prisma do
progresso espiritual, é fundamental para procedermos a uma
auto-avaliação de nossa posição íntima.



Desejo
de melhora –
período em que nos ocupamos pelas ações no bem. Etapa marcada pelo
conhecimento espiritual criando conflitos íntimos, impulsionando
novos posicionamentos. A necessidade de mudança será proporcional
ao nível de maturidade de cada criatura. Nessa fase o outro ainda é
uma referência de incômodo, disputa e ameaça, quase um adversário
para quem são dirigidas cobranças não suportáveis a si mesmo. Tal
estado psicológico instiga o julgamento inflexível através da
análise para fora. O principal traço afetivo é a simpatia pelos
iguais, aqueles que pensam conforme pensamos, que esposam pontos de
vista idênticos. Embora seja um instante de muita “convulsão”
nas metas e propósitos de vida, é quando o homem se define por uma
nova opção de melhora com base na vida futura, na imortalidade e na
ascensão. O convite ético do Espiritismo chega-lhe como consolo e
também um abalo nas convicções. Mesmo o próximo não sendo ainda
respeitado na sua diferença, trata-se do início da morte da
indiferença. Apesar de não aceitar os diferente, já se incomoda
com eles, querendo modificá-los: um efetivo sinal de mutação na
forma de sentir. Afetivamente não é uma postura ajustada, mas é
uma estrada que se abre para superar a tendência de marginalização
e impulso para repensarmos a nossa individualidade, até alcançarmos
a interiorização.
Interiorização
-
se na fase anterior a prioridade era a ação, aqui o aprendiz das
questões do espírito volta-se para estudar suas reações íntimas.
O conhecimento sai da esfera puramente intelectiva para o campo das
reflexões sentidas, motivando a busca de estados mentais de
harmonia. O “outro” promove-se à condição de espelho das
necessidades de nosso aperfeiçoamento, uma extensão de nós
próprios que deflagra o processo educativo; afetivamente toma a
conotação daquele que nos leva a novos e mais elevados sentimentos.
Esse é o estado psicológico da busca de entendimento e do
autoconhecimento, uma análise para dentro. Há uma 4

Transformação
–
os valores interiorizados atingem o campo dos sentimentos, é a
mudança real. O outro é alteridade, distinção; é o estado
psicológico do amor em que a diferença do outro passa a ser
incondicionalmente aprovada e, mais que isso, compreendida com
indispensável lição de complementaridade. Nessa etapa aprende-se
não só a aceitar os diferentes como se consegue aprender com eles,
amá-los na sua maneira de ser. É a etapa da felicidade. O outro
jamais poderá ser motivo para decepções e mágoas. Ainda que as
tenhamos saberemos como lidar bem com essas emoções. A autonomia e
a liberdade não permitem amarras e dependência, opressão e
sentimentalismo. Aprende-se o auto-amor e por conseqüência ama-se
sem sofrimento, sem sacrifícios; ama-se porque o amor é preenchedor
e isso, definitivamente, basta.

O
aprendizado da reforma íntima, inevitavelmente, percorre esses
degraus de aprimoramento. A análise sincera dos sentimentos que se
movimentam na esfera dos corações nessa marcha de crescimento nos
permitirá proceder ao conhecimento de si próprio com mais êxito.
Não
esqueçamos, em nosso favor, que em qualquer tempo e lugar,
diferenças não são defeitos, os diferentes necessariamente não
são oponentes, e a indiferença é o recolhimento egoísta do afeto
na escura masmorra do desamor. Nossa harmonia é construída no
cultivo das virtudes da indulgência, da fraternidade e do
acolhimento.
Ação,
reação, transformação: caminhos da alteridade.
Em
quaisquer etapas: sempre alteridade na erradicação do personalismo.
Hosanas
às diferenças e aos diferentes! 5
Ética
da Alteridade. Pág. 05
Do
Livro Unidos pelo Amor - Ética e Cidadania à Luz dos Fundamentos
Espíritas – Primeira Parte: Capítulo 15
Conselho
Espírita de São Bernardo do Campo
“Encontros
de Atitudes de Amor”
Grupo
Fraternidade Espírita João Ramalho
Reunião
do dia 6 de julho de 2008
Tema
Central:
Alteridade
A
convivência adequada com a diferença, com os diferentes
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