Ação mistificadora nos centros espíritas, por Cícero Pereira
Mistificar é engodar, mentir, adulterar. A mentira lamentavelmente passou a fazer parte da vida humana como "hábito necessário". Entronizada como se fosse a verdade, essa "mentira aceitável" nos jogos sociais da aparência e da disputa passou a constituir "mal indispensável".
Tangendo os assuntos do espírito, ela apresenta-se não somente sob os aspectos do comportamento, mas também na interação com o mundo dos espíritos. Pelas vias da mediunidade a mentira tem grassado em todos os tempos.
Os centros doutrinários, desde os primeiros tempos, se veem de modo mais ou menos intenso envolvidos com o assunto mistificação, aqui entendido como um engodo de um desencarnado sobre um encarnado.
Quase sempre nesse tema, a mistificação está de braços dados com a mitificação. Mitificar é idolatrar, supervalorizar a palavra dos "mentores" e aceitar cegamente seus conselhos e ensinos, elevando-os à condição de seres infalíveis. A mitificação, presente em grande parte das nossas instituições espíritas, permite a formação de um campo propício à hipnose do raciocínio, levando grupos e médiuns desavisados e incautos a crerem nas mais estapafúrdias e exóticas mensagens e teorias.
O milenar "instinto" idólatra-mitológico do homem causa-lhe fascínio e motivação até hoje, desde os imemoriais tempos do horizonte tribal. A adoração a "coisas metafísicas e sobrenaturais" sempre consistiu em fator motivador da fé embrionária, em crescente desenvolvimento. Crer nos espíritos, com idolatria, é inerente à bagagem psicológica dos mitos que o homem desenvolveu em usa jornada de lições milenares. Graças a essa sua fé ingênua e exterior tem ocorrido exorbitações e abusos de todo gênero.
(...)
O misticismo propicia a superstição, a ritualização, o dogmatismo e a fantasia.
A mitificação favorece o fanatismo, o pieguismo e a idolatria.
Ambos, o misticismo e a mitificação, ensejam a ação mistificadora das nossas casas de bem.
(...)
O movimento espírita padece, sobremaneira, com os escusos processos de mistificação. Imprescindível indagar-nos com clareza: por que não temos encontrado histórias que sejam frutos de vivências, para ilustrar o modus operandi dos mistificadores atuais? Que preventivos os centros espíritas podem se utilizar na formação de médiuns e grupos seguros? Quais atitudes devem tomar os grupos quando são mistificados? (...)
Trecho do capítulo 9, da segunda parte do livro UNIDOS PELO AMOR.
Autor: espírito Cícero Pereira/médium Wanderley Oliveira
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